Como dilapidar patrimônio e levar a economia à bancarrota

Há dez anos, mais ou menos, teve início uma das mais graves crises no setor imobiliário nos USA. Começou como um rio, numa pequena nascente e virou um rio caudaloso algum tempo depois.

Para lembrar podem acessar  

http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/ret/article/viewFile/29367/19131 

ou http://www.passeiweb.com/estudos/sala_de_aula/atualidades/a_crise_imobiliaria_americana 

entre outros sítios encontráveis via Google que tratam com mais ou menos profundidade da bolha financeira que provocou uma freada brusca na economia mundial. Um efeito dominó.

Tudo se resumia ao seguinte, em linhas gerais,  segundo a visão de um advogado brasileiro aposentado que não conhece economia, nem macro e nem micro.

As taxas de juros estavam atraentes. Estava sendo possível aumentar significativamente o dinheiro aplicado. Em curto espaço de tempo.

Isto  despertou em muitos americanos o direito de participar da orgia. Quem não tinha a grana encontrou uma maneira legal, através de uma prática comum lá nos EEUU.

O cara hipoteca seu imóvel, pega a grana e vai especular  no mercado financeiro, especialmente o mercado acionário. Os juros que pagará na hipoteca são civilizados e os ganhos auferidos nas aplicações financeiros serão maiores do que aqueles juros.

Mas este negócio gera uma  falsa impressão. O cara tem a sensação, apenas contábil, virtual, de que está ficando bem de vida. Seus papeis valorizaram ele faz as contas e acha que está mais rico e vai às compras. Muita gente indo às compras faz a economia crescer.

Mas este jogo tem um final, como todo jogo, e como todo jogo nem sempre este final é feliz. A roda para de girar quando uma de suas roldanas (atenção engenheiros, aceito correções) começa a emperrar. Isto pode ocorrer com a desvalorização  daquelas ações, sobretudo das empresas que não têm fábricas, não têm ativo fixo,  estas empresas que lidam com o virtual e entram na moda. Você conhece algumas delas.

Apavorado com a queda do valor das ações e sem  lastro financeiro,  o cara tem que vender urgente suas ações (a valores menores)  porque tem dívidas que contraiu pensando que estava mais rico. Começa o estouro da bolha.

Aí o que acontece? O patrimônio diminuiu, os ganhos financeiros já não permitem pagar as prestações da hipoteca. No desespero, para não perder o imóvel o cara vende pelo melhor preço. Preço este aviltado. E chega a um ponto que por mais baixo que seja o valor de venda não aparecem interessados. Os bancos confiscam os imóveis, mas também não têm muito  fazer com eles senão  fazer dinheiro vendendo-os.

Pronto, eis o cenário visto de longe, para a crise do mercado de imóveis nos Estados Unidos.

Como ninguém sabe porquê estou falando  disto hoje,  explico:

1) A nossa indústria de construção civil está em crise. E por duas razões:

a) As empreiteiras estão desacreditadas, sem grana e consequentemente sem condições de continuar com seus lançamentos que eram vendidos nas plantas, numa euforia louca.

b) A economia, como um todo, está de mal a pior, graças a desastrosa política econômica do governo (dá para confiar em manteiga?) E o manteiga (Guido) não é o único culpado. O PT queria ganhar as eleições e liberou crédito indiscriminadamente, represou reajustes de tarifas (agora abriu as comportas e tivemos aumentos de 40 a 60% no  custo da energia), enfim foi a farra do boi.

2)   A segunda razão para o tema foi o post do dia 6, sábado, sobre o preço pago por uma cobertura em Nova Iorque: mais de cem milhões de dólares, isto mesmo cem milhões de dólares.

Se o cara comprou como investimento quero ver quanto tempo será necessário para ele poder revender com lucro. Se conseguir um dia.

Se comprou para morar, vai ter mau gosto assim lá... em New York.


Divirtam-se assistindo ao bem humorado vídeo abaixo.

Nota do editor: esta foi a maneira encontrada hoje para esculhambar o famigerado governo PTralha. Poderia ter começado com o comentário do taxista que nos trouxe de volta para casa ontem: "crise já passei por muitas, só que esta a gente não vê como sair dela, nem os caras do governo".