Este texto, atropelando a programação do blog (tenho 3
postagens que estavam programadas para os próximos dias), foi consequência de
um comentário que iria fazer, endossando parcialmente o comentário do Riva, no post de ontem.
Ficou muito extenso e incompatível.
Vivenciei uma das maiores reorganizações que uma
multinacional poderia fazer. Final dos anos 60 (sessenta).
Não ficou pedra sobre pedra. A empresa ostentava uma situação
confortável no mercado. Determinava sua participação (market share).
Só vendia com pagamento à vista. Fluxo de caixa positivo, com gerentes de
bancos fazendo fila na porta do diretor financeiro para fazer captação de aplicações.
Tinha um escritório central e seis unidades fabris, além de reservas
florestais. Como sói acontecer com empresas de controle inglês, a ênfase era na
controladoria e na contabilidade. Os americanos focam (ou focavam) na direção financeira
e no marketing.
Contratada uma das maiores e prestigiadas empresas de consultoria
e auditoria internacionais. Foi elaborado um organograma. A empresa não tinha,
pois não precisava. Todo mundo sabia quem mandava onde.
Quando foi divulgado o novo organograma do departamento de
recursos humanos (que não existia; havia apenas um departamento de pessoal,
para fazer a folha de pagamento e recolher os encargos). Até mesmo alguns
diretores não tinham ideia do que era aquilo e quais seriam as atribuições.
Imaginem setorizar cargos e salários (ninguém sabia o que era
um job description, e muito menos sua
finalidade), criar setores de treinamento e desenvolvimento, benefícios,
recrutamento e seleção de pessoal, etc.
Tive que comunicar a demissão de empregados com mais de 30 anos
de serviço na empresa. Alguns foram às lágrimas.
E ouvi, entre outras reações: “Carrano, você não tem ideia do
que esta fazendo. O que direi a minha mulher e meus filhos quando chegar em
casa?”
E outro, aos 52 anos de idade: “Não sei fazer outra coisa na
minha vida. Comecei aqui e não terei como aprender a fazer outra coisa.”
E estou me referindo ao pessoal administrativo.
Eram as décadas de 1960 e 1970. Muitos dos que eventualmente
estiverem lendo não têm a menor ideia do que isto significava. O Rio de Janeiro
sofreu um esvaziamento quando perdeu a condição de capital federal. Até mesmo
sedes de multinacionais migraram para outras cidades pois não se justificava permanecer aqui, com todas as condições desfavoráveis, se era para ficar longe do
poder, dos ministérios.
Gente, passada esta fase, na qual me beneficiei com promoção,
aumento salarial e oportunidades de desenvolvimento profissional, com cursos pagos
pela companhia na PUC e na Fundação Getúlio Vargas, tive um enorme problema de
saúde.
Passei meses sofrendo de colite. Os médicos afirmavam, ou
você muda de atividade ou não terá cura. A causa seria emocional. Pudera! Não era um robô e tinha missão ingrata a cumprir.
Minha vontade, às vezes, era chorar junto com o antigo colega
sendo demitido porque se supunha que ele estava viciado numa forma de trabalhar
e reagiria negativamente às mudanças necessárias.
Reitero que fui beneficiado com a reorganização, a tal reestruturação
que alguém, fora do Brasil, entendeu necessário efetivar na empresa. Logo,
minha critica não é de alguém que foi
prejudicado, e sim de alguém que lucrou, sob o aspecto profissional.
A crítica que faço agora, porque fiz daquela experiência em
diante, é de que não se pode chegar numa empresa e achar que tudo está errado e
tem que ser reformulado e as peças, também as humanas, têm que ser trocadas.
Quando cheguei numa outra empresa, um pouco menor, mas ainda
assim de médio para grande porte, na reunião de minha apresentação como gerente
administrativo, com a diretoria e gerencia presentes, usando da apalavra, depois
de agradecer a oportunidade e prometendo somar e nunca diminuir, arrematei: quero
deixar claro que nada será alterado pela alteração como fim em si mesma. Tudo
será feito com muita serenidade e estudo, porque se estou chegando aqui nesta
casa hoje tendo esta oportunidade é porque todas as pessoas que me antecederam
trouxeram-na até aqui.
Se tudo estivesse errado a empresa não teria sobrevivido.
