19 de agosto de 2020

Novas funções dos goleiros


Antigamente, no século passado, nas décadas de 1940 e 1950,  os goleiros usavam joelheiras, calções acolchoados nas laterais, assim como as camisas de mangas compridas eram acolchoadas na altura dos cotovelos. 

A estatura não era tão importante. A crítica valorizava a elasticidade. Depois, em seguida, passaram, assim como os técnicos, a valorizar o senso de colocação e a impulsão.

Carlos Castilho
Contavam muito com a sorte e chegaram a criar uma expressão para defini-la: leiteria. Ficou célebre a leiteria do Castilho, goleiro do Fluminense e da seleção brasileira em 1954. Bom goleiro, mas que realmente tinha muita sorte contando especialmente com as balizas nas quais as bolas várias vezes se chocavam depois dele estar batido por completo.

E já que mencionei baliza, volto às estaturas, porque me lembrei do Oswaldo Baliza, que era uma exceção, com seus 1,91 m de altura.

Considerado muito alto era acusado de ter pouca mobilidade e ser vulnerável nas bolas rasteiras. Mas foi um ótimo goleiro tendo inclusive sido convocado para seleções nacionais.

Ei-lo abaixo na equipe do Botafogo, clube que defendeu por muitos anos.


Botafogo em 1948
Sinal dos tempo o goleiro ter 1,91 metros e ser diferenciado pela altura.

A maioria não conseguia cobrar um tiro de meta correto, colocando a bola no gramado; como regra geral a bola saia pela lateral. Por isso muitos zagueiros ficavam com esta missão de cobrar os tiros de meta.

Goleiro não tinha a menor intimidade com a bola; isso desde as peladas porque ficavam no gol os cara que não tinham habilidade com os pés. E eram chamados de pernas-de-pau.

Atualmente os goleiros precisam saber jogar, minimamente, com os pés, e também cabecear.

Novas funções, como jogar de líbero quando sua equipe ataca e faz pressão no campo do adversário. Tem que ficar atento e quase na intermediária para abortar, interceptar, os contra-ataques do adversário.

E precisa, cada vez mais, saber chutar com precisão fazendo verdadeiros passes para o ataque. Lançamentos em profundidade para aproveitar  a velocidade de seus atacantes.

A altura, a envergadura, são importantes para poder disputar os cruzamentos na área, suportando o contato com atacantes fortes. E tem que saber sair debaixo da meta para cortar bolas alçadas na área, pelo menos de soco, se não possível segurar a bola com firmeza.

Ou seja, no futebol moderno o goleiro joga o tempo todo, inclusive dando passes.

Já não usam camisas de mangas compridas e muito menos estufadas. Nem joelheiras. É bem verdade que ara isso contribuiu muito a qualidade dos gramados. Aqueles campos "carecas", com terra batida principalmente nas áreas é que obrigavam ao uso de proteção para aos joelhos e cotovelos.

Goleiro virou "profissão", deixou de ser atividade para os sem talento com a bola, aqueles que a tratavam como Vossa Excelência. Hoje é necessário ter intimidade com ela, trata-la por você.

Divago um pouco sobre minha experiência pessoal no futebol de salão. Quando adolescente achava que podia jogar na defesa e enganei um pouco no tempo de estudante. Mais tarde, integrei o time de casados, na Cia. Fiat Lux, já então como goleiro.


Time dos casados no escritório central, Cia. Fiat Lux,
final dos anos 1970

O ter jogado de zagueiro ajudou muito atuar como goleiro no futsal.  Nas fotos abaixo dois momentos do time reserva (2º time) do Liceu Nilo Peçanha. Além do escriba, blogueiro e advogado aposentado em atividade, pode-se ver agachado, no lado direito de quem olha para a foto, o confrade, amigo desde então, Carlos Lopes (Carlinhos), que me alegra como seguidor deste blog.




O goleiro, nestas fotos acima, Irapuam Paula Lima de Assumpção, protagonizou uma engraçadíssima história numa olimpíada estudantil que fomos disputar em Cacheiro de Itapemirim, mas isto será objeto de outra postagem, a ser escrita, a meu pedido, pelo Carlos Lopes, juiz de Direito aposentado, que participou do evento.

