24 de fevereiro de 2020

PASSE, SCOUT e VAR


Essas três nulidades, bizarrices, incongruências, inutilidades, invencionices me irritam, me deixam cada vez nais longe do futebol.

Bem, há de ter uma palavra mais adequada para definir o que pretendo explicitar, mas não me ocorre. Vamos assim mesmo.

Como se não bastasse o desempenho pífio de meus times favoritos, no Brasil e na Inglaterra, ainda tenho que conviver com VAR, mais burro do que o videotape, certamente decretaria  Nelson Rodrigues.

Noutro dia, assistindo a Manchester United e Chelsea, acompanhei estarrecido uma das maires injustiças cometidas pelo tal do VAR. Não o equipamento, claro, mas o idiota que o monitorava.

Deu-se que na cobrança de um escanteio a favor do Chelsea um jogador cabeceou e fez um bonito gol. Protestos porque um dos zagueiro do United teria sido empurrado.

Verdade, foi mesmo. Só que o retardado que estava no vídeo não verificou que o jogador que empurrou o zagueiro, por sua vez tinha sido muito empurrado por outro zagueiro da equipe que se defendia, o que provocou um efeito dominó.

Uma coisa absurda. Cristalina, bastava ter voltado dois frames e teria ficado óbvio que o empurrão não foi intencional. Foi provocado por outro empurrão de jogador da equipe beneficiada com a anulação.

Nem simpatizo com o Chelsea, antes pelo contrário, mas que o time foi prejudicado foi. Que justiça nos resultados, tão apregoada é essa?

O VAR tira a espontaneidade na comemoração, atrasa o andamento da partida ... e erra muito.

Então qual a vantagem? O futebol viveu e cresceu muito sem VAR. É uma paixão mundial, seja, no planeta.

E o scout? Qual a sua utilidade para nós, torcedores ou espectadores diante da telinha da TV? Para os treinadores há de ter algum valor. A análise  do desempenho de seus jogadores pode sinalizar seu melhor aproveitamento.

O técnico pode robotizar seus jogadores, definindo como no teatro os locais onde devem estar em cada cena (chama-se marcação).

Qualquer perna-de-pau, se é obediente taticamente, joga futebol. O improviso, a inspiração, o raciocínio rápido, a habilidade no domínio da bola, deram lugar ao rigor tático, a disciplina. 

Mas que faço eu com a informação que o jogador Alfa numa certa partida, no segundo tempo, tocou na bola três vezes, ficando com ela em seu poder por 23 segundos?

Se meu time perde vou me consolar com o fato dele ter tido 73% de posse de bola? Ora, se ele perdeu para um time que teve penas 27% de posse, é porque é muito incompetente. Não é objetivo.

Hoje, durante uma partida, o narrador mencionou que o jogador Beta, este ano atuou apenas em 3 partidas tendo ficado em campo por 67 minutos. 

Enquanto ele comentava esta bobagem, esta inutilidade, quase saiu um gol e ele não narrou quem deu o passe e nem quem concluiu  jogada. 

Se você não conhece bem os jogadores, o modo dele correr, cor da chuteira, corte de cabelo, fica boiando porque o narrador está preocupado em passar para nós o scout, o histórico, a estatística.

Depois troca ideias com o comentarista que vai dar um pitaco tolo e igualmente inútil.

Tudo isto é uma tolice só. Messi, o maior do mundo (ainda) ficou quatro partidas sem marcar um gol; hoje (dia 22.02.20), contra o Eibar, marcou quatro gols.

O que isso prova?

No jogo de ontem, dia 23, entre Arsenal e Everton, disouraxdo no Emirates, antes do início o comentarista da ESPN deu uma informação preciosa: o jogador  Aubameyang, jogando aos domingos, fez 30 gols em 37 jogas; já nos outros dias da semana fez apenas 17 em 30 jogos.

Não satisfeita, a emissora colocou na tela esta fundamental informação, junto com outras tantas essenciais para o futebol.

Ao longo da partida ficamos sabendo que o Everton é o maior freguês do Arsenal em jogos realizados no estadio deste último; que a equipe de Liverpool nunca venceu os gunners  jogando em seu estádio atual, o Emirates.

E mais esta preciosidade, que torna o futebol apaixonante: o jogador Aubameyang, tem tudo para alcançar a marca de 50 gols no menor número de jogos pelo Arsenal. A marca pertence a Thierry Henry que fez os 50 gols em 78 jogos.

Duvido que você, doravante, deixe de assistir aos jogos do Arsenal😂😂😂.


Saio de uma invencionice, volto a frisar, para nós torcedores, para falar de uma lei criada para defender os jogadores do jugo dos clubes de futebol. Agora eles são dominados pelos empresários.

A alteração na chamada lei do passe foi comemorada pela crítica, pelos jogadores e pelos empresários. Estes em especial.

Claro, os jogadores deixaram de ter vínculo permanente com os clubes (passe preso), dependerem deles para liberação, e passaram a ficar presos a empresários.

