29 de fevereiro de 2016

Ação para quem fica em casa

Quem não quer, ou não pode, sair de casa, pode, pelo menos, subscrever. É fácil e rápido.

A menos que você seja a favor da corrupção. Sei lá, o mundo está mesmo estranho.

"Quem sabe faz a hora não espera acontecer."

Geraldo Vandré não desconfiava que eu um dia iria usar um verso de seu "Para não dizer que não falei de flores".


NOTA DO EDITOR:
Instruções para assinar e enviar.
ATENÇÃO: pela legislação, as assinaturas para os Projetos de Lei de iniciativa popular devem ser encaminhadas fisicamente, não por meio digital. O nome completo deve ser preenchido, sem abreviações. Se estiver sem o título de eleitor, esse campo pode ser deixado em branco. Se quiser consultar o número do seu título de eleitor, clique aqui. Após impressão e preenchimento, o formulário deve ser entregue em uma das unidades do MPF, em um dos pontos de coleta ou remetido fisicamente para: Procuradoria Geral da República - 5ª Câmara de Coordenação e Revisão - SAF/SUL Quadra 04 Conjunto C - Bloco B – 3ª Andar, Sala 305 - CEP: 70050-900 Brasília/DF.

Quem preferir pode preencher o formulário, assinar e entregar diretamente no endereço abaixo, em Niterói:

PRM Niterói


A procuradoria da República em Niterói abrange os municípios de Niterói e Maricá.
Endereço: Rua Visconde do Uruguai, 535 – 9º andar. Centro - Niterói /RJ
CEP: 24030-077
Tel.: (21) 3716-9815

26 de fevereiro de 2016

Ah!, esses portugueses ...

Viseu - Portugal
Vou logo avisando: tenho sangue lusitano nas veias e me orgulho disto. Fui criado, basicamente, no seio de famílias portuguesas, pois minha avó e minhas tias mais velhas (ramo materno) nasceram em Viseu, ou Lamego, preciso conferir, mas de qualquer sorte na mesma região  do país, que é “um jardim da Europa à beira-mar plantado”.

Para saber mais sobre a expressão, se for do tipo que nem eu, disponível para aprender, acesse  e leia em que contexto foi usada pela vez primeira:

Mas não posso deixar de admitir que os patrícios são, mesmo, muito literais. E que esta literalidade, por vezes, é confundida com falta de inteligência e dá origem a piadas.

Em 1991 meus filhos iriam empreender suas primeiras viagens ao velho continente. Sozinhos. O planejamento da viagem já foi uma curtição. Países, roteiro, meios de transporte, hotéis, e o mais importante: baratear até o limite de um mínimo de conforto para dois jovens solteiros de, respectivamente, 25 e 21 anos de idade.

Uma boa ideia, nem lembro se posta em prática, mas acho que sim, foi programar viagens noturnas, entre algumas cidades. Com isso economizariam uma diária de hotel, dormindo no próprio trem. Coisas deste gênero.

A partir da estação de Marselha é possível alcançar várias cidades europeias.

Estação de Marselha
Lembro que lhes comprei uma mochila que de tão grande, com muitas bolsas e divisórias, iriam precisar contratar um caminhão para carrega-la. Claro, rimos muito e a ideia foi abandonada. Pelo menos a tal mochila (bonita e resistente), foi deixada de lado.

Fizeram o roteiro e partiram com destino a Portugal. Depois Espanha, França, Itália, Austria e nem sei mais onde foram. O que lembro bem é que na Áustria foram para Innsbruck, no Tirol, numa viagem não planejada, a convite de um casal de americanos idosos, texanos, que estavam indo visitar uma filha lá naquela cidade turística, que tem várias estações de esqui.

Innsbruck - Tirol - Áustria
A aproximação com este casal de anciões deu-se no trem, na Itália, porque o serviço de alto-falantes anunciava algumas coisas e eles ficavam atônitos com o idioma. Os meninos se dispuseram a fazer a versão para o inglês (dominavam bem o idioma). Corresponderam-se durante alguns anos: eles no Texas e os meninos aqui em Niterói.

Fui homenageado com um comentário do Harry (assim se chamava o velhinho) ao dizer para meus filhos que os seus pais deveriam ser pessoas especiais por educarem tão bem seus garotos. Proudly, reproduzo o comentário que na época me foi relatado.

Mas e os portugueses e sua cultura cartesiana, de interpretar tudo literalmente?  Pois é, não esqueci. Mas antes quero relatar uma outra curiosidade bem lusitana e que ensejou este post. Na fase de planejamento, consultando o Frommer’s guide, meus filhos encontraram um hotel simples, em Lisboa, no qual a recepção ficava, juro, no terceiro andar. Quem por alguma razão ainda tiver o Frommer’s antigo poderá constatar.

No capítulo da interpretação literal, fico com o exemplo do acontecido em um restaurante. Na cidade do Porto. Na dúvida quanto ao que pedir, enquanto consultava o menu, o sujeito viu passar nas mãos de outro garçom um belo prato de bacalhau destinado à mesa ao lado.

Imediatamente dirigiu-se ao seu garçom e comandou: “olha, quero aquele prato ali.” E o garçom responde de pronto: “lamento mas aquele  não pode ser pois já foi pedido pelo cavalheiro ali adiante.”

Este outro episódio é verídico e foi testemunhado por mim. Seguinte. Íamos para Cascais, Estoril aquelas bandas. A van veio no pegar no hotel (eu, Wanda e mais um casal do Rio Grande do Sul), pois contratamos o passeio na conciergerie.

Cascais - Portugal
Na dúvida, se poderia ou não entrar numa rua na lateral do hotel, o motorista perguntou ao homem sentado no degrau de entrada de uma casa antiga: esta rua tem saída? A resposta foi: pois sim. Só que entramos e o motorista teve que fazer uma manobra complicada para sairmos pois a rua era sem saída.

