Por
Carlos Frederico Marques Barroso March
Friburgo - RJ
VILLA VALDUGA
A chegada se deu na 5ª feira (10 de fevereiro de 2011) à tarde, via pacote aéreo e traslados adquiridos por conta própria. Ficamos na Pousada Duetto, com vista para alguns dos vinhedos internos. O Espaço Identidade fica debaixo dessa pousada. Ali funcionam o bar com Internet, sala de TV e cinema (esse sob agendamento). Funciona de 18:00 às 24:00. Como chegamos cedo, optamos por almoçar. E fomos conhecer a gastronomia da Villa.
Restaurante Elisabete e pousada Arte |
Retaurante Luiz V |
São 3 restaurantes. No Elizabete V, situado embaixo da Pousada Arte, é servido o café da manhã, com direito a espumantes e música suave de piano ao vivo. O Maria V consta dos guias turísticos de Bento Gonçalves. Fica aberto para almoço com rodízio colonial, e pode ser reservado à noite para grupos com mais de 20 pessoas mediante agendamento prévio. O restaurante que atualmente abre à noite na Villa é o Luiz V, com cardápio harmonizado que muda diariamente. O menu é apresentado aos hóspedes às 19:00 para aprovação e confirmação de reserva.
A culinária colonial servida em rodízio no Restaurante Maria V está entre as mais deliciosas que eu já provei em minha vida. É baseada principalmente em galeto, costeleta de porco e massas diversas com molhos celestiais. Dentre as sobremesas tradicionais da região encontramos o melhor sagu de vinho com creme já degustado nesses anos todos que frequentamos a Serra Gaúcha. Posso afirmar que nossa experiência gastronômica na Villa foi a constatação de que a simplicidade pode ser inesquecível!
Uma característica dos restaurantes e bares da Villa Valduga é que a carta de vinhos contém todo o acervo da Casa Valduga, a preço de varejo. Não há sobrepreço. Isso nos permite avaliar itens que provavelmente não teríamos "coragem" de apreciar em restaurantes, ou teríamos de fazê-lo em casa. Em contrapartida você não encontra uma cerveja sequer na propriedade inteira!
No nosso primeiro almoço optamos por degustar o espumante Amante Brut Rosé (Malbec), que combinou bem com o relativo calor e o rodízio colonial. Esse espumante é produzido em par com um vinho tranquilo, de mesmo nome e com a mesma uva: Amante Malbec Rosé.
Parreirais centenários |
Utilizamos o tempo livre à tarde para reconhecimento na vinícola e arredores. A vinícola preserva a área de seus vinhedos originais, não mais usada para colheita, mas para visitação e alguns eventos ao ar livre. Nos arredores destacamos o fato da Casa Valduga se situar na Via Trento, de modo que ao alcance de um prazeroso passeio a pé se encontram várias atrações. A Vinícola Dom Cândido é vizinha da Valduga e a distância entre portões é de apenas 100m. Próximas se encontram também Tritton, Marcos Luigi e Terragnolo de um lado, Larentis e Casa de Madeira do outro, não esquecendo diversas referências turísticas ligadas à imigração.
À noite, foi-nos sugerido participar do jantar harmonizado do Luiz V, o que aceitamos depois obviamente de fazer jus ao drink de boas vindas no Espaço Identidade. O cardápio fechado e mais elaborado do Luiz V consta da sequência tradicional caldo, entrada, prato principal e sobremesa, variando diariamente ao sabor do maître. Experimentamos um dos novos vinhos da casa, da série Identidade: Ancelotta 2006, bem seco e um tanto adstringente, ao gosto de minha esposa Mary. Soube depois que é uma característica dos vinhos dessa série, que inclui as pouco conhecidas uvas Arinarnoa (resultado de cruzamento de Petit Verdot com Merlot) e Marselan (resultado de cruzamento entre Cabernet Sauvignon e Grenache).
Preparação para a sabrage |
Na 6ª feira, depois do café, a programação habitual oferecida aos hóspedes constaria inicialmente de visita guiada ao setor de fabricação da Casa Valduga, mas como também fazia parte da Festa da Vindima, foi-nos aconselhado não fazê-la de imediato. Assim sendo, fomos ao item seguinte da programação: curso Segredos do Mundo do Vinho, orientada pelo sommelier Márcio Mortari, com direito a sabrage e diploma. Para quem não sabe, sabrage é uma maneira de se abrir garrafas de espumante com um sabre, à maneira da tropa de Napoleão Bonaparte. A rolha com parte do gargalo é arrancada com um golpe preciso de um sabre (não amolado!) e eventuais estilhaços são removidos pela expulsão de gases. É absolutamente seguro tomar o espumante após a sabrage, não fica um único resíduo de vidro na garrafa.
Branco Chardonnay série Gran Reserva, 2010 (bem diferenciado em comparação com o Premium)
Tinto Malbec série Mundvs - Alto, 2006 (para mim o melhor do dia, quiçá da estadia)
Tinto Cabernet Sauvignon série Premium, 2007 (comum, para o dia-a-dia)
Tinto Arinarnoa série Identidade, 2007 (8 a 12 meses em carvalho, taninos bem acentuados)
Espumante Extra Brut (comum, foi o utilizado na sabrage)
Visitamos então a Casa de Madeira, pertencente ao Grupo Valduga, que fabrica geléias (incluindo as de uvas Malbec e Cabernet Sauvignon) e suco de uva natural. Lá almoçamos, mas digamos que o rodízio não teve a qualidade do servido no Restaurante Maria V.
