28 de agosto de 2024

Os rábulas da engenharia

Na área do Direito, rábula era a pessoa que, mesmo não tendo formação acadêmica, era autorizada a atuar em juízo, no primeiro grau de jurisdição.

São personagens muito presentes nas obras de Jorge Amado.

No campo da engenharia haveria uma palavra que designasse os engenheiros "de ofício", sem curso superior especializado?

Não me refiro aos "mestres de obras", como meu avô materno, em Viseu e Lamego, em Portugal,  onde exercia seu ofício construindo casas basicamente com pedras, antes de migrar para o Brasil.

Bem, não importa. Na antiguidade, em priscas eras, tempos idos, imemoriais, civilizações ergueram estátuas, aquedutos, túmulos, templos, anfiteatros, muralhas e outras importantes obras de engenharia que resistiram às intempéries, ao passar do tempo e até o vandalismo humano, e aí estão nos surpreendendo, encantando, comprovando a capacidade criativa do homem.

Tive oportunidade de ver, ao vivo, no Museu Pergamon, em Berlim o Portão de Ishtar, da Babilônia, gigantesco, impressionante, que, no dizer do guia, não está ali como fruto de saque, mas sim porque foi comprado (fez questão de frisar).

Vejam abaixo a impressionante obra de engenharia:



Pude admirar, também, o Coliseu, obra romana que nos leva a refletir sobre a engenhosidade do homem para construir, quando ainda inexistiam ferramentas, guindastes, materiais de construção desenvolvidos para determinados fins, e erguer uma obra arquitetônica daquele porte ... e que resiste ao tempo.


O mesmo pode-se dizer das pirâmides, no Egito, que não visitei, destacando, neste caso, o volume e peso da pedras empregadas na construção. Só o transporte delas já nos leva a meditar na dificuldade.

Quéops, Quéfren e Miquerinos

E a muralha da China - que também não conheço senão por fotos - o que dizer de sua extensão, das dificuldades do solo, da topografia, do transporte de materiais?



Mas conheço o aqueduto, obra romana ainda de pé, em Segóvia, na Espanha.

Segóvia - Espanha


Poderia aduzir o Templo de Diana e o Colosso de Rodes (deus grego Hélios), porque suas ruínas são testemunhas da relevância da religião desde sempre na cultura dos povos.





Cabe uma explicação para a abordagem escolhida para este post.

Assistindo ao programa "Globo Rural" (um dos melhores da TV, há muito tempo), que tratava dos prejuízos no setor agropecuário no Rio Grande Sul, por conta das enchentes ocorridas naquele Estado, fiquei  sabendo de uma casa do pássaro joão-de-barro, construída numa árvore que ficou submersa por vários dias, e não desmanchou, não dissolveu, ficou intacta, fiquei impressionado com a segurança, com a adequação do material empregado, tudo creditado a uma ave, que nós consideramos irracional.



Daí a associar o instinto do joão-de-barro aos estímulos racionais dos antigos arquitetos e construtores (sem formação acadêmica, penso eu) foi um feeling natural.

Associar as grandes obras do passado, que também resistem aos fenômenos da natureza e se mantêm de pé, total ou parcialmente, à casa de barro e capim da ave, foi pura associação de ideias.

13 comentários:

Jorge Carrano disse...

Na idade média, salvo engano, surgiram as corporações de ofício que entre outras finalidades tinham as de ensinar, melhorando a capacitação profissional.

Jorge Carrano disse...

E nos deslumbramos e encantamos, não sem razão, com a Torre Eiffel, Portão de Brandemburgo, Cristo Redentor, Estátua da Liberdade e outras obras mais recentes, pontos turísticos nos respectivos países.

Jorge Carrano disse...

Acho um barato as cidades muradas que ainda estão de pé (as muralhas).
Na mesma viagem, conheci Ávila e Toledo na Espanha, e Óbidos em Portugal; na França conheço Avignon.
Na Península Ibérica os mouros também construíram muralhas.

RIVA fora da Z4 por enquanto disse...

Realmente muitas obras incompreensíveis terem sido construídas com tamanha precisão, sem energia elétrica, ferramentas e equipamentos. A precisão impressiona demais, tendo em vista o tamanho e peso de algumas peças que compõem o conjunto da obra.