Vejam o diálogo que se seguiu quando, no retorno, voltamos a cruzar com o tal informante:
- Disseste-me que a rua tinha saída e não tem, ó pá!
- Mas não estás a sair?

Baixadas as cortinas depois desta  história que mais parece uma piada, aproveito o embalo para contar outros casos, estes sim, piadas mesmo.

Manuel chega em casa estafado, mas feliz porque economizara dois mil reis (a piada é antiga). Pergunta-lhe a Maria, como o fizeste? E ele: ora pois,  ao invés de subir ao ônibus vim-lhe correndo atrás. Maria, indignada e em tom de censura: pois fizeste mal, se viesses atrás de um táxi economizarias mais, pois!

E para encerrar, também piada (espero) sobre fósforos. Os fósforos não eram muito conhecidos em Portugal. Manuel resolveu comprar cinco caixas e leva-las na viagem que fazia ao seu país acompanhado do amigo Joaquim.

Diz o Manuel: comprei estas caixas de fósforos e estou a leva-las para surpreender aos filhos e sobrinhos.

Joaquim, sério e apreensivo: mas tens certeza que acenderão? Olha que os brasileiros gostam de tentar nos tapear. Manuel tranquiliza o amigo: fica sossegado, já os risquei, um a um, e todos acenderam.

Perdão! Mil perdões, amigos nascidos além-mar.

Momentos da viagem de meus herdeiros. Pelo menos nos quesitos inteligência, charme  e elegância.


Jorge, em Paris, às margens do Sena.


Ricardo,  em Lisboa, no castelo de São Jorge.


Os dois,  em Firenze, Itália.

25 de fevereiro de 2016

Domingo, 13 de março, luz no fim do túnel






Sou contra invasões, de um modo geral, mas esta foi por uma boa causa. Assistam ao vídeo, clicando no centro:



23 de fevereiro de 2016

Futebol, mulher e automóvel

Ou mulher, automóvel e futebol. Pouco importa a ordem, estes assuntos estão sempre presentes nas conversas masculinas, seja na mesa no bar, seja no clube.

Mas em outros meios, locais e circunstâncias, é assim também?

Bem, quando diretor de um laboratório em São Paulo, frequentei encontros anuais de confraternização da indústria de perfumaria e de artigos de toucador, promovido pelo sindicato patronal – SIPATESP – localizado na Av. Paulista, 1313, em São Paulo, conhecido prédio da Federação das Indústrias do Estado.

O laboratório onde fui gerente geral e, depois, diretor, tinha uma linha  cosmética. Embora o forte fosse a farmacêutica.

Nestes encontros de final de ano, tomando uns drinks e comemorando o resultado do exercício (sempre muito bom), não é que mulher, futebol e automóveis não fossem comentados, mas o forte mesmo era política, viagens ao exterior, jazz e economia.

O presidente da Bozzano (creme de barbear, shampoo Colorama, etc), era uma figura ímpar. Não tinha, como a maioria dos executivos de outras indústrias do ramo, mestrado em administração. Não tinha MBA (Master of Business Administration), não tinha títulos acadêmicos, mas tinha uma enorme experiência, sobretudo em vendas.

Tive com ele alguns contatos efêmeros porque éramos vizinhos de plantas fabris, na Via Anhanguera. Chegamos a negociar terceirização de linhas menores do portfólio da Bozzano. Lixa de unhas, por exemplo, ele queria fora de seus domínios: vendia pouco, fazia uma poeirada danada e ocupava muito espaço físico.

Mas estou fugindo do cerne do post. Outro tema muito conversado nestas rodas de empresários é o relato de histórias (em geral bravatas) que protagonizaram. Histórias de êxito, de conquistas.

Este presidente era um excelente contador de histórias (segundo os mais antigos frequentadores destes cocktails as histórias e piadas eram sempre as mesmas).

Ele não acreditava em marketing. Só acreditava em vendas, em bons vendedores, criativos, persuasivos.

Duas das histórias que me lembro mais são  as seguintes:

11)  O sujeito entra num grande magazine (loja de departamentos), tipo Mappin, tipo Mesbla (ambas faliram em 1999) e dirigiu-se a um vendedor. Conversa vai, conversa vem com o atendente, este pega alguns anzóis e coloca sobre um balcão. Em seguida o vendedor pega caniços, ajuda o comprador a escolher um. Ato continuo ainda confabulando com o freguês, o atendente pega um molinete e demonstra como colocar no caniço. Por fim, já com a escolha de uma lancha, em alumínio, moderna, realizada, o vendedor encaminha o freguês ao setor de motores para embarcações. Sem grande esforço vende ao sujeito um motor possante.

Tudo isto estava sendo observado por um gerentão que estava no mezanino só monitorando o movimento. Concluída a venda, de valor bem significativo, o gerente desce e vai cumprimentar o vendedor: “estive observando seu desempenho e fiquei impressionado com sua capacidade de argumentação, o freguês acabou por comprar vários itens para pescaria”.

O vendedor, sem falsa modéstia, comentou: “pois é, e ele entrou aqui procurando o setor de absorvente feminino (Modess).”

2) A segunda história envolve sapatarias. Consta que duas delas, concorrentes, estavam quase lado a lado na mesma rua. E operavam com seus respectivos nomes comerciais. Tinham um ótimo movimento. Vagou a loja que ficava entre elas e um vendedor de uma delas teve uma ideia e alugou a loja para nela instalar exatamente outra sapataria. E, encimando a fachada, ao invés de colocar o nome fantasia, mandou colocar um enorme letreiro: “ENTRADA PRINCIPAL”.

Se você não entendeu as piadas, ou é bitolado, ou está desligado ou não tem tino comercial. Se precisar de bula é só se manifestar.

