31 de março de 2013

Cinquenta tons






Por
Carlos Frederico March
(Freddy)






AVISO: o texto a seguir pode ser considerado um "spoiler”. No jargão dos críticos de filmes e livros, pode ser traduzido como “estraga-prazeres”, ou seja, vou falar sobre partes de uma série de 3 livros, o que pode não agradar a quem os está lendo ou pretende lê-los.

Assim sendo, se não quiser saber de detalhes sobre a série “Cinquenta tons” de Erika Leonard James, pare por aqui!



Não é minha intenção contar a estória. Eu tinha uma ideia preconcebida altamente negativa sobre a série Cinquenta Tons por conta de trechos lidos aqui e ali e de comentários de outras pessoas, mas sem tê-la lido. Agora o fiz, os 3 volumes de uma vez.

Quero começar opinando que o fato gerador de frisson no mercado literário, que é a descrição explícita das inúmeras relações sexuais de um casal, foi o que menos me impressionou - estou acostumado a relatos mais pesados.

Qualquer filme mais picante mostra hoje cenas bem mais explícitas, muitas delas brutais e chocantes, que a descrição pormenorizada das incontáveis transas entre Anastasia Steele e Christian Grey. Quase todas são relações sexuais convencionais, de repente em lugares diferentes - o que não acrescenta nada. Poucas cenas envolvem variantes interessantes, algumas sádicas. No 3º volume, eu cheguei a pular alguns relatos sexuais para me focar no enredo.

Cinquenta Tons versa sobre um tema simplório: uma estória de amor com sexo explícito e, permitam-me, destinada principalmente ao público feminino. Homens em geral não gostam de ler romances nem de descrição poética de embates sexuais. Exceções há, por exemplo eu. Isto posto, vamos em frente.

Christian Grey (grey=cinza) se tornou um bem sucedido empresário com mania de controle absoluto e, por desdobramento de traumas de infância, com desvios comportamentais na área sexual. Ele só se satisfaz com submissão e tortura de suas fugazes parceiras - todas por consentimento devidamente assinado num contrato - ilegal, mas válido moralmente.

Usar como galã um jovem charmoso, extremamente rico, possuidor de carrões, jato, helicóptero, mansões e etc, é um recurso literário corriqueiro em romances, pois que povoa nossa leitura com sonhos de sedução, poder e glória. Seu desvio de conduta, entranhado em sua personalidade doentia, é o senão a ser resolvido ao longo da trama.

Anastasia Steele, uma moça pobre mas inteligente, ainda virgem e inexperiente, se vê envolvida nessa intensa relação por mero acaso do destino. Seduzida e jogada num conto misto de fadas e de horror, sexualmente excitante e fisicamente doloroso, passa a ter como meta de vida, através de seu sincero amor, a cura emocional de Christian.

Se tudo isso se parece com romances melosos, se o erotismo incluso não chegou a me cativar como novidade, o que então me atraiu na série? Sim, porque confesso que não sosseguei
enquanto não terminei o 3º livro.

A prosa em si foi um ponto. Normalmente sou meio difícil de seguir um livro, preciso de leitura e releitura para fixar detalhes, mas essa narrativa é tão suave e repetitiva que os pontos mais importantes são repassados periodicamente. Consegui chegar ao final sem ter de reler nada!

A estória é toda relatada do ponto de vista da personagem Anastasia, Ana para os íntimos.

E L James criou para tal uma tríade encantadora. Ana se refere continuamente a uma Deusa Interior e ao seu próprio Inconsciente. Seguindo o ritmo da trama, esses dois alteregos comentam o cotidiano de Ana de uma maneira deliciosa e surpreendente.

Gostei, em termos de ritmo e evolução, da maneira com que E L James trata psicologicamente o drama íntimo de Christian e de como Anastasia vai vencendo item a item suas resistências.

Se há um senão, acho que Cinquenta Tons peca um pouco talvez pela rapidez com que as eventuais crises são resolvidas. Água com açúcar, com pitadas de pimenta malagueta (rs rs).

