25 de março de 2014

CIÚME

Tenho muito ciúme de meus filhos, pois eles ocupam o primeiro lugar no coração da mãe deles, minha mulher há cinquenta anos. E devo me dar por feliz, pois não fora uma circunstância muito especial, eu estaria no terceiro posto, atrás dos netos.

Essa questão dos ciúmes é interessante e muitas vezes inexplicável.

Fatos concretos, no seio da família:

Quando Ricardo nasceu, o Jorge já tinha quatro anos de idade. E, claro, durante quatro anos foi alvo das atenções de toda a família. Era o centro do universo.

Ricardo nasce e assim que Wanda voltou para casa depois da mamada e do arroto necessário, colocou-o no berço. O Jorge se aproxima, olha o irmãozinho ali deitado e comenta: “ele é feinho não é?”

O ciúme por ter que compartilhar as atenções, foi explicitado com o comentário ferino. Alias as crianças, podem notar, são cruéis em seus comentários.

Casei-me em Cachoeiro de Itapemirim – ES. Antes de dar início ao namoro com Wanda (1960), paquerei  por lá. Claro,  jovem e, modéstia à parte, “bem apessoado”, chamava a atenção de algumas moçoilas. Maxime numa cidade onde não havia rapazes disponíveis. Estes mudavam para Vitória ou Rio de Janeiro ou Niterói, para fazer curso superior. Na cidade não havia faculdades. As mulheres os pais não deixavam sair da cidade, ou achavam desnecessário.

Pois bem, sobre uma destas paqueras a Wanda ficou sabendo (lá todo mundo conhecia todo mundo, principalmente as jovens que estudavam nos mesmos colégios).

Vou, por motivos óbvios, omitir o nome desta pela qual me interessei. Trocarei seu nome para “Bella Ragazza”. Era de origem italiana.

Agora vejam o absurdo a que chega o ciúme. Há pouco tempo fizemos um churrasco na casa de minha irmã mais velha (falecida). Em meio às carnes algumas cervejas geladas.

Às horas quantas, a conversa caminha para a adolescência, namoros antigos, estas coisas. Menciono, então, o nome desta menina de Cachoeiro, para provocar minha mulher. Mas troquei o nome dela, confundo e falei, por exemplo, “Bella Dona”.

Ato contínuo a Wanda comentou, “o nome dela não é [Bella Dona]”.

Alguém perguntou como era então. Aí, Wanda nos levou às gargalhadas. Sua resposta foi: “não vou dizer porque senão ele (eu) poderá ir  atrás dela”.

Gente, isto mais de quarenta anos depois. Já tínhamos 45 de casamento. Isso sim é ciúme, o resto é conversa. E até hoje rimos muito com esta cena descabida de ciúme.

Para encerrar, outra cena e atitude dos irmãos Jorge e Ricardo, meus queridos filhos.

Jorge, mais velho, juntamente com amigos de escola e moradores da mesma rua, em Ribeirão Preto, onde morávamos, pula o muro de uma casa nas redondezas para poderem se banhar na piscina (a nossa era muito pequena). Os donos da casa estavam viajando e eles sabiam disto.

Fiquei muito aborrecido com o episódio e queria conversar com meu filho sobre o caso. À noite, levei-o à Cava do Bosque, uma espécie de Campo de São Bento (em Niterói),  ou melhor ainda,  Quinta da Boa Vista (no Rio) ou Parque do Ibirapuera (em São Paulo) para conversar. Durante o dia eu trabalhava e ele tinha aulas.
Jardim japonês, na Cava do Bosque
Lá no Bosque (como chamávamos) da cidade, havia uma pizzaria. Então fomos comer e conversar.

O Ricardo ficou muito enciumado por eu ter levado o Jorge para jantar e ele não. E me cobrou: “também quero ir jantar com você”.

Conclusão, no dia seguinte estavamos em outra pizzaria da cidade, com a agravante de eu ter que cortar a pizza dele, pois ainda era atrapalhado com estas coisas.

Saio do assunto ciúme, mas continuo em Ribeirão Preto, onde morei no início da década de 1970. Que belo lugar para viver, naquela época claro.

Bom clima, quente, como o nosso aqui em Niterói, ao qual estávamos acostumados. Bons restaurantes, boas escolas (e até faculdades), tranquilidade e um clássico local, “o Comefogo”, que colocava frente à frente o Comercial e o Botafogo de Ribeirão Preto. A cidade se dividia nas torcidas, e por duas vezes, uma em cada estádio (Palma Travassos e Santa Cruz), fui assistir ao clássico. Torcia pelo Botafogo por uma razão incomum: seu apelido. O Botafogo era (ou é) chamado de a “Pantera da Mogiana”. Por causa da região abrangida pela ferrovia . Acho muito legal este epíteto.

Notas do Autor: Este é um blog de generalidades, falamos de política também, mas não exclusivamente.

 História da Cava do Bosque em:
http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/sesporte/i20cava.php 
História da ferrovia em : 
http://www.arquivopublico.ribeiraopreto.sp.gov.br/scultura/arqpublico/historia/i14estacoes.htm

Os irmãos Sócrates e Raí começaram suas carreiras jogando no Botafogo de Ribeirão. Uma curiosidade é que o Comercial é que tem uniforme preto e branco, como o Botafogo carioca.


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4 comentários:

Riva disse...

Quem gosta, cuida .... rsrsrs

Freddy disse...

Essa conversa de ciúme não me agrada muito. O ciúme excessivo é demonstração de posse, e não de amor. Se bem que uma coisa não exclui a outra, já que a pessoa que ama pode desenvolver o tal ciúme possessivo.
No meu caso... bem, deixa pra lá. Outro dia eu volto ao assunto. Hoje faço 37 anos de casado e não é dia de puxar fio de meadas desagradáveis.
Abraço
Freddy

Jorge Carrano disse...

Já cumprimentei o casal via e-mail, mas reitero aqui, desejando-lhes muitos anos mais de vida em comum, com muitas alegrias, amor, paz e tranquilidade.
Parabéns Freddy e Mary!

Jorge Carrano disse...

Parece que não ficou claro que a abordagem sobre ciúme era para ter um toque de humor.
Ou então as situações só são engraçadas mesmo no âmbito da família.