Assim eram as histórias daquele self made man que acreditava que o sucesso de uma empresa está na equipe de vendas e que ações de marketing são perfumaria (sem trocadilho). Com isso galgou o posto de dirigente da grande multinacional, de capital americano (Revlon).

Não era incomum encontrar nestas reuniões executivos – chairmen, controllers, diretores para a américa latina) que eram instrumentistas diletantes e mantinham grupos ou bandas com outros amigos.



Seus assuntos preferidos eram os clubes de jazz em NY, e as grandes apresentações que tinham presenciado, de ícones, como Chet Baker, Miles Davis, Thelonious Monk e outros do mesmo naipe.




Estes músicos não precisam de legendas. Quem é do ramo conhece-os de sobejo. Embora os admire, nenhum dos três está entre meus preferidos. O que não lhes tira o mérito e a fama. Questão de gosto. 

Imagens: Google

21 de fevereiro de 2016

Samanguaiá, Jurujuba, Niterói

Na orla de Niterói, no bairro de Jurujuba, funcionou um restaurante badaladíssimo, frequentado por quem tinha po$$e$, residentes em Niterói e também no Rio de Janeiro.

Alguns de seus frequentadores moradores do outro lado da baia, chegavam de lancha ou iate e atracavam no píer. Acho que o "Bateau Mouche" fazia o percurso do Rio para Niterói trazendo frequentadores para o restaurante, fosse para uma refeição, fosse apenas para um drink.
Foto obtida via Google
É bem de ver que o local era acessível por mar e pela Estrada Fróes, em Niterói, via Icaraí, São Francisco, Charitas,  et voilà

Vim a  conhecer o Samanguaiá em 1984, quando retornei de São Paulo, onde morei e trabalhei por 9 anos. Mais tarde, em 1988, retornei a São Paulo por mais 7 anos, voltando definitivamente em junho de 1995.

Meu retorno, em  1984, deu-se em condições nada ortodoxas e violando conceitos básicos de recursos humanos. Trabalhava no Grupo Matarazzo mas estava infeliz, minha irmã Ana Maria, esta mesma que dá pitacos aqui no blog, leu um anúncio fechado no JB (jornal, não o uísque), que segundo ela era o meu perfil que procuravam: Gerente Administrativo, com ênfase em administração de pessoal.

Ela, minha irmã, respondeu ao anúncio, por carta, na qual relatava a história do irmão que trabalhava em São Paulo, longe da família (mãe, irmãs e sobrinhas), estressado com o trânsito e infeliz no trabalho.

O Sr. Carlyle Wilson, terceiro homem na hierarquia do "Grupo Bozano, Simonsen", mas presidente da Siderúrgica Hime, que publicara o anúncio, leu a carta e mandou que fizessem contato comigo, em São Paulo, para uma entrevista aqui em Niterói (na verdade no bairro de Neves, em São Gonçalo).

Durante a entrevista ele mencionou que ao ler a carta de minha irmã ficou bem impressionado, sobretudo pelo espírito de família. E teria dito para o diretor da área administrativa/financeira: “está aqui o homem que precisamos”.

Voltei para São Paulo apenas para solucionar pendências. Rescindir contrato de trabalho (já havia uma conversação prévia) e também o de locação da casa onde residia, no Brooklin Novo.

Admitido em outubro, na siderúrgica, ainda nem sabia direito o caminho do sanitário e já tive a incumbência de organizar o jantar anual de confraternização da diretoria e gerência, função tradicionalmente  delegada ao gerente administrativo. Escolha de local, cardápio, infraestrutura e logística (condução para os diretores que residiam no Rio, negociar o direito de levar bebida e pagar rolha, estas coisas).

Foi aí que alguém me soprou: vai ao Samanguaiá e negocia com o sócio Fulano (o nome que me foge, acho que era de origem árabe). O local é agradável e o Fulano vai sugerir o menu.

Assim fiz, telefonei e marquei um dia pela manhã, tipo 10 horas, para eu conhecer o lugar e podermos conversar calmamente.

O cardápio foi fácil porque seriam os pratos mais tradicionais na época. Descartado o estrogonofe como prato principal (ninguém aguentava mais), mantive, entretanto,  o não menos batido cocktail de camarão na entrada. Depois médaillon de mignon (confesso que escolhi a meu gosto). De sobremesa uma novidade que aparecia na época: tiramisù.












Eramos dezesseis casais. Foi uma noite agradabilíssima. Dançamos (música ao vivo, com um conjunto razoável), e ficamos a noite toda bebendo e trocando amabilidades. Como eu era o calouro no grupo (recém-contratado) tive que fazer a saudação aos convivas.

Foi assim que conheci o antigo hotel, mais tarde restaurante, em Jurujuba, e que hoje é a sede do Projeto Grael.


Notas do editor: só voltei ao Samanguiá uma única vez e, de novo, como pessoa jurídica. Como pessoa física era muita areia para meu caminhão.
Há um samba do Billy Blanco que cita o Samanguaiá. Ouça na interpretação do conjunto vocal "Os Cariocas". Este era um dos conhecidos conjuntos vocais do passado, como "Quatro Ases e um Coringa", "Trigêmios Vocalistas" e outros. Ouçam, querendo, em 
https://www.youtube.com/watch?v=tuSRfFf8UTU
As fotos que ilustram foram obtidas via Google.

20 de fevereiro de 2016

Formação de quadrilha

Minto e me corrijo; para configurar o crime de formação de quadrilha é necessária a ação de pelo menos três elementos.

Eis o que dispõe o art. 228, do Código Penal:

“Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes”.

Logo, o que eu e Ana Maria estamos fazendo não se enquadra na espécie delituosa.

Agora a explicação. Faleceu, depois de anos de convívio, a cadelinha pertencente (membro da família, segundo ela) a nossa amiga Alessandra. Sim, aquela mesma Alessandra que nos brinda com textos românticos, sensíveis, de forma esporádica. Ou seja, em intervalos que gostaríamos menos longos.

