Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Rosa, Paulo, Freddy e Regina |
Dando
(finalmente) andamento a pendências de posts anteriores, fiquei de continuar
com o relato de nossos vizinhos mais chegados, subindo a Rua Itaocara no nosso
lado, ímpar. A foto acima foi tirada no corredor lateral de nossa casa,
recostados no nosso novo Simca Chambord ’60 (pintura saia e blusa em tons de
azul). Tem toda a pinta de ter sido registrada em 1961.
Mostra-nos
ladeados pelas meninas da casa 141, sendo o pano de fundo a casa 133 de Dona
Hilda (a doceira). Pela ordem: Rosa Maria, Paulo, eu (paramentado para festa
junina) e Maria Regina. Quando a família Leitão se mudou para o Pé Pequeno,
Rosa tinha 4 anos e Regina 2, Getulinho ainda não era nascido. Como registro,
Regina não fez parte ativa da turma do Pé Pequeno, teve uma vida reservada e
focada em interesses pessoais envolvendo, decerto, amizades em outros cenários.
Subindo
pela rua, onde seria o número 145 tinha um terreno... Era habitado pela família
de menor poder aquisitivo das redondezas. Havia uma meia-água nos fundos e o
restante era aberto à rua, sem muro. Lembro apenas de nomes de duas das filhas
da família (Djanira e Neném - apelido) e
o guri, Luisinho. Tinha o cachorrinho Tuxaua. Poucos de nós nos relacionávamos
com eles, resultado da diferença de padrão social.
Mudaram-se
um tempo depois mas o terreno nunca deu lugar a uma construção regular. Durante
uma época foi depósito da Casa São Pedro de material de construção. Nós já
tínhamos saído do Pé Pequeno quando ela foi transformada numa tosca oficina
mecânica e hoje teve seu lote dividido. No Google Maps aparece uma casa num
pedaço do terreno cercado, com entrada independente.
No
número 149 moravam meus amigos Mauro e Antonio Pedro, da família Amaral de
Carvalho. Pela idade e pela personalidade, acabou que eu me aproximei de Pedro
e Paulo de Mauro, apesar de rusgas e pequenas brigas eventuais. Pedro sempre
foi aficionado por mecânica desde pequeno, mais tarde por eletrônica analógica. Não bastasse, tinha grande habilidade com
buchas e bocas de balão, e passou a me ajudar bastante naquela atividade que eu
exercia todo ano na época determinada.
À
medida que fomos crescendo eu também comecei a me interessar por eletrônica (em
particular amplificadores de alta-fidelidade e de guitarra), por conseguinte
minha interação com Pedro aumentou. Esse hobby me colocou em contato com outros
colegas do bairro, destacando-se Victor da Costa Paes Filho.
Victor
veio a ser um de meus padrinho de casamento, mas a essa altura já morava no
Cubango e vivia um drama. Veio a falecer precocemente, de câncer nos ossos com
apenas 34 anos, deixando viúva nossa também amiga Marcinha (moradora do
Cubango) e uma filha, Luciana. Perdemos contato com elas...
Antonio
Pedro seguiu sua vocação e se formou engenheiro eletrônico. Casou e foi para a Bahia, onde soube que reside até
hoje. Desde então nunca mais tive contato com ele.
Já
Mauro era mais do estilo de Paulo, gostava de sair à rua, fazer atividades
esportivas, eram bem mais agitados. Não me lembro de jamais ter visto Paulo ou
Mauro envolvido com cafifas ou balões, mas sim com jogo de botão, futebol,
saídas com a turma. Mauro veio a se formar médico e recentemente a gente já
andou se falando. Acho que ainda mora em Niterói.
Da
casa 153 falarei rapidamente. É onde morava uma família que depois veio a se
mudar em parte para a Rua Itaperuna. Jacira, Joceli, Jerusa, Jurema, Joel (que
era baloeiro mas jamais o vi em atividade) e o primo Jalmir, com quem ainda
tive contato recente numa festa planejada por ele e Paulo, com o tema
reencontro de moradores antigos do Pé Pequeno. Jalmir continua na Rua
Itaperuna. Jurema chegou a permanecer no bairro enquanto casada com Eugênio,
excêntrica figuraça.