Acho que E L James exagerou na quantidade de pimenta, quero dizer, de cenas de sexo. Já que o fez, poderia ter se aprofundado mais nas variantes sádicas, mas talvez tenha receado chocar mais do que já fez ao apresentar ao mundo um romance erótico, que alguns classificarão de pornográfico. Tendo optado por se conter, eu reduziria a quantidade de cenas, para não se tornar maçante.

Um recurso de narrativa que achei interessante, apesar de aumentar sobremaneira o número de páginas da trilogia, é apresentar inúmeras conversas via e-mail. Temos de nos manter atentos a todos os campos, desde remetente, horários e fuso, assunto e até assinatura, pois que são usados para exprimir emoções e criar tensão.

Outro recurso editorial que eu, pessoalmente, não conhecia é apresentar integralmente o 1º capítulo do volume seguinte após o término de cada livro.Você o lê e... se está gostando da estória, não vai querer perder a continuação por nada! Obviamente não ao final do 3º livro, que no entanto apresenta também duas novidades após o desfecho.

Primeiro, volta no tempo e relata um momento da vida de Christian Grey menino, que é parte fundamental da estória mas que não cabe no fluir da trama. É uma espécie de flash back, mas de uma cena não incluída na estória. Um complemento, lembra-me dos extras em DVDs.

Depois há a releitura de um dos capítulos iniciais. Como informei, toda a estória é escrita do ponto de vista de Anastasia Steele, contudo esse flash back nos dá uma nova versão do momento em que o destino põe os dois personagens principais frente a frente pela primeira vez. A mesma cena é recontada através do prisma de Christian Grey, o então arrogante, sádico e dominador empresário.

Em resumo, contrariando o preconceito inicial, gostei dos Cinquenta Tons, sejam de Cinza, mais Escuros ou de Liberdade. Fora o fato de ser uma trilogia com final feliz, o que muito me agrada seja em livros ou filmes, eu gosto de heroínas em romances, mais que de heróis. Quem me acompanha em textos e relatos diversos sabe de minha preferência por mulheres em tudo.

Anastasia Steele combina com essa minha faceta.

A série Cinquenta Tons abre um imenso filão literário. Tratado com inteligência, dosando a apresentação de cenas explícitas de sexo com a suavidade que as mulheres apreciam, creio que muitas outras obras se seguirão com sucesso similar.

Sexo é a mola que move o mundo. É por onde as sociedades e religiões tentam nos dominar e cercear, tornando tudo tabu e proibição desde tempos imemoriais. Saúdo portanto E L James por nos dar a chance de respirar um pouco de liberdade e de ter esperança de viver um futuro mais solto e libertino, alegre e sincero.

30 de março de 2013

Água na boca

Ontem tomei chá na casa da Erika e do Ricardo (filho).

Vou matar vocês de inveja e deixa-los com água na boca (salivando).

Olhem a aparência das guloseimas servidas, e contentem-se, já que não poderão prova-las virtualmente.

Bounty-inspired Easter Cupcake


Hot Cross Buns


A boa notícia é que, provocada por mim a aceitar encomendas, ela respondeu: - porque não? Desde que sejam pequenas quantidades e tenha antecedência na encomenda, para poder me planejar, acho que posso atender.

Para quem ainda não sabe, por ofício a Erika é decoradora de interiores e a culinária (em especial doces) é um prazer, tanto que mantém um blog com as receitas dos pães e cupcakes acima, além de outras iguarias.

Se você prefere fazer, ao invés de encomendar a Erika, as receitas estão em

http://teawitherika.wordpress.com/2013/03/30/bounty-inspired-easter-cupcakes/

http://teawitherika.wordpress.com/2013/03/29/hot-cross-buns/


Nota: o chá servido foi um verde francês (Thé Vert) da Casino

Atire a primeira pedra...


Vamos ver se estamos, todos nós, em condições de criticar e condenar quem quer que seja, autoridade pública ou não. Vamos avaliar nossas posturas e comportamentos diante de fatos corriqueiros, que nos colocam em condição superior a dos demais mortais, outorgando-nos a capacidade de julgar.

