Eu era nada mais nada menos do que um guri, um piá, um pirralho, um menino, um petiz, um fedelho, um pivete, e até mesmo um puto, segundo linguajar usual em antigos bairros de Lisboa, para aludir a criança do sexo masculino de idade entre 5 e 12 anos de idade.
Pois nesta época, anos 1940/1950, havia um sabonete popular que colocava em sua embalagem uma estampa. Estas estampas eram relacionadas aos mais variados temas: tipos regionais do Brasil, bandeiras de todos os países, danças, tribos indígenas nacionais, etc.
Eram muitos os temas e nós, meninos na época, trocávamos uns com os outros quando por acaso tínhamos duplicatas.
Eram instrutivas e informativas. Não sei o que ocorreu primeiro: se deixamos, lá em casa, de usar o dito sabonete; se o sabonete deixou de ser fabricado, ou se deixou de incluir as estampas na embalagem.
O fato é que possuía um bom número de estampas que conservava com cuidado. Quando e o que foi feito com elas não tenho a menor ideia.
Algum tempo depois, um álbum de figurinhas virou coqueluche no Rio de Janeiro e adjacências (Seria nacional? Pode ser). As figurinhas eram dos animais do mundo inteiro: felinos, répteis, símios, aves, etc. Como mencionado, de todo o mundo.
Esta febre contagiou até mesmo meu pai que, vez ou outra (quando a grana permitia), trazia alguns envelopes que abríamos juntos, sempre torcendo para que não fossem duplicatas. Não completamos o álbum, mas se bem me lembo ficaram faltando algumas poucas.
Outro tipo de figurinhas fez parte de minhas coleções. Estas eram vendidas com balas.
E ainda as figurinhas que mais me atraíram, eram as dos times de futebol do Rio e de São Paulo. Os envelopes com as figurinhas, eram comprados em bancas de jornais.
Alguns jogadores eram figurinhas fáceis e muito repetidas nos envelopes, já outros eram raros. Eram as chamados "figuras carimbadas" expressão que até hoje é utilizada para qualificar este ou outro jogador mais valorizado.
E as figurinhas repetidas, duplicatas, eram utilizadas no jogo de "bafo". Quem se lembra? Apostávamos empilhando figurinhas com a face da imagem voltada para baixo, e cada um na sua vez tentava vira-las batendo no bolo com a palma da mão em concha. Quantas virássemos quantas ganhávamos.
E as figurinhas repetidas, duplicatas, eram utilizadas no jogo de "bafo". Quem se lembra? Apostávamos empilhando figurinhas com a face da imagem voltada para baixo, e cada um na sua vez tentava vira-las batendo no bolo com a palma da mão em concha. Quantas virássemos quantas ganhávamos.
Toda esta digressão foi preparatória para abordagem da situação a que chagamos.
Hoje seria viável lançar álbuns de jogadores, vinculados aos seus respectivos clubes? Acho difícil tal é a rotatividade existente no meio.
Em alguns casos, no lançamento dos álbuns e figurinhas, determinado jogador apareceria como pertencente a um certo clube, mas em pouco tempo já estaria vestindo a camisa de outro e beijando o escudo como se fora o grande amor de sua vida.
Quantos escudos o Nenê já beijou? Mas certamente tem outros piores.
No passado, não era incomum um jogador iniciar a carreira num clube e pendurar as chuteiras jogando pelo mesmo clube. Menos raro ainda era defender duas camisas ao longo de toda vida, sendo a primeira, em geral, de clube modesto que o revelava.
Alguns foram fiéis a um clube no Brasil, só defendendo outro clube no exterior. Pelé é um exemplo clássico. Mas existiram outros.
E entre os técnicos? Mesmo os que estão em início de carreira, como o Zé Ricardo, já rodaram vários clubes. Joel Santana conseguiu o feito de conquistar o campeonato carioca pelos 4 grandes clubes do Rio de Janeiro.
Turnover semelhante, ou até pior, acontece no mundo político: quantas vezes seu candidato já mudou de partido? Não me refiro a mudança do nome da agremiação política (o que vem acontecendo muito), mas sim a mudança de bandeira, de ideologia.
As imagens foram obtidas via Google.
As imagens foram obtidas via Google.
Não existem partidos políticos no Brasil ...são castas.
ResponderExcluirUma vergonha, um Brasil Bandido.
As siglas são inócuas, inodoras, incolores e insípidas.
ResponderExcluirBons tempos em que sabíamos decor (como se escreve isso, Profª Rachel?) os jogadores dos nossos times e os aspirantes também, que jogavam antes do jogo dos titulares....
ResponderExcluirO álbum que mais me marcou foi o FLASHES DO FUTEBOL, em que ganhávamos prêmios ao completar um time. Acho que foi em 64 ou 65.
Coisas que não voltam mais, como diz a Alessandra, ficam nos quadros pendurados nas paredes da nossa memória.
PS : se alguém conseguir a contabilidade desse tal de CRIANÇA ESPERANÇA da GLOBO, quanto entrou e pra onde foi, me manda uma cópia. Obrigado, de nada !
ResponderExcluirLembro das figurinhas do sabonete que vc colecionava e suas irmãs não podíamos tocar.
Aliás as meninas da minha época e nível social, não colecionavam nenhum item
Talvez por isso participei ativamente do preenchimento dos álbuns lançados nos anos 70. Claro que a desculpa era ajudar as sobrinhas visto que morávamos na mesma casa. Me diverti muito.
Vejam, por exemplo, entre muitos outros, o Ricardo Oliveira ora no Atlético Mineiro:
ResponderExcluir!3 clubes em 18 anos
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Oliveira
Na verdade, Ana Maria, você lembra das estampas do Eucalol que conservei durante muito tempo, mas já não comprávamos o dito sabonete e portanto não pude dar sequência a coleção. Eram muitas séries e eu só possuía algumas poucas.
ResponderExcluirVocê era muito menininha. Os 5 anos de diferença na época faziam diferença. Eu com 11/12 anos, você com 6/7 anos.