O que fez a Alessandra? Postou em sua conta no Facebook uma mensagem alusiva ao falecimento de sua querida Tuca. Que fez Ana Maria? Pinçou o texto, fez uma resenha e me enviou. O que faço eu? Publico sem autorização (violação de copyright).

Leiam, a síntese :

“Tuca era uma vira-lata com ancestrais da raça fox paulistinha, sem teto, que morava num terreno baldio numa área comercial de Alvorada – RS.

Implicante, esquiva e carismática, era alimentada por comerciantes, sem se deixar apanhar por nenhum deles.

Num dia qualquer  de abril de 2004, começou a se encantar por Alessandra até aceitar o convite para morar com a família, no fundos da loja.

O encantamento só aumentou com o passar dos anos de convivência, e mais que tutora e pet, se tornaram grandes amigas.

Foi esta relação bonita que foi rompida neste 19/02/2016,com a partida da Tuca. Fica o consolo das lembranças que deixou e do enorme afeto que dedicou à família.”

O que tenho a dizer a Alessandra, parafraseando o Artur da Távola, se ela vier aqui neste espaço virtual, onde ela é sempre bem-vinda,  é o seguinte: "Viver é acumular perdas".

19 de fevereiro de 2016

Dúvidas

Tenho muitas. Hoje já no banho matinal me deparei meditabundo. E a razão não poderia ser mais extravagante. Vejam se não tenho razão. Sabem o que me flagrei pensando?

Que idade tinha Deus quando criou o Universo?

Faz algum sentido esta indagação?

Aí, com meus fieis botões, fiquei conjecturando que diferenças haveria no mundo dependendo da idade do Criador.

Logo de cara me ocorreu que Eva não teria sido criada, a partir de uma costela de Adão, se Ele fosse menor impúbere. E por quê? Simplesmente porque, a menos que fosse gay, não teria nenhuma serventia fazer uma boneca.

Sim, Eva nada mais seria do que uma boneca, uma Barbie, articulada, movia-se com as próprias pernas pelo Paraíso e ainda tinha uma capacidade pouco vista ao longo da história do homem: conseguia falar com os animais. Se não com todos, pelo menos com a serpente.

Depois meditarei se a capacidade de se entender com os homens fora um privilégio concedido à cobra, ou todos os animais tinham o dom da fala.

Lembro que muitas das histórias infantis e fábulas que ouvi ainda criança começavam com a frase: "no tempo em que os bichos falavam, deu-se ..."

Mas vejamos Deus já septuagenário, como eu, se Ele faria Adão, de barro. Melhor seria fazê-lo com uma liga especial, antioxidante, de grande resistência à fadiga, para empurra-Lo numa cadeira de rodas quando as pernas já não obedecessem aos estímulos do cérebro. Pode ser que não houvesse cadeira de rodas, pois a roda só foi inventada muito tempo depois (https://pt.wikipedia.org/wiki/Roda), quatro milênios antes de seu filho – Jesus – chegar à Terra, um pequeno planeta que gira em torno de uma estrela que é de 5ª grandeza, segundo aprendi no ginasial, localizada numa Galáxia mixuruca.


Sei que tem a teoria de que Deus é imorrível, mas não morre e também não envelhece? Ele já surgiu do caos crescido, vetusto, com barbas longas, ou era jovem e glabro?


O banho acabou e o dever me chamava. Tomei meu café magro, ralo, com uma fatia de pão de forma (amanhecido) com margarina e deixei Deus de lado, mudando o foco de minhas conjecturas para Lula, Dilma et caterva.

O link é o seguinte: se Deus existe é um brincalhão, e não é brasileiro coisíssima nenhuma, com dizem alguns ingênuos, porque se fosse estas duas criaturas (e seus asseclas) que levaram o país à bancarrota, desorganizaram a economia deixando-a como um  rascunho do mapa do inferno e provocaram uma estagflação cavalar teriam nascido na, digamos, Argentina.

Já não tomo leite, nem como pão francês de 50 gr. fresquinho, com manteiga de Cordeiro, graças ao reajuste da aposentadoria, ao aumento descontrolado dos preços dos alimentos e ... omissis ...

E ainda tenho que aturar Zica, Lula, Chikungunya, Dilma, Dengue, Cunha, o congresso nacional e o STF. É dose para elefante. 

Notas do editor:
1) as imagens são do Google.
2) os botões com os quais o autor conjecturava estavam do lado fora do box do banheiro.
3) outros preços abusivos, absurdos: medicamentos

17 de fevereiro de 2016

Gosto de carros - 1





Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








Gosto de carros desde jovem. Contudo, sou por demais cartesiano, de modo que sempre limitei meu gostar a algo que eu pudesse comprar. Portanto, longe de mim ficar aqui falando de Ferrari, Maseratti, Lamborghini, Porsche, Bugatti e similares. Sim, vez por outra poderei tecer algum comentário sobre um deles, mas será exceção.

Minha ideia inicial é fazer comentários periódicos (não regulares), pró e contra, sobre a indústria automobilística brasileira, de preferência confrontando-a com suas matrizes estrangeiras, pois afinal de contas somos apenas submundo para eles. Mesmo exceções, projetos saídos de pranchetas brasileiras, são alvo de alterações para produção e/ou venda aqui ou no exterior.

Penso em começar com algumas curiosidades que fui anotando mentalmente ao longo de anos de observação. Nunca serão concludentes, dada a evolução constante do setor. Por isso uma determinada marca ou modelo poderá vir a ser alvo de comentário em edições diversas da série “Gosto de carros”.  Conto também com críticas e comentários dos leitores, para dar continuidade a algum tópico em particular.