Estou
avançando rápido demais no relato, é
hora de dar uma parada e retornar um pouquinho, de falar do início de nossa
adolescência! Em meados de 1965, começou no Brasil a era Beatles / Rolling
Stones. Tinha também a Jovem Guarda, dando início a um verdadeiro boom musical
no país. Começaram os bailinhos, as festinhas envolvendo as garotas e os
meninos do bairro e aos poucos recebendo amigos de outras turmas. Em
contrapartida, participávamos de festas caseiras em outros locais. Não raro ia
uma caravana do Pé Pequeno para algum baile por aí.
The Beatles |
The Rolling Stones |
Algumas casas passaram a ser referência. Duas delas se destacaram imediatamente: a de Rosa Maria, na Rua Itaocara 141, e a dos gêmeos Ricardo e Renato, na Rua Itaperuna em frente à rua Macaé (acho que nº 81). A gente simplesmente chegava e entrava. Não demorava outros colegas iam aparecendo e, com ou sem a presença dos donos das casas, a turma ou parte dela estava reunida! Lembrem-se que era uma época em que poucas pessoas tinham telefone fixo em casa, quanto mais celulares. A coisa tinha de acontecer espontaneamente.
Fizemos
inúmeros bailinhos na casa de Rosa Maria, que era para nós uma espécie de
clube. Claro, em nossa casa também houve festinhas e em algumas das demais
casas de amigos do bairro também. O pessoal se revezava para não cansar, mas de
fato apenas a casa de Rosa Maria tinha a varanda com o layout e acessibilidade
adequada, além da permissão que nos era dada pelos seus donos. Na dos gêmeos,
apesar da turma usá-la como ponto de encontro, a coisa era mais restrita. Tinha
o Tuzica, irmão mais velho e respeitável “xerife” do pedaço!
Sou
obrigado a admitir que minha lembrança se fixa mais na casa de Rosa e há
diversos motivos. O primeiro deles, é que ficava ao lado da nossa.
Eventualmente Paulo começou a namorar Rosa, mas mesmo assim a varanda da casa
141 era frequentada pela turma quase toda, e os bailinhos aconteciam amiúde.
Dona Cléia, mãe de Rosa, dava a maior força para nós e até fez uns bonés pretos
que estavam muito na moda para quase todo mundo.
Quis
o destino que se abatesse sobre a família uma desgraça sem limites. Não me
lembro exatamente o ano (Paulo pode me precisar, acho que foi 1968) mas
determinada noite chegou a notícia que um acidente horrível havia destruído o
Fusca com Seu Getúlio, Dona Cléia e Getulinho. Nem me lembro quem deu a notícia
às filhas, mas a comoção foi terrível. Como sempre havia amigos na varanda da casa,
e...
Bem,
Seu Getúlio faleceu imediatamente. Dona Cléia ficou em coma alguns dias antes
de falecer e apenas Getulinho sobreviveu. Eles passaram a ser criados pelos
avós, que se mudaram para lá.
Mesmo
após a tragédia, a casa de Rosa e Regina continuou como ponto de encontro. Era
inevitável, um costume difícil de ser alterado...
A
música popular foi evoluindo extraordinariamente, era o boom do rock dos anos 60
e 70. Além da música comercial, alguns de nós se tornaram curtidores de som,
apreciando especialmente música anglo-americana. As diversas modalidades de
rock, como o rock pesado do Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple, o
progressivo como o do Genesis, Yes e Pink Floyd, passaram a ser consumidos
avidamente.
Isso
solidificou minha amizade com algumas pessoas, afastando-me ligeiramente de
outras. Especialmente me fixei em Tavinho, que já era meu parceiro de balões,
cafifas e eletrônica, em Klebinho (Kleber da Rocha Freitas, morador da Rua
Itaperuna) e mais outros que moravam em outros bairros.
Nossa
paixão pelo rock e sua dificuldade em ter os últimos lançamentos adquiridos no Brasil no início da década de
70 chegou a estimular a criação de um consórcio de discos importados, que eram
3 a 4 vezes mais caros que um nacional. Éramos 10 e a cada mês a gente sorteava
uma pessoa. Essa pessoa comprava um LP de seu gosto, que rodava o grupo para
ser ouvido e gravado em fitas cassete, só então ele teria direito a tomar posse
do LP. Criativo...
