29 de setembro de 2019

Palavras e expressões d'antanho


Na época em que as pessoas trocavam cartas, por ser este o meio disponível e usual de envio e recebimento de mensagens, inclusive comerciais, existiam clichês, padrões redacionais que eram obedecidos, seja porque protocolares, seja porque não exigia criatividade, esforço mental dos missivistas.

Entre namorados, as cartas eram abertas com "espero que estas mal traçadas linhas" a encontre com saúde e paz.

Os carteiros eram aguardados com ansiedade e nas pequenas cidades, onde eles eram conhecidos e conheciam a maior parte dos habitantes, informavam às donzelas que naquele dia não tinha correspondência para elas.

Minha mulher, que morava distante, em Cachoeiro de Itapemirim, relatou algumas vezes sua frustração por não receber carta minha com a regularidade que gostaria. E que o carteiro já acenava negativamente, à distância, quando não havia correspondência para ela.

Sim, havia os telegramas, mensagens de poucas palavras (como no Twitter), porque eram altamente tarifadas, e eram utilizadas em ocasiões especiais, tais como óbitos de amigos e parentes e casamentos quando não era possível comparecer.

Para quem estava casando o telegrama tinha início com a massificada frase: "desejamos aos jovens nubentes, uma união plena de alegrias e realizações".

Deixe-me explicar porque trato hoje deste tema. Sendo aniversário de uma sobrinha, que mora em Maricá, fiquei tentado a enviar um e-mail (não uso ZAP) com uma mensagem absolutamente objetiva, sintética, que exprimia todo o sentimento, e que de um tempo a esta parte é considerado cafonice, Dizia-se, simplesmente: "tudo de bom para você". Quer mais abrangente, mas condensado?

Acabei não utilizando o chavão, e fiz uma gracinha, mas quase cravei: "que esta data se reproduza por muitos e muitos anos", também clichê.

Para os parentes e familiares de amigos obituados, o telegrama clássico tinha início assim: "consternados com a dolorosa notícia, enviamos a digníssima família nossos mais profundos sentimentos". Custaria caro, para os padrões da época, porque estava longo demais o texto.  Idealmente, sob o ponto de vista financeiro, seria melhor : "recebam nossos pêsames". Cada palavra  a menos era uma economia boa.

As pessoas escreviam "no correr da pena", sem revisão, porque implicaria em rabiscar o papel e não era de bom tom uma mensagem com rasuras ou entrelinhas, senão quando havia muita intimidade. O sentimento e a emoção ficavam mais espontâneos, menos racionais e refletidos.

E as palavras que com o tempo caíram em desuso, e cujo significado, para os da geração atual, precisa ser esclarecido?

Querem exemplos? Amuado, que corresponde ao nosso aborrecido. E aquelas que não se usam porque correspondiam a coisas que caíram em desuso, como anágua, peça de vestuário feminino.

O plágio era descarado. Quantas moçoilas usavam versos (frases) de poesias conhecidas para enriquecer suas cartas. O poeta J. G. de Araújo Jorge, tinha muitos versos seus utilizados, sem que fosse dado o respectivo crédito. Ele era popular  entre jovens estudantes apaixonados.

Até mesmo no âmbito profissional, a cópia, o plágio, eram desmedidamente usados. Advogados recém-saídos das faculdades recorriam a Yara Muller Leite, em seu "Como requerer em juízo", para peticionar. Este livro hoje está condenado à poeira de prateleiras de sebos, ao preço de R$ 5,00.

Atualmente o Google está aí mesmo com um vasto e rico repertório de modelos de petições e recursos judiciais. Utilíssimos nestes tempos de Faculdades de Direito que brotam como cogumelos em várias cidades, e admitem alunos sem qualquer critério, dispensando testes ou simulando avaliações que não serão referência, senão o carnê de pagamento das mensalidades.

Comecei com um tema e acabei, "no correr da pena", nesta crítica ao nível do ensino superior. O que tem de bacharel em Direito analfabeto atuando, a despeito do exame da OAB, é de "corar os anjos de pedra da paróquia."

28 de setembro de 2019

Ganso pegou Oswaldo para pato


Preguiçoso
O técnico pagou o pato, por uma briga com um jogador sem disposição, sem responsabilidade, sem preparo físico, que deveria estar aposentado.

Na verdade o pato do Ganso é o Fluminense que fez com o rebelde jogador um contrato de longa duração e agora terá que aturar.

Fluminense?
No início de sua carreira, então no Santos e demonstrando boa habilidade no trato da bola, Ganso - o jogador - peitou o técnico da época no clube da Vila, recusando-se a obedecer sua substituição,  determinada pelo treinador, que era, salvo engano, o Dorival Júnior.

Ganso chegou a ser louvado por parte da torcida e da crítica, pois teria revelado caráter forte, determinação.

Numa resenha esportiva do ESPN, com Juca Kfouri e José Trajano, entre outros, a atitude do jogador foi louvada e aplaudida. E sua presença na seleção tornou-se, na opinião dos comentaristas, obrigatória. Dunga o técnico da vez na seleção, não o convocou e foi açoitado verbalmente.

Como foi reverenciado por seu ato de rebeldia, desobediência em face do treinador, ele achou que poderia adotar estas atitudes desrespeitosas como default, ou um traço de seu caráter.

