6 de fevereiro de 2013

Revisitando Cachoeiro


Eu sei... eu sei... escrevi que certamente seriam poucas as pessoas interessadas em minhas histórias vividas em Cachoeiro de Itapemirim, o que induziria a que dava por encerrado o assunto, mas prefiro ser uma metamorfose ambulante, na linha do Raul Seixas, do que deixar de registrar, ainda sobre a matéria da revista “O Globo”, que comentei no post anterior, algumas histórias ocorridas na cidade e que hoje são apenas boas lembranças.

Meu sogro faleceu sem saber que o genro que tanto admirava, estava no bloco de “vagabundos” que vinham para a cidade dele transgredir as normas e prejudicar a paz reinante.

Matriz da Consolação
Explico. Antes de começar a namorar e noivar, por quatro anos, até o casamento, em 1964, na igreja da Consolação, todas as minhas viagens à cidade foram realizadas em grupos. E foram três, com diferentes turmas.

Eram intercâmbios estudantis, mas com interesse político oculto. Por trás de tudo, estava  a ambição e projeto político de Roberto Silveira, governador do Estado do Rio, morto em acidente de helicóptero quando sobrevoava a região serrana que sofrera com enchentes e desmoronamentos de barrancos. Viram como é antiga este questão das chuvas torrenciais e as inundações e quedas de barreiras na serra?

Voltando as viagens coletivas, sabem como é, rapazes solteiros, na faixa entre 17 e 20 anos, na farra, aprontam mesmo e fazem coisas que certamente sozinhos não fariam. Dizem que a psicologia individual é diferente da psicologia de grupo.

E fazíamos barulho na cidade, cantando e simulando brigas entre nós para despertar a atenção. Riamos muito quando eramos  apartados com o conselho “não briguem, parem com isso”.

Numa dessas estávamos atravessando a ponte onde estava localizada, na cabeceira, a casa onde Wanda morava (ainda não namorávamos) e o pai viu a “bagunça”.  Comentário com a família segundo narrado por minha mulher depois que começamos a namorar – “estes moleques vêm para cidade dos outros fazer o que não fazem onde moram”. Tinha razão!

Divaguei tanto que perdi o rumo da prosa. Queria falar dos Sampaio, que segundo a matéria que mencionei lá no alto, sobre a cidade de Cachoeiro, ainda moram por lá. A matéria cita o Raul Sampaio, autor da letra da canção “Meu pequeno Cachoeiro”, que é o hino oficial da cidade, por lei sancionada há cinquenta anos.

Muita agente atribui a autoria ao Roberto Carlos que a gravou e fez sucesso, mas na verdade é de autoria do Raul, que vem a ser primo do Sergio, outro Sampaio compositor (e cantor), autor de “Eu quero é botar meu bloco na rua”, entre outros sucessos.

Wanda perdeu o Sampaio que trazia agregado desde a certidão de nascimento até a de casamento, quando trocou o Sampaio por Carrano.

Raul, Sergio e Wanda eram e são primos entre sí, mesmo não sendo algarismos.

Voltando às excursões em grupos àquela cidade, numa Olimpíada Estudantil protagonizei uma ridícula situação numa partida de futebol, contra a cidade de Mimoso do Sul, jogando de toca, que está narrada no livro “Lembranças do meu Liceu”, de Carlos Augusto Lopes Filho.

E acreditem que nem estou corado de vergonha, mesmo diante de uma bizarrice desta. Depois de algum tempo as histórias, mesmo ridículas e bizarras, viram folclore.

Perdemos este jogo e fomos eliminados vergonhosamente.

Para valorizar o post, publico fotos (fonte: Google) de duas formações rochosas, que embora não fiquem no perímetro urbano do município, são símbolos a ele associados.

Pico Itabira








O frade e a freira

       


Nota do Autor: quero dar boas vindas a Civan e Rafael Lima, os mais novos seguidores do blog. 



