30 de dezembro de 2017

Fraudes, trapaças, golpes, e outras espertezas

Não é necessário ser vítima de estelionato, conto do vigário, trapaça ou fraude para aprender a ficar alerta, sempre desconfiando.

É balela de jurisconsultos, filósofos e poetas  que devemos confiar nas pessoas até prova em contrário. Não é conveniente aguardar prova em contrário, é mais prudente agir ao contrário, ou seja, desconfiando antes.

Lembro o que disse certa feita um experiente sargento do 3º RI, onde prestei serviço militar na primeira fase. Havia um posto de sentinela no alto do morro. Um local sem iluminação e no meio do mato.

Antes que perguntem por que um posto de guarda em tal local, já antecipo que era por causa dos chiqueiros onde eram criados e engordados os porcos que iriam para a panela. Os chiqueiros eram lá.

O conselho do sargento foi que detectando algum movimento suspeito, o sentinela deveria primeiro atirar e depois então indagar: quem vem lá?

Mas vamos aos casos que circunstancialmente presenciei ou om os quais convivi. Num 31 de dezembro, mais precisamente num dia primeiro do ano, pois já eram decorridas quase duas horas do novo dia, deixei cair as chaves do apartamento no fosso do elevador.

Retornamos (eu, minha mulher e dois filhos pequenos) ao automóvel e sai a cata de um chaveiro para poder abrir a porta de casa. Havia um, eu sabia, na Rua Barão do Amazonas. Ele morava no imóvel, que era uma daquelas casas antigas, construída em terreno de pouca frente, mas uma boa medida de frente aos fundos.

Bati na velha porta de madeira, uma, duas vezes, e nada. Nervoso, irritado e ansioso, passei a espancar a porta. Até que uma voz no interior da casa perguntou quem era.

Falei que era uma emergência. Perguntou onde eu morava. Respondi acrescentando que duas crianças estavam dormindo no carro.

Finalmente abriu parcialmente a porta e espreitou a rua. Pediu 10 minutos e voltou com uma bolsa com ferramentas e chaves virgens.

Durante o trajeto até o Ingá, onde morava, informou que todo o cuidado era pouco, por isso a demora no atender, especialmente na madrugada.

E relatou o caso de um colega, também chaveiro, que inadvertidamente foi atender um pedido e depois de aberta a porta da tal residência, ficou sabendo que se tratava de um assalto.

Sabendo que os moradores estavam em viagem, o ladrão dramatizou a perda das chaves, passando-se pelo proprietário.

Dois dias depois ficou sabendo pelos jornais que facilitara a tarefa de assaltantes abrindo a porta sem barulho e sem emprego de força.

Segundo o relator do caso, o chaveiro que me atendia, seu colega foi ao distrito policial onde registrado o assalto, porque a policia não tinha nenhuma pista dos ladrões. Foi prestar informações para facilitar as investigações e, claro, livrar logo sua cara.

Um outro caso ocorreu na banca de jornais que existia (ainda esta lá, mas sem funcionamento), na esquina da quadra da rua onde moro.

Quando me aproximava para comprar o jornal, o jornaleiro estava acabando de atender um sujeito, informando que lamentava não ter troco pois acabara de abrir a banca e não vendera coisa alguma.

Quando o tal elemento se afastou um pouco o jornaleiro disse para mim que se fosse eu com uma cédula de R$ 50,00 ele daria o troco, mas não aquele sujeito, que nunca vira, e logo cedo, queria comprar dois pacotinhos de figurinhas (em moda na época).

Ele deduziu que se tratava de assalto. Se ele revela ter dinheiro na gaveta para fazer o troco, ficaria sem seu rico dinheirinho.

Não sei se foi um excesso de zelo do jornaleiro, mas “gato escaldado de água fria tem medo”.

São muitos os perigos desta vida, já disse o poeta. 

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