Por
Carlos Frederico Marques Barroso March
Carlos Frederico Marques Barroso March
Friburgo - RJ
FESTA DA VINDIMA
O objetivo da Festa da Vindima é mostrar ao participante como funciona todo o processo de colheita, fabricação e engarrafamento do vinho, com visita guiada a toda a fábrica da Valduga e seus vinhedos, com participação direta de cada conviva em alguns momentos. Programação de dia inteiro, começando às 8 da manhã e terminando depois do Jantar Festivo. Originalmente, estaria prevista sua execução sempre sob vinhedos ou ao ar livre, mas o dia amanheceu chuvoso e assim permaneceu até a noite, portanto houve alterações no local de algumas atividades.
Brindando ao sucesso da colheita |
Grupo realizando a colheita - uva Isabela |
Reunimo-nos às 8 para o lauto café da manhã colonial, realizado ao lado dos vinhedos centenários, no restaurante Luiz V. Recebemos então o kit para colheita, que se compunha de avental, chapéu de palha, canivete especial (britola) e, no caso, capa plástica de chuva. Fomos então acomodados em trenzinhos puxados por trator e levados à primeira atividade: colheita das uvas. Era um vinhedo de uva Isabela, adequada a sucos e não a vinhos, mas como treino foi suficientemente eficaz. Após o "sucesso" da colheita, todos protegidos por capas de chuva, brindamos com espumantes abertos pelo método da sabrage. Isso já às 10 da manhã...
Roseiras nas extremidades das espaldeiras verticais |
Depois de circular por mais alguns vinhedos, percebemos um detalhe que chamava a atenção em todos eles: na ponta de cada coluna de videiras, havia uma roseira. A razão de ser delas é que há uma praga que ataca eventualmente as uvas, mas ataca primeiro as rosas. Então, as roseiras servem de alarme, de modo que se forem atacadas, dá tempo de se tomar providências com defensivos agrícolas antes que as videiras sejam atingidas. Alarme natural...
Seguimos então novamente para a Casa de Madeira, local do almoço no dia anterior. No entanto, desta feita fomos conduzidos a uma visita ao setor de fabricação do suco de uva natural da casa, cujo processo foi-nos explicado e mostrado por inteiro. É um suco puro, totalmente natural, com uma qualidade realmente elevada, como tive oportunidade de provar e do qual hoje sou um consumidor habitual.
Mesa na Adega Original |
O almoço não poderia ser em melhor local que a Adega Original da família, nas dependências do Restaurante Maria V. A Adega hoje é apenas decorativa, mas o ambiente mantém a comprida mesa, ideal para congraçar os inúmeros participantes numa grande refeição alegre e festiva. O cardápio foi mais uma vez o delicioso rodízio colonial, harmonizado com rótulos da linha Valduga Premium (espumante Blush, branco Chardonnay e tinto Merlot).
Houve um breve tempo para descanso, quando retornamos a nossos aposentos - vantagem de quem estava hospedado. Como já dissemos no início, a Festa da Vindima é aberta a turistas em geral, desde que se pague o valor estipulado pelo evento inteiro.
Retomamos a visita guiada à tarde. Eduardo Valduga percorreu conosco toda a planta de fabricação de vinhos e espumantes da Casa Valduga, com explicações e degustações, onde pudemos provar o insumo intermediário que mais tarde se tornará um dos espumantes da casa. É fantástica a diferença entre ele e o produto final!
Valduga, método Champenoise |
Vale lembrar que a Casa Valduga, como a grande maioria das vinícolas do Vale, produz seus espumantes através do método champenoise, ou tradicional, com segunda fermentação nas garrafas, que descansam em suportes especiais ao longo do imenso corredor subterrâneo da fábrica.
