10 de setembro de 2018

MUSEU NACIONAL

Estou, ainda, chocado. E revoltado com a incúria dos responsáveis.

Está certo que responsáveis somos todos nós, mas me refiro a tantos quantos depois do infausto acidente apareceram nas mídias falando de falta de verbas para as manutenções necessárias.

Assumir mesmo, ninguém. Nem ministro da cultura, nem reitor da UERJ, nem diretor do museu, nem os "subs" e nem os "vices", em suma todos falando como se a culpa fosse apenas dos outros; e adotaram praticamente e mesma cantilena: inexistência de verbas públicas.

Sabem as razões? Ou pelo menos uma delas ?Abordei, rapidamente, em postagem de outubro de 2016, portanto há dois anos. Acessem o link a seguir:

Reproduzo um trecho, no qual abordo a utilização de recursos oriundos da Lei Rouanet em benefício de artistas consagrados, com ampla visibilidade na tela da TV Globo, campeões de bilheterias, que mamam nas tetas de incentivos fiscais, em detrimento - entre outras aplicações mais louváveis -  dos nossos museus.


"O elenco de “Aquarius” protestou em Cannes (foto abaixo), denegrindo a imagem do país, porque não podem prescindir das verbas de patrocínio para seus filmes, shows, e espetáculos teatrais. Outros artistas, como Chico Buarque, também foram contrários a extinção do MinC, que se transformaria em secretaria de cultura.

Papel ridículo em Cannes. Argh!!!
Enquanto eles se locupletam com patrocínios, museus, pelo país afora, apresentam goteiras pondo em risco o acervo, ou fecharam, como o do Ipiranga, em São Paulo.

Nas bibliotecas, atacadas por mofo e cupim, obras preciosas estão em risco e muitas já foram prejudicadas irremediavelmente. Faltam controles de temperatura e de poeira. E pessoal qualificado. Ou seja, faltam verbas.

O patrimônio arquitetônico, em especial nas cidades históricas de Minas e Goiás, não conta com recursos do poder público para manutenção. E em outras pequenas cidades coloniais, não tão badaladas como as mineiras, a situação é mais caótica.

Mas tem artista global mamando nas tetas da Lei Rouanet.

Neste quadro todo de falta de atenção, de desleixo governamental com museus, bibliotecas, monumentos históricos, essa gente que se intitula intelectualiza, que tem gordas bilheterias em suas apresentações, espaço em horário nobre das TVs para divulgação de suas obras e ainda desfrutam da simpatia de boa parte da imprensa, que endossa estas esdrúxulas manifestações políticas, adota o princípio do farinha pouca meu pirão primeiro.

Querem viver do dinheiro público. São parasitas.

São egoístas, querem não uma política cultural voltada para as manifestações realmente populares, como o maracatu, a marujada, o bumba-meu-boi, a ciranda, o maculelê e outras, que são efetivamente patrimônio cultural e sobrevivem à custa da gente humilde do interior que com sacrifício preserva suas raízes. Heróis não reconhecidos, abandonados a própria sorte.

São nojentos, abomináveis, desprezíveis estes intelecualóides, politiqueiros, que acham decente manter suas belas mansões, campos de futebol soçaite e apartamentos em Paris e Miami, com dinheiro público."

6 comentários:

  1. De pleno acordo, Carrano. Cultura, no Brasil, só serve a alguns poucos privilegiados, beneficiários da Lei Rouanet, que produzem espetáculos de gosto duvidoso, para atender a uma camada dita "intelectualizada" de nossa população. Museus, teatros, monumentos estão caindo aos pedações, sem manutenção ou conservação

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  2. Concordo 1.000.000 % ..... é lamentável.

    Outro ponto que gostaria de comentar : toda direção de um hospital, museu, enfim, de instalações estratégicas, DEVE criar seu PLANO DE CONTINGÊNCIAS, que inclui no mínimo :

    - mapeamento e contatos com recursos de emergência para o local : Bombeiros, Polícia, Hospitais,Fornecimento de água, etc
    - Plano B para as instalações críticas - exemplo : CTIs, Data Centers (instalações espelho)
    - Parceria com o Corpo de Bombeiros, no sentido de fornecimento de plantas das instalações locais, e treinamentos internos para o CB conhecer TODAS as instalações, visando maior eficiência em caso de emergências
    - Constituição de Brigada de Incêndio interna, com treinamentos de procedimentos e evacuação


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  3. Como comentarei no próximo post, fiquei humilhado com o programa do Louvre para combate a incêndio e controle de pânico.

    São essas coisas que definem o que é ser de primeiro mundo e o que é ser de terceiro.

    Minha nora e meu filho, em passeio pela Grã-Bretanha, alugaram um automóvel e ficaram apaixonados pelo sistema de sinalização nas estradas (que são tapetes) e foi exatamente este comentário que fiz quando narraram o fato: "estes detalhes é distinguem o pais civilizado, de primeiro mundo, do resto."

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  4. Carrano, em compensação a tragédia do World Trade Center poderia ter sido menor sem as falhas que ocorreram no Plano de Emergência de NY.

    Comprei lá nos EUA a "bíblia" sobre a investigação do 11 de setembro, e foram alarmantes e inaceitáveis as falhas que ocorreram. Posso citar, principalmente :

    - equipamentos de comunicação dos prédios com defeitos, até inoperantes
    - desalinhamento de procedimentos entre Corpo de Bombeiros e Polícia local
    - falta de treinamento para evacuação dos prédios atingidos

    Não sei se vcs sabem, mas a Torre Sul chegou a ser quase totalmente evacuada quando o 1º avião colidiu com a Torre Norte, mas as pessoas foram orientadas a voltar ao prédio, porque o "problema era na Torre Norte" .....inaceitável ! Aí veio a fatídica Lei de Murphy, e o 2º avião chegou ...

    Aproveito para perguntar aos raros frequentadores do Pub da Berê :

    Assim como temos coletes salva-vidas nas embarcações, você numa situação dessas de cercado num incêndio no alto de um arranha céu, saltaria com um paraquedas de emergência ? Ou ficava lá para morrer asfixiado ou torrado ?

    Aguardo os comentários.






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  5. Riva, são raros mas fieis, como você, para minha alegria, os frequentadores do Pub da Berê.

    Perdão mas acho a sua pergunta meramente retórica. Quaisquer respostas terão relativo valor eis que, a meu juízo, somente no momento colocado é que reagiríamos de tal ou qual forma. E, salvo engano meu, mais por instinto do que por razão.

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  6. Forum dos Leitores (Estadão)

    https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,forum-dos-leitores,70002496458

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