Desde a década de 1940, quando passei a acompanhar (e jogar pelada) futebol, muito pouca coisa mudou.
As modificações de regras, interpretações, conceitos e
costumes no futebol são sempre muito lentos. Aliás, a meu juízo, como deve ser
mesmo.
Assisti, no sábado, a uma das semifinais do FA Cup, ou Copa da Inglaterra, a competição de
futebol mais antiga do mundo, e que deu origem, como não poderia deixar ser, a muitas das normas até hoje adotadas em
competições.
O adversário do Arsenal, time pelo qual torço na terra da rainha,
nesta semifinal, foi o Reading Football Club, fundado em 1871.
Este clube disputou a Premier League (1ª Divisão) na temporada
2012/2013, mas não se sustentou. Conquistou, por duas vezes, o titulo de
campeão da 2ª Divisão, duas vezes o titulo da 3ª Divisão e uma vez o campeonato
da 4ª Divisão.
Isso demonstra a gangorra na histórica trajetória deste clube,
sediado na cidade de Reading, que dista cerca de 70 quilômetros de Londres.
O Arsenal, bem o Arsenal é, juntamente com o Manchester
United, o maior vencedor desta Copa, com 11 títulos. E é o atual detentor da
taça (temporada 2013/2014). A diferença é que o United já foi eliminado nesta
edição e o Arsenal, com a vitória sobre o Reading, irá disputar a final podendo
alcançar a taça pela 12º vez.
Inicialmente, nas fases preliminares, são 737 times disputando a Copa da Inglaterra, ou FA Cup. A
primeira edição foi disputada exatamente no ano de fundação do Reading
(temporada 1871/1872), o que significa dizer que está na 133ª edição.
As semifinais e a final são disputadas no Estádio de Wembley,
em Londres, que é a casa da seleção inglesa. Foram 84.000 torcedores no estádio. No dia seguinte - domingo - no mesmo Wembley, para assistir a outra semifinal, entre o Liverpool e o Aston Villa, havia 85.000 (em números redondos).
As partidas das primeiras fases são disputadas no sistema mata-mata,
como na Copa do Brasil. Não havendo vencedor na primeira partida, é jogada a
segunda no campo do do adversário.
No final de maio, Arsenal e Aston Villa, que eliminou o Liverpool, disputarão a Copa da Inglaterra. Uma curiosidade no seio da família real: William torce pelo Aston Villa; já Harry torce pelo Arsenal.
No final de maio, Arsenal e Aston Villa, que eliminou o Liverpool, disputarão a Copa da Inglaterra. Uma curiosidade no seio da família real: William torce pelo Aston Villa; já Harry torce pelo Arsenal.
O Arsenal foi fundado em 1886 não tendo disputado, portanto,
a primeira versão da Copa da Inglaterra. Ou seja, meu clube na terra do
fish&chips tem SÓ 129 anos de existência.
Feitas estas considerações sobre tradição, história, organização
e fórmulas de disputas desde a primeira competição de futebol, em 1871, passo a
comentar algumas alterações processadas no últimos anos que melhoraram o
transcurso das partidas.
Começo pela impossibilidade de atrasar, com os pés, a bola,
para o goleiro defende-la com as mãos. Este recurso era muito usado para fazer
o tempo correr, por equipes que estavam a frente no marcador.
No mesmo sentido, de evitar a cera, o goleiro ter que repor a
bola em jogo em tempo cronometrado. Antes o goleiro ficava "eternamente" batendo a bola no gramado, até repor em jogo.
Ainda nesta linha de dar mais dinâmica e aumentar o tempo
efetivo de jogo, a colocação de 7 bolas no campo de jogo foi uma boa medida. Uma no gramado, dentro das 4
linhas, e 6 outras nas laterais, para reposição imediata.
No passado, com uma só bola em uso na partida, alguns
jogadores davam bicões para a arquibancada para ganhar tempo .
Principalmente
quando os torcedores as retinham por lá, não devolvendo ao gramado. E havia, em
alguns “estádios”, a possibilidade de isolar a bola para fora do próprio campo
e jogo.
Outra medida acertada, agora consagrada inclusive no Brasil,
que também contribui para dar mais velocidade a bola e consequentemente ao
jogo, é cortar a grama bem baixa.
Antigamente as gramas muito altas diminuíam a
velocidade da bola e em alguns casos eram tão altas que escondiam as chuteiras
dos jogadores.
Molhar um pouco a gramado é também uma boa medida neste sentido,
de tornar a bola mais rápida.
O uso obrigatório de caneleira evitou muita fratura de tíbia e
perônio, sem dúvida.
A possibilidade de substituições, durante a partida, também
foi uma inovação bem-vinda. Há quem defenda a possibilidade do jogador
substituído poder retornar após alguns minutos fora do jogo. Como em outras modalidades
(volei, basquete, futsal, etc.)
O uso dos cartões, para advertências aos jogadores, foi uma
boa medida, embora sua implantação tenha sido por outras razões (dificuldade, em competições internacionais, de diálogo entre atletas e juízes).
Assim ficamos
todos, jogadores e torcedores sabendo que aquele atleta está sujeito a expulsão na
reincidência. Antigamente ficava ao livre arbítrio do juiz, que repreendia, ou
não, verbalmente, e por vezes nos surpreendia com decisões absurdas.
Hoje o jogador sabe que, estando advertido com o cartão amarelo,
estará correndo o risco de eliminação do jogo se continuar a cometer faltas
mais duras.
Alguns defendem a criação de um cartão na cor azul, que seria
aplicado para exclusão temporária, admitido o retorno do faltoso ao cabo de
algum tempo de jogo.
Outra alteração das regras, reclamada por alguns torcedores,
inclusive pelo Riva, aqui no blog, diz respeito a marcação do impedimento.
