24 de setembro de 2021

Vendendo a alma aos bispos

 



É bastante conhecida, especialmente entre os amantes do blues, a lenda do guitarrista Robert Johnson, que fez um pacto com o diabo, prometendo-lhe a alma, em troca de sucesso e fama.

Existe um documentário (acima) com o próprio Johnson,  e um filme (abaixo) inspirado na história.


Pois muito bem. Aqui no Brasil vivemos a realidade de um  indicado pelo presidente da República para usar toga no STF, por ser "terrivelmente evangélico", vender sua alma e, claro, subserviência aos bispos evangélicos, em troca do apoio e pressão que possam exercer, para que o Senado aprove a sua indicação.

No périplo que encetou junto as diferentes Igrejas e contatos com líderes religiosos de destaque, não se preocupou com honra, ética e idoneidade dos bispos procurados, dentre os quais dois deles, como publico e notório, já tiveram problemas com a lei e a Justiça.

Estevam Hernandes, preso ao entrar nos USA com dólares escondidos numa Bíblia (para alguma coisa há de servir o Livro Sagrado, né?). Silas Malafaia foi indiciado por lavagem de dinheiro, na operação Timóteo da PF.

O candidato a ministro da mais alta  corte de Justiça, sem nenhum pudor, declarou-se "servo e discípulo" dos bispos.

Messias já emplacou um evangélico, que por sinal já atua no STF a seu serviço, como no caso da suspensão dos efeitos do decreto que libera geral a compra e uso de armas,  interrompendo a sequência de votos (já eram três) que derrubariam a norma editada.

Bem, o ministro de quem vos falo - Kassio Nunes - já fez papel de boneco de ventríloquo do palácio do Planalto, ao votar contra a demarcação de terras indígenas.

Seguramente o rebanho bolsonarista, que ataca o STF como instituição, e alguns de seus ministros em particular, não fazem restrições aos indicados do presidente, que os trarão sob cabresto.

A dignidade, a respeitabilidade, a honorabilidade da Corte Constitucional e seus ministros ficam vulneráveis por causa de indicações (convenientes e interesseiras) como as que fez o desequilibrado presidente  ora detentor da caneta.

5 comentários:

  1. Corte Constitucional ........

    Existe isso no Brasil ? Acho que só no brasil .....

    Tempos sombrios !

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  2. Constituição Federal
    Título IV
    Da Organização dos Poderes
    Capítulo III
    Do Poder Judiciário
    Seção II
    Do Supremo Tribunal Federal

    Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

    § 1º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

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  3. Não tem solução, o cara é xiita em relação aos evangélicos.

    https://oglobo.globo.com/politica/bolsonaro-indicara-outro-evangelico-ao-stf-caso-senado-rejeite-andre-mendonca-25215306?utm_source=globo.com&utm_medium=oglobo

    Mais tarde irão se queixar do STF.

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  4. Não sei se vc sabe, eu não sei nada, mas gostaria de saber como essas cortes são constituídas em países mais avançados socialmente, tipo Canadá, Alemanha, Dinamarca, Suécia, França, etc.

    Por aqui assim será eternamente, na República das Bananas ...

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  5. Riva,
    Não sou autoridade na matéria (em qual eu seria? Rsrsrs), mas grosso modo é assim, com pequenas particularidades que os distingue.

    Nos Estados Unidos maior democracia do Planeta, os nove juízes da Suprema Corte são escolhidos pelo Presidente da República, e confirmados com votos de maioria pelo Senado. Igualzinho aqui no país. Lá são nove, aqui são onze.
    Todos low profile.

    No Canada, país citado por você como exemplo, também são nove os membros da Corte Constitucional e também são indicados pelo Governador-Geral. Também são aposentados compulsoriamente, como aqui, aos 75 anos de idade. A escolha do Governador-Geral recai, basicamente, em membros de outros tribunais e advogados com muitos anos de atividade profissional.

    Na Alemanha a Corte Constitucional é composta por 16 membros, que se dividem em dois senados (o nosso se divida em duas Turmas) diferentes, cada qual com oito membros, mas de igual hierarquia. Os mandatos são de 12 anos, vedada reeleição.

    A diferença, Riva, como se verifica, está nos homens, não necessariamente nos métodos de escolha.

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