A seguir, o passeio da tarde terminou com a visita de mais uma empresa do Grupo Valduga, a Vinícola Cave de Pedra, muito bonitinha e bem organizada, com salões para festas e belos vinhedos. Seus vinhos são bons, mas além do fato deles trabalharem uma nova uva chamada Egiodola, e também a Marselan, não destaquei nada de especial na degustação que nos foi gentilmente oferecida.
Vinícola Cave de Pedra |
Dos terraços da sede da Cave de Pedra tem-se uma vista privilegiada de parte do Vale dos Vinhedos, em especial da Vinícola Miolo e do Hotel Spa Caudalie (mostrado na primeira parte do relato):
Na oportunidade vale comentar que desta vez não visitamos a Vinícola Miolo, talvez a maior do Vale dos Vinhedos, pelo simples motivo que já o fizemos em visitas esporádicas ao Vale em anos anteriores. O esquema de visitação é muito bem elaborado e a degustação bem variada, podendo-se abater o valor da mesma nas compras feitas no varejo interno.
Miolo, vista da Casa de Pedra |
À noite, optamos por lanchar no Espaço Identidade, em vez de jantar no Luiz V. Preparamo-nos psicologicamente para o sábado, dia da Festa da Vindima, evento de dia inteiro e ponto culminante da estadia. A programação começava às 8:00, havia que acordar cedo!
Nota da editoria: a primeira parte do relato está em http://jorgecarrano.blogspot.com/2011/07/visita-ao-vale-dos-vinhedos-parte-i.htmlhttp://jorgecarrano.blogspot.com/2011/07/visita-ao-vale-dos-vinhedos-parte-i.html
Fotos: do acervo do autor do texto.
Prezado Carlos Frederico,
ResponderExcluirTomei conhecimento da existência desta casta Egiodola, quando em visita, há 5 anos, que fiz a Vinicola Jolimont, que fica em Canela, no Morro do Calçado.
Segundo o enólogo, ela se adaptou muito bem ao solo e ao clima locais.
Comprei uma caixa (6 garrafas), mais pelo ineditismo ou exotismo.
Dei duas garrafas para filho Jorge, que conhece mais do eu, e abrimos uma garrafa para matar a curiosidade.
O comentário que ele fez, que endosso é de que o vinho estava muito duro (a safra era a do ano de engarrafamento) e seria aconselhável para uma melhor avaliação deixa-lo amaciando por um bom tempo.
Dois anos passados, a vinho continuou não agradando. Ainda tenho duas garrafas e brevemente verei o que aconteceu.
A Jolimont recebe visitas e há degustação. Quem coordenou foi um dos enólogos (eram dois|),mas fiz as seguintes restrições: tomamos 5 diferentes vinhos, mais um espumante e mais suco de uvas na mesma taça. A temperatura do espumante era inadequada. Por isso mesmo o Egiodola que bebi lá não permitiu qualquer julgamento.
Dai que comprei a caixa (6 unidades)para melhor avaliar em casa. Cada garrafa saiu por cerca R$ 20,00.
Já li a literatura sobre a casta que é originária do sul da França e fruto de um cruzamento de duas outras uvas locais.
Abraços
Carrano
ResponderExcluirA Jolimont tem acordo com todas as operadoras de turismo de Gramado / Canela. É uma vinícola de qualidade mediana, mas faz sucesso entre a maioria dos turistas que vêem nela uma oportunidade de adquirir algo "local", além do apelo de ter sido "recomendado pelo guia".
É verdade, Carlos.
ResponderExcluirTambém conhecí outras vitivinicolas bem melhores, inclusive no exterior, mas aí já são outras histórias.
Obrigado pela oportunidade de publicar seu passeio.
Abraço
Carlos Frederico,
ResponderExcluirDe novo, complementando, só mencionei a Jolimont por causa da Egiodola.
Longe de mim comparar com a Valdugo.
Em nenhum aspecto se compararia.
Abraço
Sigo acompanhando.
ResponderExcluirEstou fazendo o passeio com o Carlos, porque o texto está bem elucidativo e as fotos ajudam a "ver" a Valduga.
Gastão
Carrano, curiosamente minha experiência adquirida no exterior é ligada a cervejas e não a vinhos!
ResponderExcluirTambém gosto e cerveja, no verão. No inverno, vinho.
ResponderExcluirChampagne, sempre.
Gusmão
Esta região é mesmo especial.
ResponderExcluirE as vinicolas Valduga e Miolo são de muito bom nível, produzindo vinhos de muito boa qualidade, alguns até premiados.
Parabéns!!!!
Ih, Gusmão... acabo de descobrir em você um acompanhante (de bebidas, que fique bem claro!) para minha esposa, que se pudesse tomava espumante todo dia!
ResponderExcluirE para o comentário de Helga, o Brasil é um promissor produtor de espumantes, pois nosso solo, que não é muito bom para vinhos tintos, é excelente para produção de espumantes. Aos poucos, com tecnologia aprendida lá fora, já temos excelentes rótulos.
Só que tem de ir ao Rio Grande do Sul para apreciá-los, pois os pequenos produtores não têm como atender aos grandes mercados.