14 de janeiro de 2020

Comment ça va ?




O francês foi (ainda é?) a língua culta. O idioma diplomático.

Tolstói escreveu boa parte de sua obra clássica – Guerra e Paz - em francês. A aristocracia russa falava russo em suas reuniões.

E não eram somente os russos que tinha admiração pelos franceses (talvez não por Napoleão). Estudar na França era de bom alvitre. O iluminismo influenciou boa parte da Europa.

Frederico II
Também os alemães (prussianos), tinham admiração e respeito pelos filósofos e pensadores franceses. Quando estive em visita a Sanssouci, residência de verão de Frederico, o Grande, em Potsdam onde faleceu, fiquei sabendo que o local fora visitado por Voltaire a convite do rei prussiano Frederico II, pois os dois mantinham regular correspondência.

Frederico, o Grande, ficou conhecido por suas conquistas militares, mas ele era culto, amante das letras, colecionador de arte francesa, e se aventurou também na literatura.

Em Portugal, Eça de Queiroz era acusado de ser responsável pela desnacionalização, por haver se afrancesado. 

Na época em que cursei o ensino médio, os filósofos franceses do luminismo estavam em moda, de novo: Diderot, Montesquieu, Voltaire. O mais lidos e citados eram Descarte, Foucault e Jean-Paul Sartre.


O livro mais comentado na época era "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry. Da célebre frase da raposa: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo  que cativas."

Aprendíamos que no século XIX, no período denominado de Belle Époque, a arte da pintura gerou um movimento de extrema importância, de  rebeldia ao classicismo, que tomou o nome de impressionismo, derivado da obra “Impressão: nascer do sol”, do artista Claude Monet, que por óbvio foi um dos pioneiros e mais celebrados mestres do estilo.


"Impressão: nascer do sol" - Monet
Outros nomes importantes do movimento foram Renoir e Manet.

A música teve seu momento impressionista, com Claude Debussy e Maurice Ravel.

Ouçam, querendo, a obra "Bolero", de Ravel:



O assim chamado cinema de arte (o cinema custou a ser considerado arte), teve nomes franceses importantes, que fizeram escola, tais como Jean-Luc Godard e François Truffaut.

No Liceu Nilo Peçanha, na década de 1960, onde cursei parte do ensino médio, na época denominado secundário, um grupo de alunos (maioria mulheres) criou o “Clube de Francês” tal a relevância deste idioma para as artes em geral.

Resolvi escrever sobre franceses, iluminismo, impressionismo e determinismo como homenagem ao Carlos Lopes (Carlos Augusto Lopes Filho), Amigo de priscas eras, que diferentemente de mim, prefere a França à Inglaterra; gosta mais de Paris do que de Londres, talvez por influência do pai; e vira e mexe viaja  para o país onde se localiza a Normandia, onde tropas aliadas desembarcaram para combater e vencer os nazistas.



Nota: durante anos meu francês estava limitado a rendezvous e abat-jour. Já aportuguesado para abajur
Ao longo da vida outras palavres francesas, ou derivadas deste idioma, foram sendo incorporadas ao meu vocabulário.
Quando ingressei no universo do vinho, fui apresentado às expressões remuage e dégorgement. Para exclusão das borras nos espumantes as garrafas devem ser giradas 90° sobre seu próprio eixo; assim os resíduos indesejáveis ficam concentrados e são depois retirados das garrafas, pela degola dos gargalos.
Depois, quando minha mulher começou a estudar pintura, fui pesquisar o significado de vernissage, ou seja, envernizamento, correspondendo àquela última demão de verniz feita pelos pintores na véspera de abertura de suas exposições.
E, claro, réveillon passou a fazer sentido, pela repetição da palavra nos meios de comunicação. Não  foi difícil esclarecer que como derivado do verbo réveiller, significando acordar, seria o despertar de um novo ano.

