31 de dezembro de 2010

Aniversário de casamento

A maioria de vocês comemora hoje a virada de ano, segundo o calendário gregoriano. Se você é chinês (fevereiro) ou judeu (setembro), por exemplo, a contagem é outra. Mas não é voces que falo.

Também eu, claro, comemoro o final de um ano, no caso o de 2010. A diferença, em relação a maioria de vocês, é que comemoro, também, aniversário de casamento.

Pois foi em 31 de dezembro de 1964 que me casei com Wanda, mãe de meus filhos e até hoje a meu lado.

São, portanto, 46 anos de convívio.

A esta hora em que escrevo, por volta das 16 horas, já estava casado, irremediavelmente, na cerimônia civil.

O ato foi celebrado na casa de meus sogros, em Cachoeiro de Itapemirim - ES, às 11 horas da manhã, quando o Juiz de Paz, “com portas e janelas abertas”, obedecendo a todo o ritual, nos proclamou casados e nos fez assinar o livro de registro civil.

O ato religioso só seria celebrado às 18 horas, na igreja da Consolação, naquela cidade capixaba.

Assim, comecei o ano de 1965 com vida nova, casado e cheio de responsabilidades.

Já falei de meus filhos à exaustão, neste blog. Mas não dediquei, ainda, a Wanda, mãe deles, o espaço que ela merece.

Quando tudo são flores, à mulher (companheira) não se dá o devido valor. É bom viajar juntos, ir assistir um show, jantar num restaurante novo, ir ao cinema, enfim, partilhar bons momentos, mas, como regra geral, não nos leva à reflexão de quanto a mulher (esposa) é importante em nossa vida.

Todavia, nos momentos de dificuldade, de aperto, de saúde comprometida, de obstáculos difíceis de superar, não há como deixar de refletir e reconhecer o quanto a companheira certa, carinhosa, compreensiva, cúmplice, parceira, otimista, estimuladora, amiga e confidente, faz uma enorme diferença.

Este ano que termina d’aqui a pouco, o 46º de nosso casamento, precisei muito da parceria da Wanda, da paciência, do afeto e da palavra otimista.

Comemorar 46 anos de casamento com a Wanda, é um prazer inenarrável.

29 de dezembro de 2010

Trema, palmadas, plutão e outros abolidos

Ainda me policio e sofro quando ao escrever consequência, deixo de colocar o trema. Também meu editor de texto não se conforma e grifa em vermelho a grafia sem trema ou "corrige" automaticamenete. Mas o cinquenta é pior para mim, Sem o trema, perde valor.

Ao longo dos últimos anos, muitas coisas que eu conhecia como verdades absolutas, agora podem me fazer passar por mais idiota e ignorante do que verdadeiramente sou. Por exemplo? Plutão.

Tido e havido como o menor e mais novo planeta descoberto em nossa galáxia, localizado no limite extremo do sistema, agora foi rebaixado, não sei exatamente a que categoria.

Por vezes resisto a estas novidades, fruto de avanço científico ou tecnológico, ou, apenas, da vaidade humana.

E a Igreja, pródiga em besteiras e cretinices maiores (inquisição) ou menores (ritual das missas)? Lembram  o caso de São Jorge? Faz alguns anos, a igreja o cassou, com dois esses e tudo, ou pretendeu faze-lo. Nem me dei ao trabalho de me inteirar das razões. Tem certas verdades que se desmentidas pelos fatos, fica pior para os fatos.

No caso do santo guerreiro, se a igreja insiste na bobagem, pior para ela. Vai perder muitos fregueses. Parece que prevaleceu o bom senso e ela recuou. Cassar São Jorge seria tão tolo e inconsequente (sem trema) quanto abolir o latim da missa ou liberar os trajes dos padres. E a cantoria com palmas nas missas, que as tornaram auditório de Silvio Santos.

Não me venham com a história de que os gospels e spirituals, cantados e musicados nas igrejas americanas frequentadas (sem trema) sobretudo pelos negros, tornam muito bonitos os rituais litúrgicos, pois, no caso,  a tradição e as raízes justificam (ouçam: Mount Moriah Mass C - Harlem Sunday ). Não é definitivamente o caso da igreja católica, onde apenas os cantos gregorianos (lindos; lembro da catedral de Santiago de Compostela) têm sua história.

De todas as novidades e no meio das sandices mais recentes perpetradas por especialistas, está a proibição das palmadas nas crianças. Que será das futuras gerações criadas sem palmadas e puxões de orelhas?

A ditadura do politicamente correto já resultou na proibição de Monteiro Lobato. Durma-se com um barulhos deste!
Vão para o inferno estes modernistas desocupados.



26 de dezembro de 2010

Filhos escolhidos pelos curricula

Faz muito tempo, nem sei precisar, estava assistindo o Sem Censura, programa da TV Educativa (agora TV Brasil).

Para quem nunca assistiu, trata-se de um programa de entrevistas e, eventualmente, debates. Quatro ou cinco convidados por programa, de atividades bem diversificadas.

Entre vários convidados e assuntos interessantes, vez ou outra aparecia um ilustre desconhecido para falar de tema enfadonho ou desinteressante.

No dia a que me refiro, um dos participantes era um cantor/compositor de nome Paulinho Moska, de quem jamais ouvira falar. Num dado momento a Leda Naegle – apresentadora - ia dar início a entrevista com o mencionado convidado. O ato reflexo foi pegar o controle remoto, instrumento utilíssimo. Considerando o nível de programação de TV, indispensável. Isto no mundo todo, não se iludam.

Não sabia quem era o tal e pretendia continuar na santa ignorância, para manter meu padrão seletivo.

Ocorre que a primeira pergunta da Leda, estava relacionada a paternidade, tema que me agrada (família e amizade me interessam). O Paulinho Moska acabara de ser pai. A pergunta foi simples e direta. Como é ser pai ?

O convidado passou a dissertar sobre a emoção e para descrever como o filho era bonito e saudável, usou a seguinte imagem: ele é um bebe de supermercado. E explicou: é como se eu tivesse ido a um supercado que vende bebes e tivesse escolhido. Quero aquele ali, gordinho, rosado...ele é lindo!

Eu simplesmente adorei a definição. Simples e criativa maneira de descrever o quanto seu filho era bonito e saudável.

Refletindo sobre minha vida, família, trabalho, nestes dias que antecedem o final de mais um ano, no decurso do qual completei setenta anos, ao trazer à memória os filhos que tenho, lembrei do Paulinho Moska.

Não é o caso de parafrasear ou fazer analogia, e dizer que foram escolhidos em supermercado. Não; se pudesse agora escolher os filhos que gostaria de ter, o critério seria o de exame dos curricula. E, por este critério, os escolhidos seriam exatamente os mesmos que tenho.

A história de cada um, valores éticos, inteligência, formação moral, firmeza de caráter, senso de responsabilidade, espírito de luta e capacidade de amar, não me deixariam outra escolha.

Sou um homem feliz porque o destino me deu a família que eu escolheria, se pudesse selecionar num universo sem limites.

Jorge e Ricardo são os filhos que qualquer pai dotado de bom senso e formação moral dentro dos padrões convencionais escolheria, sem pestanejar. São meu orgulho.

22 de dezembro de 2010

Foi precipitação de amador

Em 26 de novembro, de forma açodada, arvorei-me em indicar os melhores filmes do ano. Estrepei-me, porque bastaram alguns dias e foi anunciada a entrada no circuito dos filmes “José&Pilar” e “Você vai conhecer o Homem de seu Sonhos”.

Diante deste fato e antes mesmo de assisti-los, apressei-me em incluí-los na lista dos melhores, no post de 10 de dezembro.

E, de novo, queimei os dedos. Fui assistir “A Rede Social”, com roteiro baseado em fatos reais, ou seja, o processso de criação do Facebook, maior rede de relacionamentos, que já conta 500 milhões de usuários.

A versão cinematográfica parece não ter agradado muito ao Mark Zuckerberg, personagem central, idealizador do website, que é retratado como ambicioso e sem escrúpulos.

O filme oferece algumas dificuldades, pelo ritmo e pela linguagem, ininteligível para os não iniciados.

Logo na primeira sequência, numa conversa de bar, Mark, o personagem central, e sua namorada Erica, estão falando de forma quase cifrada. Numa incrível velocidade, mudam de assunto, retornam ao tema e vão variando, mantendo, entretanto,um elo entre eles.

Os letreiros se sucedem de forma rápida, no rítmo das falas das personagens.

Ainda bem que passada esta sequencia, que ocorre antes mesmo da entrada dos créditos de elenco e equipe técnica, o ritmo arrefece um pouco e fica mais fácil acompanhar a história, exceto quanto a alternância das cenas das audiências judiciais, referentes aos dois processos enfrentados pelo Mark. Um movido pelo sócio brasileiro, de nome Eduardo Saverin (associei a Severino, para poder lembrar), passado para trás, e outro ajuizado por colegas de Havard, de quem teria “roubado” a idéia.

Se não se presta muita atenção, é fácil misturar os processos e não se saber a qual deles se refere a sequência de debates.

Em razão do acima exposto, a atenção fica concentrada todo o tempo, mas não chega a provocar dor de cabeça.

O Eduardo, com baixíssimo investimento, financiou o projeto (simples idéia) do Mark.

Os resultados falam por si. Os números são todos mega.

Mark, na vida real, foi eleito o Homem do Ano pela revista Time.

Tornou-se bilionário aos 20 anos, com uma idéia, surrupiada ou não, segundo avaliação de cada qual.

O filme deve abiscoitar alguns Oscars.

Se dividirmos as cifras envolvidas por um número formado pelo algarismo 1, seguido de vários zeros, chegaremos a um fato, também real, ocorrido aqui pertinho. Em minha própria casa. Apostando numa idéia de meu filho Ricardo, que tinha como cúmplice sua então namorada Erika (hoje casados), investi R$ 4.000,00. Com a adesão do outro filho – Jorge – ao projeto, dando ao mesmo outra dimensão, já recebi de volta, a título de dividendos, várias vezes o que investi.

Mais detalhes em www.tauvirtual.com.br

17 de dezembro de 2010

Aniversário do blog

Está completando um ano que este blog foi lançado no universo virtual, graças ao Bill. Temos que admitir que Mr. Gates, se não criou este universo, pelo menos deu-nos muletas para chegar a ele.

Temos que declarar, outrossim que, por vezes, os instrumentos que nos deu se transformam em problemas, em transtornos e nos deixam no meio do caminho. Mas sem eles seria impossível.

Durante este lapso de tempo falei muito de mim, minhas experiências, minhas aventuras e desventuras, minha família, antes e depois de mim e de trivialidades.

Falei mal (parcimoniosamente) e bem (raríssimamente) de políticos e magistrados.