HYUNDAI

São muito interessantes os carros da Hyundai comercializados no Brasil. Fizeram uma primeira incursão com o modelo Accent, pequeno sedã 4 portas que vendeu bastante no início da abertura do Collor à importação. Haverão de se lembrar deles, pois que uma de suas características era a cor inusitada. Rosa, azul bebê, lilás, roxo, etc. Vieram e foram embora, mas volta e meia dou de cara com um deles ainda rodando por aí, inteiro.

Hyundai Accent 95
Mas a Hyundai gostou do mercado brasileiro e voltou à carga com o SUV Tucson, que vendeu como bolos quentes. Vendeu tanto que a Coreia do Sul, quando chegou a hora de renovar sua linha lá, transferiu suas antigas e rodadas máquinas para o Brasil e passou a fabricar aqui o “Tucson brasileiro”. Na Coreia, começaram a fazer o “ix35”, que seria de fato o novo Tucson mas preferiram não nomeá-lo assim por razões comerciais.

Hyundai Tucson Brasil

E os brasileiros passaram a consumir o modelo descontinuado na Coreia, e assim o fazem até hoje. Nada mudou nele, pois as máquinas coreanas continuam as mesmas. Tá certo, o motor agora é flex e o preço competitivo. Todavia o tempo já o castiga e tenho ouvido críticas à falta de recursos mais modernos, existentes em modelos “da hora”. Admitam que na verdade nada se investiu nele aqui. Enquanto as máquinas funcionarem e o brasileiro o comprar, não há razão para mudanças.

Quanto ao ix35, está na hora de renová-lo na Coreia e... podem aguardar que o modelo antigo será produzido aqui em breve, mais um Hyundai brasileiro com máquinas já cansadas de rodar em seu país de origem!

Sim, vão me dizer que a Hyundai investiu aqui com a produção do HB20 em suas diversas variantes (hatch, sedan, esportivo). Sim, mas é mais um daqueles casos que são extremamente comuns na nossa indústria: modelo “adaptado às condições brasileiras”. Sim, porque sua base é um “ix20”, que seria muito caro de produzir e vender aqui (mas é vendido no resto do mundo). Tira uma coisa ou outra, simplifica uma função, exclui algumas bodosidades eletrônicas e eis que nasce o bem sucedido HB20!

Hyundai ix20, inspiração do nosso HB20
Nosso mercado é tão carente que absorveu muito bem o “ix20 pelado”, jogando as vendas da Hyundai lá pra cima. As demais passaram a abrir o olho e uma das grandes perdedoras foi a Volkswagen, que viu despencar não só as vendas do vetusto Gol como sua fatia na divisão global do mercado. Certamente para isso contribuíram mais 2 fatores além do HB20: o sucesso do Chevrolet Onix e a inteligente sacada da Ford com o novo Ka, que finalmente alavancou as vendas dessa grande montadora.

Para terminar o papo de hoje, permitam-me relembrar fato ocorrido durante o Festival de Inverno de 2010 em Campos do Jordão. Na calçada do Center Suíço a Hyundai montou uma mostra de seus modelos à venda no Brasil (importados): o hatch ix30 e os SUVs Tucson, SantaFe e VeraCruz, pela ordem crescente de preço.

De fato o SantaFe e o VeraCruz eram espetaculares, mas minha atenção estava focada no Tucson, que era o único SUV que eu poderia adquirir dentro de meu padrão financeiro. Quando estava dando voltas em torno do veículo e tirando várias dúvidas com um atendente, uma figura se acercou e me inquiriu “por que estava eu interessado no Tucson se os outros eram muito mais bonitos?”.

Dentro de minha habitual “pobreza” eu respondi “o que adianta achar bonitos se eu não os posso comprar?” e continuei minha pesquisa. Pois bem... A infeliz figura foi direto no VeraCruz e qual foi a primeira pergunta que fez sobre um carro de quase 140 mil pilas (isso em 2010)? Perguntou se ele era “econômico”, “se bebia muito”...

Cá pra nós... Uma pessoa que pode comprar um VeraCruz (que acaba de sair de linha), quiçá um BMW, ou uma Mercedes, pode perguntar tudo, menos se o carro bebe. É o que menos importa no custo total da belezura... Pelo menos é minha opinião, pois se me derem um de presente vou ter bastante dificuldade em meramente manter seu IPVA em dia... 

Até a próxima!

Créditos:
Imagens obtidas no Google / Wikipédia


15 de fevereiro de 2016

OBSERVÂNCIAS

Por
RIVA



Sempre faço meu pequeno e mesmo trajeto de casa até o ponto do ônibus, na Praia de Icaraí, todas as manhãs. E na rua Moreira César, sempre vejo um cara varrendo a calçada do seu prédio, todos os dias.


E aí tive um insight .... repentino .... como eu gostava, numa certa idade, de varrer a calçada da minha casa. E até varrer nossos quintais ... sem minha avó me pedir, pegava a vassoura de piaçava e saía varrendo as áreas, mas com uma metodologia, um processo perfeito de varrição, de forma a terminar o processo com perfeição. E como gostava de terminar e ver o serviço bem feito !

Isso me arremete aos dias de hoje, um Riva movido a processos ... com certeza meu DNA. Mas não é isso que quero passar a vocês. O que desejo passar é na verdade ter observado um processo ou atitude da minha infância, de outra geração, nos dias de hoje, numa Niterói de 2016. Captaram ? Ver um cara fazendo o que eu fazia há 50 anos, da mesma maneira.

Tenho ido ao Rio diariamente pelas Barcas, e como já devo ter contado a vocês, fico esperando o  catamarã chinês com ar condicionado. Não entro de jeito nenhum nos catamarãs “sociais”, lamentáveis, mal cheirosos, com baratas, sem ventilação, sem nada!!