Mudou de clube nada aconteceu que o consagrasse. Foi para a Europa e tentou bancar o engraçadinho na Espanha, jogando pelo Sevilha (Sevilla) com o ora técnico do Santos, Jorge Sampaoli, e se estrepou poque por lá o buraco é mais embaixo. Jogador é empregado do clube e estamos conversado. Amargou o banco durante três meses.

E agora? O técnico, que não deveria ter sido contratado, foi demitido. Fernando Diniz era mais atualizado, mais competente no momento. Ganso fica tentando enganar que joga. E por muito tempo.

Quousque tandem?

25 de setembro de 2019

Fair Play e Fan Award



Emmy


Normalmente cerimônias de entrega de prêmios ou troféus têm seus momentos de chatice. Por isso fujo delas, como regra.

Nem Palma de Ouro, nem Oscar, nem Emmy Award, me levam para diante da telinha, a não ser em casos especiais, cujas justificativas são desnecessárias neste escrito.

Mas assisti a mais recente cerimônia de entrega de prêmios promovida pela FIFA. Duas premiações eram novidade para mim. As duas do título da postagem.

Bielsa, técnico do Leeds
Caramba! Fiquei emocionado. Marcelo Bielsa, louco ou não, demonstrou dignidade. Sua equipe tirou proveito de uma situação de fragilidade do adversário, com um  de seus jogadores deitado no gramado, aparentemente contundido, e marcou um gol.

O técnico do Leeds determinou que após o reinício da partida o adversário conseguisse caminhar com a bola, sem ser bloqueado ou impedido de alguma forma, e marcasse o gol de empate.

De parabéns o técnico, os jogadores e por que não os torcedores  do Leeds, que aceitaram a decisão sem questionamentos, endossando a atitude adotada em campo. Ficaram com o Fair Play.

O outro momento, digamos comovente, foi quando revelado o vencedor do prêmio atribuído ao fã. A vencedora foi uma brasileira que narra para seu filho, deficiente visual, as partidas do Palmeiras, clube pelo qual torce o rapaz.

Dois momentos que humanizaram a cerimônia. Os olhos foram brindados pela presença da apresentadora Ilaria D'Amico.

O prêmio de  melhor jogador, com todos os méritos, coube ao argentino Messi, melhor jogador que vi atuar, depois de Pelé. Se ele jogasse o que joga, tendo a estatura e o físico do Cristiano Ronaldo, não sei não.









Leiam as matérias:


https://www.bol.uol.com.br/esporte/2019/09/23/loco-bielsa-e-leeds-ganham-premio-fair-play-da-fifa.htm

23 de setembro de 2019

O SÉCULO XXI...





Calfilho*







Não sei como acordam aqueles que, como eu, nasceram no Brasil na metade do século anterior. Quando abro os olhos todas as manhãs, nos dias atuais, parece que a realidade que encontro é algo totalmente diferente daquilo a que estava acostumado a vivenciar desde a minha infância, adolescência e fase adulta de vida. Pode ser apenas impressão minha, mas acho que o século XXI é um marco divisório entre dois modos de vida completamente diferentes.

Tudo bem, a informática chegou de forma avassaladora e, praticamente, domina hoje todo o nosso dia-a-dia: computadores modernos, “smartphones”, redes sociais, drones, satélites, robôs, são coisas que eram inimagináveis na metade do século passado, quando ainda a televisão era a grande novidade da década de 50. Como antes já haviam chegado o automóvel, a eletricidade, o avião, no fim do século XIX, início do XX...

Ainda ouvíamos futebol pelo rádio (Oduvaldo Cozzi, Waldir Amaral, Jorge Cury, Doalcey Camargo, João Saldanha, José Maria Scassa, Luiz Mendes), as mulheres acompanhavam as novelas (“O Direito de Nascer”), os programas de auditório eram a coqueluche dos domingos (Paulo Gracindo, César de Alencar, “Balança mas não cai”)... O rádio reinava soberano como a maior fonte de lazer da população brasileira, os aparelhos de televisão só existiam em alguns lares privilegiados, a maioria importados...

As emissoras engatinhavam... No Rio, primeiro a TV-Tupi, a pioneira; depois vieram a TV-Rio, a Continental, a Excelsior... Por último a Globo, a única daquelas que permanece viva... Em São Paulo, a Bandeirantes, a Record, a Cultura, a SBT do Sílvio Santos...

Os jornais impressos ainda eram os principais veículos através dos quais ficávamos a par das notícias diárias e líamos as colunas interessantes dos suplementos. Lembro-me bem que ficava esperando com ansiedade meu pai chegar do trabalho para pegar o jornal de suas mãos e ler a seção de esportes ou as duas páginas de quadrinhos...

Rapidamente, os anos passaram, chegamos ao ano 2000, início de um novo século...

Nos dias atuais, parece que as pessoas não se entendem mais, não mais conversam entre si (pelo menos a conversa “olho no olho”), vivem com as cabeças enterradas em seus celulares onde quer que estejam: na rua, num transporte coletivo, num bar, numa reunião familiar... Outro dia, almoçando com alguns membros da família num restaurante de Niterói, reparei que, nas outras mesas, a maioria das pessoas conferia as mensagens dos celulares... e, mesmo na minha mesa, alguns filhos e noras também pareciam mais interessados na telinha do pequeno aparelho à sua frente do que conversar sobre algum assunto interessante... e aquela era uma reunião para comemorarmos o aniversário de um dos membros da família...

Enfim...

Não tenham dúvidas: a informática mudou completamente nossos estilos de vida.