Sendo engenheiro civil, trabalhei por 18 anos com construção pesada, somente estruturas muito grandes de concreto armado e protendido, manuseadas por grandes guindastes.
Acho que a primeira vez que "meu queixo caiu" foi quando entrei nos Jerônimos em Lisboa em 1979.
Como puderam fazer aquilo naquela época ?

E depois, outras viagens sempre me levaram a perceber esse mistério em inúmeras grandiosas e belíssimas construções.

Em recente viagem à Europa, não estava na programação, mas fiz questão de desviar do nosso caminho para conhecer a Catedral de Colonia na Alemanha ..... um desbunde ! ... e tantas outras obras.

E a Ilha da Páscoa ?

Creio firmemente que quando conhecermos, entendermos e manusearmos novos elementos da Tabela Periódica, entenderemos muito do que hoje nos é incompreensível.

Jorge Carrano disse...

Que bom que um engenheiro referende meu espanto, minha admiração, minha surpresa pela construção destas e outras obras, sem os recursos de que hoje dispomos.
Esqueci da energia elétrica, muito bem lembrado.

Riva tentando ficar fora da Z4 disse...

Do Dr Google : A primeira escola para o ensino formal de engenharia e a que se organizou com características que mais se assemelham às atuais foi a École Nationale des Ponts et Chaussées (ENPC), fundada em 1747 na França.

Até então era uma enormidade a quantidade de engenheiros rábulas ... fantásticos, por sinal ! rsrsrs

Jorge Carrano disse...

Já engenheiros mais modernos, e arquitetos também, têm em seus curricula:
"Parte do teto do Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição, desabou no início da tarde desta sexta-feira (30) no Recife (PE). Ao menos duas pessoas morreram até o momento, outras 14 pessoas estão feridas."

Jorge Carrano disse...

Do pouco que restou das aulas de latim:
Curricula é o plural latino de curriculum.

RIVA disse...

Esses engenheiros de Recife se juntam a uma infinidade de médicos, advogados e juízes , esteticistas e dentistas, políticos, motoristas profissionais, e tantas outras profissões com maus profissionais, corruptos, desatualizados (não continuam estudando ), e principalmente, impunes das cagadas que fazem, fruto da injustiça reinante na Terra Brasilis. Lugar de vagabundo e assassino é na rua, convivendo com nossos filhos, amigos, com a sociedade. Esse o retrato do país hoje.Até em cargos bem mais altos ....

Jorge Carrano disse...

Minha menção ao desabamento do teto do Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora da Conceição, não tem objetivo de agredir, censurar ou condenar, generalizando, toda a categoria dos engenheiros profissionais.
O intuito é ressaltar o valor de obras gigantecas, e de seus idealizadores e construtores, trabalhos que resistem ao tempo e intempéries, executadas sem materiais industrializados, equipamentos pesados como guindastes e tratores, sem energia elétrica, instrumentos precisos de medição, etc, e aí estão a nos surpreender; vis a vis obras recentes, e realizadas com os recursos mencionados que faltavam na antiguidade, e desmoronam com pouco tempo de liberação para os fins a que se destinam.
Uma retrospectiva de período recente nos revelaria quedas de viadutos, pontes, centros de compras, etc.

Jorge Carrano disse...

Nenhuma destas obras da antiguidade clássica, ou medieval, tinha CIPA (comissão interna de prevenção de acidentes do trabalho), penso eu.
Muita agente deve ter morrido ou ficado inválido. Principalmente escravos, incluindo prisioneiros considerados como tais.

Jorge Carrano disse...

Impressionam, mais ainda, escavações em sítios arqueológicos, que nos revelam monumentos e até cidades, em muito boas condições, se considerados os tempos que estiveram soterrados.

RIVA disse...

Assistindo os Gambás e torcendo para o ATM, depois dos bons resultados da manhã para o meu FLU, que tem que fazer a parte dele daki a pouco.

Mas entrei aki não sei porque pensando nos comentários arqueológicos do amigo BM ..... daki a uns 2.000 anos, o que as escavações do CSB (Campo de São Bento de Niterói) revelarão ?

Pelo que vi hoje, muito provavelmente as sutis escovações dos pinceis dos arqueólogos descobrirão bandeiras de um tal de Rodrigo Neves, muitas ossadas de cães, alguns trombones e taróis, artefatos da culinária identificada como baiana, muitas camisas de times de futebol do passado, e muitos restos de um sanduiche da época , muito tradicional, um tal de pão com mortadela......

PS : caceta, o ATM perdendo !