Por
RIVA
Acabei de “devorar” mais um excelente livro sobre
investigações de desastres aéreos. Dessa vez sobre o fatídico Japan Airlines
(JAL) 123, a maior tragédia até hoje na aviação civil, em termos do número de
pessoas mortas de uma única aeronave.
Em 12 de agosto de 1985, o vôo 123 da JAL partiu às 18:12h do
aeroporto de Haneda em Tóquio para uma rápida viagem para Osaka, com 524
pessoas a bordo – 509 passageiros e 15 membros da tripulação. Ainda era dia –
claro.
A aeronave, um grande Boeing JUMBO 747, teve problemas
estruturais com apenas 12 minutos de vôo, vindo a se chocar com as montanhas a
100 km de Tóquio, 32 minutos depois.
Fiquei estimulado a escrever sobre esse acidente por alguns
aspectos impressionantes dessa tragédia, além da enorme quantidade de pessoas
mortas. Vamos então a essas informações.
Todos esses jatos têm uma espécie de parede (bulkhead) na
parte traseira da aeronave, que é o limite da cabine pressurizada onde estão os
passageiros. Após essa parede não há pressurização (vejam no gráfico).
Esse avião, 7 anos antes (em 2 de junho de 1978), tinha
sofrido um impacto na sua cauda, durante uma má aterrissagem em Osaka,
danificando a estrutura da sua cauda, inclusive essa parede diafragma chamada
“bulkhead”. Os reparos foram feitos no Japão, com supervisão da engenharia da
BOEING, fabricante do avião.
Não vou entrar nos detalhes do reparo, mas todas as
investigações demonstraram que o reparo foi mal feito, em desacordo com as
orientações da engenharia da Boeing, apesar da supervisão da própria fábrica
nessa manutenção corretiva. Essa não conformidade no procedimento de reparo
enfraqueceu o local em 70%, ou seja, demorou até demais para fraturar.
A consequência foi a ruptura total dessa parede interna na
traseira do avião, provocando uma explosão devido à imensa diferença de pressão
entre as partes, explosão essa tão forte que simplesmente arrancou parte da
cauda da aeronave – vejam a foto do avião flagrado ainda em vôo por um amador.
O Jumbo voando
sem o leme vertical.
O livro conta em detalhes o drama dos 32 minutos tripulação,
após ouvirem um “bang”, e sem entender o que estava acontecendo. O piloto,
co-piloto e engenheiro também não conseguiam mais controlar o avião, que teve
todos os comandos hidráulicos rompidos. Ainda tentaram manobras dando mais ou
menos propulsão nas turbinas, ora da asa esquerda, ora da direita; mas era
totalmente impossível manobrar o avião.
No livro tem também a transcrição de todos os diálogos gravados
da tripulação durante esse dramático período, até o impacto final nas
montanhas.
Acreditem ... 4 pessoas sobreviveram milagrosamente : Yumi
Yochiai (mulher, 25 anos), Hiroko Yoshizaki (mulher, 34 anos) e sua filha de 8
anos, Mikiko Yoshizaki ; e Keiko Kawakami, uma menina de 12 anos, encontrada
nos galhos de uma árvore. 520 morreram no local, quase todos instantâneamente.
RESGATE
Aqui outro fato surpreendente, e lamentável. A Força Aérea
americana, alocada na base de Yokota, conseguiu chegar ao local do impacto
apenas 20 minutos depois do acidente, mas foi impedida de atuar pelas
autoridades japonesas, que ordenaram que saíssem do local e retornassem
imediatamente para a Yokota Air Base. Ainda era dia claro.
Anoiteceu, e as equipes japonesas só conseguiram chegar no
exato local na manhã do dia seguinte. E segundo relato dos sobreviventes, havia
passageiros vivos, que faleceram durante a noite.
OUTROS FATOS IMPRESSIONANTES
1.
O
presidente da JAL renunciou logo após o acidente.
2.
Nos
meses seguintes ao acidente, houve uma queda de 25% nas vendas de passagens
aéreas da JAL. E consequentemente aumento de vendas para a Nippon Airways,
concorrente.
3.
O
gerente de manutenção da JAL de Haneda suicidou-se, bem como o engenheiro
americano da Boeing que supervisionou os reparos da aeronave 7 anos antes.
No aeroporto de Tóquio, em um dos seus prédios, existe o Japan
Airlines Safety Promotion Center, com um museu em homenagem a tudo que envolve
essa tragédia – partes do avião, inclusive um detalhe impressionante : os
passageiros sabiam do seu destino final, e tiveram tempo de escrever bilhetes
de despedida para seus amados. Alguns desses bilhetes estão expostos nesse
museu.
O Japão também criou uma infraestrutura de acesso ao local do
impacto, para visitantes (foto abaixo).
A parede
diafragma, reconstruída, no Museu
Estou tentando contato com as sobreviventes, e se conseguir,
farei mais um post sobre essa impressionante tragédia, e sobre a ótica dessas
sobreviventes em relação a tudo isso que aconteceu em suas vidas.
Outro acidente aéreo:
ResponderExcluirhttp://www.dailymail.co.uk/news/article-2891137/AirAsia-plane-carrying-153-people-overshoots-runway-Philippines-forcing-passengers-evacuate-emergency-slides.html
Localizados destroços:
ResponderExcluirhttp://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/12/indonesia-confirma-localizacao-dos-destrocos-de-voo-da-airasia.html
Olá Jorge, qual livro você leu sobre esse acidente? Tenho interesse e saber mais.
ResponderExcluir
ResponderExcluirRodrigo,
Estou repassando sua pergunta para o confrade Riva, autor do texto, também ele pessoa interessada neste assunto.
Vamos aguardar a resposta dele.
Grato pela visita virtual.
Prezado Rodrigo, boa noite.
ResponderExcluirDesculpe a demora no retorno. O livro é de uma coleção espetacular que vende nos EUA, veja esse link da AMAZON pra pedir :
https://www.amazon.com.br/Air-Crash-Investigations-Deadliest-Aircraft/dp/1257835084
(copiar e colar na sua barra de navegação)
À disposição. Sds !