Pessoas a levaram até aquele ponto, e deveríamos agradecer a elas. E
acrescentei: o engajamento de cada um - da parte superior do organograma e assim
como os da parte inferior - será fundamental, todos temos que acreditar que as
mudanças que forem efetivadas serão benéficas.
Tenho preconceito com consultor. Assim como com críticos de
arte, eles opinam porque não sabem fazer.
Uma empresa sob meu controle acionário jamais contrataria um consultor.
Iria sim ao mercado buscar profissionais qualificados, mas engajados na
filosofia e objetivos da empresa.
Se um projeto de consultor não der certo foram tempo e
dinheiro jogados no lixo. Quem responderá pelo prejuízo? Quem concebe tem que implantar
e responder por resultados.
Colite... No meu caso, síndrome do cólon irritável, que se manifestava através da colite. Adquiri-a também por causa de desacertos dentro da empresa, e como continuei na empresa e no mesmo lugar, ela se instalou definitivamente. Isso começou em 1985, portanto lá se vão mais de 30 anos. Apenas há coisa de uns 5 anos é que posso dizer que convivo com ela de uma maneira amigável.
ResponderExcluirQuanto a demissões, na Embratel estatal eram raras. Depois de privatizada, começaram e casos como os citados pelo Carrano eram comuns. Afinal, numa empresa de ponta em telecomunicações, os requisitos técnicos necessários ao desempenho das funções tornavam-se obsoletos a velocidade vertiginosa. Quem era demitido ficava numa situação difícil, posto que para se reempregar teria de conhecer as novas tecnologias - que em geral só eram acessíveis a quem já estava empregado e recebia treinamento específico na empresa. Um verdadeiro nó...
Uma verdade absoluta, cristalina: críticos, não só de arte em suas mais variadas formas, opinam porque não sabem fazer. E como tem gente que vive disso, não? Até em programas esportivos, os críticos desfilam suas asneiras. Tática, técnica, escalação, substituições... Pretendem saber de tudo! Mais que os profissionais que estão lá no campo ralando...
Quanto a consultor... bah...
Caro Riva,
ResponderExcluirTudo bem, antes ser consultor do que me assaltar na esquina (rsrsrs).
Se os seus conhecimentos realmente são bons, você tem expertise, know how, está atualizado, eu proporia um emprego a você na minha empresa.
Deixar o projeto, o estudo do consultor para um empregado implantar é um risco. É como se o empregado tivesse que criar o filho de outro. Não seria a mesma coisa, entende? Muitas vezes o empregado sabota porque não gostou ou vai lhe trazer inconvenientes.
Nunca deixei um projeto meu órfão, nas mãos dos empregados da empresa onde estava atuando. Isso se chama irresponsabilidade.
ResponderExcluirDesenvolvo o projeto
Crio os marcos de controle e medição
Definimos os sponsors internos - incluindo a Alta Direção e o Conselho de Administração (se existir) - fator crítico de sucesso
Implementamos um piloto - em algum setor ou área ou processo da organização
Medimos, medimos e medimos
Com o sinal de GO ON, Implemento o restante
Fase Operação assistida, geralmente por meses
Para vcs terem idéia, no meu projeto da PDG Assistência Técnica fui consultor por 2 anos e meio, fulltime lá ! Como se fosse empregado. Entrava pela manhã e saía com os empregados no fim do expediente.
Há consultores e consultores .... creio que vcs lidam ou lidaram com a parte vazia do copo.
Saiam da caixa, por favor. Existem, como eu, consultores comprometidos com a cultura, a missão, os valores e a visão do cliente.
Complementando o comentário ...atualizem-se. Um empregado custa tipo 80% a mais com encargos sociais. Um consultor (competente) contratado como PJ é a solução.
ResponderExcluirSAIAM DA CAIXINHA !!
Riva,
ResponderExcluirA Deloitte & Touche LLP (que na época operava com outra denominação societária), não caberia numa metade do copo.
Trabalhei com consultor americano (num programa em que aposentados lá nos USA trariam know-how para países em desenvolvimento). Este consultor, marrento, seria especialista em fiação e tecelagem. O que ele propôs foi que contratássemos tecelões (homens) já que a legislação brasileira não admitia trabalho noturno para mulheres (entre 22 horas de um dia e 5 do seguinte), para podermos criar um terceiro turno, melhorando a produtividade dos teares. Deveríamos implantar em três meses.