Quando não falei de vivência pessoal e apenas comentei fatos, ainda assim me coloquei explicitando opinião.

Não poderão meus netos lamentar, como eu lamento muito, a falta de informações sobre avós e bisavós,  presentes em minha formação genética, moral e ética, e sobre os quais muito pouco sei.

Pretendo continuar contando casos e coisas, pois em 70 anos de vida acumulei muitas histórias, raivas, amor, frustrações, êxitos e saudade.

Que tenhamos todos um 2011 de paz, saúde e prosperidade.

Até breve. (isto é uma ameaça)

15 de dezembro de 2010

Micos II

Não chegou a ser um grande mico; contarei mais em função do contexto (personagens, empresas) do que da vergonha momentânea que passei.
Fui procurado pela Francisca, encarregada de arregimentar jovens executivos, fumantes, que constituiriam um painel de discussão, como parte do trabalho de pesquisa de mercado, na fase de pré-lançamento de uma nova marca de cigarros.

Eu era fumante, na época, habito que só abandonei em 1982.

Cheguei ao local combinado e me incorporei a um grupo que já estava sentado ao redor de uma mesa retangular. Seríamos oito participantes, no tal grupo de discussão.

Numa das cabeceiras, Mario Castelar*, meu amigo até hoje, para minha alegria, iria moderar os debates. Ele era expert na área de pesquisa de mercado, e estava vinculado a uma firma do ramo chamada Marplan, que por sua vez havia sido contratada pela Cia. de Cigarros Souza Cruz, dona da marca a ser lançada**.

Feitas as apresentações de praxe e explicada a mecânica do painel. Teve início a discussão.

Como eu era o primeiro à direita do moderador, e a palavra seria dada aos participantes obedecendo o sentido anti-horário, recebi dois maços de cigarros, no tamanho clássico.

Ao me entregar os dois maços o Castelar me pediu que dissesse qual a diferença, entre os dois, que me chamava a atenção desde logo.

Peguei os dois maços, olhei, olhei, girando-os nas mãos em busca de diferenças, e nada.

Depois de provavelmente um minuto, que pareceram uns dez, finalmente respondi: não vejo qualquer diferença. Silêncio absoluto. O moderador, me olhando fixamente, indagou: nenhuma mesmo? E eu, convicto, respondi que não.

OK, então passe os maços para o Fulano, que era o participante  logo a minha direita.

Mesma pergunta e o participante ao meu lado, sem vacilar, respondeu: um é marron e o outro verde.

Eu, daltônico, não consegui diferençar os dois maços pelas cores. Fiquei muito encabulado por não ter podido contribuir, pelo menos até aquele ponto, para o objetivo do painel. Pedi a palavra para justificar meu mico, explicando que tenho discromatopsia.

A discussão continuou, e quando foram abordados outros pontos pude participar com minhas opiniões.

O cigarro era o Richmond, e deveria ser posicionado no nicho acima do Luiz XV, por exemplo, outra marca já consagrada da empresa. Lembro bem que havia uma preocupação com o fato de que poderia haver dúvidas entre os consumidores, sobre a correta pronúncia do nome. Ao que alguém retrucou que o automóvel Galaxie (primeiro supercarro brasileiro), passou por esta prova, da pronúncia, sem maiores problemas, por causa do público a que se destinava. O nome Richmond pretendia fazer associação com a cidade do estado da Virgínia, onde era disputada uma prova clássica na época.

Enfim, o nome foi aprovado, a cor do maço escolhida foi o verde forte (bem escuro), o cigarro foi lançado e não aconteceu. Não sei quanto tempo ficou no mercado, pois eu mesmo nunca fui consumidor da marca. Mas durou pouco.

* também citado no post Mico, em 18 de novembro.

** Também participei do grupo que discutiu na fase de pré-lançamento da revista VEJA. Ter amigos bem posicionados, tem entre outras, a vantagem de propiciar oportunidades e experiências.

10 de dezembro de 2010

Os melhores do ano II

Tem um ditado popular que define bem minha situação: afobado come cru.

Açodadamente, arvorei-me em apontar os melhore filmes do ano, mês passado, no pressuposto de que dificilmente o ano ainda nos reservaria bons lançamentos.

Ledo engano.

Estão nas telas da cidade:  “José&Pilar” e “Você vai conhecer o Homem de seu Sonhos”.

O primeiro é um documentário sobre a vida e a obra de José Saramago, um dos maiores escritores em língua portuguesa de todos os tempos. O filme tem início quando Saramago escrevia seu penúltimo romance “O Caminho do Elefante”, que felizmente conseguiu concluir contra todos os prognósticos, em face de seu precário estado de saúde. E ainda escreveu “Caim”, na sequência, fechando com chave de ouro sua primorosa carreira literária.

O filme termina com o escritor acompanhado de sua mulher Pilar Del Rio (jornalista espanhola), no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, alguns dias após o lançamento do livro ( Caminho do Elefante) no Brasil.

O filme já seria imperdível pelo personagem retratado. Acontece que deve ter uma cena, segundo li em algum lugar (ainda não assisti), na qual o Saramago dá uma olhada de soslaio na bunda da própria mulher. Vou perder isto?

E o Woody Allen hein!? Depois de nos brindar com “Tudo Pode Dar Certo”, lançado este ano, volta às telas com realização mais recente, com o título de “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus sonhos”(You Will Meet a Tall Dark Stranger). Não importa se utiliza velhos clichês, como diz a crítica. E o molho à La Woody Allen, não conta? O tempero é o que o diferencia.

Estes dois, sem receio de errar, incluo na lista dos melhores filmes do ano, ainda mesmo sem tê-los assistido.

8 de dezembro de 2010

Inglaterra

As primeiras informações que tive sobre a Inglaterra, se me não falha a memória saturada, davam conta da pontualidade dos ingleses. Desde menino ouvia falar da pontualidade britânica.

A seguir tomei ciência da existência de um grande relógio, a que chamavam big ben e fazia parte da reputação de pontualidade. Desde que o vi, pela primeira vez, em foto de revista, passei a admirar aquele exemplar de relógio, que, ademais, fica num prédio imponente.

Com o tempo, e a cronologia a partir deste ponto não é seguida à risca, vieram as informações sobre Robin Hood, que na floresta de Sherwood, roubava dos ricos para dar aos pobres. Grande herói, representado nas telas pelo galã Errol Flynn. Tempos do Ricardo Coração de Leão, que me empolgou pelas histórias a seu respeito, principalmente como um dos líderes da 3ª Cruzada, a mais importante de tantas quantas foram organizadas.

E a Carta Magna e o João Sem Terra.

Já mais crescidinho, e nas aulas de história geral, aprendi sobre as infindáveis guerras contra a França, chamando minha atenção, em especial, a dos 100 anos. E foi aí neste momento que fiquei sabendo  que o padroeiro do país é São Jorge. Se já não bastassem os outros motivos, este, por si só, já me colocaria ao lado dos ingleses naquelas medievais e em quaisquer outras disputas.

Os Tudors, com Henrique VIII destacando-se como grande monarca que enfrentou a poderosa Igreja, e dela se afastou, criando o anglicanismo e fazendo-se chefe da nova religião, impressionou o adolescente. Do citado rei, vale lembrar, guardo na memória o fato de haver casado inúmeras vezes e de ter vivido muitos anos (no momento está sendo exibido um seriado sobre este período histórico), bem acima da expectativa de vida na época, sem contar as traições e assassinatos por envenenamento, que faziam com que a sucessão no trono ocorresse em curtos períodos de tempo.

Alguns anos mais tarde outro líder inglês chamou minha atenção e a do mundo, quando ao assumir as funções de premier disse nada mais ter a oferecer senão sangue, suor e lágrimas.

Os ônibus de dois andares, vermelhos como as cabines telefônicas me encantavam.

No terreno esportivo o Arsenal, de Londres, se destacava como uma das melhores equipe de futebol no mundo. E mais, veio ao Brasil para uma partida amistosa com o Vasco da Gama, que venceu com goal de Nestor. No longínquo 1949. Meu coração, até hoje, fica repartido entre estas duas equipes.

Ouvia falar, com certo encantamento, dos pubs e dos clubes fechados (only for men), com toda aquela tradição, pompa e circunstância.

Shakespeare era encenado em todo o mundo e alguns de seus personagens e seus bordões se popularizaram logo: to be or not to be?

Sonhava então em um dia ter um mordomo, que eu achava ser o sumo da sofisticação e elegância e seu nome seria Thomaz, numa homenagem ao homônimo, escritor e ex-chanceler do Henrique VIII, por uma associação de idéias. Era uma utopia eu um dia poder me dar ao luxo de ter um mordomo inglês. O motorista seria James.

O menino cresceu e um dia pode ir conferir, in loco, algumas das coisas atribuídas aos ingleses. Seus hábitos e tradições. Sua história.
Nâo precisei de mais do que um dia, para me certificar que a Inglaterra é o país e Londres a cidade onde moraria com o maior prazer.

Nem vou falar, porque seria covardia, de minha visita a Oxford.

Vou me limitar a dizer que no dia seguinte a minha chegada a cidade, como não poderia deixar de ser, resolvi remeter cartões postais para amigos e parentes. Comprados os postais e os selos, localizei a caixa coletora de correspondência numa esquina nas cercanias do hotel. Uma plaqueta presa na lateral chamou minha atenção. Apontava os horários de passagem das viaturas que recolhem a correpondência depositada na citada mail box. Eram 3 diferentes horários e um deles, o primeiro, apontava 9h:32seg. Ri comigo mesmo pela absurda precisão de 32 minutos e resolvi, como faltava pouco tempo, cerca de 20 minutos, esperar e conferir. Fomos, eu e minha mulher, para aproveitar o tempo faltante até as 9:32h, até uma  daquelas pequenas praças que são particulares, fechadas, e cuidadas e administradas como um condomínio por moradores do local. Um charme.

As 9:32, nós e a viatura dos correios chegamos até a esquina onde estava a caixa coletora. Tenho foto.

Preciso dizer mais alguma coisa? Para quem como eu é amante da pontualidade nos compromissos, como respeito às pessoas e como dever social, aquilo foi um prato cheio.

Poderia citar que lá se toma a verdadeira e incomparável Guiness, mas não o farei porque ela é irlandesa. Só está mais próxima.

Tenho uma nora que também gosta muito de Londres, cidade onde viveu por breve período, estudando. Se ela vier a visitar o blog e ler este post, é provável que meta a colher, porque quando falei aqui da derrubada das bananeiras, criticando, ela se manifestou. E, sendo o caso, poderá me corrigir ou reforçar minha opinião.

7 de dezembro de 2010

Argentinos

Senhoras e senhoritas, o assunto aqui hoje é futebol, se não gostam tentem outro blog.