Quem nunca cometeu um pecadilho, por menor e menos expressivo, como alguns dos que se seguem, pode atirar a primeira pedra.


Françoise Arnoul
Você, adolescente, nunca enganou a idade ou falsificou a caderneta escolar para ter acesso a filmes proibidos à menores de 14 anos e assistir Jeanne Moreau, Brigitte Bardot, Martine Carol, Françoise Arnoul,  e outras atrizes francesas com seu fetiche e atributos físicos admiráveis (bustos à mostra).

Você nunca colou numa prova. Nunca deu cola numa prova? Você nunca faltou a uma prova por estar despreparado e depois fez “segunda chamada” levando atestado médico?



Você nunca matou aula (cabulou, para os capixabas), escondido de seus pais?

Você nunca se sentiu tentado a dar uma “graninha” para o inspetor na hora de fazer vistoria no carro sabendo que tinha pneu careca ou extintor com prazo de validade vencido?

Você nunca cobiçou a mulher de um amigo, mesmo reprimindo seus instintos e respeitando? Apenas pensando, “isto na cama deve ser um furor”?




Você nunca andou pelo acostamento para fugir de engarrafamentos? Nunca avançou um sinal de trânsito, por achar que não havia risco? Nunca acelerou acima da velocidade permitida porque achava que estava no controle do veículo e a velocidade arbitrada era ridícula?




Você nunca comprou nada de vendedor ambulante, embora saia por aí condenando os camelôs?

Você nunca mentiu dizendo que não iria doer, sabendo que deveria doer?

Fichas

Você nunca deixou de depositar no recipiente do ônibus, na hora de descer, as fichas de controle de passagem, para aproveita-las em jogo de botão (esta é para quem tem mais de 65 anos).


Você nunca “jogou fora” algumas bolachas de controle dos chopes tomados com amigos na Gruta de Capri, nos anos 1960?

Você não sonega Imposto de Renda? E, sonegando, como mecanismo de defesa racionaliza: “também eles não empregam o dinheiro devidamente, em escolas, estradas, saúde”.

Você nunca ficou com um livro que pegou emprestado?

Você nunca pirateou um CD ou um DVD?

Pô, você é o famoso santinho? Então pode atirar a primeira pedra.

N. do A: por falta de experiência em falcatruas e malandragens, sem falar de delitos capitulados em lei, limitei-me a poucos exemplos. Quem souber mais pode se manifestar. E,com isso, se entregar (rs).

29 de março de 2013

Páscoa


 Por
Ana  Maria Carrano



Sou de um tempo em que o consumismo não vigorava. Não me lembro de Ovos de Páscoa nem de histórias de Coelhinhos. A Quaresma era levada a sério em nossa família. Jejum e abstinência de carne eram seguidos à risca. Rir, contar piadas ou brincar eram vetados na sexta feira Santa. 

No sábado de Aleluia, em todos os bairros de Niterói, eram montados os bonecos do Judas.

Para tanto, os jovens arrecadavam doações de calças, camisas e casacos que comporiam a imagem do traidor.  Lá pelo meio dia, o boneco devidamente fixado num poste ou árvore era "malhado". Os moradores (homens) batiam com paus  até que este ficasse totalmente destroçado.

Esta agressão violenta a um monte de trapos era a forma de se manifestar a raiva, o ódio pela traição do apóstolo Judas Iscariotes. 

No Domingo de Páscoa, voltávamos a comer carne e as famílias se reuniam para comemorar a ressurreição de Cristo. 

A Páscoa, diferentemente de hoje, era um festa religiosa, uma data de reflexão sobre a vida espiritual.

Essa deturpação dos objetivos das datas religiosas não é sentido apenas na Quaresma. Carnaval virou espetáculo e Natal motivo pra comilança e excessos etílicos.

Ah! Nem vou reler. Estou usando terminologia arcaica e isso pode dar uma falsa impressão que sou idosa.  Não é isso. 

Apenas entrei no clima do blogger.

N do E: imagens do Google.

28 de março de 2013

Palpitando...