Até na política, os antigos e tradicionais comícios populares, que, em outras épocas atraíam multidões, hoje perderam lugar para as “redes sociais”. Estas conseguiram eleger o presidente dos Estados Unidos e o do Brasil. Nelas se fala de tudo, até mesmo da vida dos outros. Tem notícias verdadeiras e muitas falsas (as famosas “fake News”), onde as agressões verbais e até através de fotos e vídeos parecem dominar. Ali, quem agride, quem ataca, quem não tem educação, se acha no direito de falar o que quiser e ofender a quem bem entender, acreditando estar protegido por um aparente anonimato (hoje, nem tanto...). E, também se acham valentes bastantes para atacar a honra de outras pessoas porque não estão frente a frente com os agredidos... 

Talvez se estivessem nessa situação, a agressão não ocorreria...

Sei lá, a impressão que tenho é que estou vivendo num mundo diferente, estranho, as coisas cotidianas se desenvolvem de uma maneira totalmente diversa daquela à que fui acostumado a viver durante vários anos...

Sempre afirmei aqui e em outros espaços que a educação (ou a falta dela) é um dos maiores problemas do nosso país. Enquanto em outros países ela é realmente levada a sério, onde vemos crianças com 5, 6 anos de idade sentadas em frente a um quadro de um museu, a professora explicando-lhes o que significa a pintura, quem foi o autor do quadro, aqui poucos conseguem completar o ensino médio, a maioria nem mesmo o antigo primário. Por isso, vemos essa multidão de mão de obra mal preparada, que não conseguiu ou até mesmo não quis estudar, trabalhando como biscateiros, bombeiros, eletricistas, balconistas, porque não encontraram emprego melhor e porque não conseguiram chegar a uma universidade ou a um ensino técnico de qualidade. Mas (pelo menos no Brasil de hoje), até mesmo o diploma não significa garantia de um bom emprego: já viajei com alguns motoristas da UBER que são,  alguns, engenheiros formados, outros arquitetos, ou outros mais que concluíram algum curso superior e que foram ganhar o sustento dirigindo um carro de aluguel, por não encontrarem emprego nas profissões em que se formaram. Lamentável tudo isso...

Também não significa dizer que o grau de instrução tornaria melhor a escolha dos nossos presidentes, governadores, prefeitos, deputados, senadores e vereadores... Sempre defendi o voto do analfabeto, porque eles também fazem parte de nossa população e devem ter o direito de escolher aqueles que irão representá-los nos postos de comando do país, de seus Estados e municípios...

Mas, não resta dúvida de que se mais e mais brasileiros conseguissem alcançar um grau cultural melhor, mais seriam aqueles que analisariam o currículo dos candidatos, que teriam um conhecimento mais aprofundado sobre aqueles em que votariam e não seriam apenas influenciados por um churrasco na comunidade ou a distribuição eventual de presentes para a criançada por um Papai Noel qualquer de araque...

Ou, como, para meu espanto, vi alguns “instruídos” escolherem um candidato apenas porque ele ou ela são “bonitinhos”...

Bem, divagações à parte, o que eu queria dizer é que com todas as invenções do mundo moderno, parece que voltamos à era do rádio: as poderosas Organizações Globo lançaram, recentemente, a última novidade: os “podcasts”.

Pode ser que eu esteja enganado (corrijam-me, em caso afirmativo, por favor), mas são eles noticiários reproduzidos por aqueles aparelhinhos que já vi pessoas usando nas orelhas para somente eles ouvirem o que está sendo transmitindo e não atrapalhar os outros na rua, numa condução, num restaurante...

Nada mais são que os antigos radinhos de pilha que alguns levavam para os estádios de futebol para acompanhar os jogos pelo rádio enquanto assistiam às partidas ao vivo. Os rádios “Spica”, lembram deles?

Daqui a pouco veremos transitando por nossas ruas uns seres estranhos com um aparelho cobrindo-lhes os ouvidos sendo atualizados com as últimas notícias... Como se já não bastasse a multidão que desfila com os olhos grudados no celular...

Bem, mas como tudo é novidade...

Ou, como já dizia um filósofo: “Nada se cria, tudo se copia”...

Bem vindos “podcasts”...


* Carlos Augusto Lopes Filho (Juiz de Direito aposentado).

O SÉCULO XXI...


Devidamente autorizado pelo autor, amigo (para minha honra e alegria) de mais de sessenta anos, desde o Liceu Nilo Peçanha, no final dos anos 1950, no século XX, ia publicar, reproduzindo, uma postagem que é um retrato fiel do que vivemos nestes primeiros 19 anos do século XXI.

O original foi publicado em 22/09/2019, e é encontrável no link a seguir, no rico e enriquecedor blog do Carlos Augusto Lopes Filho,  que assina como Calfilho.

https://calfilho.blogspot.com/2019/09/o-seculo-xxi.html

Lamentavelmente meus limitados conhecimentos na área, impediram-me de editar aqui neste espaço.

Sugiro, entretanto, que acessem o link acima porque realmente se trata de uma bela abordagem das transformações havidas nos últimos anos.

Para quem viveu aqueles anos da segunda metade do século XX será uma recordação, para os mais novos  um aprendizado pelas informações oferecidas.

22 de setembro de 2019

Abuso de autoridade


Não ia dar em nada, como não deu, em passado recente, a iniciativa de estabelecer um controle externo do Judiciário.

O Lei parida no Congresso Nacional, que pretendia limitar o abuso  de autoridade, tinha o objetivo oculto de dificultar a ação dos órgãos competentes, de abortar investigações  de desvio de conduta, inclusive e  especialmente, de parlamentares.

