Riva52
Algum de vocês leu A MONTANHA MÁGICA, de Thomas Mann ?
Se leu, ou não leu, leiam um trecho : " Mas, a quem alcançasse o ponto onde se trata daquilo que nem sequer é pequeno, escaparia toda a medida ; nem sequer pequeno equivalia a infinitamente grande, e o passo dado em direção ao átomo manifestava-se, sem exagero, como falta no mais alto grau. Pois, no instante da mais extrema dissecação e diminuição do material, descortinava-se de repente o cosmo astronômico."
Não existe nada visível a olho nu que nos lembre que o Universo também é muito pequeno !! Existe um livro intitulado MICROGRAPHIA, publicado em 1665, que nos faz cair na real .... na real de que o Universo é grandioso em sua pequenez, diferentemente do que a maioria procura e pesquisa .... planetas, galáxias, mega estruturas estrelares.
A invenção do microscópio fez-nos perceber a existência de um mundo de significados a ser encontrado no "muito pequeno". A vastidão da pequenez !!!
O atomismo é incômodo. Como pode haver um fim para a pequenez no mundo material ?
Devorando o livro VOCÊ ESTÁ AQUI de Christopher Potter, um dos exemplos descritos é : o menor organismo vivo registrado é o Nanoarchaeum. Vive nas profundezas oceânicas sob severas condições existentes ao redor dos ventos hidrotermais, onde a água se encontra em ebulição .... é igual a 10 a menos 6 do metro !!!!!
Pirante !!!
Ando meio estranho, valorizando a pequenez, seu valor, sua vida, sua participação no nosso mundo, na nossa existência, no nosso dia a dia.
Outro dia, tomando café da manhã, fiquei chateado porque um dos meus filhos esmagou uma formiga que tentava se aproveitar das doçuras do nosso café da manhã.
" O que a formiga te fez, pra merecer um massacre desses ? Ponha-se no lugar da formiga, e tente entender a sua atitude, matando o bichinho por nada .... ela simplesmente deixou de existir à toa "
Evidentemente que me olharam como se eu fosse um ET .....
Ando meio assim, valorizando a pequenez .... das coisas, do bicho homem, das atitudes, de uma caneta jogada em cima de uma mesa, da existência de uma aranha passeando na parede da minha sala ............. carácoles....... é a proximidade dos 60 ????????
18 comentários:
Estou desde sábado sem beber, por conta de um acesso de gastrite. Por conta disso, não seu pra deglutir o texto, que necessita pelo menos de umas 5 doses de Johnnie Walker Swing, um tico de água gelada pra amaciar - não gelo, senão estraga o paladar. Rolando o copo de boca estreita pra liberar o aroma do blend, lendo e relendo cada parágrafo...
Quem sabe na próxima semana?
Abraços
Carlos
Riva52,
Você anda preocupado com a proximidade dos 60. Tem sido recorrente. Olha, acredite, não vai doer. Além do mais existem remédios milagrosos.Para tudo... mesmo.
Entre as benesses está pegar fila especial nos bancos. Entretanto a gratuidade nos ônibus terá que aguardar ainda por mais cinco anos.
Espero que você valorize a pequenez do comentário.
Proponho, Riva, que deixemos a pequenez apenas como raça de cachorro.
O que você propõe em relação a formiguinha? Que ela seja removida para outra comunidade, como faz o governo quando tem que transferir pessoas que moram em favelas ou áreas de risco?
Quel tal uma reserva ambiental para as formigas, onde não possam ser molestadas? (rs)
Abraço
Ih, Gusmão, não cutuque as feras (eu incluído). Esse negócio de pequenez da formiga frente ao Universo já rendeu um romance a 4 mãos imenso, escrito na calada da noite por nós dois (eu e Paulo) !!
Abraços
Carlos
Aproveitando comentário anterior, faz agora uns 13 anos, lembro-me que era início desse negócio de trocar e-mails, maior novidade. Depois de uma tentativa frustrada com 2 colegas da Embratel, eu e Paulo começamos toscamente a brincar com escrita a 4 mãos.
O esquema era o seguinte: um de nós escrevia um capítulo e postava. O outro lia e dava andamento, mas cada um a seu jeito. Para onde a estória caminharia? Sei lá?! No caso era uma fantasia de ficção científica, com seres fantásticos ligados a personagens derivados de de conhecidos nossos e até de nós mesmos. Ou seja, nós também éramos coadjuvantes da trama, o que dava um carácter um tanto pessoal a algumas passagens, com revisitas a nosso passado comum (vantagem de ser ficção científica - viagem no tempo!).