Por
Gusmão


Juro que é verdade. Deu no Jornal Nacional e no RJ TV. As vitimas de desabamento no Morro do Bumba, em Niterói, receberiam residências seguras e  mais confortáveis, graças a averbas dos governos estadual e federal, destinadas programas habitacionais.

Pois bem, eu ouvi estarrecido e só acreditei quando vi imagens, que os prédios de apartamentos construídos para os desabrigados, estavam se desmanchando, são inabitáveis.

As imagens, claras, mostravam as paredes ruindo, empenadas e máquinas trabalhando na demolição antes que desmoronassem sozinhos, causando danos maiores.

Agora  pergunto. Quem banca este prejuízo?  A construtora indenizará o estado pelo prejuízo, inclusive pelo retardamento no atendimento a população que lá iria morar?

Os autores dos respectivos projetos de construção e análise de solo serão responsabilizados profissionalmente? Quem aprovou,  integrante de órgão público, continua no seu cargo?

Contado parece mentira, mas é verdade e aconteceu em Niterói, cidade que tinha a fama de ser o local onde  ”urubu voava de costas”. Eramos sacaneados por ter “a melhor vista do Rio de Janeiro”.  Nossa imagem e conceito haviam melhorado, mas as últimas administrações foram um fracasso total.

                                               X _ X

É uma balela, uma ilusão, uma ficção que o Fluminense tem o melhor elenco do Rio e talvez do Brasil. Perdoem-me os tricolores do blog, mas não vejo entre os reservas do Fluminense um só jogador que pudesse ser titular no meu time. Então que elenco podefroso é esse?

Vejamos o caso do Barcelona. Todos os jogadores que estiveram no banco de reserva no jogo contra o Real Madrid, ou contra o Manchester United (copa dos campeões da Europa), seriam titulares no Botafogo. Mais ainda, seriam titulares na maioria dos clubes que disputam o campeonato nacional.

Outro exemplo de elenco, este sim, poderoso,, é o do citado Manchester United. O Alex Fergunson muda a equipe a cada jogo, e mantém sempre o desempenho vitorioso. Isto é elenco.

A seleção nacional, nada contra o Felipão, não tem jogado nada. Deixamos de ser, há muito, os melhores no futebol.

O Dunga foi criticado por não haver convocado Neymar e Ganso em 2010. Ele estava rigorosamente certo. Um sumiu (Ganso) e o outro (Neymar) na seleção tem sido figura pagada. Tiveram um brilhareco no Santos e só.

                                               X _ X

Peço ao dono do blog (também editor) que coloque no post a foto da Rose di Primo, que o Freddy arranjou. Para justificar a publicação da foto abordo aqui, rapidamente,  o desaparecimento das revistas Status e EleEla, onde liamos boas entrevistas (rs). Pronto,  já está justificado “jornalisticamente” publicar a foto da Rose.

Mas e a Magda Cotrofe?  Vocês esqueceram. Não sei não, tenho minhas dúvidas se a Rose tinha uma plástica mais perfeita (sem photoshop) do que  a da Magda.
Votação aberta.


                                               X _ X

Sou botafoguense e gostei muito da contratação do Seedorf. Ainda joga muita bola e agregou valor profissional. Mas neste episódio da expulsão de  campo no jogo contra o Madureira, acho que ele está errado. Ele não está acima do bem e do mal. Ele exagerou na atitude de indisciplina e tem que ser punido. 

                                              X _ X

E os mensaleiros vão ou não para a cadeia? Meu palpite? Não. Os caras estão apelando até para tribunais internacionais.

                                               X _ X

Sem Maracanã e agora sem Engenhão. Triste futebol carioca, triste futebol brasileiro, 18ª no ranking da FIFA.

                                               X _ X

Encerro  por aqui pois tenho que sair para comprar um relógio-de-ponto para controlar a frequência e pontualidade da empregada da Berenice. A partir de agora, pela lei,  serão 42 horas por semana. Até agora ela trabalhava somente 36. De segunda a sábado, das 9 às 15 horas.

Nota do editor: a foto publicada, é encontrável na internet, na busca no Google pelo nome da modelo. Não há informação sobre direitos.