A
essa altura eu comecei a namorar uma menina que também era do Pé Pequeno. Lúcia
Maria Vereza Mariano morava na Rua Miracema, mas não frequentava nossa turma,
apesar de ter parentes numa casa da Rua Itaocara junto à Mangueira. A partir
daí, e também pelo fato de ter meu tempo absorvido quase que integralmente pelo
estudo na PUC-RJ (ficava na Gávea e não tinha Ponte Rio-Niterói!), praticamente
perdi contato com a turma.
Meu
mundo passou a ser outro. Foi uma era em que me vi frequentando o Encontro
Jovem do Instituto Abel (eu que havia sido liceísta), uma turma espetacular na
qual fiz algumas grandes amizades.
Eventualmente
o namoro se desfez (1974) e, depois de um ano ainda convivendo com Tavinho,
Kleber e Victor (que ainda era vivo), mas em geral fora do Pé Pequeno, conheci
Mary (1975, moradora do Cachambi - Rio de Janeiro) e logo me casei (1977), indo
para a Alemanha.
Apesar
de ainda conversar com uns e outros, minha vida pós-casamento não foi mais o Pé
Pequeno. Minto, após o falecimento de meu pai (1982), a casa foi alugada por
cerca de 3 anos, mas a ela retornamos em 1986, usando-a como casa de férias por
alguns anos, quando então foi finalmente vendida (1994).
Alguns
vizinhos hão de se lembrar que uma banda de heavy metal nela ensaiou algumas vezes em 1990, som provavelmente
ouvido lá no Largo do Marrão...
Sim,
eu bem que tentei fazer parte de uma banda de heavy metal com colegas da
Embratel e da então Telerj, mas não deu certo. Incompatibilidade de objetivos,
eles queriam viver disso e eu apenas queria me divertir...
Nossa casa como ficou depois da reforma, até ser vendida em 1994 |
Nunca
é demais lembrar que não existiu apenas a nossa turma no Pé Pequeno. Ela era
bem restrita às Ruas Itaocara e Itaperuna, mas temos conhecimento de turmas na
Rua Itaguaí e redondezas, no alto da Itaperuna, na ladeira que era a Rua
Maricá...
Como
são as coisas... Eu tenho um grande amigo, que conheci no pré-vestibular e que
estudou comigo na PUC-RJ. Severino Pompilho do Rego,ou simplesmente Pompilho,
morou por algum tempo justo em cima da Padaria Leda, uma das referências de
nossa vida no Pé Pequeno. No entanto, nunca fez parte de turma alguma do
bairro.
Como
informação adicional, já que passamos o tempo todo citando diversos moradores e
ex-moradores, o já falecido Kleber era irmão do competente Dr. Klinger da Rocha
Freitas, médico oftalmologista do Hospital de Olhos Niterói. Outros irmãos se
chamam Kirk e Kurt, mas nenhum deles pertencia à nossa turma por conta da
diferença de idade.
Complemento
o post, relembro a tal festa organizada por Paulo e alguns outros membros da
turma do Pé Pequeno, em especial Jalmir. Foi um reencontro depois de mais de 40
anos. Eu quase não fui a essa festa.
Havia um motivo, e é bom que fique bem esclarecido. Minha vivência do Pé
Pequeno é bem diferente da que Paulo tem. Fundamentalmente diferente!
Ele
curtiu bem mais o pessoal da Rua Itaperuna que eu. Claro, eu também convivi com
Ana, Laurinda, Fernanda, Carlota, Jalmir, Duda, Ricardo e Renato (os gêmeos), Cristina,
Marcinha, para citar alguns. Só que na maior parte do tempo fiquei confinado à
Rua Itaocara e minhas atividades periódicas anuais (cafifa, balão, cafifa de
novo, piano, estudos...). Algumas das pessoas que foram mais chegadas a mim
simplesmente não estavam na festa. Não sei o motivo, mas nem importa mais.
Para
enriquecimento das memórias, é fundamental que o debate se instale, seja via
comentários, seja através de post adicional.
Termino
a série com uma foto da família tirada provavelmente em 1968. Ela pode ser útil
para que eventuais visitantes do blog que tenham sido moradores naquela época
consigam se lembrar da família que morava na casa 137 da Rua Itaocara.