Valia quase tudo, menos matar todos os personagens no capítulo (rs rs rs). Mas era uma cachaça! A cada noite, ficávamos grudados na Internet aguardando o capítulo escrito pelo outro, para saber se daria para a gente desdobrar nosso argumento ou se alguma reviravolta bolada pelo parceiro jogava tudo por terra, às vezes criando situações melhores ainda! Ficamos anos nisso...
E tudo começou com uma pequena formiga tentando equilibrar um enorme pedaço de pão num telhado vadio...
Abraços
Carlos
"A glória do jovem é a sua força; e a beleza dos velhos são as cãs" (Provérbios 20:29).
Ah, a proximidade dos 60 !... Nada a temer, pessoal! Não se angustie nem busque a Fonte da Juventude como Ponce de León. Eterna juventude não existe, o determinismo biológico é inevitável. É a Senectus, como diz Augusto dos Anjos em Monólogo de uma Sombra:
"(...) o acidente da Senectus
— Esta universitária sanguessuga,
que produz, sem dispêndio algum de vírus, o amarelecimento do papirus
e a miséria anatômica da ruga!"
Agora trechos de um outro autor sobre a Velhice:
"Todas as pessoas, sem exceção, questionam e lamentam muito a perda abrupta de uma vida jovem. Apesar de que a perda de uma pessoa idosa é igualmente dolorosa, é difícil alguém dizer que uma pessoa ao falecer aos 100 anos de idade 'ainda tinha muito o que realizar', mas o mesmo não pode ser dito quando um homem ou mulher morre aos 30, por exemplo.
É por estas razões que o culto à juventude eterna,deve ser visto com reservas. Todo mundo gosta de ser saudável, de ser bonito, bem visto, agradável, querido por todos à sua volta, mas pra tudo há de se ter limites, mesmo que essa busca seja bem-intencionada e legítima.
A juventude é bonita e digna de ser apreciada como ela é, mas a velhice também o é. Todo jovem se tornará velho um dia, mas nenhum velho voltará a ser jovem.
Por mais que seja dolorida, esta é a realidade." (Marcelo Victor Sousa)
E eu, Ricardo, do alto, ou melhor, ou pior, do baixo dos meus 74 anos, tenho ainda forças pra extrair do recôndito do meu ser o grito primal de louvor ao meu time do coração:
SALVE! SALVE! O TRICOLOR!!!
Os tricolores andam impossíveis.
Um reparo no comentário do Gusmão, com todas as venias: na proposta de reserva para as fomigas, não esquecer de nela não admitir tamanduás.
Abraço
Vcs são demais ... ! rsrs
Voltando ao tema, a pequenez me incomoda. Não os cães Pequenezes (estranhamente desaparecidos ... não vejo um há décadas).Ela me surpreende de várias formas. Alguns exemplos:
- o da formiga no café da manhã, já citado no post. Pus-me no lugar da formiga.
- em 2005, visitando o Lake Tahoe na California/Nevada, fiquei consciente da minha pequenez defronte ao esplendor do que estava vendo (estávamos embasbacados apreciando a beleza de Emerald Bay). Vou mandar uma foto pra vcs qqer dia. Lembro-me de comentar com a Isa na hora : " Não faz nenhuma diferença para isso aqui se Riva existiu, ou não, se deixou de existir, quando e porque ... sou um merda, um nada perante tudo isso !"
- quando tenho oportunidade de observar o céu à noite, sem interferência das luzes da cidade
- quando vou a algum velório
- quando leio uma notícia de algum desaparecimento trágico
- a pequenez das atitudes da maioria dos seres humanos
Retorno a um post meu em que cito o livro AMOR SEM LIMITES ... fomos suficientes ? estamos sendo ? vamos ser ?
Quando menciono o lance dos 60 anos, é na verdade uma sacanagem comigo mesmo. Quem me conhece sabe que realmente penso e ajo como se ainda tivesse 20 anos. Sou um ponto fora da curva, um Peter Pan, como diz meu irmão.
Menciono os 60 anos apenas porque essa idade está realmente em frente a mim, e de uns tempos pra cá, coincidência ou não, ando mais questionador/intolerante em relação a muitas coisas.