Os argentinos, no Brasil e no mundo, estão brilhando. Messi é, inquestionavelmente, o melhor jogador do mundo, em atividade. É, depois de Pelé, o melhor que já surgiu no mundo do futebol. Eu o comparo a Maradona, seu patrício. Tem uma série de virtudes, tais como o incrível domínio de bola e a garra com que disputa cada lance. Para ele não tem bola perdida.Mas o que mais me impressiona é a sua objetividade. Não dá um só toque na bola que não tenha como finalidade manda-la ao goal, ou pessoalmente ou servindo a um companheiro em melhores condições. Não faz malabarismos, como fazem as focas amestradas conhecidas pelos nomes de Robinho e Ronaldinho Gaúcho, por exemplo.

Cada dribling do Messi tem como obejetivo leva-lo ao goal. Se me permitem a licença poética, o objetivo dele, no campo, é o goal. Nenhuma jogada é supérflua, desnecessária. Tudo que faz visa o objetivo que é a essência do jogo de futebol: botar a bola dentro das redes dos adversários. Não o chamo de fenômeno, para evitar comparações com o outro Ronaldo quem embora tendo este epíteto, mesmo no auge de sua carreira, não era tão completo. Nas jogadas aéreas, por exemplo, era um fracasso.

Se Messi brilha no cenário mundial, aqui no Brasil, outro bom jogador argentino, tem um futebol inversamente proporcional ao seu tamanho. Falo do Conca, que acaba de ser eleito o melhor jogador do campeonato brasileiro, ganhando mui merecidamente o troféu Bola de Ouro. Jamais perdoarei o idiota do Eurico Miranda, que não reteve este jogador no Vasco da Gama, que foi seu primeiro clube no Brasil.

Além do citado Conca, dois outros argentinos brilharam neste último campeonato nacional: Montillo, do Cruzeiro, e D’Alessandro, do Internacional. Numa hipotética seleção dos melhores do campeonato, os três estariam na escalação.

Não é de hoje que os argentinos me encantam. Lembro do Di Stefano que juntamente com o brasileiro Zizinho eram, até surgir o gênio Pelé, os dois maiores jogadores que vira jogar. Então o que temos? Messi, argentino na Espanha, melhor do mundo e Conca, argentino no Rio de Janeiro, melhor do Brasil.

Quem me conhece de perto, sabe que da argentina reverencio o futebol, as mulheres, os Malbec e os tangos.

Para encerrar este post dedicado aos talentos argentinos, que no momento se destacam no Brasil e no mundo, vou contar um caso verídico, mas que parece piada. Principalmente por envolver um português.

Manoel Joaquim Lopes era o presidente do Vasco da Gama, na década de 1960. O Vasco promoveu, num evento festivo, uma visita do Benfica, então maior clube português, para uma partida amistosa. Para valorizar a importância do clube português e a relevância de sua vinda ao Brasil, o citado Manoel Joaquim Lopes afirmou para os jornalistas que se tratava do maior time do mundo. Ora, ele presidia o Vasco, e já dissera em outras entrevistas se tratar do maior time do mundo.

Deu-se então que quando fez a afirmativa de que o Benfica era o maior do mundo, um repórter comentou, “mas presidente o senhor já disse que o Vasco é o maior time do mundo.” O Lopes saiu-se com a seguinte pérola: “pois!, o Benfica é o maior do mundo em Portugal e o Vasco o maior do mundo no Brasil”

Juro que não é piada.

2 de dezembro de 2010

Raízes

Tenho raízes na comuna de Tramutola, que pertence à província de Potenza, capital da Basilicata. Segundo consta, os Carranos (do meu ramo) são de lá. Muito chiques, temos até brazão. Quem entra em meu website (http://www.carrano.adv.com.br/) encontra o dito brazão e correndo o cursor do mouse sobre o mesmo, sabe mais detalhes.

Um primo, Pedro Henrique, fez um belo trabalho de pesquisa e com o título de “Encontro com os Ancestrais” publicou a origem histórica da família, remontando ao início do século XVI. Na rede tem trechos do aludido livro. Em Tamutola nasceu meu bisavô, Carlo Michele Carrano, que veio para o Brasil e se fixou na cidade de Piraí. O processo de inventário dele é documento histórico do município e está arquivado na prefeitura. O filho dele, meu avô, José Carrano y Segovia, dá nome a uma rua na cidade de São Gonçalo.

Mas uma porção de meu sangue, vem da península ibérica, de Portugal, mais precisamente da cidade de Vizeu, pronunciado por minha avó materna, que lá nasceu, como Vigeu. Fica no distrito de mesmo nome, na região de Trás-os –Montes.

Hoje a cidade é referência vinícola, pois lá estão localizadas algumas quintas importantes. Quando minha avó deixou a cidade, as plantações importantes eram de castanhas.

Lembro perfeitamente que certa feita, relatando como era sua casa e sua vida por lá, ela me disse: "M’o neto, ainda hás de lá ire, para ver como andam os castanheiros que por lá deixei."*
Eu tinha algo como 9 anos de idade. E a previsão que ela fez ainda não se concretizou. Já estive por perto.

O pai dela, meu bisavô, segundo relatava, era “construtor”. Com boa reputação profissional. Fazia casas predominantemente de pedras. Esta avó, de nome Ana, teve e criou, seis filhas e um filho, de dois casamentos.

Já a outra avó, do ramal paterno, era bem brasileira. Chamava-se Etelvina, e nasceu em  Campos, cidade de origem de seus ancestrais.

Este fato, se aprofundado, me levaria a uma senzala ou a uma tribo, quem sabe dos Goytacazes.

Fernando Henrique Cardoso já asseverou que os brasileiros temos um pé na cozinha. No meu caso os indícios, como se vê, são consistentes.

* Outras expressões comumente usadas por minha avó, ainda estão na minha memória e ouvidos. Eu gostava sobretudo do : "anda cá ao pé de mim", quando me queria por perto. Usava muito ,também, a palavara consoante, com significado de conforme, mas pronunciado de forma peculiar, qualquer coisa como "cons'ante". E as comidas típicas? Um dia falo delas.

26 de novembro de 2010

Melhores do ano

Não acredito que ainda venha a ser surpreendido com um novo bom filme até o final do ano.

Acho que já posso elaborar minha lista dos melhores, neste ano fraco de lançamentos, para meu gosto pessoal. Quase toda as produções são de 2009. Mas chegaram às locadoras este ano.

Fico com “O Segredo dos Seus Olhos” (El Secreto de Sus Ojos), de Juan Jose Campanella, como dos melhores não só deste ano, mas dos últimos anos. Gostei muito.

Como não poderia deixar de ser, Woody Allen realizou um bom filme, repetindo-se, mas em alto nível. Falo de “Tudo Pode dar Certo” (Whatever Works). Desta feita assina o roteiro e dirige.

“Bastardos Inglórios” (Inglourious Basterds), chegou precedido de comentários elogiosos da crítica, mas não me agradou tanto.

Gostei de “A Jovem Rainha Vitória” (The Young Victoria), pelo simples fato de gostar das coisas ligadas a história da Inglaterra, pais onde eu moraria, seu eu tivesse desde cedo me planejado para isso.

Duas comédias românticas bem interessantes salvaram o gênero que muito me agrada. Refiro-me a “Cartas para Julieta” ( Letters to Juliet”), que tem como locações as regiões do Veneto e da Toscana. Nem poderia deixar de ser, pois a história do Bill Shakespeare aconteceu em Verona. Há referências à obra do poeta inglês.

A outra comédia bem interessante é “A Riviera não é aqui” (Bienvenue Chez Lês Ch’atis), que além de bom roteiro, tem uma linda fotografia.

E a lista fica por aqui. Notem que não falei dos nacionais que bombaram este ano. Não assisti nenhum deles. Logo, não tenho opinião.

24 de novembro de 2010

Ser ou estar

No outro dia escrevi sobre ser, na política, de direita ou de esquerda.

Lembrei, até, de uma frase do Gal. Golbery, numa entrevista nas páginas amarelas, de VEJA, quando ele disse que no Brasil ninguém é de esquerda, estão na esquerda.

Pois muito bem. Lembram do Paulo Francis? Jornalista polêmico e respeitado, na juventude foi militante de esquerda. Anos mais tarde, já consagrado, correspondente em New York, apaixonou-se pela cidade de tal sorte que ousou afirmar que se um dia o mundo fosse acabar, não haveria lugar mais interessante para acompanhar o desfecho. Mais ainda, sem abandonar, filosoficamente, o interesse pela melhoria de vida dos mais humildes, certa feita disse que continuava empenhado e interessado na causa dos desvalidos, desde que pudesse mante-los à distância. O seja, luto pela causa deles, mas os quero à distância.

Lembra quem? João Figueiredo, ex-presidente, que disse que o povo fedia.

O fato é que o Francis, ao descobrir alguns prazeres da vida, migrou para o lado que os oferecia.

Agora vem o Caetano Veloso e afirma em sua coluna dominical que: "Mas os Estados Unidos ainda são o país mais hospitaleiro para quem queira pensar, experimentar, pesquisar. Basta ter isso em mente – nem precisa lembrar Gershwin – para entender que o antiamericanismo é prova de fraqueza de espírito."

O fato é o seguinte, o que é bom, para o bem e para o mal, é oferecido pelo regime de economia de mercado, pela livre iniciativa, pela plena liberdade de expressão ( o Franklin Martins, não aprendeu ainda)

Voltando as coisas boas, e mudança de pinião, lembro de um certo presidente, que depois de provar um Romanée Conti, abandonou seu discurso de campanha e adotou política arquitetada pelos socialistas liberais.

De igual sorte o Mao Tse Tung, não era tão leal aos seus princípios de igualdade. Ou era apenas na aparência do traje, aquela espécie de uniforme usado pelos chineses , mas que bem de perto era fácil distinguir uma boa diferença: o dele era de seda.

Toda esta digressão é a propósito de algumas celebridades e intelectuais (?) que emprestaram seus prestígios apoiando a candidata Dilma.

A opinião é do Vargas Llosa, em Veja, “... omissis... ser esquerdista garante regalias. A esquerda fracassou em tudo, menos no controle da cultura. Isso foi possível porque a direita é muito ignorante e também por não ter se preocupado em utilizar a cultura ideologicamente, politicamente. A esquerda sim. Como resultado muitos intelectuais e artistas , inclusive aqueles que não militam na esquerda, jamais se atrevem a criticá-la”

Digo eu, eles bebem whisky escocês, têm propriedades (casas, apartamentos), carros importados, aplicações financeiras, trocam a ideologia por indenizações e pensões (né!? Ziraldo) e desfrutam de outras benesses do regime capitalista. Claro. Ninguém é de ferro.

Faz-me rir.