Paulo (Riva), Fred, Boy, Flora e Carlos
(Freddy)
|
Créditos:
Beatles e Rolling Stones: Google
Demais fotos: acervo do autor.
27 comentários:
Como o Sr. Carlos Frederico aceitou bem meu gracejo, arrisco fazer outro. Foram tantas postagens e demorou tanto tempo a narrativa que o pé cresceu. Agora é pé grande.
Helga
Paciência tem limite, Helga.
Não demora o Freddy vai me pedir para censurar seus comentários e não publicá-los.
Você não era irreverente assim. O que houve? Descobriu alguma coisa a nosso respeito?
Mas a piada é boa. Provavelmente recorrente, batida, requentada.
Diz aí, Freddy: esta piada é velha?
Gosto de lugar onde sou bem aceita e fico mais espontânea.
Helga
Helga, tudo foi resultado de uma intensa negociação:
- Eu aceitei deixar metade das informações de fora para não ficar muito grande.
- Consensamos reduzir para caber em apenas 4 posts para não ocupar umas 2 semanas do blog, que afinal de contas não é meu.
(rs rs rs)
Não me responsabilizo pelo tamanho dos comentários, que de repente podem ficar maiores que os posts em si - por conta justamente de haver omitido uma penca de informações!
Abraços e bom fim de semana
Freddy
Algumas colocações :
A última foto, da família quase toda (faltou vovó Carolina), foi tirada para eu mostrar nos EUA, para a família americana que ia me receber em janeiro de 69 - aliás, esse episódio merece um post separado ... AS DESVENTURAS DE UM NITEROIENSE NOS EUA EM 69 !
Se o Carrano já me chama de Bad Boy com os episódios que contei até aqui, com esse post dos EUA ele no mínimo vai mandar a polícia aqui em casa pra me prender ! rsrsrsrs - mas tudo já prescreveu !! hahahaha
O duro foi contar para o meu querido pai o que aconteceu por lá, para eu ser "convidado" a deixar os EUA e chegar prematuramente ao Brasil ....
Família Leitão : foi brabo. O acidente ou foi no 2º semestre de 69 ou 1º de 70, porque eu lembro de ter assistido o lance do pouso na Lua com S. Getúlio, na casa dele, ele tomando seu whiskinho na mesa da cozinha.
Freddy estressou o assunto, quase nada sobra a acrescentar. Não sei se tudo isso está interessante para os leitores, de tão pessoal que é.
O importante desses 4 posts, na minha leitura, é mostrar um pedacinho da sociedade aqui de Niterói, na década de 50-60. E gostaria de ver outras pessoas contando, comparando como que era em suas cidades ou bairros. Carrano mesmo já comentou anteriormente que tudo que fazíamos era feito também por outros meninos e meninas por aí .... será mesmo ?
... continua
...continuação
Mas vamos polemizar um pouco .... Por exemplo : a tal família que Freddy menciona que morava próxima de nós numa meia-água, num terreno sem muros, era uma família de negros, e de muito baixo poder aquisitivo. Não tenho dúvida que esse era o motivo de não se enturmarem no bairro ! Seria muita hipocrisia inventar algum outro motivo.
De parte da nossa galera não eram discriminados, porque lembro muito bem que chamávamos Luisinho (o filho mais novo dessa família) para jogar bola conosco, pra jogar bola de gude, mas ele mesmo tinha receio de se aproximar.
Não sei como era o dia a dia deles no bairro, no Largo do Marrão fazendo compras, etc. Também não sei como os adultos encaravam a presença deles ali na rua, numa propriedade encravada entre as nossas, mas acredito sim que “rolava” alguma discriminação. Acrescento também que um dos caras mais queridos e divertidos da nossa tchurma era um mulato, bem moreno mesmo, o Murilo, já falecido. Infelizmente consumido pelas drogas.
O post do Freddy demonstra bem como os hordas, digo, as turmas eram selecionadas ... os mais calmos e CDFs (famosos Cu de Ferro) de um lado, e os “porra loucas” do outro.