20 comentários:

  1. Conheço quase nada do Espírito Santo (o estado). Visitei Vitória a trabalho, não tive ânimo de passear à noite apesar de estar em Camburi.
    Conheci Bom Jesus de Norte, que é roça de corpo e alma.
    Gostaria que me testemunhassem algo de Domingos Martins, que mostra belas fotos mas fotos não dizem tudo. Pode ser um "ovo", ou seja, aquilo e nada mais...
    Abraços
    Freddy

    ResponderExcluir
  2. Nem New York merece dois posts seguidos, imagine Cachoeiro de Itapemirim.
    :D Fernandez

    ResponderExcluir
  3. O Fernandez é um brincalhão. Também levei algum tempo para me acostumar ao estilo provocador dele.

    ResponderExcluir
  4. O comentario do "Anonimo" poderia ser respondido assim: "O blog e' meu e eu publico o que eu quizer, nao gostou nem precisa pedir para sair", Abracos, Rick.

    ResponderExcluir
  5. Caro primo Rick,
    Assim você acaba nomeado "Chefe de Segurança" do blog (risos).
    Mas os que acompanham o blog são testemunhas que geralmente deixo de usar o poder de veto, e publico os comentários mesmo quando irônicos e mordazes.
    Acho que nestes três anos apenas dois comentários foram deletados, porque extravasaram os limites do bom senso e do pudor.
    Abraço forte.

    ResponderExcluir
  6. Ainda acho que um dos anônimos é gente conhecida... O estilo é muito parecido...
    <:o)
    Freddy

    ResponderExcluir
  7. O espírito do blog, Generalidades Especializadas, dá oportunidade a todos de se espalharem. Por isso é tão gostoso. A cada dia uma surpresa. Que continue assim. Mesmo que vez por outra o assunto não nos faça coçar os dedos para comentar, o simples fato de existir é louvável.
    Loas ao nosso amigo Carrano, que dedica parte de seu tempo a nos aturar, seja produzindo textos para nosso deleite, seja editando as bobagens com que procuramos contribuir, seja apenas comentando e apartando contendores.
    Abraços a todos
    Freddy

    ResponderExcluir
  8. Bem, Freddy, se me não falha a atribulada memória, o Fernandez admitiu, há tempos, que comentou simplesmente como "Anônimo", sem identificação no corpo do comentário, como faz habitualmente.
    Enfim, o anonimato faz parte do jogo. Temos dois anônimos que se distinguem e se identificam, e por coincidência ambos estão afastados há bastante tempo: a "Incógnita" e o "Anonimous"
    De qualquer forma, respeito as opções porque imagino que as pessoas têm seus motivos para não
    revelar identidade. Quem sabe são procurados pela INTERPOL? (risos, por favor)

    ResponderExcluir
  9. Primo, eu me desculpo c/vc e Sr ou Srs "Anonimos" pois deveria ter incluido algo ironico ou irrevente no comentario a que me referi ao "Anonimo" porque eu queria ser sido polemico e sarcastico mas o comentario ficou um tanto autoritario, foi mau, Obrigado, Rick.

    ResponderExcluir
  10. Fica tranquilo, Rick, pois não houve golpe abaixo da linha da cintura. E o Anônimo nem acusou o golpe (risos).
    Abraço

    ResponderExcluir
  11. Como fui citado aí, esclareço que já palpitei apenas como anônimo, mas agora só apareço assinando.
    E pararam de me sacanear, ainda bem, com o Sr Z.
    :D Fernandez

    ResponderExcluir
  12. Nossa!!!
    Vocês eram traquinas, hein?! (rs)
    Essas lembranças de uma época de menores responsabilidades são muito boas.
    Abraço

    ResponderExcluir
  13. Não tenho conhecimento sobre Cachoeiro a ponto de contribuir no debate.

    Portanto, vou me ater ao comentário de um dos anônimos, o Sr. Z.
    Decerto Fernandez não gosta do apelido, mas tem de admitir que fez por onde ser assim tratado na ocasião.

    Eu, para dar um exemplo, sofri o que hoje se denomina bullying desde que nasci por diversos motivos. A cada ano que passou, na escola ou nas novas turmas a que fui apresentado, recebi um apelido, nem sempre bonito. Tivesse eu me incomodado mais que o básico, teria me matado (e não é força de expressão).