22 de novembro de 2010

Comentando o noticiário

Eu dizer aqui neste veículo, como disse, que os banqueiros - e por extensão o mercado financeiro - não queria o Serra eleito, não tem peso e nem volume, zero de ressonância. Mas quando é o Merval Pereira, n’O Globo, muita gente reflete, vasculha o passado e se dá conta que o Henrique Meirelles é uma dádiva para o mundo financeiro, nacional e internacional. Afinal, como na anedota, o escorpião não vai contra sua própria natureza. Ele um dia foi e mantém a alma de banqueiro.

                                                                                      - X –

Inspiradíssimo, como sempre, o Veríssimo, narra um fictício (mas verossímil) diálogo entre a rainha Elizabeth e seu marido Philip. Ela comemora o noivado de seu neto William com a (bonitinha) Kate e diz que só não morreu para não dar a oportunidade da Camilla (baranga) virar rainha da Inglaterra.
Bonitinha e baranga são por minha conta.

                                                                                       - X –

O Elio Gaspari, por sua vez, reproduz trecho de um discurso do presidente Lula, que chega a ser hilariante, porque fica muito claro que não foi ele que escreveu e que jamais diria o que disse daquela maneira. Vejam que perola: “Hoje é o déficit de legitimidade dos mecanismos de governança global que sobressai”.
Caso típico de ghost-writer que foi além das sandálias, como o sapateiro da famosa frase: "ne, sutor, ultra crepidam" - sapateiro, não vá além da sandália, do pintor Apeles.

                                                                                       - X –

Levei muitos anos para ter em mãos um preservativo. Nem falar a palavra designadora - camisinha - era possível no seio da família. Usar uma levou muito tempo, mas, afinal, eu sou do século passado.

Pior é a situação da Igreja. Somente agora, em 2010, pela primeira vez na história o Papa admite seu uso em situações especiais.

Eu tinha uma desculpa.

                                                                                        - X –

Fiquei envergonhado com a abstenção do Brasil, na condenação, pela ONU, do apedrejamento no Irã.

18 de novembro de 2010

Mico

Segundo o Aurélio, a palavra mico desígna uma espécie de primatas. Quando, porém, utilizamos a expressão “pagar mico”, no sentido popular (gíria) tem a significação de colocar-se em situação embaraçosa ou vexatória.

Já paguei alguns micos na minha vida, uns mais vexatórios. Outros mais engraçados.

Hoje lembrei de um, ocorrido em São Paulo, quando lá morei há já lá se vão 30 anos.

E lembrei porque ouvi um CD do Billy Eckstine, band leader e cantor de grande prestígio no passado.

A historia foi assim: estava há pouco tempo em São Paulo, que era o Eldorado para jovens executivos, nos anos 1960/1970. Là estavam as grandes empresas e, por conta disto, as melhores oportunidades de emprego.

Antes de mim, o amigo Castelar, profissional do ramo publicitário, já havia mudado de mala e cuia para aquela cidade.

Quando cheguei, ele se desdobrou em facilitar minha adaptação naquela selva de concreto que não tinha sol, nem calor, tampouco humano.

Um dia ele telefona e convida para um chope ao final da tarde, pois ele estaria recepcionando um amigo, com quem trabalhara numa agência de publicidade no Rio de Janeiro, e que estava na cidade a serviço. Disse que eu gostaria muito do Alvinho, que era uma pessoa culta e espirituosa, boa conversa em suma.Para mim seria um prato cheio, pelo isolamento em que vivia. No horário aprazado cheguei ao bar, na Rua Frei Caneca, sugerido pelo Castelar.

- Carrano, este é o Alvinho de quem falei. - Alvinho, o Carrano é meu amigo de longa data e curtimos basicamente as mesmas coisas. Feitas as apresentações, a conversa começou a fluir regada à chopes.

Estávamos fazendo uma sessão “horta da Luzia”, não sobre o que a Luzia perdeu na horta, que todos sabem o que foi, mas da horta da Luzia mesmo, expressão cunhada pelo Ivan Lessa no saudoso O Pasquim, dando-lhe a conotação de memória. E a Horta da Luzia virou sinônimo daquele lugar onde guardamos lembranças insuspeitas, como os comerciais do rádio, músicas marcantes, filmes inesquecíveis. Aqui mesmo neste blog, revirei a horta da luzia, lembrando do programa O Estudante em Foco e das pessoas que o produziam, em especial Esther Maria Lucio Bittencourt.

Voltando a São Paulo e a nossa conversa no bar.

Eu queria fazer alusão a uma música, gravada pelo Billy Eckstine e cadê que a memória funcionava. Não lembrei o nome.

Atalhando a história, corto para as despedidas. E acabou que tanto eu quanto o Alvinho iríamos para a mesma direção. Ele hospedado na Rua das Palmeiras e eu na Avenida São João (morei em hotel por 13 meses, perto da chamada boca do lixo).

E nada de eu lembrar o nome da música. - Prazer em te conhecer. - Meu também. – A gente se esbarra por aí. – Certo!

Estou no banho e subitamente me veio à memória o nome da tal música.

Vou à lista telefônica em busca do número do hotel em que ele estava hospedado, que na época eu sabia (agora já esqueci).

Peço uma linha, no meu hotel, e faço a ligação. Atendida a chamada, digo que queria falar com Alvaro, funcionário da Norton Publicidade lá hospedado. Um breve silêncio e a telefonista informa: não temos nenhum hóspede com este nome. Como não – digo eu – acabei de deixa-lo aí na portaria. Ele é tratado por Alvinho - Um momento, por favor. Outra breve espera e a confimação: não tem nenhum Alvaro, ou mesmo Alvinho, hospedado, mas da Norton tem uma pessoa de nome Carlos Eduardo. Ocorreu- me perguntar ao tal Carlos Eduardo, que certamente conhecia o Alvinho, como falar com ele. Passe, por favor, este Carlos Eduardo, pedi. Ele atende e eu me apresento: meu nome é Jorge Carrano e até uma hora atrás estava com o Alvinho. Agora queria falar com ele e não o estou localizando. Poderia me ajudar? A resposta veio rápida: - Claro, eu sou o alvinho.

A explicação era a seguinte. Ele era muito branco pois não ia à praia. Naquela época, prevalecia a máxima: intelectual não vai à praia, intelectual bebe.

Como era muito branco, ganhou o apelido de Alvinho. E eu paguei meu mico. Bem, a música era Ebb Tide, gravada por muita gente, mas eu gostava da versão com o Billy.

17 de novembro de 2010

Volta ao passado, ainda

Coincidências recentes levaram-me ao passado. Deu-se que, além do relógio da Pêndula Fluminense, em São Lourenço, que já contei, fui contratado pela Síndica de um prédio comercial, no centro de Niterói, para assessorar na atualização e adequação da Convenção deles, à legislação mais recente.

E no primeiro encontro com a administração condominial, deparei-me com o Upiraci Ribeiro, que é membro do Conselho Fiscal do tal condomínio. Há anos não nos encontrávamos. Na segunda reunião de trabalho lá no condomínio, o Upiraci levou duas fotos de nossa formatura* (conclusão do curso ginasial), tiradas na porta da Catedral de São João Batista, em Niterói. E lá estávamos todos, uma turma grande, de 40 pessoas, inclusive o Ney, referido no último post.


O Upiraci quis fazer comigo o jogo de identificar e lembrar o nome dos fotografados. Matei 80%.

Fiquei sabendo pelo Upiraci que também o Ney, além dele próprio, formou-se em Direito. Os advogados somos uma praga. Procriamos como ratos, sem maiores insinuações. (risos por favor)

Fiquei surpreso, porque na minha cabeça o Ney seria diplomata. Quando o confundiam, achando que fosse bichinha, era porque ele tinha educação esmerada. Culto e elegante no trajar e nos modos, tinha tudo para ser um embaixador. E tocava piano, como comentei.

Embora estudasse o piano clássico, vez por outra se aventurava no popular. Em conseqüência disto, resolvemos formar um conjunto musical. O Doraly (também na foto citada) me emprestou um bongô e lá fui eu para o primeiro ensaio. Decidimos começar ensaiando um prefixo. A discussão não tomou muito tempo: a opção foi por um sucesso da época, uma música caribenha chamada Cerejeira Rosa, que permitiria boa presença do bongô.

O conjunto não fez sucesso, e antes pelo contrário foi um fracasso de crítica (da mãe do Ney, que não o queria tocando aquela vulgaridade) e de público, pois jamais nos exibimos além das fronteiras da casa dele.

Estou falando do ano de 1954, quando concluí o curso ginasial, e a foto na porta da igreja foi tirada no dia da missa. Acreditem, havia festa de formatura e, além da missa, havia um baile. E que baile. Com a orquestra do Waldyr Calmon (é preciso ter, no mínimo, 50 anos, para saber de quem se trata) , realizado no amplo salão da Associação Comercial, no Rio de Janeiro.

Tive que aprender a dançar valsa. Perto do final do ano, começaram os ensaios, na casa do Doraly (morava no início da Rua Visconde Uruguai, quase esquina com a São Diogo) E treinávamos (eu e ele) com a irmã dele e com uma manincure vizinha. A manicure era uma jambete de corpo bem desenhado (e quente) e, tanto eu quanto ele queríamos treinar com ela, por razões óbvias. Nem ele e nem eu poderíamos arrochar a irmã. Não vou desenvolver este episódio, porque o objetivo era só falar do baile de formatura de ginásio. Hoje, não existe mais o curso ginasial e não se fazem mais bailes como antigamente.

* na conclusão do curso ginasial, tinha entrega de diploma, missa e baile. Que tempos, hein!?

15 de novembro de 2010

Volta ao passado

A finalidade do relógio é mesmo registrar a passagem de tempo. Mas este a que irei me referir, que encontrei na parede externa de uma das edificações que abrigam um restaurante e um toilette, no Parque das Águas, em São Lourença – MG, marcava mais do que horas.

É um relógio comum. Redondo, com uns 30cm. de diâmetro. Ele registra mais de meio século de minha vida. Explico.

O que me atraiu no dito relógio, além, claro, de verificar quantas horas, foi o que está escrito em seu mostrador: Pêndula Fluminense.

Trata-se de uma joalheria/relojoaria localizada na Rua Cel. Gomes Machado, no centro de Niterói. O dono, ou um dos, nos anos 1950, era pai de meu colega de colégio, chamado Ney Teixeira Gonçalves.

O Ney era uma figura ímpar. Sempre com cara de limpo, em qualquer circunstância, muito educado e elegante (roupas boas) e... tocava piano. Naquela época, um rapaz tocar piano, para nós outros, cafajestes, moleques, era um sinal de boiolice (não, naquele tempo era viadagem mesmo). Menino jogava bola e pulava carniça. Mulher tocava acordeom ou piano.

