Ontem recebi um amigo
de mais de sessenta anos; a convidada de hoje conheço há mais tempo, mais de
setenta e cinco anos.
E já me penitencio
porque acabei declinando a idade dela. Mas ela não se incomoda com isso, acho
eu, já vamos saber.
Ana Maria é minha irmã
caçula, está aposentada, morando em Teresópolis, mas já morou até, com perdão
da má palavra, em Catanduva.
E aí, Ana Maria, como é
o processo de envelhecimento? Dói? Recordar é mesmo viver?
ResponderExcluirSem problema. Vez ou outra eu mesma trabalho minha idade. Serve de justificativa, sabe? Se eu cometer uma indiscrição ou misturar assuntos, a culpa é da senilidade.
Encaro o envelhecimento como uma fase necessária. Me pressinto das limitações físicas, mas agradeço a Deus a vida é a lucidez.
Quero dar um esclarecimento, caso essa nossa conversa "privé"" seja solicitada pelo STF. A ironia no comentário sobre ter morado em Catanduva - SP, é sua. Deixo claro que os poucos anos que morei por lá foram extremamente felizes . A cidade é tranquila e o povo é gentil, bem humorado, solidário e muito inteligente.
Sei que você também já morou em outras cidades, inclusive no interior de São Paulo? Essas andanças deixaram boas lembranças ?
ResponderExcluirClaro que deixaram. De Ribeirão Preto, por exemplo, guardo boas recordações.
A cidade, com clima mais parecido com o de Niterói, do que com o da capital do estado, é agradável. Meus filhos tiveram uma parte da infância parecida com a minha, de pés descalços, vida ao ar livre.
Morávamos, inicialmente, numa casa que se não tinha uma piscina na acepção da palavra, tinha um, digamos, grande tanque, onde podíamos nos banhar. A casa era ampla, de esquina, com entrada para garagem pela via transversal.
Mais tarde comprei uma acasa zero quilômetros, recém construída por um empresário do ramo de mármore.
Wanda se recorda até hoje do requinte dos banheiros em mármore. O social em verde água e o da suite em rosa.
A cidade tinha boas escolas, um bom clube com sede campestre (Sociedade Recreativa); tem a "Cava do Bosque" (tipo Campo de São Bento), mas um pouco maior e abrigava um mini-zoológico e uma pizzaria.
Circula, ou circulava, muito dinheiro na cidade, decorrente da exploração agrícola.
Foram dois anos e pouco de muita paz e alegrias. Tínhamos até um cachorro, que vocês me deram (Boni, lembra?).
Dos nossos passeios, quando crianças, um dos que mais recordo foi o de Barão de Javari; a casa alugada tipo chalé suíço, à beira do lago, onde alimentei muitos peixes porque não sabia pescar com a isca que ensinaram, a base de farinha misturada em água.
E você que lembrança mais agradável ou marcante tem de nossos passeios?
A minha pergunta foi sobre lugares onde já morou. A perspectiva do morador é bem diferente da do visitante/turista.
ResponderExcluirLembro sim. Papai gostava de nós proporcionar passeios.
Passamos boas temporadas em Muriqui, em Miguel Pereira,em Maricá e, uma vez lá em Javari como vc citou. De lá lembro da enorme quantidade de depois que invadiam o jardim que, se a me memória não me trai, era em aclive.
Lembro também de nossos piqueniques à beira das estradas rumo a Região dos Lagos.
Sem falar na da aventura de um passeio que pensávamos ser sem rumo certo, mas que nosso pai pretendia chegar a Cachoeiras do Itapemirim para conhecer sua namorada/ atual esposa.
Foi uma boa infância e juventude. Fomos abençoadas com uma família estável e pais com princípios morais.
Talvez sua visão desta fase seja diferente. E não só pela diferença de idade, visto que sempre discordamos em muuuiiitos assuntos.
É uma boa hora pra vc reformular seus conceitos sobre sua infância, analisando fatos do passado com o filtro de sua experiência atual.
Como foi afinal aqueles anos 40 e50?
ResponderExcluirForam tempos difíceis. Nossa família era de classe média baixa, no limite da pobreza (não da miséria).
Somente a partir da segunda metade dos anos 1950 as coisas começaram a melhorar e fizemos aqueles passeios relatados, sem contar três dias hospedados no Quitandinha (que maravilha!)