Catamarã social

Catamarã novo - chinês
E nessa espera por um catamarã novo, sentei hoje num banco com um cara que também estava aguardando um transporte mais digno, e conversamos sobre outros tempos – ele também devia ter a minha idade, uns 60 anos. Saudade das barcas antigas, arejadas, confortáveis.

Barcas antigas  -  arejadas e confortáveis
Para resumir a nossa conversa .... nossos pais fizeram uma reengenharia, em 22 de maio de 1959 ... começar do ZERO todo esse merdalhal, desrespeito ao usuário Niterói-Rio. Infelizmente, foi a solução que na época encontraram para um recomeço. Mas recomeçaram, com muita coragem e determinação.

22 de maio de 1959 -  "Revolta das Barcas"
Hoje, não .... a galera aguenta passivamente esse tsunami de desrespeito ao usuário .... reclamam, reclamam, e nada ! ...... apesar de toda a violência que vemos diariamente na mídia, contra inocentes, contra a população, o serviço de transporte urbano é apenas mais um cenário no nosso dia a dia, assistido passivamente. O que importa, parece, é quanto foi o jogo Daquele Time do Mal, qual a escola de samba que foi campeã ...

Somos todos como os siris na lata, com água fervendo, morrendo devagarzinho, sem reclamar.

Uma geração de merda, é o que temos para os brasis à frente !


Notas do editor: Para quem não sabe ou não lembra, o episódio ocorrido em 22 de maio de 1959:

13 de fevereiro de 2016

Reflexões Carnavalescas - parte 2





Por
Carlos Frederico March
(Freddy)






SEGUNDO DIA - A TRANSMISSÃO

Como não começar já com os descaminhos da polêmica transmissão da Globo? Desta feita flagrados e disseminados pelas redes sociais. Recebi pelo Facebook mas mostro abaixo link obtenível (por quanto tempo?) na busca Google do desfile da Vila Isabel:

http://mauriciostycer.blogosfera.uol.com.br/2016/02/08/vai-ficar-estranho-diz-fatima-sobre-decisao-da-globo-de-ignorar-a-vila/

Como já comentei em post anterior, apesar de não gostar de samba em geral, admiro muito os desfiles das escolas por seu caráter artístico extremamente complexo. Assim sendo, pus-me cheio de paciência a esperar o fim do Big Brother Brasil desta noite de 2ª feira, dia 08/02, para que a Globo se dignasse a passar as escolas.

Para surpresa minha e dos apresentadores Luís Roberto e Fátima Bernardes, quis o destino que, quando as câmeras abriram para o estúdio panorâmico, a Vila Isabel ainda estava desfilando! Por norma interna, o “teatro” montado pela Globo teria de iniciar a noite com a segunda escola como se fora a primeira, no caso a Acadêmicos do Salgueiro e os apresentadores não estavam autorizados a dizer nada sobre a primeira escola real, que seria a última da transmissão, num compacto.

Perdidos com a inusitada situação, Luís Roberto e Fátima acabaram comentando em off sobre a gafe e a decisão interna da emissora de passar o compacto da Vila sem as 2 alegorias finais, já flagradas pelo público ao vivo no fundo da imagem - reforçando o “teatro” de que a primeira escola teria sido a Salgueiro e não a Vila . Só que o áudio vazou na Internet e já é de domínio público nas redes sociais.

SEGUNDO DIA - AS ESCOLAS

A Vila Isabel não tem nada a ver com isso e apresentou-se como a primeira escola da noite com um enredo homenageando Miguel Arraes, destacando o incentivo que deu à educação e à cultura popular no estado de Pernambuco.

O belo carro abre-alas, chamado de Miragem do Sertão, deu início ao relato que passou da caatinga às manifestações artísticas e culturais do estado e até o maior bloco carnavalesco do Brasil - o Galo da Madrugada - teve seu lugar garantido no enredo. Escolhi para ilustrar o desfile o abre-alas e uma cena da apresentação de frevo, um clique muito feliz de um dos profissionais que trabalharam para a Globo.

Vila Isabel: carro abre-alas Miragem do Sertão

Vila Isabel: Um instantâneo do frevo

Passamos então à “primeira” escola a ter seu desfile oficialmente transmitido pela Globo nesse segundo dia:  a Acadêmicos do Salgueiro, com o enredo “A ópera do malandro”, uma adaptação livre da obra homônima de Chico Buarque de Hollanda. Um tema bem animado e carnavalesco, diria eu.

Apesar de - repito - entender pouco de samba e de escolas, como mero admirador da arte achei o desfile do Salgueiro muito bonito, bem arrumado, luxuoso e coerente. Estava num nível que, no meu entender e também dos juízes, a categorizava como séria candidata ao título de melhor escola de 2016. Perdeu por 3 décimos, situando-se em 4º lugar na apuração geral.

O porque da perda dos pontos ficou claro logo no abre-alas. Um defeito no gerador do carro manteve-o apagado durante todo o desfile. Foi uma falha capital, apesar de que alguns comentaristas tentaram minimizar dizendo que a iluminação do Sambódromo e as cores claras do carro davam grande ajuda no visual prejudicado. Mas os juízes foram rigorosos e o Salgueiro saiu do páreo pelo título no finalzinho da apuração. Era o último quesito a ter os envelopes abertos, tremenda frustração mas já, de certa forma, esperada.

Os malandros fizeram muito bem a sua parte no enredo consistente e bem apresentado. Para não ser cansativo - afinal em todas as escolas acontece mais ou menos as mesmas coisas - uma novidade chamou a atenção: a bateria! Foi difícil, mas os carnavalescos Renato e Márcia Lage conseguiram convencer aquele monte de marmanjos a vestir uma fantasia cor de rosa e uma máscara que os caracterizava como a famosa Geni (“joga pedra na Geni”, no enredo da ópera original).