Então, à sorrelfa, murmurava-se que o Ney poderia ser bicha. Como eu o conhecia um pouco melhor, rechaçava a maledicência. Abro aqui um parêntesis, para dizer que na verdade o Ney era pegador. Num grupo que passei a freqüentar, levado por ele, algum tempo depois, as meninas davam mole para ele. Já que dei um pequeno pulo no tempo, dou outro adiantando que um pouco mais tarde, íamos juntos namorar, meninas diferentes, óbvio, mais que moravam em, com perdão da má palavra... São Gonçalo. Ele já tinha automóvel.

Minha namorada era a Maria Luiza Tinoco, um doce de criatura, filha do Turíbio Tinoco, que editava o jornal A Comarca, naquela cidade. Ela assinava a coluna social e promoveu minha introdução no meio social gonçalense.

Certa feita, e isto jamais esqueci, ao me despedir dela, num sábado, por volta das 21:30h, ela comentou meio triste: passo horas diante do espelho , para me enfeitar e você fica comigo uma hora e vai embora. Nosso namoro era sério e, aos sábados, era bom cair na gandaia com meninas mais, por assim dizer, liberais.

Mas, voltando ao Ney e a época em que estudávamos juntos, os sinais exteriores de riqueza, que faziam dele alguém diferenciado em relação a maioria de nós, eram: tinha piano, morava em casa térrea de bom padrão, com uma garagem onde jogávamos ping-pong e vestia-se bem. Chegou a me emprestar um blazer, certo dia, para eu poder ir a festa de debutante da irmã do Roberto Durão.

Os jogos de ping-pong terminaram quando o Senna ( José Carlos) “cantou” a prima doNey que passava uma temporada na casa dele. Criou-se um impasse diplomático e os jogos terminaram.

Vejam o que a simples visão de um relógio, em são Lourenço, no início deste ano, provocou na minha memória afetiva. Ele me fez voltar no tempo mais de meio século.

Depois conto mais, para que meu filho, e meu futuro biógrafo , tenha material de pesquisa.

14 de novembro de 2010

Direita e esquerda

Estou rotulado como sendo de direita porque votei declaradamente no José Serra. Rio muito com os meus botões. Somente pessoas desinformadas, ou ingênuas, poderiam acreditar que o Serra representa a direita e o capitalismo selvagem (que coisa mais démodé).

Alguém, em sã consciência, sendo bem informado e acompanhando, mesmo à distância, a trajetória política do Serra, desde os tempos da UNE, acha que com ele na presidência os bancos teriam ganhado tanto dinheiro, como ganharam com o Henrique Meirelles no BC, com a benção do presidente Lula, que manteve a política econômica do Fernando Henrique?

Redução dos juros, para incentivar o consumo, aumentar o nível de investimentos e, por consequência, gerar empregos foi, desde sempre, idéia fixa do Serra. Por isso, no fundo, os banqueiros não o queriam na presidência. Nem nesta e nem na outra eleição.

O homem que, ministro da saúde, foi alvo da ira da poderosa indústria farmacêutica, pela quebra de patentes de medicamentos contra a AIDS e, pior, embora não tenha sido o mentor dos produtos genéricos, foi quem teve a coragem de pegar na unha e implantar o programa, desafiando, de novo, o poder internacional da indústria de medicamentos, é conservador de direita?
Gente, eu estava do lado de lá do balcão. Era diretor de um laboratório, que embora de pequeno porte, dava-me assento nas reuniões do Sindicato patronal. Por isso sei; ele - Serra - era odiado pelo menos por este segmento da indústria. Posso falar porque vi e ouvi. Eu era, então, por dever funcional e um pouco de convicção, contra os genéricos*. Mudei de idéia quando mudei de lado do balcão, passando a consumidor, apenas.

Quando ficou inevitável, os laboratórios, mesmo os multinacionais, adotaram a estratégia vencedora que é: se não consegue vencer o inimigo, alie-se a eles; e passaram a fabricar genéricos.

Não vou ficar aqui e agora fazendo apologia do Serra, até porque ele não é o homem que eu escolheria para governar o país, se me coubesse a tarefa. E achei medíocre sua campanha.

Neste último pleito, parte da juventude aplaudia o surrado discurso do Plínio de Arruda Sampaio, comunista de carteirinha, figura patética que ainda fala em : suspensão do pagamento da dívida externa e auditoria nas contas. O Plínio não sabe que o país pagou TODA a divida, no governo Lula, e agora tem dinheiro no FMI (aquele mesmo órgão que os estudantes queríamos fora!) . Coitado do Plínio e coitados dos estudantes de agora, tão alienados.

No quartel, na época o 3º Regimento de Infantaria (foi extinto), em São Gonçalo, sob o comando do Sargento, eu marchava no compasso: direita, esquerda, direita, esquerda...

A imagem é pobre, mas assim como no quartel, um passo com a direita e outro com a esquerda é que nos leva ao objetivo (ideal, meta, goal). Países como Peru e Chile, para ficar aqui por perto, comprovam isto. Guardadas as devidas proporções (território, população e riquezas), estão com índices de desenvolvimento (mesmo sociais) melhores do que os nossos.

Se eu sair de casa para ir ao escritório, e tomar sempre à direita, sempre que a alternativa se oferecer, o máximo que conseguirei será dar a volta no quarteirão, e voltar ao ponto de partida.

Assim é na política, à direita e à esquerda, o caminho vai sendo construído e podemos encontrar melhores opções e soluções. Desde que o objetivo do poder não seja o poder, se é que me entendem.

Aos que acham que pretendo ficar em cima do muro, respondo que estarei agarrado ao Aristóteles e sua filosofia de que no meio está a verdade e a luz.

No Brasil ninguém é de esquerda**, no dizer do Gen. Golbery. As pessoas estão na esquerda.

Quando ouço dizerem ou leio que o arquiteto Niemeyer, o escritor e compositor Chico Buarque ou o cartunista Ziraldo, por exemplo, são comunistas, não posso deixar de lembrar do pintor Salvador Dalí, que perpetrou a seguinte definitiva frase a propósito do posicionamento ideológico de Pablo Picasso: pintor como eu, gênio como eu, catalão como eu, e comunista... como eu não sou.

Estive “na esquerda’ e posso voltar, mas nunca fui e nunca serei um vândalo que destrói estufas de pesquisas genéticas (anos de trabalho) ou joga o trator sobre plantações.

Nunca fui, ao tempo de estudante, embora engajado em alguns movimentos (pacíficos), um arruaceiro, bandido, travestido de estudante, como alguns “profissionais”, que com os rostos encobertos e picaretas nas mãos, depredam patrimônio público, como na Universidade de Brasília.

Também desaprovo esses movimentos sindicais truculentos, que nada conquistam de efetivo, e discordo igualmente de uma facção da Igreja, que fez opção pela pobreza e não pelos pobres.

Assim, transitei com independência de idéias e valores, pela direita e pela esquerda.

Encerro com o seguinte comentário, a guisa de ilustração: estive, quando estudante, em um evento no Teatro Municipal de Niterói, que era a favor do movimento castrista em Cuba. Era, então, contrário ao regime de Batista, e hoje sou contra Fidel. O que o povo cubano ganhou com a troca?



*eu concordava que era um absurdo os grandes laboratórios investirem milhões de dólares contratando os melhores cientistas, alguns com prêmio Nobel, para desenvolverem produtos, cujas pesquisas levavam anos, para depois empresários oportunistas, com baixo investimento em suas empresas, poderem fabricar os mesmos medicamentos. Era favorável a patente, ao direito exclusivo de fabricação, até que pudessem ser amortizados os investimentos feitos pelos grandes laboratórios que desenvolveram os medicamentos.


** Logo depois do Golbery fazer este comentário, numa entrevista nas páginas amarelas de Veja, o min. Eduardo Portela cunhou a frase que repercutiu bastante, de que ele não era ministro, estava ministro. Ou seja, parafraseou o Golbery, sem dar a este o devido crédito.




13 de novembro de 2010

Carta aberta para Esther

E não é que graças ao fantástico meio que é a internet, consegui localizar a ex-parceira Esther Lucio Bittencourt.

Muito pouco sei, entretanto, ainda, sobre suas atividades nestes últimos cinquenta anos ou mais. O pouco que consegui descobrir, foi graças ao e-mail da sua (her) amiga e sócia Ana Laura Diniz, conforme comentário ao post do dia 4 de novembro último.

Mais que depressa visitei os blogs e a website informados - http://primeirafonte.blogspot.com e http://porcaseparafusos.blogbrasil.com/ , na busca de mais detalhes sobre Esther.

Permito-me algumas deduções e obviedades. Confirmando a vocação e o talento já demonstrados quando ainda estudante secundarista, tornou-se jornalista: brilhante e atuante, como é fácil constatar nas visitas aos blogs supracitados.

Poeta já era, desde sempre. Se mais não falo sobre poesia é porque me faltam sensibilidade e cultura literária.

Parece ter estado comprometida com movimentos a favor do fim do regime ditatorial militar. Casou. Reside em Caxambu.

Foi ou é amiga de amigos e colegas meus, sem que soubéssemos: Jourdan Amora, Ricardo Augusto dos Anjos, Hermes Santos ( na verdade Florihermes) e outros.

Cara Esther, enquanto aguardo suas notícias, envio-lhe esta carta aberta. Não alimento grandes expectativas, pois como os orientais já definiram sabiamente, não é possível entrar duas vezes no mesmo rio.

Também exerci atividades estudantis, tendo sido presidente, por dois mandatos, do Grêmio do Liceu Nilo Peçanha e diretor da FESN – Federação dos Estudantes Secundários de Niterói ( logo depois do Jourdan), também por dois períodos. Participei de um grupo teatral incipiente e insipiente, que se reunia na casa do oftalmologista Paulo Pimentel, sob inspiração do poeta e, então, diretor da Biblioteca Pública do Estado - Geir Campos. O grupo tinha como alvo politizar os trabalhadores, via teatro experimental.

No governo Roberto Silveira, pai, saudoso político, diversamente do inexpressivo filho Jorge Roberto, participei de alguns movimentos: campanha pelos passes estudantis, pela meia-entrada nos cinemas (fizemos muita fila boba) e em especial, pela ocupação, que resultou na encampação do Colégio Jairo Malafaya (época dos tubarões do ensino).

Não tive problemas com os militares, eis que dois anos antes do 31 de março de 64, porque conheci a mulher com quem viria me casar, abandonei todas as atividades políticas, nas quais estava mais ou menos engajado, arranjei emprego, passei a estudar mais um pouco, fiz vestibular, casei, formei-me e vieram os filhos.

Tonei-me um pacato, anônimo e conformado cidadão, com raros e improdutivos momentos de inconformismo, manifestados aqui e ali, sem maiores consequências.