Vez por outra se mituravam em algum baile ou evento de quermesse (muito tradicionais na época), etc .... e mais tarde, tipo com mais de 16 anos, por gosto musical .... sim, porque nos bailes que fazíamos tinha “o dono da vitrola”, que como um cão de guarda ficava ao lado do equipamento colocando somente os discos com as músicas que ele ou a tchurma dele gostava.
E esse cara também era o responsável pela estratégia do “mela cueca”, quando a um combinado sinal de alguns de nós, ele colocava uma música bem lenta, para chamarmos para dançar a menina que queríamos “pegar”.
Quando éramos bem mais novos, até incentivados pelas revistas do Bolinha e da Luluzinha, dividíamos as turmas por rua. Nas revistinhas eram as Turma da Zona Norte x Turma da Zona Sul, para quem não se lembra.
No Pé Pequeno existiram as seguintes turmas : da Itaocara, da Itaperuna, da Maricá, da Mangueira, da Itaguaí ( a mais violenta), e da Miracema.
Houve época em que, para ir para a escola, tínhamos que evitar certos trechos das ruas, para não levar porrada nas emboscadas. Os tais 2 irmãos alemães que já mencionei, foram “trucidados” numa dessas emboscadas pelas turmas unidas da Itaocara e Itaperuna. Lembro até hoje da pasta (maleta da escola) de um deles levando um bico e se esborrachando no asfalto, com cadernos, lápis, borracha espalhados pelo asfalto ! JÁ PRESCREVEU, Carrano !
Acho que já comentei em outro post, mas era interessante também a inexistência de pais separados nessa época. Era simplesmente vergonhosa uma situação dessas. Mas tínhamos um caso entre nós, nessa tchurma ... os pais do Vadinho tinham se separado. Raríssimo !
Quando fizemos mais ou menos 15 anos, essas turmas todas praticamente se uniram numa só, à exceção do pessoal violento da Itaguaí, que continuou à parte, o que para mim era um problema, pois minha professora particular de inglês (Mrs. René Stieger) morava por ali, bem como meu professor particular de Matemática ......vcs repararam que eu tinha muitos professores particulares, né ? Freddy não tinha nenhum, porque era o CDF da casa ! kkkkkk.
Simca Chambord .... essa foto me balança ! Foi com ele que aprendi a dirigir com 14 anos, foi com ele que dei a 1ª porrada da minha vida, dando voltas no quarteirão do bairro e entrando quente nas curvas, para me mostrar para as meninas. E me dei mal um dia, acertando em cheio um Fusca, na rua Macaé ! Fugi com o carro para a Mangueira, no topo da nossa rua, e esperei um pouco, para descer lentamente até a frente da minha casa. Quando entrei em casa, meu pai já tinha saído para o local da batida. Ele era impressionantemente calmo ....
As palavras dele pra mim, no quarto de mamãe, quando chegou :” ia acontecer mais dia menos dia. Só que foi mais rápido do que eu pensava ....não se preocupa, está tudo bem, espero que tenha aprendido uma lição hoje...”
Por hoje é só !
Freddy, você esqueceu das loucuras do Marco Tulio ! Era da sua gang ! rsrsrs
Riva,
Infelizmente não posso divulgar os nomes, porque um deles é meu amigo, mas o outro interlocutor sequer conheço.
Mas vou transcrever, sem identificação, um e-mail trocado entre eles, ontem:
"Adaptada para os padrões de Pádua,assim foi nossa vida. Não havia televisor; apenas rádio. Quando crianças jogamos bolinhas de gude e muito futebol sem qualquer tipo de tênis todos os dias; em ruas de terra, e depois até com paralelepípedos. Aliás, até hoje gosto muito de uma pelada (rsrs).Tomamos banho de rio, remamos e pescamos muito. O esporte (lazer) predileto do nosso pai foi o remo e a pescaria. Quando jovem jogou futebol. Fizemos muitos dos nossos brinquedos... Éramos felizes e não sabíamos. "
Então, caro Riva, são ou não semelhantes as histórias. Semelhante não é igual, não é?. E a coincidência desta troca de e-mails ontem (recebi cópia porque estou na faixa etária).
E sabe qual é o título da mensagem eletrônica ? Veja:
"Aos nascidos entre 1935-1960..."
Caros Freddy e Riva,
Com pequenas agravantes e atenuantes, vejam que pouco diferia a infância do Pé Pequeno com a da Ponta D'Areia.