27 de março de 2013

CURLING



Zapeando cheguei a um dos canais Sport TV e flagrei um jogo esquisitíssimo. Parecia boliche, mas não era. Poderia ser bocha, mas não era.



Ao invés de bolas, os contendores arremessam pedras com alça, que deslizam na pista. E, o mais curioso, o jogador que lança a pedra rente a pista, também desliza segurando a  tal alça até um determinado ponto, quando a larga, para que outros dois jogadores da mesma equipe, em movimentos rápidos com instrumentos que parecem esfregões ou rodos, direcionem a pedra, mas sem toca-la.

Só vendo para crer no que conseguem.

Nunca em meus 72 quase 73 anos  (dia 21) de vida, ouvira falar deste jogo e muito menos havia assistido a uma partida.



Vejamos o verbete na Wikipedia:

Curling is a sport in which players slide stones across a sheet of ice towards a target area which is segmented into four rings. It is related tobowls, boule and shuffleboard. Two teams, each of four players, take turns sliding heavy, polished granite stones, also called "rocks", across the ice curling sheet towards the house, a circular target marked on the ice. Each team has eight stones. The purpose is to accumulate the highest score for a game; points are scored for the stones resting closest to the centre of the house at the conclusion of each end, which is completed when both teams have thrown all of their stones. A game may consist of ten or eight ends.

Se você nunca assistiu em tem uns minutinhos disponíveis, selecione e cole no seu navegador o link a seguir http://www.youtube.com/watch?v=KNVdQQYRGaI


Nota do editor: Uma bem bolada farsa.


Ranking das torcidas


Matéria publicada no globo.com, ontem, dia 26 de março, dá conta da posição das torcidas dos clubes brasileiros de maior expressão.

Flamengo e Corinthians , nesta ordem, lideram, sendo que o alvi-negro paulista com um viés de alta maior, o que se explica pelo fato do clube ter, no momento, mais peso político, mais dinheiro (patrocínios, sócios, vendas de uniformes, etc), ter uma Arena em construção (importante para sócios)  e menor rejeição nacional.

Nenhum outro torcedor,  que não seja rubro-negro, torce pelo Flamengo. Nem circunstancialmente. Já o Corinthians, disputando o título mundial, no ano passado, teve a torcida de muitos brasileiros aficionados de outros clubes, prevalecendo  a nacionalidade. Já quanto ao Flamengo, torcedores de outros clubes preferem ver o Boca Junior (argh!) campeão do que o rubro-negro da Gávea.




Nota do blogueiro/editor: a tabela faz parte da reportagem jornalística.

26 de março de 2013

DRONES - parte 2






Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








No texto anterior chegamos a um impasse: o uso militar de mísseis teleguiados que, uma vez lançados, ou atingiriam o alvo ou seriam destruídos em voo deliberadamente, opção razoável no caso de erro na identificação do objetivo no meio da missão.

Apresentamos então os drones! Parentes dos inocentes aeromodelos e das terríveis bombas voadoras e kamikazes, essas maravilhas tecnológicas permitem aos atacantes uma versatilidade sem par. Podem ser teleguiados, carregar bombas ou mísseis de pequeno porte, podem se defender moderadamente como caças, podem focar em alvos e se lançar sobre eles, com a vantagem da precisão de um kamikaze sem a perda de seu piloto, pois é a única coisa que não têm!

Drone em ação, disparando míssil

O uso de drones é, pois, uma novidade na arte da guerra. Abre frentes antes impensáveis de audácia nas contendas internacionais, dado que não envolve a perda de pilotos. Os danos que podem causar não têm limites e - vantagem militar - sua própria perda configura mero prejuízo econômico.

Os drones, a meu ver, recriam o terror dos kamikazes e das V-1/2, combinando características de uns e de outros, para gáudio dos atacantes e desespero dos atacados. Como não precisam de pilotos, podem ser construídos bem pequenos e em formatos os mais exóticos que a imaginação e sua função decidam. Eles podem vasculhar criteriosamente áreas perigosas e estreitas, podendo ser guiados com bastante eficácia durante o rastreamento de seus alvos.