Dos nossos parceiros Eugenio Lamy, Alódio Santos e Oswaldo Szertock, nada sei, senão que o primeiro – Eugenio, é médico psiquiatra e o Oswaldo formou-se em odontologia.

Nossas crônicas eram escritas, o mais das vezes, pelo Lamy. Lembro de uma em especial, sobre a morte de um negrinho (naquela época podia-se falar de negrinho sem cair na idiotice do politicamente incorreto), que era vendedor de amendoim e morreu atropelado tendo nas maõs a lata com o brazeiro.

É isso aí.

9 de novembro de 2010

Alhos e bugalhos

Faz tempo, escrevi aqui no blog, sobre meu horror às missas cantadas e com acompanhamento instrumental (até bateria). Vejo, com alegria, que mesmo no clero existem restrições. Don Álamo, bispo auxiliar, recomendou aos fiéis para não baterem palmas durante a eucaristia, pois “é um gesto que dispersa e distrai das finalidades da missa, transformando orantes em uma massa de torcedores”.

Viva Don Álamo, que não conheço, mas de quem me tornei admirador.

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No outro dia citei o Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) e seu ‘Fetival de besteiras que assola o país’. Pois muito bem. Fico estarrecido com uma decisão, que reputo idiota, de um fulano qualquer, do MinC, que proibiu Monteiro Lobato nas escolas. Essa coisa de enxergar racismo em tudo está beirando o patético. Autoridade faz mal a saúde. Mexe com a cabeça de imbecís.

Não tenho a menor dúvida que esta decisão esdrúxula seria incluída pelo Stanislaw em seu festival. Com prêmio e menção especiais.
                                                                                - X –

Minha neta – Juliana – irá se apresentar, nos próximos dias 13 e 14 de dezembro, às 20 horas, numa montagem, com versão juvenil, da peça “O fantasma da ópera”. O Teatro será o Papel Crepon, na Rua Mariz e Barros. Ingressos na bilheteria.. Quem aplaudir mais, ganha um autógrafo. Eu estarei julgando.



- X –

8 de novembro de 2010

Qualidade e preço

Todos sabemos que o que é bom custa caro. Mas entendo que, acima de um certo patamar de qualidade e preço, não existe uma relação justificável, palpável, defensável.

Exemplos. Já tive gravatas de seda. Na década de 1970, jovem executivo em ascensão eu as usava. Na esteira da moda então em vigor, elas eram largas e permitiam um laço que ficava muito elegante e charmoso. Embora existissem padronagens lindas, sempre preferi as estampas clássicas, ou seja, listas ou bolinhas.

Bem, como tive e usei durante algum tempo as gravatas de seda, posso afirmar, por experiência, que elas são infinitamente melhores do que as feitas de outros tecidos.

Por esta razão, são mais caras, aqui e no exterior.

Agora, pagar R$ 600,00, numa Ermenegildo Zegna, eu não pago, mesmo que pudesse. Não há o que justifique. Outras grifes oferecem peças, também em seda, de boa qualidade, que permitem laços elegantes, a preços civilizados.

O mesmo ocorre com vinhos. A partir de certo preço, não há justificativa. Não falo com mesma autoridade com que falei de gravatas, pois minha experiência neste terreno é mais modesta, mas convenhamos que pagar R$ 400.000,00 numa garrafa de Château Lafite Rothschild, safra 1869*, é uma extravagância fora de todos os padrões de bom senso e realidade.

A diferença de preço entre o citado vinho e um, digamos, Romanée Conti, para ficar num outro bom vinho, fica bem clara e distinta na hora da degustação de um e outro?. Ou seja, seu olfato e papilas mensuram a diferença que está representada nos preços? Não sei e nunca saberei, mas duvido.


* leilão da Sotheby’s, em Hong Kong

4 de novembro de 2010

Peocesso eleitoral - parte final

O título acima bem que poderia e deferia ser “festival de besteiras que assolou o país”, com a devida licença do saudoso Sergio Porto.*

O que presenciamos foi um festival de absurdos, bizarrices, agressões e baixarias, protagonizadas por ninguém menos do que o presidente da república e seus ministros, ministros do Supremo Tribunal Federal, candidatos, institutos de pesquisa e mídia.

O presidente da república abdicou de vez de governar (???) para se torrnar garoto-propaganda da candidata oficial. Ninguém pode tirar da presidente seu direito de ter uma preferência. O que não faz sentido é se transformar num cabo eleitoral vulgar, que em desprezo a liturgia do cargo, troca farpas com correligionários do candidato da oposição. Utilizando-se descaradamente da máquina governamental, colocou ministros nos palanques da candidata Dilma e fez até mesmo uso abusivo de recursos de empresas estatais (partidarizadas) que veicularam, ad nauseam, muita propaganda oficial, travestida de institucional.

O governo parou, porque o chefe da nação e seus ministros formaram um séquito acompanhando a candidata oficial em seu périplo pelo país.

Nunca na história deste país, um presidente se engajou tanto, de corpo e alma, para eleger seu sucessor.

No Supremo Tribunal Federal, o que aconteceu foi de uma bizarrice sem limites. Julgando a aplicação da lei batizada de ficha limpa, que exclui a possibilidade de registro de candidatura de pessoas com vida pregressa condenável, ou seja, condenados pela prática de crimes ou que tenham renunciado a seus mandatos para escapar da cassação, os senhores ministros divergiram em discurso jurídico e formação ideológica e foram incapaz de uma decisão; por duas vezes, em dois processos distintos, deu empate no julgamento. Isto certamente pode acontecer, na hipótese, como no caso atual, de haver um número par de ministros. Mas deveria haver uma regra clara e de aplicação compulsória, para o desempate. E o visto, ao vivo, numa sessão transmitida pela TV, é que não houve consenso nem na decisão sobre a regra a ser aplicada para desempate.


E ouvimos pérolas do seguinte gênero: nem mesmo o clamor popular nos permite passar por cima do devido processo legal.

Ora, o clamor popular era no sentido de que corruptos, fraudadores ou criminososem geral condenados, os ficha suja, não pudessem disputar eleições. Desde já.

Este era o espírito da alei, a chamada mens legis, que deve ser o parâmetro único para a hermenêutica.


Mas os senhores ministros, seja por consciência (livre formação de juízo), ou de maneira tendenciosa, através de filigranas jurídicas, e encantados com os fócos de luzes sobre suas figuras no plenário, sabendo-se alvo dos olhares de milhões de brasileiros, conseguiram complicar uma coisa simples que era: nós, o povo, não queremos rorizes e renans. E desde já, não daqui a dois anos. Simples assim.

Por sua vez, por escolha equivocada de metodologia, por falha na interpretação de dados ou por tendenciosa opção, erraram bastante em suas previsões. No primeiro turno e na boca de urna do segundo turno. Margens muito largas nas previsões, tendem a ajudar quem está na frente. É psicológico.

Tivemos o cacareco da século, uma figura grotesca de nome artístico Tiririca, que se elegeu com mais de um milhão de sufrágios.

Quem perdeu as eleições? Fácil a resposta, foi o Brasil. Serra era o mais preparado dos dois candidatos, embora tenha feito uma campanha de baixo nível, acompanhando, equivocada e desnecessariamente, o padrão imposto pala equipe da candidata do governo.

Torcer contra a DIlma, para que seu governo não seja bem-sucedido, seria de uma cretinice sem tamanho. Seria, mal comparando, o mesmo que torcer contra a seleção brasisleira, porque o técnico não convocou um jogadaor de sua preferência.

Mas continuo achando que o Serra seria melhor para o país.



* om o pseudômino de Stanislaw Ponte Preta, o brilhante jornalista/escritor e mulherólogo, publicava em colunas de alguns jornais o FEBEAPÁ, que viria a ser o Festival de Besteiras que Assola o País.

18 de outubro de 2010

Processo eleitoral - parte II

Desde há muito é discutida a questão da obrigatoriedade do voto, como confirmação de cidadania. E a cada eleição, como não poderia deixar de ser, o assunto vem à tona.

Desta vez não está sendo diferente. Com a ressalva que fiz no post anterior, de que não tenho qualificação para discutir, em alto nível, pelos aspectos sociológicos, filosóficos e políticos, meto minha colher de simples cidadão.

Li na coluna da Míriam Leitão, que ela e mais o cientista político Jairo Nicolau e o jurista Luis Roberto Barroso tiveram um encontro, no Palácio do Catete, antiga sede de governo (hoje museu) ao tempo em que o Rio de Janeiro hospedava a capital da república, e discutiram esta questão.

Não conheço a cientista político Jairo Nicolau, mas conheço a Míriam Leitão, renomada e respeitada jornalista, porque sou leitor assíduo de suas matérias. E conheço o jurista Luis Roberto Barroso, do qual tenho ótima impressão por suas atuações no Supremo Tribunal Federal, de cuja tribuna tem sustentado, brilhantemente, teses vitoriosas.

Consta mesmo que se dependesse da opinião dos senhores ministros daquela Corte, ele seria o indicado para preencher a vaga existente pela aposentadoria do ministro Eros Grau.

Logo, estamos falando de pessoas extremamente qualificadas para um debate com este tema: obrigação de voto. Eu, aqui neste veículo, sem nenhuma pretensão de que seja repercutida minha opinião – e até um pouco envergonhado – ouso discordar da opinião dos três mencionados profissionais.

No encontro que tiveram, segundo li na coluna da jornalista, debateram esta e outras questões relacionadas ao processo eleitoral, fixando a visão otimista de que houve avanço neste campo no Brasil.

Fizeram uma digressão histórica, enriquecedora sem dúvida, através da qual remontam ao Brasil Império, quando votavam apenas os ricos e havia limite mínimo de idade para votar, que era de 25 anos. Apontaram, ainda, o fato de que somente os homens votavam. O direito só foi estendido às mulheres a partir de 1932. Na história mais recente, os analfabetos e, facultativamente, os menores entre 16 e 18 anos, foram incluídos entre os votantes.

Foi fantástico abrir o universo de eleitores, foi um avanço, sem dúvida. Quais são as vozes dissonantes quanto a isto? Não existem. Mas a incorporação destes segmentos deveria ter o caráter facultativo. Como é, aliás, em relação aos menores entre 16 e 18 anos, e os maiores de 70 anos de idade.

Por que somente conquistei o direito de votar aos 70 anos? E porque para os mais jovens, adolescentes, também não é compulsório o voto? O que tenho agora, ou deixei de ter, para que não seja compelido a votar?

Alias que meu voto, agora, tem muito mais qualidade do que no passado, quando comecei a votar na década de 1950. Afinal, acompanhei toda as mudanças políticas ocorridas no período e estou mais maduro e consciente politicamente , para ajudar a decidir o futuro do país.Meu voto e dos demais idosos deveria valer o dobro

Entretanto fui equiparado aos adolescentes que votam se quiserem. Ou seja, tanto faz votarem ou não.