    Só para dar base, em 1966 passava uma crise familiar de ordem financeira e emocional seríssima, se sorte que vivia imerso numa angústia sem tamanho (era um adolescente de 15 anos). Meu professor de Química olhou pra mim e me chamou de "Limão", pois eu me apresentava sempre com uma cara azeda, amarga. Ele desconhecia a razão. E "Limão" eu fui durante 1 ano inteiro no Liceu. Aprendi a aguentar estoicamente.

    Portanto, Fernandez a.k.a. Sr. Z, não se apoquente com a brincadeira, a menos que, sem que eu o saiba, tenha razões profundas para odiar o apelido, pelo que lhe então lhe pediria sinceras desculpas.

    Abraços
    Freddy

    ResponderExcluir
  14. Freddy,
    O Zorro não era o vingador? E o que ele grafava com a ponta de sua espada, feita em Toledo? A letra "Z"!
    Calma! É só um chiste.
    E aí, Fernandez, existem raízes mais profundas?

    ResponderExcluir
  15. Estou impressionado com o valor que vcs estão dando a apelidos e bullying na década de 50-60.
    Aquilo era hiper tranquilo. No máximo saía uma briguinha, um "to de mal" rsrsrs.
    Hoje sim, a coisa é séria demais, com gangs armadas, ameaças pela internet, hoje a exposição é tão grande que esse tipo de comportamento atinge um jovem ou uma criança de uma forma arrasadora.
    Mas na nossa infância e juventude, no máximo um dente quebrado. E esse professor de Química, hoje, estaria recebendo uma notificação do meu amigo Carrano, por assédio moral, e ia perder uma graninha.

    Quanto a 1966, 2 fatos marcantes, aos 14 anos :
    - meu professor particular de matemática me chamou de "bicho". Fiquei muito p..... com ele rsrsrsrs
    - quebraram no meio meus 2 violões (aliás, um não era meu) !

    Apelidos tive vários, pois fui dentuço durante alguns anos ... por aí vcs imaginam. Sem traumas !

    ResponderExcluir
  16. Raiz profunda é um perigo, concordam?
    Deve doer adoidado (rs).
    Já sublimei isto do Fernandez com zê, desde quando me chamavam de galego, por causa da origem de meus pais. Pai espanhol e mãe portuguesa, ambos da Galícia.
    Bom carnaval.
    :D Fernandez

    ResponderExcluir
  17. Por pouco ficou retido na censura, Fernandez. Mas como é carnaval, estou mais liberal a aceitei o duplo sentido da raiz.
    Tudo em paz, entre os debatedores. UFA!!!

    ResponderExcluir
  18. Riva menospreza o bullying, que ainda hoje é praticado até entre adultos, em empresas ou grupos sociais, com o objetivo de exclusão ou silenciamento de pessoas de quem não se goste ou que se queira ver alijado de uma comunidade, por ser uma ameaça a pretensos líderes.

    O bullying pode levar a assassinato ou suicídio. Suicídio pode ser lento: fumo, álcool, drogas pesadas. O sujeito alvo da discriminação contínua percebe que "não pertence mais ao grupo" e, achando-se incapaz de ser aceito em sua pequena comunidade social, inconscientemente se entrega à morte lenta (isso quando não comete um ato tresloucado).

    A coisa é séria e não gostaria que fosse tratada como chacota, que não deixa de ser bullying, privando uma pessoa de conversar, de externar seu ponto de vista, isolando-o mais ainda dentro de sua angústia.

    Bom carnaval, mais uma vez.
    Freddy

    ResponderExcluir
  19. Será que ainda existe a fábrica de laticínios que fazia um requeijão especial muito gostoso?
    Helga

    ResponderExcluir
  20. Procure no Google pela Cooperativa de Laticínios Selita. Ainda existe sim.
    Há muitos anos,no meu tempo de namoro lá da cidade, eu gostava de comprar o requeijão quente, derretido.
    Ainda é muito bom e por vezes é encontrável no comércio de Niterói.
    Achamos numa mercearia/supermercado na Gavião Peixoto.

    ResponderExcluir