21 de outubro de 2017

Há 52 anos

Há exatos 52 anos, no 21 de outubro de 1965, eu contava 25 anos de idade e nascia o meu primogênito, que, por consequência, hoje completa 52 anos de idade.

Ele não foi um fruto de descuido, contagem errada da tabelinha que se usava para controle da natalidade, ou de defeito do preservativo. Ele já estava planejo desde o noivado.

Também como planejado, se fosse menino teria o meu nome. Não havia recurso de exame de imagem para sabermos com antecedência o sexo do nascituro. Era loteria. Parteiras muito experientes arriscavam prever o sexo da criança pela conformação da barriga da gestante, e outros indícios que já não lembro. Tinham boa margem de acertos.

É a tal história, não creio em bruxas, mas que elas existem, existem.

E não era só exame de imagem que não havia ou não tínhamos. Não tinha telefone celular (aliás o convencional, fixo, era privilégio de poucos), não havia notebook, tablets e menos ainda smartphones.

Não havia a ponte Rio-Niterói ligando duas margens da baia da Guanabara (havia somente projeto engavetado), eu não tinha imóvel próprio, nem automóvel. Até aí nada de excepcional ou anormal. Mas não tinha geladeira e nem televisão (nem com imagem em preto e branco que era a já chegada ao Brasil).

E ganhava muito pouco. O nível gerencial, na empresa, só alcancei 5 anos depois, em 1970.

Niterói era a capital do Estado do Rio de Janeiro, eis que a fusão deste com o Estado da Guanabara só ocorreu 10 anos depois. E o Estado da Guanabara só tinha 5 anos de criado, posto que tal ocorreu quando da inauguração de Brasília, em 1960.

Ainda era estudante de Direito, sendo certo que só concluí o bacharelado dois anos após o nascimento do filho homônimo. Sim, claro, além de primogênito ele é homônimo, com acréscimo do indefectível Junior, que preferi ao usual Filho.

Já perceberem? Era estudante, sem casa, sem automóvel, sem televisão e geladeira, salário baixo, casado com uma mulher de outra cidade e outro estado, sem amigos ou outros parentes aqui em Niterói. E aí? Estão me julgando um irresponsável? Sem juízo? É justo o veredito.

Mas aqueles que conhecem o desfecho da história e principalmente os que acompanharam o desenrolar da história, sabem que deu certo. Um enredo tão surrealista tinha tudo para terminar em tragédia grega, ou shakespeareana ou, para não ir muito longe, um drama Rodriguiano (Nelson Rodrigues).

Sou um pai como muitos, mas tenho filhos como poucos. Tanto o aniversariante desta data, quanto o caçula, deram-me muitas alegrias e muito orgulho.

Ricardo
Jorge
À guisa de nota do autor, ou nota explicativa, informo ter sido necessário mencionar no aniversário de um a existência de outro filho, Ricardo, porque o aniversário do Jorge foi só um pretexto para reafirmar aos dois o quanto são amados.

Por mim e pela mãe. 


Verba volant scripta manente.

10 comentários:

  1. Pode não ter sido um drama (não foi), mas também não foi um conto de fadas.
    Diria que está mais para uma comédia romântica.

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  2. Parabéns a ele e a vc, Jorge. Se me permitir, vou plagiar esta brilhante citação sua:
    "Sou um pai como muitos, mas tenho filhos como poucos."
    Abs.
    Paulo

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  3. Parabéns a vocês todos. Ao JJ por ter completado mais um ciclo, e aos pais que coseguiram a despeito das dificuldades, formar cidadãos que fazem a diferença neste mundo.
    Quanto a situação socioeconômica da época, vale frisar que era comum os jovens "juntarem os trapinhos" embarcando numa aventura romântica com fé e esperança.

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  4. Obrigado, Ana Maria.

    Nós "juntamos os trapinhos", no civil e no religioso.

    Eramos muito conservadores. Ou tínhamos receio da espingarda dos pais (rsrsrs).

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  5. Parabéns pelo aniversário do seu filho e por ele ter um pai honesto, digno e de um caráter irretocável.
    Abs
    Alódio

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  6. Parabéns atrasado.

    Do post, uma forma bacana de dizer EU TE AMO. Mas nunca esqueça de dizer ao vivo também. Um abraço apertado, um beijo também são muito importantes entre pais e filhos. Falo isso porque sei que é difícil para muitos devido à educação que tiveram em suas famílias, há 1 ou 2 gerações.

    Chegamos de Búzios, onde formos todos (meus 3 filhos reunidos) acompanhar o meu primogênito na Maratona Trail da cidade, uma prova dificílima de 42 km em terrenos diversos. Para vcs terem uma idéia, ele fez o percurso em 6h25min !!

    Dá para imaginar correr durante 6 horas e meia ?? Muita preparação com treinador, treinamentos quase diários, estratégia e conhecimento do percurso, e equipamentos de 1ª.

    Aproveitamos ao máximo nossa estada de 3 dias por lá. Búzios é uma belezinha, muita gente bonita, muita festa, música, a noite é linda, lojinhas maravilhosas, e uma gastronomia de alto nível.

    Experimentamos e recomendamos os restaurantes Salt, Parvati, Primitivo, Bar dos Pescadores e Zuza. Tentamos o Cais de Gaia, lusitano, mas as reservas são com muita antecedência, e não conseguimos.

    PS: FLU a perigo !



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  7. Parabéns também, Riva.

    Pelas considerações iniciais sobre as relações entre pais e filhos.

    Parabéns ao primogênito pelo preparo físico, pelo empenho e pela dedicação a uma atividade saudável e positiva.

    Escolheram bem a época para realização da prova em Búzios. O tempo já não está frio e nublado e também não chegou o calor asfixiante. Ou seja, ainda não começou a alta temporada na cidade, quando estas coisas boas enumeradas que ela proporciona já não são tão facilmente desfrutáveis.

    Salve Brigitte Bardot, uma gracinha. Lembra?

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  8. A cidade fica lotada quando tem essa competição. Reservas em pousadas são feitas com meses de antecedência. Os melhores restaurantes também requerem reservas para jantar.

    Estacionei meu carro na 6ª feira e só peguei quando era para voltar - muito difícil encontrar vagas para estacionar próximo à Rua das Pedras.
    Custo de 3 reais por hora, das 10h da manhã até meia noite. De meia noite às 10h é gratuito.

    Vejam no link o "teaser" da maratona de 2016, para vcs terem uma idéia do grau de dificuldade da prova :

    http://www.xcrun.com.br/a-prova-clno

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