Bem, o 3 renomados profissionais discutiram muitos outros aspectos relacionados a eleições: fraudes, ficha limpa, voto em lista fechada etc.

O resumo da matéria publicada, que reflete a opinião dos mesmos, é que a democracia está em construção. Concordo. Todavia a fase agora não é de integrar coercitivamente, é de facultar; é de educar e concientisar o eleitor.

Tiririca é fruto, um pouco também, do caráter coercitivo do voto. Ou alguém, no Brasil, sairia de casa, num domingo, debaixo de chuva, para um voto de protesto?

5 de outubro de 2010

Processo eleitoral - parte I

Como não sou filósofo, cientista social, antropólogo ou sociólogo, posso me manifestar como cidadão comum, sem filigranas, hipocrisia e sem tom didático ou doutoral.

Acho que votar deveria ser um ato espontâneo. Um direito. E mais ainda, deveria haver uma fórmula através da qual os eleitores tivessemos participação na seleção dos candidatos que seriam inscritos para concorrer. Além de ficha limpa, deveria ser apreciada a contribuição que, se eleito, o candidato poderia dar para o aperfeiçoamento democrático e, principalmente, para o desenvolvimento político e social.

Admito que artistas, jogadores de futebol, intelectuais, ruralistas e até índios, fazem parte de nossa sociedade. Logo, se o congresso deve representar um corte da sociedade, todos os segmentos podem pretender ter seu representante.

O que não concordava é que eu tinha (dia 31 será meu último ato) que escolher livremente de uma lista formulada por pessoas que não elegi como meus procuradores.

Sim, porque pequenos partidos, legendas de aluguel, fazem o jogo político dos espertalhões. Ou será que alguém imagina que a eleição de um Tiririca não aproveita a alguns desqualificados. A julgar por sua expressiva votação, elegerá mais uns três aproveitadores, politiqueiros oportunistas.

O Tiririca é o Cacareco do passado. A diferença é que este voto, rotulado de protesto, tem consequências. A do rinoceronte não teve. Os 100 mil votos obtidos pelo animal em 1959, em São Paulo, foram uma demonstração inequívoca de descontentamento. Mas que, infelizmente, não produziu resultados práticos.

Segue...

1 de outubro de 2010

Última... parte final

Vou começar pelo alto. O STF, mais importante corte judicial do país, uma vez mais, deixa-nos atônitos.

Segundo o presidente Cezar Peluso, em seu voto divergente, o tribunal decretou o fim do título eleitoral. Virou um documento inútil, desnecessário.

Haja vista que os eleitores poderão votar exibindo apenas documento oficial de identidade, com foto. Carteira de sócio do Flamengo não serve.

Decisão esdrúxula e de difícil entendimento pelos menos favorecidos intelectualmente que somos: foi assim no caso Battisti (ele pode ser extraditado, mas a corte não a aprovou), foi assim no ficha limpa (houve empate em 5 a 5), e agora nestes 8 a 2, pela não obrigatoriedade de apresentação do título eleitoral no ato de votação ( a desculpa para exibi-lo, para alguns ministros, seria a de facilitar a localização do nome do eleitor na listagem na mesa de votação; risível).

De fazer corar de vergonha, é que a solução para o desempate*, no caso da ficha-suja, é aguardar a nomeação do 11º ministro, o que não se sabe exatemente quando ocorrerá e quem o nomeará: Lula ou Dilma?

Ora, a lei malsinada, que passou a exigir dois documentos, foi aprovada por todos os partidos. Isto há mais de ano. Ou seja, a lei vigora há doze meses. Somente agora, às vésperas das eleições, o PT decide questionar sua constitucionalidade.

É casuísmo, sem dúvida. A bobagem foi feita quando da aprovação da lei. Porque na prática, antes dela, o eleitor votava sem o título, desde que exibisse documento oficial com foto.

Em outras palavras, se a nova redação da lei, objetivando dar mais segurança ao processo eleitoral, passou a exigir a duplicidade de documentos, não há como interpretar conforme (quem sabe o que significa interpretar conforme?)

Alegavam que no nordeste, por exemplo, cabos eleitorais retinham os tílulos de eleitores “comprados”, e votavam pelos mesmos. Em suma, o cabo eleitoral votava várias vezes com títulos que não lhe pertenciam.

Muitas filigranas jurídicas, para tentar dar solução prática as inúmeras situações especiais neste país continental. Como votariam, por exemplo, eleitores que perderam seus títulos nas enchentes recentes, principalmente no nordeste. É bom lembrar que ninguém porta o título habitualmente. Tira-o da gaveta a cada dois anos, e olhe lá.

E quem ganha, disparado, no norte/nordeste? Agora não haverá evasão, não haverá perda de votos, por falta do título. E a alei é clara: eeriam necessários os dois documentos.

Para arrematar, é bem de ver que o STF não julgou a lei inconstitucional. A filigrana a que me referi, é dar-lhe uma “interpretação conforme”.

Finalmente ficarei livre da inconveniência de abordagens que pretendiam me convencer, com folhetos, votar neste ou naquele candidato. Ficarei livre das bandeiras desfraldadas que acertam nossos rostos de caminhantes do calçadão. E do barulho dos carros de som.

E, principalmente, do odioso horário político.

Bem feito para os paulistas, que sufragarão Netinho (espancador de mulheres) e Martha (defensora dos direitos das mulheres.

E ainda terão Tiririca. Quanto a este, ainda consigo ver algum lucro em sua eleição. Vai dar caráter mais profissional ao Gran Circo Congresso Nacional, armado em Brasília.

* Existiriam duas soluções imediatas, que evitariam a sombra que foi lançada pelo Tribunal: 1ª) o presidente desempatar, como praxe consagrada; 2ª) consta que está prevista no Regimento Interno do próprio Tribunal (a conferir), que preve que nos casos de empate, a decisão será aquela contrária aos interesses do postulante.

30 de setembro de 2010

Última festa... continuação

Gente do céu! Meu primeiro título eleitoral tinha foto e, no verso, espaço para que, com rubrica do presidente da seção eleitoral, ficasse comprovado meu comparecimento.

Havia espaço para 12 comparecimentos às urnas.

Ou seja, com um único documento, no caso o título eleitoral, matavam-se todos os coelhos perseguidos.

Agora discute-se a obrigatoriedade de apresentação de dois documentos, porque o título não tem foto que permita identificação. E recebe-se um pedacinho de papel, fácil de perder, como comprovante de votação.

E esta discussão vai parar no STF e parar o STF. Fruto de casualismo de um cabeça oca qualquer, que resolveu legislar sobre uma coisa que funcionava bem.

Ora, votava-se, ultimamente, a partir do título sem foto, apenas com um documento de identidade (não era necessário o título). Bastava, óbvio, que o nome do eleitor estivesse na listagem do TRE. P’ra que mexer neste troço?

É evidente que o PT é contra a exibição de dois documentos. Os eleitores do partido, em grande parte, não têm dois documentos. Ou não os levarão, por falta de informação.

A nova lei tem um ano, e foi sancionada pelo presidente Lula. Como ele não lê o que assina, ficou sem saber e, logo, se dar conta do prejuízo, eventual, para seu partido.

Agora correm atrás, no Supremo Tribunal Federal, de uma decisão que elimine a necessidade de dois documentos. E irão conseguir, a julgar pela votação até ontem (sete a zero).

Ainda bem que esta será, provavelmente, a última festa democrática a qual compareço. Só voltarei se houver forte razão. E vou desta vez por duas razões básicas: a uma porque tenho um candidato no qual quero votar, porque confio no seu preparo para o cargo. Chama-se José Serra. E a duas, porque não sendo obrigatório, irei espontaneamente exercer meu DIREITO. E não, cumprir uma obrigação.

Minha última festa da democracia e seus preparativos

No campo dos preparativos, de lamentar a posição adotada pelo Supremo Tribunal Federal, com relação a aplicabilidade, já a partir destas eleições, da norma legal popularmente chamada de lei da ficha-suja.

Caramba! Dar empate na interpretação da lei, que tem origem e sustentação num forte apelo popular, é uma coisa inexplicável.

Corrijo-me de imediato. Tem explicação sim. Talvez mais de uma.

Uma, seriam os vínculos partidários e de interesses pessoais em jogo. Afinal os senhores ministros são nomeados pelo presidente da república. Muitos dos candidatos que seriam impedidos de disputar o pleito, pertencem a partidos da base aliada do governo. Não acredito em isenção.

A outra razão, fica mais explícita quando se analisa a votação de ontem, sobre a obrigatoriedade de apresentação de dois documentos, sendo um de identidade, quando do momento de comparecer às urnas.

Sabem qual é? Exibicionismo. Desde que as sessões plenárias passaram a ser transmitidas ao vivo e a cores, alguns ministros utilizam o plenário como palco para solos de juridiquês e processualística.

Pense bem: estava sete a zero, num total de dez votos possíveis, e o ministro Gilmar Mendes pediu vista dos autos. É um direito que lhe cabe, sem dúvida. Mas, na prática, o que ele espera? Mudar os votos de alguns dos ministros que já se manifestaram? Com que tão sólidos e inovadores argumentos? Acho que ele andou assistindo a reapresentação do filme “Doze homens e uma sentença” (recomendo o filme).

Pode ser que, inobstante a derrota iminente, não queira votar contra seus princípios e consciência. Será?

Como este intróito ficou muito cumprido, volto ao tema mais tarde, em outro post.

28 de setembro de 2010

Rotina

Nada tenho contra a rotina. Antes pelo contrário. A rotina tem suas vantagens.

Querem um exemplo? Cortar o cabelo. Se este ato é praticado no mesmo salão e com o mesmo barbeiro, você não terá que responder às indefectíveis perguntas: "o pé o senhor quer reto ou disfarçado? Com que máquina o senhor quer que apare, um ou dois? Acerto o bigode? E as sobrancelhas?"

No mesmo salão, com o mesmo profissional, você só responde a estas perguntas uma vez. Depois é só sentar e relaxar, ou ler seu jornal em paz. E não sai do salão aborrecido, porque ele cortou mais curto do que deveria e o penteado não dá acerto.

Quando trabalhei em São Paulo, no bairro do Belenzinho (podem rir à vontade), comia diariamente num mesmo restaurante, sentando na mesma mesa, atendido pelo mesmo garçom, com inúmeras vantagens: ele não me aconselhava a provar a dobradinha e já sabia que meu bife vinha diretamente do abatedouro, com o sangue escorrendo.

Vejamos o que originou minha rotina. Iniciaria com os ensinamentos recebidos de meus pais, na infância. Nesta fonte, estariam alguns hábitos, tais como lavar as mãos antes das refeições e escovar os dentes pela manhã e antes de dormir, pelo menos.