Salgueiro: Carro abre-alas com falha na iluminação

Salgueiro: Bateria fantasiada de Geni
A seguir desfilou a São Clemente. Gente, achei-a muito bonitinha! Mais de 1.000 palhaços no salão foi um enredo perfeito para a noite. Apesar de muito bem resolvido e com uma distribuição harmoniosa e coerente, as fantasias estavam mais para o lado simples, sem o brilho das outras escolas. O samba enredo era fácil, sem aquelas firulas incompreensíveis que acomete o de algumas escolas - só que os juízes não gostaram muito...

Estava bem me deliciando com um carnaval de verdade e não uma superprodução holywoodiana quando o destino foi amargo para a escola... Um dos carros alegóricos travou e, até que fosse manualmente (gente empurrando) posto novamente em movimento, um buraco de dezenas de metros se abriu entre ele e a ala que havia acabado de passar.

Isso é fatal para apuração e de fato a São Clemente perdeu pontos no quesito evolução. A elogiar: o sangue frio da turma, ninguém ficou nervoso, continuaram sambando e cantando. Assim que o carro voltou a se locomover normalmente, a escola prosseguiu o desfile como se nada tivesse ocorrido.

Outro acidente acometeu a escola, mas foi visível na transmissão apenas através da câmera aérea: a rainha da bateria, Raphaela Gomes (com 16 anos, a mais nova rainha dentre as escolas), levou um tombo e precisou ser amparada. Não posso dizer se os juízes viram e anotaram o prejuízo, pois a nota evolução engloba tudo que ocorreu na avenida, já prejudicada pelo “buraco” na formação.

Digno de destaque foi a última ala, onde a escola se deu ao prazer de relembrar recentes protestos políticos: a Ala do Panelaço! Bem a propósito da população estar sendo feita de palhaça (afinal, o cerne do enredo), os integrantes se juntaram à bateria principal com suas frigideiras. Foi muito bem colocada a crítica política.

São Clemente: Alegoria do Palhaço, tema central

São Clemente: Ala do Panelaço
A seguir entrou a preferida de minha esposa Mary, a Portela. O enredo era relacionado com o próprio símbolo da escola: “No voo da Águia, uma Viagem sem Fim”. Grande expectativa cercava o desfile por conta de ser o primeiro da Portela com o famoso carnavalesco Paulo Barros, provavelmente o mais criativo e moderno de todas as agremiações.

De cara, aterrissaram na avenida 3 pára-quedistas com parapentes brancos. Era só o começo. A comissão de frente trouxe uma releitura da “Odisséia de Homero” onde um Poseidon flutuava sobre jatos de água usando flyboard. Só o tanque de água pesava 30 toneladas.

Portela: Parapente pousando na avenida antes do desfile


 Portela: Poseidon flutuando sobre flyboard
Logo atrás a águia símbolo da escola era montada por um Moisés (sem escoras!) que abriu com veementes gestos as águas virtuais formada por figurantes e foi até o Monte Sinai, onde a águia pousou, numa coreografia arrepiante. Diga-se de passagem que houve muito debate até a direção da escola permitir que um figurante ficasse sobre a cabeça da águia, novidade absoluta nos desfiles portelenses.

Portela: Moisés montado sobre a Águia símbolo da escola
Teve luta de incas contra os invasores, onde um índio surrava um espanhol e o jogava do alto de uma torre. O dublê caía sobre um colchão oculto da plateia e a cena se repedia n-vezes. Teve barco viking em plena tempestade, inclinando-se até 40º de cada lado, com marinheiros desesperados pendurados em cordas sobre os mastros.

Portela: Barco viking na tempestade

Muito impressionante, como parte das viagens da águia através dos contos, foi o carro com Gulliver, uma cópia quase fiel de 17m de altura do ator Jack Black que interpretou o gigante num recente filme sobre as Viagens de Gulliver (2010). A cena o mostrava deitado sobre o carro e então vagarosamente ele se erguia. Figurantes que estavam sobre seu peito acabavam pendurados por cordas. Era muito alto!

Portela: Gulliver de pé, 17m de altura

Criativo ao extremo, apesar de mostrado apenas uma vez pela Globo durante a transmissão (que não cansarei de bradar aos ventos: terrível), foi o carro em que arqueólogas que pesquisavam a selva eram subitamente engolidas por dinossauros que apareciam sem aviso prévio. Muito bem ensaiada a cena!

Portela: Arqueólogas sendo devoradas por dinossauros
OK, eu não tenho escola pela qual estivesse torcendo a favor, mas com certeza minha favorita de 2016 foi a Portela, porque foi diferente - como era de se esperar tendo Paulo Barros à frente. Com ele não tem aquela mesmice das demais, há sempre algo inusitado para surpreender a plateia, e sempre executado de uma maneira muito bem ensaiada, perfeita. Daí a justificativa para tantas fotos da Portela, enquanto as demais ganharam 2 ou 3 cada.

A Imperatriz Lepoldinense também não me decepcionou. O enredo contava a história de Zezé di Camargo e Luciano e de cara apresentou uma novidade: Lucy Alves, ex-participante do The Voice, tocando acordeão junto com os violões, bandolins e percussão sobre o carro de puxadores de samba. Fiquei impressionado como ninguém nunca pensara nisso ao vivo, pois cria uma “cama” sonora muito bonita. Sim, claro, num enredo sertanejo.

Além da presença de uma acordeonista no carro de som, a bateria também mostrou novidades em suas paradinhas. Durante segundos, o samba dava lugar a uma frase de música sertaneja para então voltar à toda. Bastante interessante o efeito causado, foi elogiado pela crítica (e por mim).

