Eu estava lá, presente, nos dois casos. Isto não significa que não passassem de lendas ou invencionices de mentes criativas, bem-humoradas.
O primeiro caso deu-se no 3º Regimento de Infantaria (3º RI), no município de São Gonçalo.
Era grande, abrigava dois batalhões, cada qual com suas Companhias.
Antes de ser transferido para serviços burocráticos, na 2 ª Circunscrição de Recrutamento Militar (2ª CR), na Rua da Conceição, prestei serviço na CCAC (Companhia de Canhões Anti-Carros), lá no Regimento de Infantaria.
No Regimento, além do posto de Guarda na entrada principal, havia outros pontos onde recrutas "tiravam" serviço de controle e fiscalização, visando a segurança.
Entrada do 3º RI |
Um dos bancos de madeira no pátio, próximo ao prédio do Comando, foi pintado. Em razão do risco da tinta fresca poder sujar o uniforme de quem nele sentasse, criou-se um posto, com soldados se revezando a cada turno de duas horas, para evitar o transtorno.
Tal media deveria, imagino, ter a duração de dois ou três dia e não mais que isso. Entretanto foi incorporado na escala de serviço.
Eternizou-se, e durante meses quem não sabia da história estranhava a presença de um soldado ali no meio do pátio, de pé, ao lado de um banco vazio.
O outro caso aconteceu na Cia. Fiat Lux, de Fósforos de Segurança, na unidade fabril no bairro de Neves, também em São Gonçalo.
Vista parcial, antiga, da fábrica de fósforos |
O blogueiro está à esquerda, de blusa escura, com uma perna apoiada na máquina |
"Até aí morreu Neves" (expressão idiomática, irresistível aqui por casa do bairro onde funcionava a fábrica), mas para a maioria não deixa de ser uma novidade.
O papel azul, que ajudava a manter a forma das lâminas de madeira, servindo de acabamento, eram coladas com goma feita de polvilho.
Em tempos d'antanho, antes dos secadores a vapor, que já estavam instalados quando lá fui trabalhar, todo este material saía das máquinas e era colocado no pátio par secagem.
Boa parte deste trecho do pátio ficava debaixo de um mangueira frondosa, sempre povoada de aves, principalmente pardais.
Para evitar que a defecação deles estragasse o material em secagem, um ajudante, munido de uma grande vara de bambu ficava espantando os pardais.
Muito tempo depois, já em funcionamento os secadores a vapor, através dos quais lonas transportadoras faziam secar as peças, ainda havia operário qualificado tendo como função: espantador de pardais.
Claro que não estava presente nesta época dos espantadores de pardais. A história me foi contada pelo Péricles de Melo Rocha Sodré, enorme (também na altura) gozador, contemporâneo de fábrica.
Pouco tempo após minha admissão a função fabril que ocupávamos, além de mim e do Péricles, foi extinta. Os demais ocupantes eram o Fernando Palma, e o Antônio Carlos Bonard Dias.
Fui transferido para o Escritório Central, no Rio de Janeiro, para o Departamento Legal, posto que na época era estudante de Direito, na UFF.
Depois migrei para a área administrativa virando Gerente de Recursos Humanos, mas ai a história se afasta dos casuísmos do título da postagem.
Nota:
"Até aí morreu Neves" - expressão idiomática que significa “isto já sei, quero novidades”. Origem: Joaquim Pereira Neves, assessor do Regente Feijó e governador do Rio Grande do Norte.
ResponderExcluirNão vejo nas ruas, soldados do exército, em trânsito, como havia antigamente.
O serviço militar era salvação para muitos jovens.
Lições de disciplina e respeito a hierarquia tinham valor educacional, em especial para os mais carentes. E lições de higiene pessoal e cuidados com a roupas, no caso o fardamento.
Quando davam baixa, eram selecionáveis para integrar as polícias militares estaduais. Com ótima base.
Agora generais e patentes menores, querem boquinhas e cargos civis públicos.
A resposta a tudo isso rola há meses no Twitter ........
ResponderExcluirÉ o que tenho a comentar.