Legislavam em causa própria.

O presidente vetou 19 artigos, que abrangiam 36 dispositivos. Vamos aguardar como se manifestará o Congresso. Irá derrubar os vetos?

Alias que neste caso específico é melhor mesmo seria vetar tudo. Em sua redação original, a lei enviada à sanção presidencial, era de interesse de corruptos, safados e delinquentes que exercem cargos públicos, principalmente mandatos legislativos

No caso do controle externo do Judiciário, criaram um órgão faz de conta, chamado Conselho Nacional de Justiça, um aviário chefiado pela raposa de plantão: o presidente do STF, seja qual for.

O CNJ poderia, e deveria, fiscalizar a atuação comprometida ideologicamente, o mercantilismo, o clientelismo de algumas decisões, princialmente monocráticas.

Mas quem se atreve o colocar o guizo no gato?

Já o abuso de autoridade começa onde termina a segurança da sociedade, a ordem pública, o risco de fuga ao flagrante, a destruição de provas. 

Então o interesse coletivo deve se sobrepor ao individual. 

Não tenho o que temer das autoridades. Você tem?

20 de setembro de 2019

"O senhor não pode errar"


Esta frase foi o mote utilizado pelos jornalistas de esquerda, albergados nas páginas d"O Globo", na edição de domingo passado, dia 15 de setembro.

Não creio que tivessem combinado as matérias, apenas constato como são afinados no ideal esquerdista.

Os jornalistas são Ascânio Seleme e Míriam Leitão.

A frase, com tal afirmativa, teria sido proferida por Augusto Aras, recém-indicado para a procuradoria-geral da República, no encontro deste com o presidente Jair Bolsonaro.

A livre interpretação dos jornalistas para a aludida frase, é de que a intenção de Aras - o indicado - seria alertar ao presidente que era melhor nomear logo alguém afinado com ele e suas ideias, porque se errasse não teria como corrigir a escolha.

E perderia o controle sobre a PGR, em face das garantias constitucionais conferidas ao cargo, em especial a autonomia.

Seleme acha que o então candidato a vaga na PGR, queria dizer o seguinte: se o senhor quer mandar e desmandar na procuradoria, não pode errar na escolha, portanto faça a minha indicação e terá um aliado fiel.

Toda a celeuma em torno da indicação de Augusto Aras decorre do fato de que ele não estava na lista tríplice apresentada pela própria procuradoria.

Esta alegada praxe já foi violentada outras vezes, por outros presidentes, com todo o direito eis que não há preceito constitucional que obrigue a escolha de um dos membros da tal lista.

O primeiro da lista já foi preterido em outros casos e a nomeação de outro que sequer constava da  tal lista tríplice já aconteceu.

Eu também me lixaria para a lista elaborada pelos próprios membros da procuradoria. Os nomes escolhidos obedeceriam a famosa regra do corporativismo. Seriam de candidatos comprometidos com as reivindicações da corporação, seus interesses pessoais,  e não com os deveres constitucionais.

Não conheço os nomes que constavam da malsinada lista e portanto nada tenho contra a idoneidade deles.

Mas reservo-me o direito de achar que qualquer deles estaria mais próximo dos anseios da classe de procuradores, do que  deveres constitucionais, assim como Míriam e Seleme cham  que o escolhido, Augusto Aras, será subserviente e controlado pelo executivo, no caso exercido por Bolsonaro.

19 de setembro de 2019

Parabéns ao Juiz, à PGR e à PF


Não fazia ideia da eficácia na atuação da Polícia Federal, que somada à vigilância da Procuradoria Geral da República, culminando com a ação rápida e corajosa do juiz Sergio Moro, que irmanados conseguiram abortar uma manobra escusa, que seria perpetrada às escondidas, de forma atentatória aos bons costume republicanos.

Tomei conhecimento graças a matéria assinada por Elio Gaspari, no jornal O Globo.

A guisa de censura e em tom de crítica maledicente, o jornalista relata os acontecimentos que antecederam o fim da trama engendrada por Dilma e seus asseclas para fazer de Lula ministro chefe da Casa Civil, conferindo-lhe foro privilegiado.

A narrativa, passo a passo, das ações da PF, do ministério público federal e do então juiz Sergio Moro, em mim produziram efeito contrário ao pretendido pelo parcial jornalista.

Louvo a atenção, o senso de responsabilidade e a tempestividade das ações que sepultaram a ardilosa manobra dos petistas, que tentavam salvar o molusco apedeuta da prisão.

Elio insinua procedimentos orquestrados, levados a cabo pelos órgão citados, que não estariam a salvo de uma apreciação judiciosa; mas não escreveu uma palavra, não colocou uma vírgula de censura ao golpe que seria efetivado por Dilma em benefício de Lula.

Mandar por portador confiável, um termo de posse que deveria ser mantido oculto e só revelado em caso de extrema necessidade, deve ter que rótulo?

Que tal fraude? Ou golpe? 

Estranha a visão caolha de parte (significativa) da imprensa. A obtenção, e vazamento, de conversas entre membros do MPF entre si e com Sergio Moro, mereceu manchetes; entretanto nem uma palavra sobre a ilicitude na obtenção das gravações das conversas, por meios inidôneos.

18 de setembro de 2019

Era mais que paixão, era tara


Dizer que fui apaixonado por futebol ficará longe da verdade. Era tarado. Tinha a leitura, tinha a música, tinha o cinema, mas jogar futebol e assistir a jogos de futebol era tudo de bom para mim.