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/06/infancia-quase-normal-na-decada-de-1940.html
Então, pra mim está aí a riqueza do post, a troca de informações sobre como era em outros bairros, em outras cidades.
Por exemplo : até meus 12 anos, era pra mim inimaginável ir até a Ponta d´Areia ! Eu ia de bicicleta no máximo até o Campo de São Bento.
Como vou saber o que se fazia por lá
Esse depoimento sobre Pádua é sensacional, e seria legal se a pessoa nos contasse mais sobre os serviços na época, brincadeiras da turma com mais detalhes, etc.
Santo Antonio de Pádua evoca em minha memória boas lembranças. E também más. Começo pelas más. Infecção de ouvido em virtude de mergulhos e banhos no Rio Pomba, sem o devido cuidado de enxugá-los devidamente depois. Ou será que mesmo enxugando a infecção viria pela contaminação da água? As boas lembranças, além da participação num congresso de estudantes secundaristas, são de um romance efêmero com uma das secretárias do evento, que embora residente na cidade, era de Casemiro de Abreu. Preservo seu nome por cavalheirismo e respeito à vida que leva ou levou após o congresso.Foram três dias em me hospedei na casa da avó, dos primos, e meus amigos, Emanoel e Sergio Mauro. Ambos residem até hoje em Niterói. Emanoel formado em engenharia e envolvido com política. Sérgio Mauro formado em Direito, delegado aposentado.Neste congresso foi eleito presidente da COFES (Confederação dos Estudantes Secundários do Estado do Rio de Janeiro) o nosso candidato (da bancada de Niterói), Pedro Theófilo de Melo Simão, embora também fosse filho da terra (Pádua).Em meus tempos de Liceu fui colega de outros paduanos que mais tarde se destacaram no mundo jurídico, como por exemplo os irmãos Ricardo e Renato Bustamante.
Moro na Travessa Faria. Tenho 27 anos. Não vivi essa época, mas curti bastante ler todos estes relatos. Muito agradecido! =]
Obrigado pela visita, Romeu.
O autor do post acompanha e ficará ciente de seu comentário.
Volte se e quando quiser.
Caro Romeu, um prazer te-lo por aqui. Vc tem quase a idade do meu filho caçula.
A Travessa Faria, naquela época, tinha as casas apenas em um dos lados da rua. O lado esquerdo (para quem está indo para a rua Noronha Torrezão) era uma grande horta.
A Travessa Faria era também o point da tchurma da Itaguaí, nossa "inimiga mortal" rsrsrsrsrs. O nosso point era na rua Itaperuna.
Quase ao lado dessa horta, mas com entrada por um prédio da rua Noronha Torrezão, ficava o "Campinho do Sul", palco de algumas batalhas futebolísticas entre os nossos times de futebol da região ; mas isso numa época em que já podíamos, pelo menos, jogar futebol entre nós rsrsrsrrs.
Na década de 60 houve a implantação de alguns cinemas de rua. Colocavam um telão, projetor, e as pessoas traziam suas cadeiras, sofás, etc de casa ! No Pé Pequeno, esse cinema de rua era posicionado na confluência da rua Itaguaí com a Travessa Faria, exatamente ali.
Freddy pode também comentar sobre os balões da turma da Itaguaí - acho que o baloeiro se chamava Palomba. Tenho quase certeza que os balões dele decolavam da sua rua. A confirmar.
Grande abraço e participe do blog, que é muito legal e enriquecedor.
Atenção apenas com futebol !! kkkkkkkk
Já que fiz o texto e me referenciaram no comentário, nada tenho a dizer sobre balões a mais do que já disse.
Acho, sim, que Riva poderia escrever sua versão das Memórias do Pé Pequeno, já que tivemos experiências bem estanques (como água e azeite no mesmo recipiente), apesar de termos vivido no mesmo bairro e na mesma casa (!).
Abraços
Freddy
Boa noite Carlos!
Pode parecer uma loucura, mas eu sou a Luciana filha da Marcinha e do Vitor!!!
Q loucura!
Luciana, grata surpresa.
