Esta lenda que vou contar (escrever) é uma
das minhas preferidas. Acho que a razão está na minha admiração pela sabedoria
oriental.
Um de meus romances prediletos
que esteve em minha estante por muitos anos, chama-se “Xógum”, de autoria de
James Clavell. Honra, dignidade, respeito aos mais velhos, são conteúdos que fazem da história algo singular para nossos padrões ocidentais.
Antes de entrar na lenda, devo
explicar um pouco do contexto.
Morando em São Paulo, ainda sozinho (só levei a
família no final do ano, por causa da escola dos meninos), resolvi, incentivado
por um colega de empresa, me matricular numa academia de karate-do (o caminho
das mãos vazias), sem nenhuma intenção de virar competidor, até porque já
estava muito idoso par começar e progredir nas faixas.
Corria a década de 1970 e eu era
executivo de empresa. Meu colega era faixa preta (1º Dan) e dava aulas à noite
na supracitada academia.
Kuro Obi 1º Dan (Sho Dan) |
Como estava sozinho na cidade, com
muito pouco relacionamento social e precisando sair da rotina sedentária, fiz
minha matrícula, comprei o “kimono” e comecei as aulas, duas noites por semana.
O “dojô” ficava próximo ao hotel onde morei por treze meses.
Tsunioshi Tanaka (importante mestre na época) |
Este amigo (colega de trabalho),
que à noite era meu “sensei”, era casado com uma japonesa. Ele dizia que ela
vinha de uma linhagem de samurais. Um ancestral teria sido importante em sua
aldeia, embora não pudesse afirmar que teria sido o Xógum.
Samurai estilizado |
Por causa de seus estudos da arte
marcial, de seu casamento com japonesa que tinha histórias ouvidas de bisavô e
avô, meu mestre (sensei) vira e mexe me contava algumas façanhas de samurais. A maioria inacreditável.
Mas esta lenda, embora pareça também
inverossímil, acho muito bacana. A katana (espada) é a alma do samurai. Para outros é a extensão de seu braço. Assim sendo, como extensão do braço, obedece seu cérebro.
Katana |
Consta que um samurai para provar
a qualidade de sua katana, que fora forjada de sorte a colocar sua alma no aço,
fez uma exibição para alguns discípulos.
Colocou no leito de um rio, de
águas não muito profundas, sua espada cravada no fundo. Foi à montante e
colocou no rio algumas folhas que foram boiando em direção à katana, levadas
pela correnteza.
Uma delas encostou na lâmina da
espada e ali ficou, bloqueada.
Foi neste momento que o samurai a
todos surpreendeu e assombrou.
Aproximou-se da margem, na direção em estava sua espada e deu o kiai (o grito
do karateca).
Ato contínuo a folha foi cortada pela
lâmina e cada uma das metades deslizou pelas águas rio abaixo. A espada teria obedecido ao seu grito e cortou a folha.
Palmas !!!
Numa das abas na parte interna de meu quimono estava a frase, no sistema de escrita japonês:
ResponderExcluir"Aquele que teme já está derrotado".
Também gosto de lendas, histórias da carochinha e mitologia de todas as nacionalidades. Ótimas para palestras de autoajuda e PPS no facebook.
ResponderExcluirPena que, atualmente, a literatura, arte e se baseiem em conceitos menos edificantes.
Obrigado, Ana Maria, por continuar prestigiando o blog.
ResponderExcluirPedirei ao último que sair que apague as luzes (rsrsrs).
Lembra do apelo dramático do Collor? "Não me deixem só!"
A lâmina vibrou em ressonância com o grito e o gume superafiado fez o resto.
ResponderExcluirMera física...
Eu tambêm li Xógun e gostei bastante. Mostra muito da cultura japonesa.
ResponderExcluir