No geral foi um desfile de primeira grandeza, a meu ver. Somava-se aos demais dessa noite tão melhor que a anterior. Teve diversas presenças ilustres, amigos e familiares da dupla homenageada. Igor, Wanessa e Camila Camargo e a ex-mulher de Zezé, Zilu Godoy, desfilaram juntas sobre um dos carros. A atual namorada de Zezé, Graciele Lacerda, desfilou à parte num carro alegórico, dizem que para não criar embaraço familiar. O pessoal de Luciano desfilou em outro carro.

Imperatriz: Lucy Alves e seu acordeão no carro de som

Imperatriz: Igor, Wanessa, Zilu e Camila Camargo

Imperatriz: Graciele Lacerda, atual namorada de Zezé
A essa altura me senti satisfeito com o que vira até então. Como disse antes, não tenho nenhuma preferida entre as que desfilaram, mas tem aquela que eu NÃO gosto, que é a Mangueira. Vai daí, apesar de ainda ter gás para assistir mais um desfile, desliguei a TV e fui dormir.

OK, a Mangueira venceu. Não que eu esteja totalmente frustrado, apenas não me agradou. Fiz questão de rever momentos do desfile para aquilatá-lo e tenho de admitir que estava bonito, coeso, rico e com muita animação - como sempre - dos figurantes.

O enredo versou sobre os 50 anos de carreira de Maria Bethania, de quem eu até gostava quando ouvia MPB no passado. Hoje não ouço mais, apesar de que considero Bethania uma excelente e exigente cantora. Colegas meus contam que ela é um terror na passagem de som de suas apresentações.

As fotos que posto a seguir têm sua razão de ser. A primeira, apresenta o tema do enredo, a própria Maria Bethania.  A segunda, é porque li num comentário anterior que o blog manager elogiou rasgadamente a rainha da bateria da Mangueira, Evelyn Bastos. A terceira, a porta-bandeira Squel, que ouvi dizer em comentários mais abalizados que o meu que será a imagem que ficará na história deste desfile. Quem sou eu para desdizer?

Mangueira: Maria Bethania, 50 anos de carreira

Mangueira: Evelyn Bastos, rainha da bateria

Mangueira: Squel, a porta-bandeira
Algumas más línguas me informaram que, assim como o Salgueiro teve problemas em seu abre-alas, a Mangueira também teve problema de intermitência luminosa num dos seus carros, por falha de gerador. Curiosamente os jurados foram rigorosos com o Salgueiro e tiraram pontos de alegorias e adereços, mas não tiraram nada da Mangueira. Mistérios que habitam a cabeça da comissão julgadora...

Mas tudo bem. A Mangueira mereceu, como teriam merecido o Salgueiro, a Portela ou a Unidos da Tijuca, que foram as que lutaram palmo a palmo até o último quesito. Relembrando minha opinião desde o início destes dois posts sobre minhas reflexões carnavalescas, todas mereciam um prêmio por seu esforço em desenvolver seus temas e enredos, mostrando-os com muita alegria e determinação no Sambódromo.

Umas se saíram melhor que outras, é a realidade das apurações. Nem sempre a que nos parece a melhor ganha ponto dos jurados porque eles se fixam em detalhes, em quesitos, e nós na arquibancada ou na TV estamos vendo apenas a beleza conjunta, quando não torcendo por uma ou outra agremiação.

COMPLEMENTO

Como vimos no post anterior, a Estácio de Sá ficou em último lugar e será a escola rebaixada para a Série A, cuja campeã de 2016 foi a Paraíso do Tuiuti. A escola originária do morro do Tuiuti em São Cristóvão apresentou o enredo A Farra do Boi e será agraciada com a oportunidade de abrir o desfile do Grupo Especial em 2017.

Paraíso do Tuiuti, campeã da Séria A
Escolas mais tradicionais como Império Serrano, Viradouro, Porto da Pedra ou Padre Miguel (a segunda colocada na apuração da Série A) continuam de fora dos holofotes. Como frequentemente acontece, houve pesadas críticas ao resultado, pois integrantes da Império Serrano e Padre Miguel discordaram do critério da comissão julgadora em notas que teriam favorecido a Paraíso do Tuiuti. Argumentam que a campeã desfilou com falhas de iluminação e erros de evolução que não sofreram perda de pontos.

Pior sorte teve a também tradicional Caprichosos de Pilares, que fez um péssimo desfile (talvez decorrente da sua delicada situação financeira) e foi rebaixada, dando lugar à Sossego, campeã da série B versão 2016.

Para 2017 teremos já a partir de março próximo o debate de interesses entre a Globo, que detém a exclusividade de transmissão (por quanto tempo?) e a Liga das Escolas. A Globo pretende impor limites para preservar sua programação normal - considerada prioritária pela empresa - e a Liga tentará preservar sua dignidade. Como admitir que só comecem as transmissões ao vivo após a 3ª escola? Ou a alternativa apresentada pela emissora, que é diminuir a menos de 1 hora cada desfile (hoje com 82min), para que possa começar mais tarde, tipo 23:00, e aí a Globo passaria tudo ao vivo?

Se for viável juridicamente, creio que a saída será a Globo perder a exclusividade, mesmo que a Liga perca dinheiro, estendendo às demais emissoras o direito de transmitir o desfile como quiser. Assim era no passado. A questão financeira individual com cada emissora e demais patrocinadores seria discutida à parte e não acredito que no final a Liga vá perder tanto dinheiro assim, no somatório.

Créditos
Como no post anterior, muitas fotos foram extraídas da resenha fotográfica do site do Globo na internet, no presente caso postadas na 3ª feira (09/02/2016) pela manhã, quando constaram os respectivos créditos individuais. Infelizmente as informações são substituídas a cada dia, de modo que resgatar posteriormente o crédito individual de cada foto fica praticamente impossível.


Desta feita, contudo, várias delas foram extraídas do setor de imagens do Google quando se pesquisa cada escola pelo nome. Em havendo críticas ou solicitações, poderão ser removidas e eventualmente substituídas por outras aderentes aos respectivos temas.