Enquanto peladeiro não passei de esforçado. Tanto no futebol de campo quanto no de salão, que surgiu quando já era adolescente.

As peladas na Rua São Diogo, na Ponta D'Areia, em Niterói, terminavam por volta das 19 horas no verão.

Em geral as partidas terminavam aos 10 gols, com virada aos 5. Virar o lado de ataque era essencial por causa das enormes diferenças nas condições de jogo, posto que o "campo" era em diagonal. De uma calçada para a outra, de sorte a que pudéssemos aproveitar as árvores (pés de ficus) plantadas na beirada do meio-fio e os muros das casas, a guisa de gols.

Sim, não havia um travessão e a altura da bola, para validação como gol, era objeto de pequena discussão. A altura do goleiro determinava se era alcançável ou não.

Assistir era comigo mesmo. Fossem os jogos dominicais disputados na pequena praia (agora aterrada) defronte a rua Silva Jardim, fosse no campo do Vianense, fosse no campo do Diário Oficial (na rua Jansem de Mello).

Os campeonatos niteroiense (Fonseca, Ipiranga, Fluminense, Sepetiba, Byron, etc.) e gonçalense (Mauá, Tamoio, Carioca, Metalúrgico, etc), eram um prato cheio. Acompanhava.

E os jogos do campeonato carioca, no Caio Martins, era o suprassumo, principalmente os jogos do Vasco.

Era tão viciado que, só para exemplificar, em 1966, já casado e pai de um filho, fui ao Maracanã assistir a duas partidas das seleções brasileiras que se preparavam para a Copa.

Vicente Feola, o técnico, convocou 43 jogadores. Tínhamos 3 seleções diferentes.

No dia 8 de junho daquele ano foram realizados dois amistosos em sequência, no Maracanã. O primeiro jogo foi contra o Peru, e ganhamos por 3X1, com a escalação abaixo:

1 - Ubirajara Motta [Bangu] (1)
2 - Fidélis [Bangu] (2)
3 - Britto [Vasco] - cap (6 / 7)
5 - Fontana [Vasco] (1 / 2)
6 - Oldair [Vasco] (1 / 2)
4 - Denílson I [Fluminense] (4)
8 - Roberto Dias [São Paulo] (15 / 18)
7 - Paulo Borges [Bangu] (3)
9 - Alcindo [Grêmio] (2 / 3)
10 - Tostão [Cruzeiro] (4)
11 - Edu [Santos] (2)
Técnico (Coach): Vicente Feola (48 / 55)

O segundo jogo foi contra a Polônia e vencemos por 2X1, com o time assim constituído:

1 - Manga [Botafogo] (10 / 11)
2 - Djalma Santos [Palmeiras] - cap (95 / 107)
3 - Djalma Dias [Palmeiras] (6)
5 - Altair [Fluminense] (15)
6 - Paulo Henrique [Flamengo] (3)
4 - Dino Sani [Corinthians] (15 / 23)
8 - Lima [Santos] (8 / 9)
7 - Garrincha [Corinthians] (47 / 53)
9 - Silva I [Flamengo] (3 / 4)
10 - Pelé [Santos] (53 / 58)
11 - Paraná [São Paulo] (7 / 8)
(Jairzinho) [Botafogo] (10 / 11)
Técnico (Coach): Vicente Feola (49 / 56)


Neste mesmo domingo, uma seleção paulista, formada por jogadores não convocados para a seleção nacional, jogou e venceu a Hungria, que se preparava para a Copa, na Inglaterra.


Já na semana seguinte, em 12 de junho, entrou em campo a seleção que mais se parecia com a que seria a titular na aludida Copa. Ganhamos da antiga Checoslováquia por 2X1, com o time assim formado:

1 - Gylmar [Santos] (87 / 95)
2 - Fidélis [Bangu] (3)
3 - Britto [Vasco] (7 / 8)
5 - Fontana [Vasco] (2 / 3)
6 - Paulo Henrique [Flamengo] (4)
4 - Zito [Santos] - cap (43 / 48)
8 - Lima [Santos] (9 / 10)
7 - Jairzinho [Botafogo] (11 / 12)
9 - Alcindo [Grêmio] (3 / 4)
10 - Pelé [Santos] (54 / 59)
(Tostão) [Cruzeiro] (5)
11 - Amarildo [Milan] (20 / 22)
(Edu) [Santos] (3)
Técnico (Coach): Vicente Feola (50 / 57)


Nossa participação naquela Copa foi vexaminosa. Muitos convocados, pressões políticas (bairrismo), desorganização. Tudo errado.

Explicada, justificada e exemplificada minha paixão pelo esporte, passo a explicar minhas decepções mais recentes e que me levaram a perder o interesse e o entusiasmo.

O futebol virou (descaradamente) um negócio. Os clubes - seus nomes - viraram marcas fortes ou fracas num mercado internacional. 

Ainda não no Brasil, mas na Europa alguns clubes têm donos. Os patrocínios nas camisas descaracterizaram por completo os uniformes.

Alguns jogadores são negociados pelo valor correspondente ao PIB (produto interno bruto) de alguns países. E beijam, jurando amor, várias camisas ao longo de suas carreiras. Identidade com um clube, nem pensar. 

E, para piorar, adotaram o tal do VAR, num esporte que, ao contrário do tênis e do voleibol (onde deu certo) é interpretativo. Acabou a emoção espontânea, imediata, reflexa.