Eu mesmo fui, durante muito tempo, um defensor da eliminação
desta infração prevista na regra. Agora, depois de muita observação e análise,
cheguei a conclusão que a mudança somente levaria ao nivelamento, por baixo, da
disputa da partida.
Seria utilizada, de forma antiesportiva, por jogadores e
técnicos matreiros.
Entre outras bizarrices, antevejo um centroavante o tempo
todo colado no goleiro adversário tirando a concentração e a visão dele.
Um
chutão de longe, estando ele com a visibilidade comprometida, poderia resultar em
gol.
O que me incomoda mais são as marcações subjetivas. Inclusive
as relacionadas ao impedimento.
Mas a pior é mesmo a interpretação da penalidade. Foi bola na
mão ou mão na bola dentro da área? Fora da área os juízes não titubeiam.
15 comentários:
A decisão de computar três pontos para o vencedor e manter um ponto para cada equipe em caso de empate também foi uma boa inovação.
No passado o vencedor ficava com dois pontos apenas.
A diferença maior estimula a busca pela vitória.
A regra do impedimento só serve para anular lindos gols, revoltar a torcida com marcações erradas, e impedir (como o próprio nome diz) o objetivo do jogo, que é ... fazer gols.
Como já escrevi antes, ela inexiste em todas as outras modalidades do futebol, tornando o espetáculo muito mais bonito e empolgante.
Certa vez, ao vivo na rádio Grobo, perguntei ao Arnaldo Cezar, no programa do Washington Rodrigues, o que ele achava da regra, argumentando os erros e a ira da torcida.
Ele me respondeu que essa revolta da torcida com os gols mal anulados ou impedimentos mal marcados era uma das coisas que dava graça ao futebol.
Respondi a ele, ao vivo, que ele achava isso porque a mãe dele não estava na arquibancada levando porrada na confusão.
Pediram comerciais e me tiraram do ar !
Concordo com a evolução das regras expostas pelo Carrano (parabéns mais uma vez pela data especial). Mas se eu tivesse poder para mudar ou acrescentar, certamente :
- acabaria com a regra do impedimento
- em respeito ao público, todo jogo só terminaria quando chegasse a 70 minutos de bola rolando, acabando com essa imprecisão e roubalheira de tempo extra, a critério dos juízes em campo. Praticado com sucesso em outros esportes.
- aumentava o número de substituições possíveis.
- implantava o cartão AZUL, que retiraria o atleta do jogo por 10 minutos de bola rolando. É usado no ABEL de Niterói há quase 15 anos, com muito sucesso.
Gostaria de dizer a vocês, para quem não sabe, que os jogos do ABEL são apitados por vários juízes federados e em atividade no futebol do RJ.
A primeira vez que um jogo meu foi apitado pelo Luis Carlos Félix (falecido há semanas, infelizmente), foi inesquecível. Que qualidade de arbitragem, se comparada com a de um árbitro amador.
- como na Europa, extinguia o Tribunal de Justiça Desportiva, em qualquer instância. Regras claras para as punições, sem choro. Simples assim.
Valeu pela lembrança do aniversário, Riva. Grato.
Pergunta de leiga. Não pode ser criada uma regra semelhante a do basquete, quando o jogador não pode ficar mais do que alguns segundos no garrafão adversário?
A permanência em tempo superior, atrapalhando o goleiro seria punida com cartão amarelo.
Seria muita coisa para cronometrar. E no futebol temos um só juiz, num campo de dimensões muito maiores do que numa quadra de basquete.
E, lembre-se que no basquete esta contagem se dá com o time no ataque. Quando está na defesa não há esta contagem dos 3 segundos.
A pequena área serve para certas coisas. Ou deve servir, porque se não, não existiria.
Sem impedimento, poder-se-ia determinar que atacantes adversários, com bola parada, não poderiam invadi-la. Resolveria o impasse levantado pelo texto, dos caras bloqueando a visão do goleiro. Com bola rolando, vida que segue. Que tal?
Há outras questões a analisar. Por exemplo, os alas apoiadores terão que procurar outro emprego. Por exemplo entregar pizza (rsrsrs).
Tendo em vista o andamento da Lava-Jato, a profissão de entregador de pizza tem tudo para bombar no futuro bem próximo!
Rodrigo tira um sarro com o Flamengo:
http://sportv.globo.com/site/programas/redacao-sportv/noticia/2015/04/fla-morto-de-rodrigo-vence-frase-da-semana-e-levir-culpi-e-o-segundo.html
O uso do spray para demarcar distância da barreira foi uma boa criação brasileira, espalhada no mundo.
Arsenal ganha rios de dinheiro. Além de ter o ingresso mais caro da Europa, ainda vai levar uma bolada pela classificação para disputa da próxima Champions.
Veja quantas libras receberá:
http://espnfc.espn.uol.com.br/arsenal/arsenalismos/uefa-cria-um-abismo-na-europa-com-seu-dinheiro
Popularidade de jogadores na Inglaterra:
http://espn.uol.com.br/noticia/543654_sabe-quais-sao-os-jogadores-mais-odiados-e-mais-amados-do-futebol-ingles
Muito bem colocado.
http://espnfc.espn.uol.com.br/arsenal/arsenalismos/6535-tamanho-de-clube-nao-e-documento
Maior receita com o estádio: ARSENAL.
http://espn.uol.com.br/noticia/571925_com-ingresso-a-r-570-e-cha-a-r-13-arsenal-e-quem-mais-fatura-com-estadio-no-mundo
Os clubes mais ricos:
http://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/futebol-espanhol/noticia/2016/01/real-segue-na-ponta-do-ranking-dos-mais-ricos-e-barca-sobe-para-segundo.html
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