Policial teleguiando um drone de patrulha

Eventuais erros em sua operação, contudo, têm sido observados e a imprensa internacional vem criticando seu uso, por conta de mortes de civis. Na verdade, foi uma notícia dessas que me chamou a atenção, motivando-me a escrever sobre os drones.

Temos de admitir, no entanto, que há um lado positivo para o uso de drones, uso esse não identificado diretamente com guerra entre nações. Por exemplo, podem ser empregados em pesquisa de tornados, aproximando-se audaciosamente dos mesmos sem risco maior que a eventual perda do aparelho. As vantagens científicas de tal ousadia são inegáveis.

Drone para pesquisa em tornados

No segmento privado da aviação, alguns modelos vêm sendo usados para monitoração aérea de fazendas e áreas rurais. No entanto, a proliferação de artefatos controlados a rádio nos céus americanos, principalmente aqueles de grande porte, vêm sendo alvo de restrições governamentais, por motivos óbvios: estrito controle do espaço aéreo, subproduto dos ataques terroristas de 2001.

Drone para monitoração rural

Estendendo ao máximo o conceito de radiocontrole, temos as missões espaciais não tripuladas, efetivadas com reconhecido êxito já faz tempo na exploração da Lua, de Marte, dos planetas gigantes e seus satélites, além de asteróides e cometas. Os artefatos de maior
popularidade atualmente no meio científico astronômico são as sondas Curiosity, que vem atuando em solo marciano, e a Cassini, que está orbitando Titan, a maior lua do planeta Saturno.

Comparativo de sondas enviadas a Marte pela NASA

Não bastasse drones e sondas espaciais, sabemos que a maioria dos aviões comerciais de última geração podem voar sozinhos - e o fazem! Os pilotos só se acomodam na cabine de comando para assumir em situações de exceção. Os computadores já estão programados para fazer tudo sozinhos, começando pela decolagem, voo de cruzeiro e finalmente aterrissagem.

Admitamos: hoje voamos em verdadeiros drones com equipe de back-up embarcada!

Aeromodelo Boeing 747 Jumbo

Crédito de fotos:
Drone em ação (dronewarsuk.wordpress.com)
Policial teleguiando um drone (telegraph.co.uk)
Drone para pesquisa em tornados (uas.noaa.gov)
Drone para monitoração rural (foxnews.com)
Comparativo de sondas enviadas a Marte (NASA)
Aeromodelo Boeing 747 Jumbo (portaldoautomodelo.blogspot.com.br)

25 de março de 2013

DRONES - parte 1








Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








Palavra nova no jargão das guerras. Apelido dos VANT (Veículos Aéreos Não Tripulados) ou no original inglês UAV (Unmanned Aerial Vehicle), os drones são aviões sem piloto controlados remotamente para fins militares.

Drone em voo rádio-controlado
Muitos de nós tivemos contato com aeromodelos, que no passado ainda eram controlados a cabo (U-Control), com seu “pilotos” rodando como doidos no meio da área circular a eles destinados. Mais tarde, com o advento do rádio-controle, as miniaturas passaram a ser mais parecidas com os modelos reais. É um hobby dos mais apreciados no mundo, com modalidades especiais como jatos, helicópteros ou os mais difíceis de todos (pra mim), os planadores.

Reunião de aeromodelistas
Saímos do mundo do lazer e entramos no terreno dos conflitos. Para chegarmos aos drones, devemos regressar um pouco no tempo e rever alguns conceitos bélicos.

Na 2ª Guerra Mundial, os alemães inventaram uma arma para retaliar os inúmeros bombardeios que vinham sofrendo dos aliados em suas principais cidades. Denominadas “Vergeltungswaffe” (arma de vingança), foram usadas por Hitler para bombardear Londres sem a necessidade de perda de pilotos. Conhecidas como “bombas voadoras” pelos Aliados, foram construídas em 2 modelos: V-1 e V-2.