Para quem segue o blog mas não conheceu Vitor, ele foi um grande amigo e um de nossos padrinhos de casamento. Quis o destino que ele nos deixasse prematuramente, com apenas 34 anos. Perdemos contato com Marcinha, e Luciana ainda era uma garotinha.
Seria legal se você, Luciana, desse diretrizes sobre como contactá-la, por exemplo via facebook.
O meu é "/carlosfmarch"
Grande abraço e obrigado pela visita ao blog.
:-) Freddy
Viva a Internet !! que coisa impressionante !
Seja bem vinda ao nosso blog, Luciana.
Riva (irmão do Freddy)
Olá! Que incrível encontrar essas memórias.eu me chamo Lucas Leitão e sou filho da Regina, que está na foto. Me emocionei. Escuto ela falar da infância na rua e alguns nomes pude reconhecer. Paulo, Mário Guilherme... Eu tenho há anos, buscado montar o quebra cabeça do acidente dos meus avós. Entender as circunstâncias para além do acidente, que foi em dezembro de 1969.
Bem-vindo, Lucas.
O Freddy, autor da postagem, está em outro plano.
Mas seu irmão, aqui denominado Riva, é assíduo leitor e, mais ainda, colaborador, como demonstra a postagem de hoje, sobre Santa Catarina.
Portanto, muito provavelmente fará algum comentário replicando o seu.
Bom dia a todos do PUB da BERÊ !
Caro BM, impressionante o poder da web, e do seu blog.
Oito anos depois do maravilhoso trabalho do Freddy sobre o Pé Pequeno, vem essa mensagem do Lucas ! Esses posts dele já foram por mim encaminhados a algumas personagens da nossa história no bairro, incrível como nos tatuou irreversivelmente.
Respondendo o comentário do Lucas, meu caro, não sei exatamente o que vc quer dizer com "entender as circunstâncias para além do acidente". Se puder ou quiser, exponha por favor.
Gostaria sim de saber de Regina, Rosa e Getulinho ... há dácadas nada sei da vida deles, onde estão, o que fazem de trabalho. Posso dizer que a convivência, não só com sua família mas com outras do bairro também, dava pra escrever um livro. São tantos fatos e lembranças...
Freddy fez um resumo espetacular em 4 capítulos, espetacular mesmo, mas é o mundo que ele viveu, e existe um outro mundo vivido por mim, uma outra leitura e visão do bairro. Afinal éramos bem diferentes um do outro.
Sds a todos !!
Vocês acreditam que há umas semanas, dentro do supermercado Princesa da Moreira Cesar ( ou Ator Paulo Gustavo), olhei um cara e reconheci o motorista do Fusca em que dei a primeira porrada da minha vida, com o Simca Chambord, em 1966 ou 67 !!
Ele morava na Rua Itaperuna, paralela à nossa Itaocara, e a batida foi na Rua Macaé, depois de entrar mal/muito aberto na curva, com boa velocidade, me exibindo KKKKKKKKKKKKK.
Não aguentei e falei com ele quem era eu !! kkkkkkkkkkkkkkkkkkk Inacreditável ! Ele deve estar com uns 75 anos de idade.
Em Niterói estas coisas são possíveis.
Já foram mais, no passado, quando todos conheciam todos, das escolas, das festinhas nas casas das coleguinhas, das peladas pelos campos em terrenos baldios, de alguns pontos (points) da praia de Icaraí, cinemas. etc.
Se não conhecíamos diretamente tínhamos amigos que conheciam.
Quem, como eu, caminha há anos no calçadão, acompanhou o envelhecimento de outros caminhantes (ou corredores), ou o crescimento de famílias também praticantes das caminhadas.
Por aí vc imagina a minha surpresa em dar de cara com ele, e resolver falar ! Foi marcante para mim a batida, não sei se foi pra ele rsrsrsrsrsrs.
Niterói foi uma província, e tivemos o privilégio de vivenciar um pouco essa fase maravilhosa da cidade.
Vc tocou num ponto que me incomoda há algum tempo - a percepção do envelhecimento de amigos, de conhecidos, o falecimento de ídolos ... comparações, tudo bem com vc ? Vc está ótimo !!! etc, etc, etc.
Nesse aspecto de cidade pequena, São Joaquim que conheci há dias me fascinou. Não sei se conseguiria viver num lugar tão calmo assim, com muita qualidade de vida ... apesar da idade ainda estou agitado.