Igreja N. Sa. das Neves, construída com vinho na argamassa |
Dando seguimento ao passeio, fomos instalados novamente nos trenzinhos puxados a trator e seguimos para visitar a Igreja N. Sa. das Neves, cuja argamassa foi feita com vinho, história que nos foi relatada por Remy Valduga, um simpático senhor que escreve livros contando a saga da Família Valduga e dos demais imigrantes italianos na Serra. Fomos presenteados com um de seus livros, O Sonho de um Imigrante, recheado de emoção, conquistas e perdas.
O último evento da tarde foi a cerimônia da "pisada das uvas", obviamente superada hoje pelos processos modernos, mas ainda um remanescente histórico da fabricação artesanal de vinhos. Todos que quiseram puderam participar alegremente, acompanhados de um grupo musical regional para dar o ritmo às pisadas.
Pisada de uvas |
A Festa da Vindima termina com o jantar festivo, com direito a costela no bafo e muitas outras iguarias regionais. Normalmente programado para ser realizado em mesas rústicas sob os Vinhedos Centenários, por conta do mau tempo ele foi realizada no Restaurante Luiz V, logo ao lado. Eduardo Valduga se manteve conosco até o final, dando explicações adicionais e tirando dúvidas de todos que o seguiram nas visitas guiadas ao longo do dia.
A harmonização incluiu o espumante Prosecco e o tinto Cabernet Franc, ambos da linha Premium, mais o Identidade Arinarnoa. Adicionalmente complementamos às nossas expensas com espumante Gran Reserva Natura, um dos raros Natura brasileiros e por nós considerado o melhor espumante da casa.
Um parêntesis para uma explicação. Na fabricação de espumantes costuma ser adicionado ao final do processo um complemento regulador de sabor, adocicado, chamado licor de expedição, feito com o mosto de uvas viníferas, em geral as mesmas que constituem o produto em elaboração. Dependendo da quantidade adicionada, eles são classificados segundo o teor de açúcar: extra-brut, brut, demi-sec, doce. No entanto, quando o espumante resulta excepcional, não há necessidade de adição de nada para balancear o sabor: é o tipo natura, com 0% de açúcar. Raras vinícolas o fabricam no Brasil.
Eduardo Valduga |
Sim, mas quem é Eduardo Valduga? 29 anos (em fevereiro de 2011), descendente da família de imigrantes italianos, filho de um dos proprietários da Vinícola, contou-nos que aos 21 anos enfadou-se de tudo e, mochila nas costas, ganhou mundo. "Anos mais tarde, tendo saciado sua sede de liberdade, retornou à casa, mas com uma idéia: fazer vinhos que extrapolariam a região do Vale e do próprio país. Em seguimento, ele se tornou o responsável pela linha Mundvs da Casa Valduga, composta de 5 vinhos, utilizando parreiras de propriedade da Valduga em outros países.
São 2 Mundvs Malbec, oriundos de vinhedos argentinos, 2 Mundvs Cabernet Sauvignon, oriundos de vinhedos chilenos e o Mundvs Portugal, oriundo de vinhas portuguesas. Tanto o Mundvs Malbec como Cabernet Sauvignon têm uma versão chamada de Alto, diferenciada em seu método de produção, sendo que eu considerei o Mundvs Alto Malbec 2006 como o melhor rótulo de vinho tinto degustado durante a estadia.
Fotos do acervo do autor do texto
Parte I (inicial) em http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/07/visita-ao-vale-dos-vinhedos-parte-i.html
Hoje é dia do Amigo. Portanto brindemos com um espumante da Valdugo.
ResponderExcluirAbraços
Gusmão
Cara ABSA,
ResponderExcluirSeja muito bem-vinda. Obrigado por nos acompanhar aqui neste espaço.
O Gusmão nos lembra que hoje é o Dia do Amigo.
Acompanho o brinde que ele faz. Saúde e paz para todos nós.
Admitamos: todo dia é dia do amigo. Contudo, no dia especialmente reservado a ele, anualmente, aproveitamos para fazer uma reflexão mais profunda sobre a amizade.
ResponderExcluirUm brinde a todos os amigos!