As V-1 se pareciam com um pequeno avião. Usavam um modelo de motor chamado estratojato (extraordinária invenção alemã cuja teoria vem sendo objeto de intenso estudo hoje em dia para motores de altíssima performance) e tinham um pequeno raio de ação (300km). Como atingiam na época apenas 500km/h, podiam eventualmente ser perseguidas e abatidas por experientes pilotos ingleses em seus ágeis Spitfire e Hurricane.

Bomba Voadora alemã V-1

Pouco antes da guerra terminar, Hitler fez uso das V-2. Essencialmente foguetes, foram precursoras dos mísseis teleguiados intercontinentais em uso até hoje, tendo atingido seu auge no noticiário internacional na crise dos mísseis entre Cuba e EUA, que deu início à Guerra Fria entre EUA e URSS, a extinta União Soviética.

Bomba Voadora alemã V-2

No entanto, apesar de velozes (atingiam mais de 5.500km/h) e de seu grande alcance, as V-2 eram mísseis balísticos e não teleguiados. Como as V-1, após lançadas numa pré-determinada direção, nada se poderia fazer para alterar sua rota.

Mudemos nosso foco dentro da 2ª Guerra Mundial, indo agora para o Pacífico. Em 1944 o Japão já se encontrava em situação desesperadora. Diferente dos alemães, que miravam à distância e lançavam suas V-1 e V-2 contra um alvo de dimensões extensas que era a cidade de Londres, os japoneses necessitavam de eficácia: suas poucas bombas disponíveis deveriam atingir o máximo possível de navios inimigos. A saída era guiá-las com homens, que se dispunham a morrer nessa missão. Nasceram os “kamikazes”.

Porta-aviões Essex atingido por um kamikaze

Temos então os dois conceitos criados. Bombas lançadas contra alvos distantes, sendo as alemãs balísticas e as japonesas guiadas. Os alemães poupavam homens mas não tinham precisão quando ao alvo, enquanto que os japoneses perdiam seus homens na tarefa de guiar até o derradeiro instante sua bomba.

Os artefatos alemães era obras de engenharia de ponta. Os japoneses usavam aviões depauperados numa derradeira missão suicida, usando para isso o concurso de militares fanatizados que se dispunham a morrer pelo Imperador na tarefa de afundar, com uma
única aeronave e sua bomba, um navio inimigo.

A 2ª Grande Guerra terminou, o tempo passou. A eletrônica se desenvolveu, a química e a engenharia bélica idem. Aos poucos a precisão dos mísseis intercontinentais aumentou, mas ainda eram balísticos. Depois, com o advento dos primeiros satélites de posicionamento global (GPS), os mísseis puderam ser teleguiados com mais precisão a seus alvos. Durante o voo seus sistemas de direção recebiam ordens toscas de correção de rumo, de modo que podiam ser direcionados a alvos bem determinados, mas ainda havia uma margem de erro.

Pulo então para o momento presente, era dos microprocessadores embarcados. Já na Guerra do Iraque, tivemos notícias de mísseis que foram teleguiados até o último instante, atingindo alvos com precisão de metros. Operados por equipes especializadas, podiam receber correções de rota de modo a atingir um apartamento num prédio milhares de quilômetros à frente.

Mesmo sofisticados, a realidade é que uma vez lançados, esses mísseis continuam a ser bombas a caminho como outrora. Pode acontecer de, no meio da missão, descobrirem que o alvo não é mais alvo, por erro de informação! Ou então os inimigos perceberam o ataque e se evadiram! Perderiam o míssil, explodindo-o no meio do caminho? Ou os deixariam seguir seu rumo e atingir os objetivos iniciais mesmo com expectativa de morte de inocentes?

No próximo post apresentaremos a solução desse dilema: os drones!

Drone sendo preparado para uma missão



Crédito de fotos:
Drone em voo rádio-controlado (csmonitor.com)
Reunião de aeromodelistas (gpavese.blogspot.com.br)
Bomba Voadora alemã V-1 (batalhaodeguerra.blogspot.com.br)
Bomba Voadora alemã V-2 (LuftArchiv.de)
Porta-aviões Essex atingido por um kamikaze (U.S. Navy)
Drone sendo preparado para uma missão (prometheanpost.com)