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Esta afirmativa não é minha e é murmurada à sorrelfa nos corredores dos tribunais, e repetida mais abertamente nas conversas entre advogados.
E como deuses que pensam ser, querem estar a salvo de quaisquer julgamentos ou avaliações.
Você, caro leitor, deve ter acompanhado na imprensa o desenrolar da crise, que teve início com a afirmativa da Corregedora Nacional de Justiça de que existem bandidos de toga.
A Corregedora do Conselho Nacional de Justiça entende que aquele órgão colegiado tem competência para julgar e, sendo o caso, condenar juizes que atuem fora dos padrões de lisura, decência e honradez, comportando-se como bandidos de toga.
Os magistrados entendem que a competência para julgar desvios de conduta seria das corregedorias estaduais.
Lógico que confiam na prevalência do chamado espírito de corpo. Eu disse de corpo, e não de porco.
A questão foi parar no STF. Que como era de se esperar, às vésperas do recesso, através do ministro Marco Aurélio Mello concedeu liminar esvaziando os poderes de investigação e correição do Conselho Nacional de Justiça.
O mérito da questão deverá ser apreciado pelo plenário da Corte Suprema no próximo mês de fevereiro.
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Mas o pior estava por vir. Segundo a imprensa noticiou, dois dos ministros do STF teriam recebido indevidamente 700.000 mil, a título de auxílio moradia, pagos pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Seriam eles o atual presidente, ministro Cezar Peluso e o ministro Ricardo Lewandowski.
Bem se as notícias tiverem fundamento os ministros envolvidos estariam decidinco em causa própria, retirando do CNJ a competência pra investigação e punição, se o caso.
Vamos tentar esclarecer o imbróglio. Sabemos todos que o chamado espírito corporativista torna lenientes, magnânimas e tolerantes em demasia as corregedorias compostas por pares.
Pode haver um certo rigor no julgamento de serventuários, elos mais fracos na corrente, mas jamais dos próprios juízes.
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É assim também no Congresso Nacional, onde as comissões de ética costumam arquivar os inquéritos adotando a linha do ajudo hoje porque amanhã posso precisar de ajuda.
De resto o corporativismo está presente em todas as associações profissionais, nas chamadas comissões de ética e disciplina ou tribunais de ética, em especial, por exemplo, nos Conselhos Regionais de Medicina. Experimente pretender levar um médico aos triobunais, por incompetência, imperícia ou negligência.
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Nos processos, para formar juízo e convicção para bem julgar, os juízes dependem de laudos periciais que são produzidos por ... médicos. Donde nenhum incrimina o outro, senão em casos de repercussão nacional, quando é impossível tapara o sol com peneira e aí é a entidade que pune, de forma impessoal, por sua administração.
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A propósito lembro famosa frase de Nelson Rodrigues, afirmando que o brasileiro é capaz de tudo, até mesmo da amor verdadeiro; mas incapaz de ser imparcial.
No que respeita a esta celeuma, criada entre o presidente do STF, que também preside o Conselho Nacional de Justiça, e a Corregedora Nacional de Justiça, li numa revista semanal carta bem articulada de um leitor – Mario Sappupo Filho – a propósito do argumento de defesa da Associação dos Magistrados que alega não se poder condenar alguém só porque é juiz.
Disse o leitor com muita propriedade, que “o perigo para a democracia não é [tornar um cidadão suspeito só por ser juiz], e sim [tornar um cidadão insuspeito pelo fato de ser juiz].
N do A: O plural latino de forum seria fora, mas quem ousaria escrever “fora”?
15 comentários:
...e Viva Dom João VI e sua trupe ! Ninguém jamais mudará isso.
Parece-me que isso não se restringe ao Brasil. Numa análise por semelhança, é como se voltássemos no tempo a regimes monárquicos, onde os duques, condes, ou mesmo representantes do clero, recebiam poderes inquestionáveis pelos súditos, para o bem ou para o mal.
Sim, tem a ver com D. João VI...