Vejo que vc não percebeu o meu Complexo de Peter Pan, que Freddy dizia que tenho.
Percebo o envelhecimento de todos, menos o meu ... Kkkkkk
Oi Paulo,grato pela resposta. Enviei a crônica para minha mãe e ela ficou muito feliz em relembrar tantas coisas boas e também em reconhecer o carinho com o qual são lembrados meus avós.
De meu tio Getúlio sei muito pouco. Não temos contato. Minha tia Rosa faleceu em 2007,de um agressivo câncer. Minha mãe está bem.
Sobre as circunstâncias para além do acidente as quais me refiro, é que há estranhos elementos que podem sugerir que não foi um simples acidente. Dado a atividade profissional de minha avó e também do meu avô, o ano, 1969, e algumas pequenas coincidências...
Não há uma nota sequer sobre o acidente nos jornais da época, não houve perícia além de também não haver nota sobre o sepultamento de minha avó, que segundo minha mãe foi um evento bastante grande e comovente, dado que minha avó tinha um considerado reconhecimento. Muita coisa foi silenciada e eu tenho muita vontade de cruzar narrativas. Há anos eu venho fazendo isso e cada vez que me lanço acho um pouco mais, pouca coisa, mas algo. Já consegui algumas notas de jornais da época citando minha avó no que fiz respeito a sua prática docente. Enfim, são apenas intuições, mas gostaria muito de investigá-las.
Olá, Lucas, boa noite.
Realmente os 4 capítulos que Carlos escreveu são maravilhosos, detalham muito mesmo nossa tchurma do Pé Pequeno.
Até hoje, de vez em quando, pego minha motocicleta e vou lá dar uma volta, olhando as casas, o filme passando na minha memória. É uma tattoo, eterna, vivemos intensamente os anos 50, 60 e 70 lá.
Não sei onde vc e sua mãe moram, mas conhecer o pequeno Pé Pequeno é legal, ainda um típico bairro residencial dos anos 50. Muitas casas ainda estão lá como eram. É um passeio no tempo !
Incrível vc não ter notícias do seu tio, e lamento demais a passagem de Rosa. Meu irmão também se foi, cedo, em 2017, com a mesma doença agressiva também.
Do acidente, o que posso te contar é o que tenho na memória, da forma como chegou a nós na época. Uma ultrapassagem na subida de uma colina (não lembro voltando de onde, Araruama, ou Itaboraí ...) e não deu tempo de desviar do veículo que vinha no outro sentido - acho que um caminhão, não lembro.
Como Carlos relatou no Cap. IV, S.Getúlio faleceu no local e Dna.Cléia ainda sobreviveu alguns dias, em coma. Getulinho praticamente sem arranhões, pelo que lembro. Seus bisavós foram morar lá para cuidar dos três.
Foi um baque em toda a turma, um impacto muito grande em todas as famílias da vizinhança e nos amigos da família. Realmente o enterro de Dna. Cléia (era assim mesmo que se escrevia?) foi um acontecimento, em termos de quantidade de pessoas presentes.
Dos seus avós nada sei ...apenas que ela era uma professora muito querida, e ele, eu nunca soube exatamente no que trabalhava - mas acho que era com jóias, não tenho certeza.
Eu acho que nunca conversei com sua avó, ela era meio fechada (pelo menos comigo rsrs), mas com seu avô conversava um pouco.
Foi com ele que juntos vimos a transmissão da chegada do homem à Lua, na TV na cozinha, ele tomando seu whiskinho e tragando seu cigarro LS. Era tricolor, como eu. Todos os dias descia lentamente de bermudas para o Largo do Marrão para comprar seu cigarro.
Uma imagem que não esqueço dele foi quando o Brasil ganhou a final da Copa de 62 no Chile, ele pegou seu Fusca, uma bandeira do Brasil pra fora, e ficou subindo e descendo as ruas Itaocara e Itaperuna buzinando e festejando a conquista.
É isso, meu caro, não sei o que você procura, mas não poderei ajudar, pois para mim foi tudo uma grande fatalidade.
Um forte abraço e um beijo na sua mãe, que não vejo seguramente há uns 50 anos.
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