Esperar cinco minutos pela definição de um gol, é como numa relação sexual, na hora do orgasmo parar tudo para botar a camisinha.




http://rsssfbrasil.com/sel/brazil196466.htm

16 de setembro de 2019

População mundial, do Brasil e de Niterói, no futuro


A julgar pelo que se vê nas ruas a população de Niterói envelheceu. 

Cadê a juventude dourada? Deu lugar a senhoras e senhores, com acompanhantes, cuidadores, amparados em bengalas ou andadores.

Tomo como exemplo o núcleo por mim liderado (pela idade), composto de filhos, noras, netos, irmã, sobrinhas e sobrinho.

São apenas três membros com idade abaixo dos 25 anos. Os dois netos e um sobrinho neto. Acima dos cinquenta anos são 11 parentes, no mesmo restrito grupo: irmã, filhos, noras e sobrinhas e sobrinho.

Foi criada uma subcategoria de prioridade, a dos maiores de 80 anos. Estas pessoas independem de senha. Dirigem-se diretamente ao caixa no banco, por exemplo. Em alguns locais, o painel de senhas já tem a opção para maiores de 80 anos.

A Alemanha irá facilitar a contratação de profissionais estrangeiros, recrutando entre outros enfermeiros geriátricos. O envelhecimento da população já é uma preocupação eis que no ano 2050, pelas projeções, os idosos representarão 35% da população do país.

Em março de 2020 entrará em vigor naquele país europeu a "Lei de Imigração Qualificada", que vai facilitar a entrada de trabalhadores fora da União Europeia.

Voltando ao Brasil, se eu fosse empreender num negócio promissor, escolheria fabricar bengalas; e uma atividade com mercado de trabalho garantido por alguns anos é a de cuidador de idosos.

A remuneração é boa. Quem tem parente que precisa deste tipo de atendimento sabe do que estou falando. E a Alemanha, como escrito acima, também precisará de mais profissionais neste campo. Por isso a facilitação para imigração de enfermeiras geriátricas. Outros países no Velho Continente também certamente precisarão.

Pelo que li recentemente, ainda no final da segunda metade deste século voltaremos a ser, no país, 90 milhões de habitantes. Ou seja, voltaremos à população de quando fomos tricampeões mundiais de futebol em 1970.

E olha que já ultrapassamo, segundo o IBGE, a faixa dos duzentos milhões. Voltaremos a menos da metade de nossa população?

Estaremos na contramão do fenômeno mundial?

Isto em função da diminuição da taxa de natalidade, mesmo sem adoção de  política de controle. A sociedade resolveu, por si mesma, reduzir suas proles. E o envelhecimento médio da população resulta em aumento da  mortalidade. Mesmo levando em conta o aumento da longevidade.

Agora pergunto onde será, no planeta, que haverá crescimento da população, se levada em conta a previsão de que serão 10 bilhões de almas por volta de 2050?

Não escrevi "seremos" porque naquele ano, salvo engano, já terei partido desta para melhor.

14 de setembro de 2019

Estamos doentes




Por
Ana Maria Carrano





Estou ficando craque em aproveitar ideias alheias.

Fiz isso na postagem do “manager” (Quase quase)* e agora me preparo para embarcar na afirmativa do Riva (comentários no post Balanço Geral)** de que “o  Brasil está gripado.”




Está sim, na verdade está mais do que gripado.

Não adiantaram as Campanhas governamentais de vacinação. Nesta, apenas o vírus da influenza e suas várias cepas são inoculados e o que nos acomete é muito mais que isso.

Não sei por efeito das alterações climáticas, das queimadas na Amazônia, dos comentários do Presidente, mas nossa imunidade anda em baixa.

Podemos estar imunizados contra a gripe, mas isso não impede que vírus, bactérias, bacilos e uma série de micro-organismos agressivos ataquem laringes, faringes, brônquios, seios da face e quase todo corpo.

Não bastassem as invasões destes micro-organismos, somos brindados por diabetes, hipertensão, artrose, gastrite, esofagite, e por aí vai.

Num grupo de 100 pessoas, quantas encontraremos com problemas na coluna? Quantas com intolerâncias alimentares à lactose, ao glúten, à frutose e à sacarose? Quantas com enxaquecas, fibromialgias, tendinites LER?

E só abordamos até agora problemas físicos, mas nossas cabeças também não andam lá essas coisas.



Hoje em dia não temos mais filhos levados ou quietos. Uma enorme quantidade de siglas rotula nossas crianças que são diagnosticadas com TDAH, TEA, TGD, TOD.

Alguns destes transtornos foram identificados há pouco tempo e já fazem parte do nosso cotidiano.


E nós os adultos? Acreditamos em “fake news”, “fake gurus”, “fake amores”. Trocamos um abraço por um “like”.  Nos deprimimos, sofremos.

O que nos falta, ou que nos sobra?

Sem muito pensar ouso falar em excesso de informação, em excesso de estímulos e escassez de interação.

Gostaria muito de saber as opiniões dos possíveis leitores, ainda que discordantes. Tenho certeza que alguma luz pode ser jogada sobre o tema.


https://jorgecarrano.blogspot.com/2019/09/balanco-geral.html

** https://jorgecarrano.blogspot.com/2019/09/balanco-geral.html

13 de setembro de 2019

20 de novembro de 2009


Foi nesta data que publiquei meu primeiro post, neste espaço virtual.

