Por
Alessandra Tappes
Acho que é esse o significado de mais um ano na vida da
gente.
Mais do que fazer uma retrospectiva do ano que passou, fazer
o balanço anual das contas, lançar os lucros e perdas, devemos (antes de seguir
em frente) olhar atentamente para o que ficou atrás. Fazer uma análise bem
detalhada do que passou.
Olhar todos os poros, todos os pontos, todos os
planos. Reler cartas antigas, ver velhas fotos. Rir da calça boca de sino, ficar
surpresa com as meias soquetes conservada como se fossem peças de museus,
guardadas pra primeira filha que nascesse...
Escutar o primeiro Vinil de Led
Zeppelin com algumas faixas arranhadas. Sentir o gosto de café passado pela
mãe... Saudosismo sempre presente em qualquer momento passado nosso.
Sinto na pele que pior que contratar uma boa secretária do
lar, é fazer a faxina pessoal e descartar numa boa da velha coleção de
chaveiros conquistada com muito esmero.
Como fazer? E, a pior pergunta: porque fazer? Será que vai dar mais espaço no roupeiro? Ou descartar vai fazer com que o dia termine bem? Não tenho dúvidas alguma que desapegar no primeiro instante dói sim e muito. Mas dizem por aí que é necessário.
Como fazer? E, a pior pergunta: porque fazer? Será que vai dar mais espaço no roupeiro? Ou descartar vai fazer com que o dia termine bem? Não tenho dúvidas alguma que desapegar no primeiro instante dói sim e muito. Mas dizem por aí que é necessário.
Precisamos de alguns passos para exercitar o desapego. O
primeiro passo é CORAGEM. Ter coragem para encarar todas as sombras do passado,
abrir um livro e sentir a brisa do mar sem se emocionar, os sons do passado
ecoando em todos os cantos da casa, não é nada mole não! Imagina se deparar com
a carteirinha de vacinação do filho que já lhe deu netos nos dias de hoje, é
emoção ao cubo... Nitroglicerina pura caindo em forma de lágrimas pela face.
“Coragem, às vezes é desapego. É parar de se esticar em vão,
para trazer a linha de volta. É aceitar doer inteiro até florir de novo.”
Já ouviram isso antes, tenho certeza que sim. E Caio Fernando Abreu não estava
errado quando conseguiu descrever realmente o que é o desapego. Essa luta
interior constante de se livrar do que passou, do que magoou e também do que um
dia foi bom, mas hoje não serve mais, exige muita coragem mesmo.
O segundo passo é a EMOÇÃO. Não existe possibilidade alguma
de desapegar sem se emocionar. A emoção talvez seja a ponte que liga o coração
e a razão. Vamos do choro ao grito aqui. Para se livrar vale tudo, até xingar
em japonês!
Crie seu próprio closet, abra suas portas, liberte suas asas
sem se preocupar com o que vão pensar, é o terceiro e não menos importante
passo: AMOR PRÓPRIO.
Arriscar mesmo sabe como é? Simplesmente faça a sua
vontade prevalecer e que se dane o resto. Parece grosseiro, mas não é! A
educação nos diz até como sentar na beira do sofá na casa vizinha, mas porque
simplesmente não ficar na porta? Porque não podemos fazer um café instantâneo ao invés de passar
um café fresco e desperdiçar tempo, pó, água, gás? Claro que tudo isso com um
belo sorriso no rosto (ou não...)
Que 2015 seja tão importante como foi 1985. Que seja tão
surpreendente como foi no ano do ingresso na faculdade. Não melhor que a
alegria do ano em que a família se oficializou, o filho nasceu, o cometa Halley
cruzou nossos céus. Olhar para o que ficou também é a forma de se desejar que
muitas felicidades se repitam. Que sintamos o gosto da gelatina colorida da
tia, a lentilha da mãe e a energia da casa cheia de parentes.
Feliz desapego!
Feliz passado sempre presente!!
Feliz futuro tão próximo!!!