21 de abril de 2014

Constrangimento dos idosos

Em países civilizados o cidadão é considerado inocente até prova em contrário. No Brasil prevalece o oposto. Todo mundo tem que provar que é inocente ou decente, ou honesto. É uma destas coisas que só nós temos, como a jaboticaba.

É possível, e até provável, que espertalhões estivessem utilizando carteiras de idosos, que permitem gratuidade nos ônibus.

Num pais onde o Felipe (goleiro do Flamengo) afirma que “roubado é melhor”, e o Gerson (ex-jogador) em comercial veiculado em rádio e TV, afirmava, como depoimento pessoal, que “o brasileiro gosta de lavar vantagem em tudo”, tudo é possível.

Haja vista Dias Toffolli como ministro do STF e Dilma presidente da República, além de outros inúmeros casos escabrosos que não listarei pois este não é o cerne do post.

Bem, voltando à  utilização indevida das carteirinhas dos idosos, para não pagar ônibus, o que já admiti, mas apenas como exceção, em casos isolados, o que se vê agora, em face da “solução” encontrada pela SETRERJ, é um deboche, um acinte, uma sacanagem (se me permitem a palavra mais chula) com os idosos.

Inventaram o controle biométrico. Agora, além de passar a supracitada e antiga carteira de passe gratuito na leitora, o idoso é obrigado à identificação digital, em outro equipamento, para leitura de suas impressões digitais.

Só que o sistema implantado tem criado enormes constrangimentos para os velhinhos. Tenho assistido a cenas patéticas, em face do embaraço, dúvida e dificuldade para saber que dedo e de que mão (aparece a indicação num pequeno painel sobre a leitora) deve ser colocado na leitora.

E como colocar o dedo para identificação. Alguns colocam a ponta do dedo como se estivessem apertando um botão, uma campainha de porta; outros ficam deslizando o dedo para lá e para cá sobre  o local (pequena canaleta) que permite a leitura digital. E as dúvidas sobre qual é a mão?
No geral os motoristas têm sido muito pacientes nas explicações.

 Mas até quando?

O que tem ocorrido é que quando embarca um idoso a catraca fica bloqueada pela dificuldade que relatei, e os demais passageiros ficam em fila, na maioria dos casos ainda na via pública por falta de espaço para embarque no ônibus. E as viagens atrasam aborrecendo quem tem horário para o trabalho.

O que acho é simples. Se é inevitável, absolutamente indispensável criar uma dupla identificação para os idosos, que se crie um sistema mais simples, de modo a evitar o constrangimento a que ficam sujeitos alguns deles.

Muitos, depois do ritual cansativo (porque complicado) até que possam cruzar a roleta, ficam praguejando, outros ficam vermelhos e balbuciando desculpas pela vergonha de terem tido dificuldade na frente de outras pessoas.

O Bradesco (único que conheço) tem um sistema de identificação nos caixas eletrônicos que é biométrico. Mas é simples, num local bem identificado, coloca-se a palma da mão (sempre a direita) e pronto, nada mais, pois a tela abre em segundos.

O SETRERJ, ou quem de direito precisa rever a medida.

Alias que Niterói é pródiga em bobagens. Implantamos aqui ideias de jerico, como por exemplo o tal do Cartorão.

Para quem não sabe do que se trata, explico que foi o nome genérico inventado pelos usuários, para um Cartório Unificado Cível, que atende a cinco serventias.

Em suma, um só Cartório é responsável por cerca de 30.000 processos em andamento. Estes 30.000 estão sob jurisdição de cinco diferente juízes.

Isto pode funcionar? 

10 comentários:

Freddy disse...

Feliz aniversário, Carrano!
Que possa continuar seu caminho com saúde, amigos, harmonia familiar, tudo de bom!
Abraços
Freddy

Freddy disse...

Sobre controle biométrico:
1) Tive um laptop que veio com programa de identificação biométrica. Não quis me cadastrar, com medo de um dia a droga do programa dar defeito, ou o leitor, e eu ficar impedido de usar meu próprio computador! Só que o desgraçado se metia em tudo, querendo porque queria que eu fizesse o cadastro.
Desinstalei-o! Pronto!
2) Precisando de fazer um pagamento urgente num caixa do BB, caí num que me pediu para cadastrar meu dedo! Parece coisa simples, né? Eu com um band-aid no indicador direito, e mesmo que o tirasse estava sem impressões digitais por ter sofrido uma doença que lhe descascou toda a pele na ponta - só veio a ficar bom semanas depois.
Resumo: meu dedo cadastrado é o maior de todos. Só preciso me lembrar toda vez que cair numa máquina similar!
3) Minha já falecida mãe seria uma pessoa com graves dificuldades para conseguir sobreviver a um cenário desses: perdeu suas digitais com a idade!
Abraços
Freddy

Jorge Carrano disse...

É com alegria que agradeço a gentiliza e atenção de haver lembrado de meu aniversário. São 74 anos de caminhadas, corridas, tropeços, quedas, erguimentos, soerguimentos, saltos, enfim, tem sido muita ginástica, muita acrobacia por vezes, viver.
Mas está bom.

Idosa disse...

Pior é quando uma idosa, como eu, leva uma bolsa ou uma sacola. Tem que passar o cartão e depois passar o dedo, as mãos ocupadas e o ônibus andando. Numa curva cai outro dia, pois não tinha como me segurar.Depois de três tentativas tem que passar o cartão de novo portanto não pode guardar, fica na mão. A outra está na máquina de leitura digital. Como o idoso se segura?Um absurdo esta invenção. Acho que a mãezinha do inventor não pega ônibus.

Ana Maria disse...

Parabéns, querido irmão. Que Deus abençoe seu caminho e lhe dê vida longa e saudável.
Quanto essa tal de identificação biométrica,deve revelar que estou lascada. Por conta de um problema de saúde, perdi parte das digitais. Tive o maior problema ao renovar a carteira de habilitação. Nos bancos o problema é maior. Consegui dispensar o serviço no Bradesco, mas o BB me encurralou. Depois de 9 (nove) tentativas eles aceitaram o padrão de meu dedo, mas... na hora de sacar, as digitais não conferem.
Quebrei o galho num terminal com equipamento antigo e terei que pleitear , não sei de que maneira, a liberação desta identificação.

Jorge Carrano disse...

Obrigado mana. Amém!

Senhora Idosa, o pior , se é que pode ser pior, é a dupla identificação, ou seja, a carteira com chip e a digital.
E realmente as duas mãos têm que estar disponíveis, pois pode variar a identificação digital (de mão e de dedo).

Riva disse...

Caro amigo Carrano,

Parabéns pelo seu Dia Especial, e também muito especial para todos os seus amigos, que têm a sorte e o prazer de conviver com um cara como você.

Sintetizo que ter você como amigo enriquece muito nossa experiência aqui no lindo Planeta Azul. #simplesassim

Desejamos a vc, eu e a Isa, muita saúde, e que o Cara Lá de Cima continue mandando muita luz nos seus caminhos, sempre regados com muita saúde, alegrias, e se possível, $$$$$$.

Abrs & Bjs

Riva & Isa

Jorge Carrano disse...

Tenho que ter muito cuidado com a generosidade dos amigos e ter consciência da relevância da simbiose.
Muito grato a você e a Isa.

Riva disse...

Hmmmmm ..... SIMBIOSE dá um post e tanto ! rsrsrsrs

Jorge Carrano disse...

KKKKKKKKkkkk
Valeu!