15 comentários:

  1. Carrano, bom dia. Muito boa sua matéria sobre a França. Realmente, gosto muito mais desse país que outros da Europa que já visitei. Não só pela pluralidade de locais históricos e muito interessantes, também por seus museus, monumentos e civilização. Sinto-me honrado em ter meu nome mencionado em sua matéria, mas sou apenas um mero admirador da França e de seu povo. Como você disse, talvez seja mesmo por influência de meu pai, que também era fã de carteirinha do país e que me levou junto numa de suas idas a Paris para um curso de especialização em medicina que lá foi fazer em 1957, quando eu tinha somente 14 anos de idade. Por ter ficado um mês em Paris nessa ocasião e ter servido de guia improvisado para minha mãe, avó e irmãos, devido ao francês que tinha estudado no Liceu, talvez isso também tenha me atraído ainda mais para o povo francês. Dizem que eles são mal educados, rabugentos. Não concordo. Como em todos os países sempre existem mal humorados e que podem te responder grosseiramente. Mas, a grande maioria do povo francês é solícita, agradável, gosta de um bom papo, é interessada nas coisas do Brasil. Pude constatar isso nas várias viagens que fiz após minha aposentadoria, em várias regiões da França. Daria para escrever muito mais, mas o espaço não me permite.

    ResponderExcluir
  2. Lembro que Freddy estudava francês no Ginasial do Liceu Nilo Peçanha. Por onde andei, a matéria era o inglês.

    Não sei porque, sempre tive aversão ao francês. Na tchurma da adolescência, todos até sacaneavam quem se atrevia a falar francês...língua de bicha e outras coisas mais. Não existia bullying nessa época rsrsrsrs.

    Nunca tentei aprender. Qualquer lugar do mundo se comunica em inglês, e meu foco sempre foi melhorar meu inglês-americano, pois não curto a "empáfia" do sotaque inglês também.

    Fiquei impressionado quando estivemos em 2018 pela Alemanha, Bélgica e Holanda ...qualquer funcionário de supermercado, caixas, farmácias, comércio, restaurantes, todos falam o inglês.

    Tenho uma pendência : tentar entender e falar alguma coisa em espanhol. Acho a língua bonita, mas tenho enorme dificuldade com ela.



    ResponderExcluir
  3. No meu tempo de Liceu, o francês era obrigatório desde o primeiro ano ginasial e me acompanhou até o quarto ano, quando terminei o curso. Como fiz o científico, não estudei mais francês no Liceu. O inglês comecei a estudar desde o segundo ginasial, não me recordo se em todos os anos do científico, pois línguas era matéria mais explorada no curso clássico. Entretanto, como o inglês já era quase considerada como língua universal naquela época, cursei quatro anos de Cultura Inglesa. Moral da história: desenvolvi muito mais o francês do que o inglês. Minhas viagens à Europa sempre partem ou terminam em Paris. Mas, você tem razão: em quase todas as cidades europeias que visitei, muita gente (nem todo mundo) fala inglês, principalmente os mais jovens, das gerações post-guerra. Mas, na Polônia, Suécia, Rússia, Alemanha, Noruega, Dinamarca, Hungria, nem todo mundo fala inglês. Pretendo ir agora em abril a Praga, vou ver como são as coisas por lá. Parece que até a moeda é diferente, como na Polônia e países escandinavos. Quanto à pintura mencionada por você, gosto muito dos impressionistas, em especial Toulouse Lautrec, Renoir, Van Gogh, Sisley, além de Monet, Manet, Cézane... Não gosto do cubismo de Picasso. Mas, a França é tudo isso: cultura, história, divertimento (um dos países europeus com mesas ao ar livre, fora dos restaurantes, o que não vi na Inglaterra, Irlanda, um pouco na Alemanha, mais na Itália), excelente culinária, maravilhosos vinhos.
    Realmente, na nossa adolescência, o francês era meio que discriminado, considerado como língua de "bichas" porque para falá-la tinha-se que fazer "biquinho"... Era do machismo...

    ResponderExcluir
  4. Tudo nessa região - Alemanha, França, Espanha, Portugal, Italia - esbanja História, cultura, beleza.

    Eu vou muito à America - todos sabem como gosto de lá. Comecei a frequentar a Europa há pouco tempo, e o pouco que rodei deu pra sentir o massacre cultural e a beleza do continente.

    Infelizmente é uma viagem cara para os velhinhos aqui rsrsrsrs.

    A garotada bota o mochilão nas costas, dorme em qualquer lugar (até nos trens), come seus hamburgers, e tudo se torna muito mais em conta.

    Mas eu e a MV não dá mais ...