Passei até, com nossa mudança para o apartamento na Feliciano Sodré (o Carlinhos aqui ao lado no pub conheceu), a ter meu próprio quarto.
Conclui o ginasial. Frequentei bailinhos nas residências de colegas de colégio. Tive, nestes anos 1950, minhas primeiras namoradinhas.
Aprendi a dirigir no Buick 1938 que papai então possuía. E tirei minha carteira de habilitação uma semana após completar os 18 anos de idade.
Ingressei no Liceu para cursar o científico, fiz e consolidei muitas amizades. A maioria construída nesta década de 1950: Hermes, Castelar, Carlinhos Irapuam, Bazhuni, Vantelfo e alguns outros menos votados (rsrsrs).
E quanto a você? Se não tem pendor artístico e gostaria de ter, que arte plástica gostaria de ter talento e vocação? Monet ou Rodin, como apreciadora de arte?
Não tenho vocação para artes plásticas. Bem que tentei me aventurar pela área, mas sem sucesso. Tive aulas de desenho artístico e pintura à óleo, derivei para pintura em tecido e porcelana, com um desempenho medíocre.
ResponderExcluirGraças a um Festival Interescolar de Teatro, me interessei pelas artes cênicas. O Colégio Plínio Leite, onde eu estudava e que sediou a tal festival, formou um grupo teatral com seus alunos, e me inclui nele. O aluno que cuidava da direção artística e era também o protagonista no espetáculo, Almir de Oliveira, me convidou para colaborar com ele numa peça que estava escrevendo. Resultou na obra "O Castiço" que foi à cena em Niterói, inclusive no Teatro Municipal da cidade.
Puff! Assim como começou, minha carreira se evaporou.
Passei no concurso para magistério e fui lotada em Teresópolis, em um Grupo Escolar Rural. O emprego era mais urgente que os ensaios no Teatro.
Assim morreu a Diva que havia em mim.
Ah! Também morreu precocemente a "virtuose" que poderia ter sido. Estudei piano e violão, sem nenhum talento.
Acho que essa não é minha praia.
Por falar nisso, não recordo de nenhuma manifestação de sua parte.
Perdi essa parte de sua biografia?
ResponderExcluirMinha biografia artística é uma folha em branco.
Não posso nem dizer que pintei o sete (rsrsrs),
Quando meu amigo Ney Teixeira Gonçalves (falecido) que tocava piano resolveu criar um conjunto instrumental para tocar cha-cha-cha, mambo e rumba em voga na época, Doraly José do Canto - outro amigo ora no Espírito Santo onde é pastor evangélico - emprestou-me um bongô.
A reunião era na casa do Ney, ampla e confortável. O pai dele era o proprietário da relojoaria "Pêndula Fluminense".
Alguém improvisou dois pedaços de cabo de vassoura para fazer as vezes de bastões rítmicos e começamos a ensaiar, elegendo como nosso prefixo a música "Cerejeira Rosa". Lembra?
Não passamos do segundo ensaio por falta de instrumentos e instrumentistas.
Estes citados amigos - Ney e Doraly - assim como o Carlos Lopes Filho (Carlinhos) estiveram na comemoração de seu aniversário. A foto desta celebração já foi publicada neste espaço.
Antes de pedirmos a última bebida, diga-me sua preferência gastronômica: salgado ou doce? Doce irresistível e salgado irrecusável?
Ah! Prefiro salgados. Os pratos que mais me agradam são nhoque e empadão (ão/inha). Tenho paladar de pobre. Não "mi piace" ingredientes caros e pratos sofisticados. Vegetais e legumes não me atraem e, sabendo de sua importância nutricional, sou adepta de sopa de legumes.
ResponderExcluirCarnes dificilmente como, e, quando necessário escolho as brancas.
Massas, quase todas me apetecem, embora
evite molhos brancos.
Não sou muito chegada a doces, mas pudim de leite condensado e doce de banana sempre caem bem.
Já fui gulosa. Atualmente ando mais seletiva.
Bem. Lembro de seus amigos citados e de outros que também, eventualmente estiveram lá em casa.
Está tarde e preciso me despedir. Quando tiver um tempo, escreva sobre suas preferências gastronômicas.