Da idade mesmo, a única coisa (por enquanto) que me chateia é não conseguir mais ir atrás da bola naquele lançamento profundo na ponta esquerda. Flórida ! rs
Sds TRIcolores
Qual a diferença, para a pobre formiguinha, entre ser morta esmigalhada por meu dedo, ou entando misturada ao açúcar morrer queimada com café quente dentro da xícara?(rs)
O entendimento quanto a sua insignificância, sua pequenez diante do universo, sua capacidade de raciocinar sobre isso, são um diferencial.
Abraço
Muito interessante as considerações e a colocação pessoal do Riva. Também me impressiona a imensidão/pequenez , assim como o tempo e a transitoriedade. E esses pensamentos e devaneios só me assaltam quando totalmente sóbria. Beber não me caí bem.
Quanto a formiguinha (símbolo provavelmente) tenho uma teoria. Deixo viver, preservo o habitat de qualquer animal que não me fira. Se a formiguinha me morder...morre.
Hmmm... Anônimo dessa vez é do sexo feminino. SóbriA, eu li bem.
<:o) Carlos
Não gosto de voltar a temas já postados, mas no caso acho que vale uma comparação.
Quem tiver paciência, por gentileza acesse (ou reveja) meu post nesse excelente espaço que nosso amigo Carrano abre para nós. Dia 23 de junho de 2011: "Reflexões sobre o Universo - 70 voltas".
O post atual é sobre pequenez, o que eu escrevi também é. Apesar de não citar formigas, aborda o extraordinário despropósito de dimensões espaço/tempo da raça humana frente ao todo. E a nossa petulância em, mesmo assim, nos permitirmos debater o assunto.
Abraços
Carlos
É minha segunda observação que faço neste blog pleno de intelectuais que conheci e acompanho há um mês. Para dizer que pensamentos e devaneios, principalmente devaneios, são incompatíveis com a sobriedade da Anônima, sobretudo se as assaltam numa relatividade digna de Eisntein:
imensidão/pequenez girando ou pirando pelo Cosmos existencial a ponto fazê-la conspirar contra um símbolo produtivo preconizando a sua morte. Resta-nos avisar à formiguinha (seria uma saúva?) para não morder a Anônima.
Aqui em Corumbá elas (as saúvas)de fato causam problemas sérios, são cortadeiras, invadem lavouras. Aí, sim, podemos contratar a Anônima pra exterminá-las.
Saúvas em Corumbá??? Foi bom me avisar. Não piso por estas plagas.
Quanto ao post do Carlos Frederico, se bem me lembro, chegou a ensejar considerações teosóficas.
Luvanor,
Classificar de intelectuais os debatedores do blog já me trouxe um prejuízo: estão pedindo aumento.
Agora estão se achando.
Obrigado pelo mês de fidelidade. Se ficar conosco um ano, vai ganhar uma assinatura anual do blog, que poderá ser acessado sem custo.
Gente, nada tenho contra o equilíbrio da Natureza, que é sábia, mas tem um inseto que me causou muito prejuízo: CUPIM. Decerto são interessantíssimos para estudo, como são os demais insetos sociais, como abelhas e formigas, mas o mal que o tal do cupim provoca não está no gibi!
Para lavouras, parece-me que as saúvas é que são um desastre. Na minha infância já destruí alguns covis de saúvas do bairro, por mera retaliação: elas cortavam meus pés de feijão assim que alcançavam um palmo de altura!
Há a famosa frase: ou o Brasil acaba com as saúvas ou as saúvas acabam com o Brasil!
Abraços
Carlos
Bem, no meu tempo de criança, a gente da minha idade se reunia no quintal lá de casa, na Vila Pereira Carneiro 61, pra ver as saúvas desfilarem em linha reta,fila indiana. E o que a gente fazia? Isso mesmo: torrava as bundinhas delas. Pra quê? Ora, meu caro Watson... Simplesmente para comê-las, crocantes... Afinal, eu tive infância(rsrsrs). E tricolor desde então.
A última vez que me atrevi a escrever sobre formigas, paramos quando chegamos (eu e meu irmão) a 924 páginas formato A4 ! rsrs ...
Prezado Ricardo, nem vou contar o que fazíamos com as saúvas residentes no muro de um dos nossos vizinhos ... talvez por isso minha inquietude em relação ao assassinato que presenciei na mesa, no café da manhã.
Sds TRIcolores
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