Carlinhos, como o trato até hoje, narrou o episódio em seu livro "Lembranças do meu Liceu", nas páginas 92 usque 95, mas são poucos os privilegiados, como eu, que têm um exemplar deste livro.

A foto abaixo registra um encontro de ex-liceistas, entre os quais três dos participantes do vexaminoso caso em Cachoeiro de Itapemirim (Irapuam, Carlinhos e Carrano, os três ao fundo à esquerda), em recente, mas nem tanto, encontro num bar/restaurante em Niterói.



9 comentários:

RIVA disse...

Post bacana ... lembranças, encontros recentes com a turma.

Também tenho esse privilégio com a minha turma que se formou no Ginásio em 1966. Da tchurma do Pé Pequeno, sumiram praticamente todos desde nosso encontro em 2006.

CASTILHO é meu único e verdadeiro ídolo no futebol. Admirava-o demais jogando pelo meu FLU, vi jogar diversas vezes.

Sim, era um sortudo, mas era muito inteligente na pequena área, dominava-a como se fosse sua casa, nas saídas pelo alto, na colocação, na saída de bola, etc.

E tem uma história impressionante de dedicação à sua profissão e ao seu Fluminense, somente superada (talvez) pela história do Preguinho.

Não tenho mais nenhum ídolo em futebol desde então ... talvez "quase ídolos", pelo que são ou eram como pessoas, por sua dedicação ao clube e à profissão, e pelo seu futebol. São eles Garrincha, Pelé e Gum, sim, GUM !!

Dos goleiros, vi jogar o melhor deles, na minha opinião ...Sepp Maier, alemão. Altura de 1,83m, um senso de colocação jamais visto, que não o obrigava a defesas acrobáticas ou difíceis. Tudo parecia fácil e simples para ele. Notável !!

Poderia citar vários grandes goleiros, mas Maier para mim é ainda insuperável.

Um que lembro me impressionou muito por dominar simplesmente a grande área inteira, foi Rodolfo Rodriguez. Jogava de goleiro, de zagueiro e de "quase líbero" rsrsrsrsrs. Agarrava muito também.

Joguei de goleiro até acho uns 15 anos, quando descobri a canhota que tinha, além de ser muito veloz e explosivo. Só voltei embaixo dos paus nos rachas das férias do Instituto Abel, por alguns anos.

PS: daki a pouco tem BAYERN. Estou muito curioso para ver a postura do LYON em campo, frente a um mega adversário.






Jorge Carrano disse...


Riva,
Você mencionou defesa acrobática e me remeteu a um bom goleiro, chegado a acrobacias. Chamava-se Pompeia e defendeu o América se não engano.

Jorge Carrano disse...


Sepp Meier foi um ótimo goleiro, mas o mais aclamado pela crítica mundial e reverenciado até o hoje foi o russo Lev Yashin.

Carlos Lopes disse...


