28 de julho de 2012

Show







Desde ontem Londres tem uma atração a mais, temporária, por pouco mais de duas semanas (27 de julho até 12 de agosto): as Olimpíadas.

Maratona de competições com a participação de 204 países, disputando 39 modalidades esportivas, reunindo 10.400 atletas, em números redondos. 

Nem todos disputam todas as modalidades, obviamente, porque existem índices pré-estabelecidos que devem ser alcançados para inscrição, e  em outras existe número fechado de participantes, como nos esportes coletivos de um modo geral, cujas vagas são decididas em eliminatórias.

A delegação dos USA, com pouco mais de 600 atletas é maior do que a do país sede. Querem retomar a liderança no quadro geral de medalhas. Principalmente as douradas. A propósito foi interessante a mensagem de despedida ada Michelle Obama. Teria dito para os atletas: divirtam-se... e vençam!

Terminada a competição, Londres volta (espero) a sua rotina de tradições, pubs, London Eye, Abadia de Westminster, Museus, Big Ben, etc.

Falar em tradição – e Big Ben -  eles levam tão a sério esta coisa que para poder abrir uma exceção e o famoso relógio soar  (badalar) por três minutos, foi necessária a oitiva e aprovação do Parlamento. Desde os funerais de George VI, em 1952, tal não acontecia.

A solenidade de abertura foi um show, cansativo, mas belíssimo.

A história da formação do Reino Unido em encenação, sem diálogos, apenas ao som de músicas.

Por falar em música, que profusão de ritmos e estilos. E as bandas? Chega a ser covardia, pois a Grã Bretanha é berço das maiores de quantas já aparecerem.

Tivemos Shakespeare, Mr. Bean, James Bond e McCartney, drama, cinema, humor, musica erudita, popular (até hip hop), rock e muita utilização de efeitos especiais e recursos tecnológicos que garantiram resultado magnífico. Talvez melhor para os mais de 1 bilhão de telespectadores no mundo todo, do que para os cerca de 80.000 presentes ao estádio.

E o encerramento em alto estilo, com Paul McCartney botando o público presente e mais as delegações para cantar. E regeu o grande e inusitado coral como um maestro. Para a idade mostrou que conservou os cabelos e a vitalidade para cantar e se esgoelar em agudos bem altos.

Coisas que chamaram minha atenção, independentemente da ordem de importância:

- A serenidade da rainha. Impassível e "majestosa". E que energia, afinal foram 3 horas e pouco de solenidade. E ela impávida.

- Chefes de Estado e de Governo, Monarcas, Membros  de algumas casas monárquicas , representantes diplomáticos, autoridades públicas e primeira dama americana, tiveram seus cinco segundos de visibilidade aplaudindo o deswfile de suas delegações.

- Nos desfiles algumas delegações com mais dirigentes do que atletas, todos com seus poucos segundos de fama nas imagens da transmissão pela TV.

- Sharapova (cadê meu anti-hipertensivo?) levando a bandeira da Rússia.

- Muitas mulheres bonitas, em delegações tão improváveis quanto as do Azerbaijão e da Jordânia, para citar apenas duas.

- Mas também muito tribufu, barangas de várias cores de pele e vestimentas estranhas. E banguelas.

- A Siria, praticamente em guerra civil estava lá representada e com atletas inscritos nas competições. Assim como o Haiti, falido e em situação de penúria. E também como os Palestinos que ainda brigam por um território para nele fixar a pátria.

- Aula de história e, principalmente, geografia para ninguém botar defeito. Quando estudante primário e ginasiano, nas aulas de geografia tive algumas obrigações implacáveis, como aprender os afluentes do Amazonas, nas duas margens e que o Pico da Bandeira era o mais alto em nosso território (depois mudaram). Isto na geografia nacional porque na parte geral, o negócio era aprender as capitais dos grandes países europeus, asiáticos e americanos do norte e do sul. Dos africanos nem tanto, apenas Angola e Moçambique. Hoje a tarefa de decorar os países existentes já se revela inatingível, imagine as capitais. Dou trinta minutos ao caro leitor para lembrar o nome dos 204 países que se apresentaram no desfile de abertura.

- O desfile, mais do que de atletas, possibilitou a apreciação de raças e etnias as mais diversas, de países de língua e religião as mais variadas. E bandeiras nacionais muito coloridas. E o colorido das vestimentas dos africanos é bonito de ver.

- Chamou a atenção a alegria com que as pessoas desfilam, seus sorrisos francos, suas danças e acenos de bandeirolas com justo orgulho nacional. 



- A confraternização espontânea de praticamente todas as nacionalidades do planeta, sem ódios e rancores, sem preconceitos ou intolerâncias, cantando juntos “Hey jude”.




Olha gente, cheguei, por breves instantes, a achar que o ser humano é viável e, ao contrário do que afirmou o genial Millôr, deu certo.



5 comentários:

  1. Bonita festa, Carrano, eu também a assisti inteira. Sem querer comparar com Moscou e Beijing, claro... Bem inglesa, com conteúdo mas bastante fleuma. Galvão Bueno não cansou de interromper a transmissão para desfilar seus “conhecimentos”, além de dar muita ênfase à futura 2016 “no Brasil”, ocultando que é no Rio, apenas.

    Gostei demais das músicas, já esperava por isso. Que estiver em Londres sentirá isso de perto e ao vivo em todos os lugares da cidade. Pra quem gosta de rock, um sonho. Não entendi a razão da falha técnica no início de Hey Jude, acho que misturaram delays de sincronismo nos canais de transmissão.

    Esperava mais Adele, cortaram pra botar Bee Gees. OK, tudo é festa. Terminar com Pink Floyd (Eclipse - The Dark Side of the Moon) emendando com a rápida The End (Beatles, Abbey Road) e então a apoteótica Hey Jude (até hoje estranho Sir Paul encarnando com tranquilidade os Beatles tendo uma extensa carreira solo) foi uma bela escolha.

    Gostei da dramatização inicial e da pira, que evidentemente terá de ser deslocada, não sei como... Houve momentos de emoção, destaco dentre vários a moça surda tocando percussão e o pequeno coral de crianças também deficientes auditivas. Cassius Clay apareceu para provar que sucesso e fama podem se desdobrar rapidamente num tenebroso drama...

    Concordo que hoje em dia todos os espetáculos são melhores para quem os vê em transmissão editada que para quem está lá ao vivo - com exceção do “clima”. Virei fã de DVDs, em detrimento de ir aos eventos. Não bastasse o desconforto (ir, ver, voltar) e as mazelas da idade...

    E vamos às medalhas! China ou EUA?
    Abraços
    Freddy

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  2. Viram o local da competição de remo que começou ainda há pouco? Que beleza de raia e de cenário.
    Abraços

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  3. Já conquistamos uma medalha. No minimo de prata. No judô feminino. E a piauiense tem chance de ouro na final.

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  4. Benfeito! Assistir com Galvão Bueno é dose para mamute.
    Tinha Dudu Monsanto e João Palomino nos canais ESPN e tiha a Ana Paula Padrão na Record (TV aberta), que eram opções melhores.
    Belo espetáculo!

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  5. A prata da piauiense - Sara - virou ouro. Beleza!

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