Quando decidi me expor publicando na internet informações a meu respeito e de minha família, tinha como propósito perpetuar informações que se na época soavam irrelevantes poderiam ser úteis no futuro.

Explico melhor. Mais pelos filhos do que por mim mesmo, resolvi pleitear cidadania italiana. Foram tantas as dificuldades para fazer as ligações, via certidões de casamento, nascimento e óbito, que nadamos e morremos na praia. 

Por incrível que pareça, certidão de nascimento de meu bisavô, foi obtida pela via postal, sem custo, na comuna de Tramutola, em Potenza, capital da Basilicata.

Já documentos gerados no Brasil, como por exemplo certidão de casamento de meu avô, nada feito.

Meu avô aportou no Brasil, em companhia de seu pai - aquele bisavô nascido em Tramutola - ainda menino. Cresceu, casou e .... onde e quando casou?

Bem, este é só um pequeno exemplo das dificuldades para comprovar os vínculos familiares. Na memória, quem poderia ter retido alguma coisa já falecera. 

Para complicar apareceram divergências de nomes. Algumas fáceis de explicar e justificar, como por exemplo quem nasceu em Tramutola com o nome de Carlo Michele, aqui no Brasil a horas tantas virou Carlos Miguel.

Neste meio tempo apareceu um parente distante, de outro ramo Carrano, com um ancestral comum. Tem até um livro publicado.

Ajudou alguma coisa, mas não solucionou todas as pendências.

Então indo ao ponto, minha ideia era documentar quem nasceu onde, filho de quem, o que fez na vida, etc. , para termos o registro da família.

Para não ficar um troço chato, de interesse relativo apenas da família, decidi que intercalaria as postagens com atualidades.

O primeiro post publicado foi de atualidades. Um dos assuntos que dominavam as mídias, na época, era um italiano de nome Cesare Battisti, que tinha seu processo de extradição em julgamento no STF.

Lula livrou a cara dele, mas finalmente ao cabo de nove anos ele foi enviado para seu país de origem, para pagar por seus crimes.

Com o passar do tempo o blog alargou os limites aos quais eu o condenei e passou a publicar até mesmo matérias diversificadas escritas por parentes e amigos, que enriqueceram sobremaneira o  espaço.

Se eu decidir parar por aqui, o titulo desta postagem mudará para: nascimento e morte de uma ideia.

Nota:
Abordei este tema em 2015. Ver link abaixo:

11 de setembro de 2019

Existe filho dileto?



É possível amar mais a um filho do que ao outro?

Diria que não. Mas aceito controvérsias. Eu trato os meus de maneira desigual, porque eles não são iguais. 

Salvo engano esta é a maneira correta de lidar com diferenças. Meus filhos não são cão e gato, portanto a comparação a seguir é meramente retórica.







Se você tem um cão fiel e companheiro e um gato de estimação, qual deles é o seu preferido? Não tenho experiência pessoal neste campo, mas imagino que você estima igualmente os dois, mas os trata de maneira distinta, obedecendo a índole, o temperamento, a vocação e as individualidades de cada um deles. 

O osso é para o cão, o leite no pires é para o gato.

Num jardim a céu aberto, descampado, se você planta espécies aleatoriamente, algumas ficarão ressentidas com o sol a pino, já outras estarão plenamente adaptadas a luz e ao calor.

O regime de regas deve ser diferente para cada uma das plantas; umas exigem mais água, já outras o excesso de água as prejudica.

Filósofos e ideólogos teorizam pregando tratamento diferente para desiguais: "não se deve tratar igualmente desiguais", não é assim?








Um de meus filhos aprecia a floresta  como um todo. Observa o conjunto. Já o outro não se compraz em observar, do alto, as nuances de cores, o porte de cada uma das árvores. Ele quer  saber as razões, examinar as raízes, saber o porque da seiva, a explicação para que umas gerem flores e frutos e outras não.

Um fica gratificado com o resultado; o outro se preocupa com os meios de obtê-lo.

Um é mais expansivo, irreverente; o outro é mais comedido, mais conservador.

Um tem mais caracteres genéticos do pai, o outra da mãe. 

Seus valores são diferentes, seus talentos, suas vocações, suas ambições são absolutamente distintas, como posso trata-los igualmente?

O afeto, o amor, pode ser distribuído igualmente, mas as formas de expressa-lo são diferentes.

NOTA:
Depois de publicado o post, recebi, por e-mail, a oportuna contribuição abaixo. Certamente extraído do Facebook, sem indicação de autoria.



9 de setembro de 2019

Preocupação da amantíssima esposa


Caminhávamos no calçadão, no último sábado, quando fomos abordados por um homem. Não se tratava de um pedinte ou alguém que, a julgar pelo aspecto, representasse algum risco.

Admito, envergonhado por minha falta de memória visual, que não identifiquei de quem se tratava, embora as feições me parecessem, como se dizia antigamente, familiares.

A pessoa, e antecipo de quem se trata pois a ideia aqui não é fazer mistério, era o Paulo Bouhid.

A justificar meu lapso de memória, devo esclarecer que se trata de um amigo virtual, mais ou menos recente, e não alguém que conheço há anos (mais de sessenta), como Carlos Lopes, por exemplo.

Meus encontros, nos últimos anos, com o Carlinhos são bissextos e nossas fisionomias mudaram muito por conta do envelhecimento, mas ainda assim ao nos reencontrarmos a identificação foi imediata.

