Muita gente não resiste aos holofotes, aos microfones e câmeras.
E esta pandemia tem propiciado o surgimento de "especialistas" que têm conselhos e sugestões sobre tudo. Todo mundo dá pitaco. Tem opinião e achismo para todos os gostos.
São coisas inimagináveis, mas que não escapam ao meu espírito criativo. Vou-lhes dar exemplos:
Um especialista em cães com "síndrome down", é convidado para um debate sobre os riscos destes cães saírem de casa sem máscara.
"Existem muitas cadelas vadias, sedentas de amor e carinho, no cio, dispostas a desobedecer ao distanciamento social recomendado e dar uma copulada."
Recomenda o tal especialista que o seu cão deverá usar camisinha, mesmo que destas caseiras, feitas com bola de soprar (bexigas para os paulistas), se tiver que sair de casa. E arremata todo senhor de si, que é preciso que os cães com down fiquem em casa, se possível.
O entrevistador pondera que a entrevista é sobre coronavírus e não sobre AIDS. O especialista diz que se refere ao sexo oral e que o corona se transmite pela boca. AH!!!
Noutro canal o especialista em mico-leão-de-cara-dourada, espécie em extinção, manifesta preocupação com a possível embriagues de alguns dos indivíduos da espécie, e explica. As pessoas estão visitando a reserva onde estão confinados, para fins reprodutivos os citados símios, e passam tanto álcool em gel nas mãos que os macacos estão desprezando as bananas e lambendo as cascas.
Soluções recomendadas: ou não vá até a reserva ou se tiver mesmo que ir (leve comprovação para poder transitar pela rodovia), for inevitável, apenas lave as mãos com água e sabão antes de pegar as bananas que oferecerá aos bichinhos.
Ignore a placa "não dê alimentos aos animais". Ela está em local errado. Deveria estar em praça repleta de pombos.
Em priscas eras, quando fiz os cursos primário e ginasial, havia uma matéria chamada "Ciências naturais".
Havia então, não sei se persiste porque na ciência tudo muda, uma teoria de que alguns seres unicelulares eram difíceis de classificar, porque tanto poderiam estar na cadeia dos vegetais quanto dos animais.
Não sei porque mas esta lembrança me remeteu ao presidente. A explicação é simples. Antes de desenvolver meu raciocínio devo admitir que ele já alcançou, na cadeia evolutiva, o status de uma ameba. Portanto não há que confundi-lo com um vegetal, digamos urtiga. Causa coceiras, mas por outras razoes.
Acompanhem-me. Nenhuma cidade do mundo seria capaz de atender a um só tempo toda a sua população se ficassem contaminados com um vírus. Vamos além, não teriam como atender metade de sua população, em lugar nenhum do planeta. Quer tornar mais significativa nossa assertiva? Nenhuma cidade na Terra teria infraestrutura de atendimento simultâneo de um terço de seus habitantes.
Faltariam hospitais, leitos de UTI, respiradores, tomógrafos, profissionais de saúde, EPIs para tais profissionais, faltaria tudo.
Estamos enfrentando um vírus com elevado nível de letalidade e grande velocidade de propagação. Não dispomos de vacinas e tampouco de medicamentos de eficácia cientificamente comprovada para curar a doença.
Qual a solução lógica, razoável, inteligente, para diminuir o nível de infestação? Reduzir o convívio entre as pessoas. Pelo menos reduziremos a velocidade da contaminação.
O distanciamento, como barreira para contágio permite que um menor número de infectados tenha necessidade de atendimento nos hospitais disponíveis.
Em palavras simples, temos que tentar colocar o número de contaminados, necessitando de tratamento, dentro do esquema de atendimento montado.
Estão denominando o esforço como achatamento da curva de progressão. Não vamos diminuir muito a número de contaminados, mas vamos conseguir que não fiquemos todos ao mesmo tempo infectados.
Se o processo de recuperação de quem pegou o vírus estiver no mesmo ritmo de novos casos da doença, somado ao fato de que novos hospitais, provisórios ou não, estão em fase de construção, e mais a celeridade na compra de equipamentos, chegará o momento em que haverá capacidade instalada de atendimento a tantos quantos contraiam a Covid-19. Assim, podendo ser possível atender aos infectados adequadamente, certamente a letalidade cairá a níveis normais de epidemias de síndrome respiratória.
Isso só é possível com o distanciamento social o isolamento. Todos os habitantes do planeta, de todas as etnias, de todas as crenças religiosas, de todos (?) os sexos, sabem disto, aceitam isto.
Menos um ser tão perigoso quanto o corona, que acha que todos devemos ir para as ruas, para nossos locais de trabalho.
E tem mais. Se o sistema de saúde entrar em colapso, o número de mortes por outras causas, em razão da incapacidade de atendimento, também aumentará muito: infartos, acidentes vasculares, etc.
Proponho a denúncia dele a tribunal internacional como autor de crime contra a humanidade.