Carrano: apesar de ter começado a acompanhar futebol somente a partir de 1950, já li quase tudo sobre a história do meu time, o Botafogo. E, sobre essa equipe de 1948, que foi a campeã carioca daquele ano, li e ouvi muitas histórias. O Botafogo fora tetracampeão nos anos 30 e já não conquistava um título há vários anos e, desde o início da década de 40 tinha como maior estrela de seu time, Heleno de Freitas, centroavante habilidoso e super temperamental, um dos mais importantes atacantes que o futebol brasileiro já produzira. Heleno era craque, talvez um dos poucos que até hoje brilham na constelação de grandes jogadores do alvinegro carioca. Comandava e levava nas costas o fraco time botafoguense dos anos 40 do século passado. Temperamental, explosivo, não sabia controlar os nervos. Dizem que certa vez, num jogo contra o Fluminense, no estádio das Laranjeiras, provocado o tempo todo pela torcida tricolor, que sabia irritá-lo, chamando-o de Gilda, personagem de Rita Hayworth num filme americano, temperamental como ele, ao terminar a partida, dirigindo-se para o vestiário, não aguentou mais as provocações e ofensas: diante da social do Fluminense, lotada por senhoras e cavalheiros, baixou o calção e exibiu a genitália para os torcedores tricolores. Xingava e ofendia os jogadores do seu próprio time, exigindo deles melhores performances. Era apaixonado pelo Botafogo, naquele tempo em que o futebol deixava para trás suas últimas lembranças do amadorismo para entrar totalmente no profissionalismo. E, ironia das ironias: o Botafogo não foi campeão enquanto Heleno ali jogou. Clube e jogador decidiram, de comum acordo, a saída do craque. Choro recíproco, juras de amor trocadas, Heleno foi para o Boca Juniors, da Argentina, e, naquele ano de 1948, o Botafogo finalmente foi campeão carioca!!!
Na foto que você colocou na sua matéria, reconheço Oswaldo Balisa, Nilton Santos (começando no clube), Arati, Paraguaio, Carvalho Leite, Octavio Moraes.
Oswaldo era um bom goleiro, nada de excepcional. Muitos anos mais tarde, já nos anos 1980, eu o vi apitando jogos dos meus filhos, no Instituto Abel, em Niterói.
Quanto às roupas estranhas dos goleiros, pouca coisa a comentar. Lembro de um determinado aprendiz de zagueiro que, numa excursão de um colégio de Niterói à cidade capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, num dos maiores vexames do futebol mundial (comparável, talvez, à goleada sofrida pelo Brasil, para a Alemanha, na Copa do Mundo de 2014), adentrou o gramado usando uma touca de zagueiro dos anos 10, do século passado... e, não deu outra: com dez minutos de jogo, o time de Niterói já perdia por 3 x 0...
Quanto à sua experiência, trocando a zaga pelo gol, também nada a estranhar: eu troquei a posição de ponta para zagueiro, onde me dei bem melhor...
Um abraço

Jorge Carrano disse...


O Carlos Lopes me enviou o comentário por e-mail, mas me autorizou a publicação.

Fiz questão para, ruborizado, confessar que o "aprendiz de zagueiro" citado era o locutor que vos fala (escreve).

O Carlinhos exacerbou quando mencionou "num dos maiores vexames do futebol mundial (comparável, talvez, à goleada sofrida pelo Brasil, para a Alemanha, na Copa do Mundo de 2014), adentrou o gramado usando uma touca de zagueiro dos anos 10, do século passado... e, não deu outra: com dez minutos de jogo, o time de Niterói já perdia por 3 x 0..."

Mas o episódio que eu queria que ele comentasse, nesta partida em Cachoeiro de Itapemirim, era o que coloca como protagonista do vexame o nosso goleiro e querido amigo Irapuam que engoliu o frango mais bem nutrido do mundo do futebol, um frangaço. A bola chutada veio pererecando, e diante dele a postos para a defesa, deu três quiques, lentos, e ele deixou que entrasse no gol.

Efeitos da noite mal dormida e das cerveja consumidas na noite anterior. Até hoje lembro do fato e do apelido "Irapuam três pinguinhos".

E o adversário era de uma modesta cidade mineira cujo nome não estou seguro, salvo engano Carangola.

Jorge Carrano disse...



"Efeitos da noite mal dormida e das cerveja consumidas na noite anterior".

Com esta concordância acima provavelmente as cervejas ainda etão fazendo efeito. KKKKKKK

Riva disse...

Vi Pompéia jogar, o Ponte Aérea, do América do meu saudoso pai.

Quanto a frangos, tivemos um ótimo goleiro, o Gilmar do timaço do SANTOS do Pelé, que engolia frangos homéricos, e ia buscar a bola no fundo da rede com a maior calma, pois sabia que o ataque ia resolver o problema .... rsrs.

Quanto ao Aranha Negra, o Yashin, juro que nunca consegui entender a sua fama, não sei de onde veio toda essa fama. Jogou 4 copas pela URSS. Mas também não era da minha época, pouco vi jogar ou quase nada. Vou checar na Wikipedia.

Jorge Carrano disse...


Neste momento o Flamengo é o pior dos clubes cariocas, está na 16ª posição da tabela.

KKKKKKKKK

Jorge Carrano disse...


Anotem aí. Na próxima temporada europeia (2020/2021), o destaque será o jogador argentino Lautaro Martínez. Joga muito.

Está na Inter, de Milão, mas não sei se fica lá.