18 de agosto de 2018

Álbum de figurinhas

Eu era nada mais nada menos do que um guri, um piá, um pirralho, um menino, um petiz, um fedelho, um pivete, e até mesmo um puto, segundo linguajar usual em antigos bairros de Lisboa, para aludir a criança do sexo masculino de idade entre 5 e 12 anos de idade.

Pois nesta época, anos 1940/1950, havia um sabonete popular que colocava em sua embalagem uma estampa. Estas estampas eram relacionadas aos mais variados temas: tipos regionais do Brasil, bandeiras de todos os países, danças, tribos indígenas nacionais, etc.



Eram muitos os temas e nós, meninos na época, trocávamos uns com os outros quando por acaso tínhamos duplicatas.


Eram instrutivas e informativas. Não sei o que ocorreu primeiro: se deixamos, lá em casa, de usar o dito sabonete; se o sabonete deixou de ser fabricado, ou se deixou de incluir as estampas na embalagem.

O fato é que possuía um bom número de estampas que conservava com cuidado. Quando e o que foi feito com elas não tenho a menor ideia.

Algum tempo depois, um álbum de figurinhas virou coqueluche no Rio de Janeiro e adjacências (Seria nacional? Pode ser). As figurinhas eram dos animais do mundo inteiro: felinos, répteis, símios, aves, etc. Como mencionado, de todo o mundo.


Esta febre contagiou até mesmo meu pai que, vez ou outra (quando a grana permitia), trazia alguns envelopes que abríamos juntos, sempre torcendo para que não fossem duplicatas. Não completamos o álbum, mas se bem me lembo ficaram faltando algumas poucas.


Outro tipo de figurinhas fez parte de minhas coleções. Estas eram vendidas com balas. 

E ainda as figurinhas que mais me atraíram, eram as dos times de futebol do Rio e de São Paulo. Os envelopes com as figurinhas, eram comprados em bancas de jornais.

Alguns jogadores eram figurinhas fáceis e muito repetidas nos envelopes, já outros eram raros. Eram as chamados "figuras carimbadas" expressão que até hoje é utilizada para qualificar este ou outro jogador mais valorizado.

E as figurinhas repetidas, duplicatas, eram utilizadas no jogo de "bafo". Quem se lembra? Apostávamos empilhando figurinhas com a face da imagem voltada para baixo, e cada um na sua vez tentava vira-las batendo no bolo com a palma da mão em concha. Quantas virássemos quantas ganhávamos.

Toda esta digressão foi preparatória para abordagem da situação a que chagamos.

Hoje seria viável lançar álbuns de jogadores, vinculados aos seus respectivos clubes? Acho difícil tal é a rotatividade existente no meio.

Em alguns casos, no lançamento dos álbuns e figurinhas, determinado jogador apareceria como pertencente a um certo clube, mas em pouco tempo já estaria vestindo a camisa de outro e beijando o escudo como se fora o grande amor de sua vida.

Quantos escudos o Nenê já beijou? Mas certamente tem outros piores. 

No passado, não era incomum um jogador iniciar a carreira num clube e pendurar as chuteiras jogando pelo mesmo clube. Menos raro ainda era defender duas camisas ao longo de toda vida, sendo a primeira, em geral, de clube modesto que o revelava.

Alguns foram fiéis a um clube no Brasil, só defendendo outro clube no exterior. Pelé é um exemplo clássico. Mas existiram outros.

E entre os técnicos? Mesmo os que estão em início de carreira, como o Zé Ricardo, já rodaram vários clubes. Joel Santana conseguiu o feito de conquistar o campeonato carioca pelos 4 grandes clubes do Rio de Janeiro.

Turnover semelhante, ou até pior, acontece no mundo político: quantas vezes seu candidato já mudou de partido? Não me refiro a mudança do nome da agremiação política (o que vem acontecendo muito), mas sim a mudança de bandeira, de ideologia.

As imagens foram obtidas via Google.

6 comentários:

  1. Não existem partidos políticos no Brasil ...são castas.
    Uma vergonha, um Brasil Bandido.

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  2. As siglas são inócuas, inodoras, incolores e insípidas.

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  3. Bons tempos em que sabíamos decor (como se escreve isso, Profª Rachel?) os jogadores dos nossos times e os aspirantes também, que jogavam antes do jogo dos titulares....

    O álbum que mais me marcou foi o FLASHES DO FUTEBOL, em que ganhávamos prêmios ao completar um time. Acho que foi em 64 ou 65.

    Coisas que não voltam mais, como diz a Alessandra, ficam nos quadros pendurados nas paredes da nossa memória.

    PS : se alguém conseguir a contabilidade desse tal de CRIANÇA ESPERANÇA da GLOBO, quanto entrou e pra onde foi, me manda uma cópia. Obrigado, de nada !

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  4. Lembro das figurinhas do sabonete que vc colecionava e suas irmãs não podíamos tocar.

    Aliás as meninas da minha época e nível social, não colecionavam nenhum item

    Talvez por isso participei ativamente do preenchimento dos álbuns lançados nos anos 70. Claro que a desculpa era ajudar as sobrinhas visto que morávamos na mesma casa. Me diverti muito. 


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  5. Vejam, por exemplo, entre muitos outros, o Ricardo Oliveira ora no Atlético Mineiro:

    !3 clubes em 18 anos

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Ricardo_Oliveira

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  6. Na verdade, Ana Maria, você lembra das estampas do Eucalol que conservei durante muito tempo, mas já não comprávamos o dito sabonete e portanto não pude dar sequência a coleção. Eram muitas séries e eu só possuía algumas poucas.

    Você era muito menininha. Os 5 anos de diferença na época faziam diferença. Eu com 11/12 anos, você com 6/7 anos.

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