A grande maioria dos empresários, verdadeiros parasitas, faz leilão de seus agenciados colocando-os onde podem ganhar um pouco mais e eles - empresários - morderem uma boa comissão.

Os jogadores eram "escravizados" pelo clubes, agora são marionetes de empresários.

A negociação do passe, antes uma das mais importantes fontes de renda dos clubes, agora fica por conta dos empresários. E se estes são parentes - pai ou irmão - aí o ganho é absoluto.

Fazer corpo mole para trocar de clube (e até pedir) ficou uma coisa rotineira. Basta alguém sinalizar interesse na contratação, pronto! 

Peguemos o jogador Philippe Coutinho, por exemplo. Saiu do Vasco em 2009, vendido para  a Internazionale, de Milão, na Itália; depois foi para a Espanha, emprestado para o Espanyol, de Barcelona; de lá foi para a Inglaterra defender o Liverpool; deixou a Inglaterra para voltar à cidade de Barcelona agora para jogar no clube de mesmo nome; saiu emprestado para a Alemanha, onde se integrou ao Bayern, em Munique, emprestado pelo Barcelona.

Em 10 anos, Brasil, Itália, Espanha, Inglaterra, Espanha, de novo e Alemanha.

Futebol já foi um entretenimento, um show, uma arte. Virou negócio (business), os clubes marcas, os atletas ativos valiosos.  As cifras envolvidas são fabulosas. Muito profissionalismo, pouca fidelidade, muita trapaça.

Nota:
Espero que a Inglaterra que foi a última a adotar na Europa, seja a primeira a abolir o VAR.
https://globoesporte.globo.com/blogs/bastidores-da-arbitragem/post/2020/02/23/var-para-ingles-ver.ghtml

7 comentários:

  1. No meu entender, torcer no futebol significa que "queremos" que o nosso time vença. E que vença sempre.
    Chega a ser um desejo infantil.
    Nossos outros desejos são mais lúcidos. Desejamos que a chuva passe ou que o mocinho conquiste a mocinha na novela. Mas nesses casos, não perdemos nosso equilíbrio emocional, não xingamos o autor da novela e nem agredimos o vendedor de guarda chuva.
    Pois é. É sinal de maturidade aceitar o resultado dos partidas e até aplaudir o melhor desempenho, ainda que tenha sido do adversário.

    ResponderExcluir

  2. Futebol é paixão e paixão é assim mesmo, desenfreada, possuidora ...cega e envenena.

    Acho que os dramaturgos explicariam melhor este sentimento dominador.

    Quanto a mim, também fui capaz de admirar e aplaudir o Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe; o Real Madrid de Puskas, Di Stéfano, Didi e Gento; ainda o Real Madrid dos galácticos, anos depois, com Beckham, Ronaldo, Zidane, Raul e Figo; o Barcelona de Messi, Xavi e Iniesta; o Botafogo de Garrincha, Nilton Santos, Amarildo e Zagalo.

    Tudo sem paixão clubística, por amor a arte que o futebol pode oferecer.

    Fui ao Maracanã assistir ao Honved, de Puskas, pelo futebol que encantava o mundo.

    Mas confesso ter sido torcedor, de brigar, batendo e apanhando, pelo Vasco. Irracional? Pode ser...

    ResponderExcluir

  3. Para quem não é do ramo, esclareço que o Honvéd é uma equipe de futebol da Hungria, base da seleção nacional que encantou na Copa de 1954, com Puskás, Bozsik, Kocsis, Czibor e László.

    É certo que perdeu a final para a Alemanha, mas isto não tirou o brilho da seleção, assim como a nossa de 1982, do Tele Santana, também fez história.

    O mais "revoltante" é que nesta tal jogo, no Maracanã, o adversário foi - com perdão da má palavra - o Flamengo, que ganhou de goleada.

    ResponderExcluir
  4. Comentário da Incógnita é extraterrestre,por demais lúcido, equilibrado, mas, em se tratando de torcer em futebol, eu até gostaria de saber por qual time ela torce, pra torcer dessa maneira ....

    Eu com certeza jamais amadurecerei como torcedor do Flu ...

    ResponderExcluir

  5. A Incógnita é tricolor, Riva.

    ResponderExcluir
  6. Hmmmm, é Incógnita mesmo ???

    ... então, faz sentido, tá brabo acompanhar o FLU ..... rsrsrs

    Sds Tetracolores !!

    ResponderExcluir

  7. Tenho certeza, Riva.

    Assim como Nelson Rodrigues e Chico Buarque utilizaram pseudônimos em circunstâncias especiais: Suzana Flag e Julinho de Adelaide, respectivamente.

    E Manuel Maria de Barbosa du Bocage, adotou o nome acadêmico de Elmano Sadino.

    Aqui no blog alguns adotam nicknames ou apelam para o recurso de comentar como Anônimos.

    Pela regra vigente, se devidamente identificados em off podem participar.

    Daí que sei quem é a Incógnita, que aparece por aqui vez ou outra.

    ResponderExcluir