Voltando ao Paulo, ele se identificou o que me ajudou a reconhece-lo. Acho que foi o nosso terceiro encontro presencial.

Comentou desde logo, às 09:30 hs. que leu o post publicado naquele sábado, como faz, acrescentou, diariamente, embora sem participação em comentários ultimamente.

Contou um episódio ocorrido num show do Paul Anka, quando a compositor de "My Way" fez uma blague explicando porque compôs para Sinatra.

Bem, nos despedimos e no percurso até nossa casa, minha mulher, que nunca estivera com o Paulo, perguntou de quem se tratava. Expliquei que era alguém culto e inteligente que certa feita surgiu no blog com uma indagação e acabou por permanecer, como direi, fiel seguidor, por algum tempo. Depois escafedeu-se a francesa.

Wanda fez então a seguinte observação: se tem gente que lê seu blog, você não acha arriscado falar mal do Bolsonaro? Não é perigoso?

7 de setembro de 2019

Balanço Geral




Por
Ana Maria Carrano





O administrador do blog, apesar de ter começado sua postagem de 06 de setembro, falando generalidades, acabou descambando para uma retrospectiva de sua vida.

Gostei da ideia, afinal estamos quase no final deste ano da Graça de 2019 e essa época é propícia a balanços comerciais, retrospectivas jornalísticas  e reflexões sobre o ano em curso.

Na velhice o sentido é mais lato, pois a análise abrange toda uma vida.

Onde foi que eu errei... ou acertei?

Aproveitando o roteiro do “brother”, poderia me definir como Cristã; contra pena de morte, mas a favor de trabalho obrigatório para presidiários; contra corrupção seja lá qual for o viés político; tolerante a burrice, mas com aversão a falta de caráter; convicta que o Amor é a única solução para a Humanidade.

Torço pelo Fluminense, pela Mangueira e para dar praia no domingo, mas superficialmente, pois nenhum desses quereres tem importância na minha vida.

Acho que até aqui não afastei ninguém que possa fazer diferença na minha jornada, o que, aliás, é um dos meus objetivos.

Gostaria de passar esta existência sem deixar mágoas, ressentimentos ou quaisquer sentimentos negativos. Trabalho para isso com afinco, embora isso não signifique ter que me calar quando a discordância ou antagonismo possa trazer prejuízo a mim ou a pessoas que amo.

Não sei se poderia dizer que estou contente comigo, mas, em minha defesa devo dizer que estou melhorando. Na juventude errei mais do que acertei e fui equilibrando este placar conforme amadurecia.

Não tenho e nunca tive ambições de ser um “pinheiro no alto da colina”, mas me esforcei para ser uma excelente “relva no vale”.

Hoje, olhando para trás, sinto que as coisas poderiam ter se desenrolado diferente, mas não seria de certo a minha vida.

Na verdade eu nem precisava ter ocupado esse espaço com essas considerações subjetivas e totalmente sem importância, bastaria copiar e colar a letra de “ My way”, música celebrizada por Frank Sinatra, mas que na verdade é uma canção francesa de autoria de Claude Françoise com título original de “Comme d’habitude”

Eis portanto o que posso afirmar nesta retrospectiva. Seja lá como vivi, eu o fiz do meu jeito.


My Way
Frank Sinatra

My Way
And now, the end is near
And so I face the final curtain
My friend, I'll say it clear
I'll state my case, of which I'm certain
I've lived a life that's full
I've traveled each and ev'ry highway
And more, much more than this
I did it my way

Regrets, I've had a few
But then again, too few to mention
I did what I had to do
And saw it through without exemption
I planned each charted course
Each careful step along the byway
And more, much more than this
I did it my way

Yes, there were times, I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew
But through it all, when there was doubt
I ate it up and spit it out
I faced it all and I stood tall
And did it my way

I've loved, I've laughed and cried
I've had my fill, my share of losing
And now, as tears subside
I find it all so amusing
To think I did all that
And may I say, not in a shy way
Oh no, oh no not me
I did it my way

For what is a man, what has he got?
If not himself, then he has naught
To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels
The record shows, I took the blows
And did it my way!
Yes, it was my way

Meu Jeito
E agora o fim está próximo
E portanto encaro o desafio final
Meu amigo, direi claramente
Irei expor o meu caso do qual estou certo
Eu tenho vivido uma vida completa
Viajei por cada e todas as rodovias
E mais, muito mais que isso
Eu o fiz do meu jeito

Arrependimentos, eu tive alguns
Mas aí, novamente, pouquíssimos para mencionar
Eu fiz o que eu devia ter feito
E passei por tudo consciente, sem exceção
Eu planejei cada caminho do mapa
Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho
E mais, muito mais que isso
Eu o fiz do meu jeito

Sim, em certos momentos, tenho certeza que você sabia
Que eu mordia mais do que eu podia mastigar
Todavia fora tudo apenas quando restavam dúvidas
Eu engolia e cuspia fora
Eu enfrentei a tudo e de pé firme continuei
E fiz tudo do meu jeito

Eu já amei, ri e chorei
Cometi minhas falhas, tive a minha parte nas derrotas
E agora, conforme as lágrimas secam
Eu acho tudo tão divertido
E pensar que eu fiz tudo isto
E devo dizer, sem muita timidez
Ah não, ah não, não eu
Eu fiz tudo do meu jeito

E para que serve um homem, o que ele possui?
Senão ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras de alguém de joelhos
Os registros mostram, eu recebi as pancadas
E fiz tudo do meu jeito

Sim, foi do meu jeito