30 de janeiro de 2012

Reflexões

Não li o artigo original, de autoria do André Lara Rezende, o filho do Oto, que segundo o Nelson Rodrigues teria dito que “o mineiro só é solidário no câncer” frase cuja autoria, de resto, sempre foi contestada pelo Oto Lara Resende. O André é filho do Oto e pai do Plano Real, ou um dos pais. Filho bem sucedido dentre tantos que foram gerados no ventre governamental, que viriam ao mundo para nos salvar, livrando-nos definitivamente do monstro chamado inflação, o Real foi responsável pela criação de condições que permitiram crescimento econômico, com criação de emprego e melhor distribuição de renda.

Foi na coluna do Caetano, que li uma alusão ao artigo do André, publicado na revista Valor Econômico. No citado artigo o conceituado economista teria escrito o seguinte trecho, que me leva a uma reflexão :
“Seremos obrigados a reconhecer o que, apesar das evidências, nos recusamos a ver: não há como viabilizar sete bilhões de pessoas, com o padrão de consumo e as aspirações do mundo contemporâneo, nos limites físicos da terra.”

Será que entendi direito? Não há como propiciar a toda  população do planeta um padrão aceitável de vida, desfrutando das benesses dos avanços científicos e tecnológicos. Impossível nivelar por cima? São inevitáveis a pobreza, a desigualdade e a ignorância para parte dos habitantes da Terra?
Vale uma reflexão. 


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Niterói é a cidade de maior renda per capita do país. Por isso está atraindo, junto com investimentos nos diferentes setores da economia, a criminalidade, o caos no trânsito, a desordem urbana. O relativo sossego que desfrutávamos, agora é coisa para guardar na lembrança. Dizem que os bandidos, ou parte deles,  que teriam perdido espaço nas favelas cariocas, depois da implantação das UPPs, teriam vindo para a cidade, assim como ambulantes da baixada e de São Gonçalo, atraídos pelo dinheiro que circula na cidade, e pela omissão das autoridades municipais.

Como estou mais para lá do que para cá, tenho saudades do tempo em que podíamos caminhar pela cidade com absoluta tranquilidade e não precisávamos morar em condomínios que mais se assemelham a presídios de segurança máxima. Inverteram a ordem natural das coisas. Os bons, em tese, ficam reclusos, os maus à solta. Mal comparando, recorro a uma imagem do Joelmir Betting segundo a qual não sendo possível baixar o leito do rio, eleve-se o nível da ponte.

Ou seja, se é impossível controlar a criminalidade, criemos mecanismos de defesa que nos dão a (por vezes falsa)  sensação de segurança: câmeras de filmagem, cercas eletrificadas, blindagem nas janelas e nos automóveis, seguranças particulares. Falta apenas fazermos fossos com jacarés famintos em torno dos nossos imóveis. O crescimento demográfico, o aumento do patrimônio, o progresso valem a pena? Torna o homem mais feliz?
Vale uma reflexão.


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Há alguns anos eu era diretor de um laboratório farmacêutico em São Paulo, e por sorte fiquei inteirado da utilização criminosa do nome do laboratório e do número de sua inscrição, numa licitação fraudulenta. O crime envolvia inclusive a UNICAMP (Universidade de Campinas) que era a licitante.
Estelionatários e falsários, não sei se com conivência de funcionários da universidade, entraram numa concorrência para fornecimento de um produto, pasmem, que sequer fabricávamos.

Quando soube, conversei com o presidente (e maior acionista) do laboratório e sua filha, que também exercicia uma diretoria, e ficou combinado que eu iria até Campinas conversar com a reitoria para tentar apurar os responsáveis e desmascarar o uso fraudulento de nosso nome.

Bem, a receptividade na reitoria não foi boa. Talvez por preocupação com o envolvimento da Instituição, que queriam preservar, pouco ajudaram. Deliberamos, então, dada a relevância e grau dos risco envolvidos,  contratar um bom criminalista.

O laboratório jamais havia trabalhado com este tipo de advogado e eu, com pouco tempo na cidade, não conhecia nenhum. Telefonei para um amigo, com quem já trabalhara em outra empresa, pessoa muito bem relacionada na capital paulista, tanto social quanto profissionalmente, e pedi que me indicasse um advogado da área criminal.

Vejam o que ele me respondeu, antes de indicar um nome muito conhecido por ter atuado em casos rumorosos: “Carrano, você sabe que indicar advogado criminalista é uma coisa complicada, que envolve riscos, porque na verdade ele é  um bandido que está do nosso lado”. Julgamento cruel, sem dúvida, mas que acaba encerrando uma certa verdade, senão absoluta, pelo menos relativa.
Narrei este caso para chegar aos policiais, ao destaque que a mídia dá a alguns casos de violência excessiva dos policiais, invocando violação de direitos humanos.

Mas pergunto eu. Quem de boa formação moral, ética, com família bem constituída, alguma cultura e inteligência, se disporia a subir os morros atrás de bandidos frios, sanguinários, capazes de queimar pessoas porque lhes devem dinheiro, ou porque são obstáculo aos seus negócios escusos?

Você que é pai, ou mãe, gostaria de ver seu filho tendo que enfrentar criminosos inescrupulosos, que nada têm a perder, fortemente armados e sem qualquer mecanismo interno de censura ?

Logo, por vezes, o policial tem que ser um bandido que optou por estar do lado da sociedade. Tem que ter parafuso a menos, ou a mais. Ou seja, precisamos do Dirty Harry?
Vale uma reflexão.

4 comentários:

  1. Caro Carrano
    Já faz tempo colega de Embratel me disse e, depois de refletir, concordei: do jeito que as coisas estão postas no mundo atual, a gente come bem porque tem gente passando fome. Não tem comida pra todo mundo!
    Sobre policiais: sua análise vale para o Brasil e, concordo, mais uma penca de países. Contudo tem país onde muita gente sonha em ser policial, uma profissão perigosa, mas nobre e bem remunerada.
    Sobre Niterói, lamento ter sido divulgada a informação do nosso padrão de vida. Um desserviço da imprensa, quando lhe falta assunto. Já ferraram Curitiba, Floripa...

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  2. Meu Deus!!!
    Começamos mal a semana. Já não basta ser segunda-feira e ainda temos que pensar nestes absurdos.
    E à noite ainda tem BBB, vitrine da miséria humana.

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  3. E você esqueceu, Gusmão, ou não quis lembrar, que o Botafogo só empatou ontem. KKKK
    Abraço

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  4. Fui ali me enforcar .... volto depois ... ??!!
    Abrs

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