    Meu caçula fez Andaluzia há pouco tempo, e o mais velho vai fazer a mesma viagem em breve. É uma pendência para mim, conhecer bem a Espanha.

    ResponderExcluir

  5. Carlinhos,
    Quem escreveu que em qualquer lugar do mundo todo mundo fala inglês e que no passado quem falava francês era considerado efeminado, foi o Riva, nosso confrade aqui do blog.

    ResponderExcluir

  6. Estive na República Tcheca em 2006.

    Portanto há 14 anos.

    Praga é legal. A referência que logo me vem a memória quando falo da cidade, é o relógio astronômico que fica junto ao prédio da prefeitura.Na época funcionava.
    A arquitetura da cidade é um destaque.

    Kafka não é unanimidade, porque escrevia em alemão; e para os judeus não era suficientemente ortodoxo.

    A cerveja pilsen nasceu naquele país. E a fabricam muito bem até hoje (até 2006).

    Esta viagem começou em Budapeste, e visitei Praga e Viena e terminei em Berlim.

    ResponderExcluir
  7. Desculpe, Carrano, não atentei que foi seu confrade quem escreveu acima. Pensava que era você, por isso a maior intimidade no tratamento. Desculpe-me com seu amigo, por favor.

    ResponderExcluir

  8. Nenhum problema, mencionei para constar dos anais.

    O Riva é gente boa.

    ResponderExcluir
  9. Esse negócio de "anais" é meio perigoso, pode ter duplo sentido. Conheço Viena, Budapeste e Berlim. Mas, como praticamente faço todas minhas viagens por minha conta e risco, pegando trem aqui e ali, fica um pouco mais difícil, por causa da língua e moeda e, agora principalmente, pela idade. Toda informação sua sobre Praga será bem vinda.

    ResponderExcluir
  10. Não conheço Praga, mas todos os meus amigos que lá vão elogiam demais a cidade, em todos os sentidos - beleza, restaurantes, passeios, o povo.

    ResponderExcluir

  11. Língua: nem pensar

    Moeda : coroa tcheca

    Entretenimento : teatro negro, bem legal.

    Bombardeio : por acidente a cidade de Praga foi bombardeada, pelos aliados quando estes atacaram Dresden (bela cidade alemã), destruída no final da Guerra. Não era mais necessário bombardear Dresden, os alemãs estava vencidos.

    Cerveja : boa

    O rio que corta a cidade tem belas pontes, como sobre o Sena. Difícil pronunciar corretamente o nome de tal rio. Vltava. Tem 3 consoantes seguidas. Mas aceitam Moldava.

    Ali, no chamado Leste Europeu (erro geográfico), gostei mais de Viena.

    ResponderExcluir

  12. Para corrigir a concordância para "estavam vencidos", aproveito para comentar que a citada cidade alemã - Dresden - fica há poucos quilômetros, cerca de 100.

    ResponderExcluir
  13. Uma das minhas sobrinhas esteve em 2019 em Cesky Krumlov.

    Uma beleza de cidade, desconhecida dos turistas na Rep Tcheca.

    Vejam em https://www.google.com/search?tbm=isch&source=hp&biw=1366&bih=625&ei=t2MfXtLLNeS65OUP57-owAQ&q=cesky+krumlov+rep%C3%BAblica+tcheca&oq=Cesky+Krumlov&gs_l=img.1.1.0l6j0i30l4.2740.2740..5215...0.0..0.168.168.0j1......0....2j1..gws-wiz-img.7IUImy6RfPg

    ResponderExcluir
  14. Já vi vários filmes sobre Dresden, que parece ter sido a Caen dos alemães. Vou de Frankfurt para Praga fazendo baldeação em Dresden. Vou sair de um trem para entrar em outro, não vai dar para conhecer a cidade.

    ResponderExcluir

  15. Volto a ressaltar que faz muito tempo que estive em Praga (Praha).

    A troca de guarda no palácio, comparada com a pompa e circunstância da de Buckingham, acaba sendo muito chinfrim.

    A ponte Carlos certamente terá que ser utilizada. Além se seu próprio charme, tem muitas atrações. Quando lá estive havia uma bandinha executando um puro jazz, estilo New Orleans.

    ResponderExcluir