São da mesma origem, os hábitos de conferir, antes de sair de casa, se levo comigo tudo que possa precisar. Lembro de minha mãe, antes de eu sair para escola, perguntando, diariamente: “pegou a caderneta, está levando a merenda, tem lenço limpo”, e coisas do gênero. E emendava, “São Jorge te acompanhe”.

Em função disto, faço uma checagem diária, antes de sair, algumas vezes auxiliado por minha mulher: óculos, chaves de casa e do escritório, celular, algum trocado etc.

E nunca esqueço de pedir a São Jorge que me acompanhe.

É óbvio que a rotina extremada é desaconselhável, pois não permite novas experiências que poderiam ser benéficas e, bem no extremo, é risível.

Exemplo clássico disto, é o que ocorria com um amigo, que tinha dia e hora pré-estabelecidos para transar com a esposa. Por inconfidência da mulher dele, que contou para a Wanda (minha mulher), fiquei sabendo que ele programava, informando a mulher: sexta-feira, às 21:30h vamos para a cama? Se é mentira é da mulher pois, Wanda não inventaria uma história desta.

O resumo da ópera é o seguinte: mantenha os hábitos básicos, mas experimente, ouse, surpreenda.

24 de setembro de 2010

Perfil do Luis Fernando Veríssimo

Luis Fernando Veríssimo, nascido na cidade do Crato, no Ceará, seis casamentos desfeitos, torcedor fanático do Grêmio, prefere um bom funk, ao enfadonho jazz.

Por isso, ao invés de saxofone, por exemplo, prefere tocar bumbo. Seu sonho é sair na bateria da Mangueira.

Sofre quando tem que ir a Paris, porque os doces de lá são piores do que os da padaria da esquina.

Não sabe como alguém da Globo teve a infeliz idéia de colocar a Patrícia Poeta apresentando o Fantástico. Que foi que viram nela?

Este (ou estes) Veríssimo (s), cujo perfil tracei acima de forma sintética, vive (m) fazendo circular na Internet textos apócrifos, tentando ludibriar os incautos.

E tem gente que acredita e põe para circular, enviando para os amigos como se estivessem sendo originais e lhes prestando um favor.

Leitores ávidos e assíduos do próprio não nos deixamos enganar, porque por mais bem escritos e contenham pitadas de fina ironia, aqueles textos estarão sempre muito baixo da qualidade dos que são realmente da lavra do filho de Érico.



19 de setembro de 2010

Salada mista

Comerciais

Atualmente estão sendo veiculados dois comerciais extremamente criativos. Bem bolados e bem executados.

Num deles, da cerveja Heineken, temos um casal recepcionando três casais amigos, no que parece ser a open house do novo apartamento. Na primeira cena, a anfitriã esta mostrando o apartamento às amigas, indicando os cômodos, até que chegam diante da porta do closet. Abrindo a porta, o que se vê é um amplo ambiente, repleto de roupas, calçados, bolsas e acessórios femimininos. A reação das visitantes, assim como da dona da casa, é imediata: gritinhos de surpresa e risos de satisfação. Logo em seguida, ainda durante as comemorações das mulheres, ouve-se uma gritaria dos homens. Muda a cena e eles estão entrando no closet do anfitrião, também muito amplo, que está lotado, para alegria geral, de muita cerveja em todas as prateleiras, que são refrigeradas a julgar pelo vapor liberado. Também eles estão se confraternizando, seja pela surpresa seja pelo conteúdo: muita cerveja gelada.
Sensacional.

No outro, das sandálias Havaianas, vemos uma fila diante de uma casa de espetáculos. Os dois primeiros da fila estão calçando as sandálias de dedo, tipo havainas. Focalizado, o Segurança alerta em alta voz que aqueles que estejam de havainas não poderão entrar. Protesto geral, principalmente dos dois primeiros da fila, que alegam sempre frequentarem o local usando as sandálias. Então o Segurança esclarece: voces podem entrar, quem não pode é aquele lá de havaianas. Então, do meio da fila, sai um sujeito vestido com o traje típico do Havaí, com colar de flores no pescoço e aquela indefectível saia de palha.
Muito bom.

Técnicos de futebol

Existem dois técnicos de futebol que se destacam muito dos demais, em todo o mundo: um é o José Mourinho, português, que vem obtendo êxitos nos diferentes países onde tem trabalhado, com equipes com pouca tradição de conquistas nacionais e internacionais, e tem vencido constantemente na última década. Foi assim com o Futebol Clube do Porto, de Portugal, que levou à conquista da Taça dos Campeões Europeus. Foi assim na Inglaterra, onde levou o Chelsea ao inédito bicampeonato da Premier Ligue. Deixando a Inglaterra, foi para a Itália onde levou a Internazionale di Milano, também, à conquista da Copa Européia, que é, de longe, a mais disputada competição entre equipes de futebol do mundo. Agora está na Espanha (Real Madrid) onde certamente também conquistará títulos.

O outro competentíssimo treinador é o francês Arsène Wenger, que está há 14 anos a frente do Arsenal, da Inglaterra. Embora tenha conquistado, na década, com os gunners, dois títulos da Primeira Divisão, seu trabalho se destaca pela qualidade do futebol com que a equipe sempre se apresenta. É o futebol mais vistoso praticado no mundo. Tirante o Barcelona, que tem conseguido brilho eventual, o Arsenal é disparado o futebol mais bonito de se ver. Esta minha opinião é também a de muitos jogadores e outros técnicos que reconhecem o trabalho do Wenger.

Dois estilos diferentes: o do Mourinho é o do futebol competitivo; o do Wenger é o do futebol arte.
Admiro ambos.

Eleições

O Claudio Paiva, ótimo profissional do humor, área onde transita como cartunista, chargista e cronista, com texto irônico e mordaz de muito boa qualidade, em sua página dominical na Revista O Globo, fez uma charge onde aparece uma casa de pernas para o ar. Tudo revolto, como se por ali tivesse passado um furacão violento. Em meio às ruínas, muitas bandeiras do PT e cartazes com a Dilma. Um gaiato vai ao que poderia ser um orelhão, mas que tem apenas um grande botão, e indaga: Quem apertou o botão do f*%$-se?
Maravilhoso.

Fez-me lembrar a velha piada, não sei por que associação de idéias, na qual alguém aconselha a uma mulher, que se o estupro é inevitável, deve relaxar e gozar.
Será que no quadro eleitoral que se desenha é pertinente?

16 de setembro de 2010

Redes sociais

Tenho recebido, via e-mail, propostas para que participe de algumas redes sociais. São parentes, amigos e clientes, que efetivamente não me conhecem bem. Ou viveram momento de distração.

Para quem como eu acha que Niterói, com seus, sei lá, 500 mil habitantes, já cresceu muito e chegou ao limite do suportável, como cidade para se viver, iria fazer o que no facebook, por exemplo, rede com mais de 500 milhões de participantes, que se fosse um país teria a terceira maior população do mundo, atrás de China e Índia.

Não, obrigado, estou fora.

Embora não seja exatamente um low profile, não vou me expor e compartilhar intimidades com essa multidão.

Neste blog, com um número de leitores contáveis nos dedos das mãos, já causei certa surpresa. Assim é que ouvi de uma cliente, que quem me conhece e lida comigo profissionalmente, nem imagina a pessoa que sou por trás daquele aspecto austero, sisudo e circunspecto que apresento quando travestido de advogado, a partir de conclusão que tirou da leitura de alguns posts aqui do blog.
Disse que aqui me aproximo um pouco mais de um ser humano. Ledo engano, mas deixa p’ra lá.

Nem sei quantas são as comunidades (é assim que se chamam?) existentes. Para lá do Orkut, que conheço de nome há muito tempo, e do citado Facebook, que tem sido recordista de propostas de adesão, por convites de conhecidos, e do Twitter, coqueluche do momento, acabo de receber convite de uma certa rede denominada Formspring. Na semana passada foi da Quepasa.

Mensagens eletrônicas (e-mails) são o máximo de concessão que faço neste universo internáutico.

Meu filho Jorge postou em seu blog (http://www.cavernaweb.com.br/) uma matéria muito interessante sobre as redes sociais. Recomendo o acesso e leitura.

14 de setembro de 2010

Viúva Clicquot

Muitos não conhecem. Alguns ouviram falar. Poucos sabem de quem e do que se trata.
A personagem título é a responsável pela respeitabilidade e pelo sucesso comercial de um champagne que leva seu nome, não de batismo, mas de casamento. O nome que acabou por consagrar como sinônimo de fino champagne – Clicquot – advem de seu marido François Clicquot.

Também não sabia, mas estou lendo um livro muito bom, que a par de contar a biografia da corajosa e empreendedora dama, née Barbe-Nicole Ponsardin e que enviuvou aos 27 anos de idade, oferece o cenário e o ambiente político-social no qual ela nasceu e foi criada.

E é exatamente deste período histórico da França, com reflexos positivos em outros países, inclusive os USA, que quero falar.

Aqui os enólogos e sommeliers não têm vez. Champagne é para se beber.

Tanto é verdade que cogitei de intitular o post de Carga Tributária.

A revolução francesa, que derrubou a monarquia e levou à guilhotina Luis XVI* e sua mulher, Maria Antonieta, em julho de 1789, teve como uma das causas principais os escorchantes impostos e taxas cobradas pela coroa, pelos nobres e pelo clero.

Mesmo sendo dono da terra, o agricultor poderia ter que pagar até 40% aos nobres e ao clero, só para poder ter o direito de colher e esmagar suas uvas.

Quem diria que passados séculos, mudado o regime político, e malgrado os avanços científicos e tecnológicos, temos hoje uma carga tributária que ultrapassa os absurdos 40%, que resultaram na revolução.

Há em São Paulo um painel, chamado Impostômetro, que mede quanto pagamos de impostos e que aponta que será atingido o estratosférico valor de um trilhão de reais (R$ 1 trilhão) antes do Natal.

É óbvio que não estou propondo que a sociedade se comporte como na França de 1789, quando foram acertadas velhas contas com o poder constituído. Longe de imaginar que o vandalismo, as atrocidades, os espancamentos dos governantes seriam uma solução. Que dá vontade , dá. Mas temos que reprimir.

Vamos, nas urnas, iniciar uma mudança de postura, de cidadania, de responsabilidade social.

A quem gosta de vinhos, em especial de champanhe e a quem gosta de história geral, não só da bebida, recomendo a leitura de A Viúva Clicquot, de Tilar J. Mazzeo (americana que não é parente do Bruno), e ditado pela Rocco.

* Luís XVI de Bourbon, nascido em 23 de agosto de 1754 em Versalhes e executado em 21 de Janeiro de 1793 em Paris, foi rei da França (1774-1791) e esposo de Maria Antonieta da Áustria (com quem se casou com 16 anos).