Abraço
Carlos
Gostei de ver mesmo é a formatação! Várias imagens, fundo branco num texto bege claro, parágrafos bem determinados! Já domou a máquina, meu caro Carrano?
abraços
Carlos
Vejam caso mais recente em http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=104403
Filigranas e manobras procrastinam as apurações e invibializam as punições que, pasmem, nos casos de magistrados, a pena maior é a aposentadoria... com os vencimentos integrais.
Li. Claro que não gostei, mas a coisa é profunda, arraigada, difícil até de se conversar a respeito.
Ficarei calado, por não entender bem do assunto.
Abraço
Carlos
Caixa 2 no Judiciário.
Voces precisam ler a coluna de hoje do Merval Pereira, porque, bem mais informado do que eu, e porque tem melhor estilo redacional(por isso membro da ABL), para ficarem a par das maracutaias e do corporativismo que tenta encombri-las.
Leiam, também, o Elio Gaspari,na edição de hoje, porque ele dá os números vergonhosos da grana que migrou para os bolsos de desembargadores em São Paulo, de forma ilegítima.
Mas aqui no RJ a coisa está feia também. Está certo que os vencimentos dos desembargadores, cerca de 26 mil mensais, não é pouca coisa, mas seriam suficientes para construir um heliporto na casa de praia?
Cada dia fico mais enojado. Estão levando o Judiciário para a vala comum da corrupção, do desvio de verbas, do balcão de favores, da propina.
Se a sociedade não começar a cobrar, a serpente vai crescer. É preciso combate-la. Quem diz isso não sou eu, é a Dra. Eliana Calmon, Corregedora do Conselho Nacional de Justiça.
Minha heroína, pois pegou o pião na unha e está enfrentando até mesmo o STF.
Acho que os magistrados que se sintam ofendidos, porque não devem, não temam e reajam inclusive contra a Associação dos Magistrados.
É preciso separar o joi do trigo, se ainda existe trigo.
Joio, segundo a Wikipédia:
Joio,ou cizânia, é uma planta que
usualmente cresce nas mesmas zonas produtoras de trigo e é considerada uma erva daninha desse cultivo. A semelhança entre essas duas plantas é tão grande, que em algumas regiões costuma-se denominar o joio como "falso trigo".
Por isso é difícil separar os bons magistrados dos maus. Se os bons não se rebelarem, prestigiando a Dra. Eliana, serão colocados pela sociedade na vala comum dos corruptos.
A propósito do imbróglio provocado pela agente de transito e um juiz apanhado sem carteira de habilitação:
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-que-aconteceria-na-suecia-com-o-juiz-parado-numa-blitz-no-rio/
Isso foi parar nos tribunais porque uma agente de trânsito, que flagrou, numa blits, um magistrado dirigindo sem a carteira de habilitação, um carro sem placa, disse para ele, que tentava dar uma carteirada, que "ele não era Deus".
Formou-se um imbróglio.
Leiam:
http://oglobo.globo.com/brasil/juiz-do-maranhao-que-perdeu-voo-mandou-prender-funcionarios-da-tam-afastado-14858192
Leiam:
http://oglobo.globo.com/brasil/juiz-do-maranhao-que-perdeu-voo-mandou-prender-funcionarios-da-tam-afastado-14858192
Vejam isto:
http://oglobo.globo.com/economia/ex-juiz-do-caso-eike-confessa-desvio-de-830-mil-15577775
Juiza condenada.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/08/1800111-tribunal-manda-prender-juiza-por-venda-de-sentencas.shtml
Juízes e desembargadores, alguns deles, vendem sentenças. Deus vende decisões favoráveis aos postulantes que lhe paguem?
Ou é preciso ter fé e direito para ver atendidas suas pretensões?
Outro ângulo da questão: Deus existe? Juízes e desembargadores sim. Para o bem e para o mal.
Deus não se aposenta quando erra. Aliás, Deus erra?
http://falandodebrasil.com.br/?p=4241
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