Ora, primeiro que não era da cultura do brasileiro trabalhar como tecelão em indústria têxtil função predominantemente feminina, por tradição no país. Dar o chamado nó-de-tecelã (emenda quando o fio arrebenta) exige mãos hábeis e delicadas). Além de outras características que a mulher tem.
Segundo porque Ribeirão Preto estava em época de safra de café e nas pequenas cidades próximas de cana de açúcar.
A cada semana ele chegava de avião (ficava baseado em São Paulo) e ia me perguntar quantos tecelões eu havia admitido. Não falava uma palavra de português e consequentemente não poderia entrevistar candidatos (homens) e aferir as reações dos mesmos quando eram informados sofre as tarefas que executariam.
Tirante as garantias trabalhistas, não havia vantagem salarial a oferecer.
Ele teve o contrato prorrogado e foi para o Rio Grande do Norte, onde seu fracasso foi ainda maior. Deixou o país provavelmente nos considerando terceiro mundo.
Outro, este italiano, chegou com fama de especialista em blue jeans. Matarazzo, com todos os seus anos de experiência em fabricação de tecidos com várias plantas espalhadas no país, não conhecia o sistema stone washed (que na época era a coqueluche, o que dava dinheiro).
Como está ficando muito grande este comentário, antecipo que foi um mestre brasileiro, empregado de anos que nunca havia sido envolvido no projeto do Grupo Matarazzo, que matou a charada de obter resultado. A dúvida era simples: o que deve ser tingido? O fio antes de ser tecido ou o tecido já confeccionado?
Minha experiência com consultores foi rica e diversificada o suficiente para afirmar que, num caso ou outro (e dependendo do Peter Drucker da vez) a consultoria seria como a prostituição: um mal necessário.
Mas não tome minha idiossincrasia como algo pessoal, eu contrataria você, se a sua atuação é como descrita (rsrsrs).
Freddy,
ResponderExcluirAssim que você se recuperar vou propor que criemos umA firma de consultoria para atendermos basicamente a Oi.
Você com sua experiência em telecomunicações e eu com minha formação administração de recursos humanos vamos consertar aquela empresa que tem sérios e visíveis problemas de gestão.
Vamos ficar ricos e famosos (rsrsrs).
Ah! Freddy,
ResponderExcluirEstou tirando do baú meus livros de Chris Argyris, Abraham Maslow e
Douglas Mcgregor, entre outros, que estão um pouco ensebados pelo uso que fiz deles.
Você sabe como sair da caixinha (rsrsrs)?
Por fracassarem o tempo todo aqui no Brasil, desrespeitando nossa cultura, fui aos EUA em 2006 dar uma palestra para eles sobre como negociar no Brasil, aumentando sua taxa de sucesso, bastando para isso apenas conhecerem nossa legislação e nossa cultura.
ResponderExcluirSe vai abrir uma empresa, não esqueça de contratar advogados, pois vai precisar deles mais dia menos dia....um mal necessário. (nada pessoal).
Carrano, vc pegou uma fase da Deloitte que não existe mais dessa forma no Brasil. Ela tem hoje consultores brasileiros de altíssimo nível, ajudando empresas aqui e fora do Brasil. Conheço alguns, e um dos eus filhos é um deles, especialista em riscos.
ResponderExcluirEstamos em 2017, amigo ! Jogue fora seus livros de História do Brasil do Primário e do Ginásio rsrsrs.
Riva,
ResponderExcluirProcure um advogado. Você irá precisar de um.
E que seja competente porque sou bom nisso de dano moral (rsrsrs).
Antes vou procurar um consultor em danos morais. Vai que ele me desaconselha a contratação de um advogado .... rs
ResponderExcluirPS : mudando de assunto, vcs viram o programa do History Channel de ontem, com reprise hoje, com as revelações sobre o 11 de setembro ? Aterrador !
Caro Carrano,
ResponderExcluirVocê é contra consultores, mas segundo sei é consultor de uma imobiliária. Do outro lado do balcão pode? “Nada pessoal” (há há há há )
Abraço
Espera ai, Hugo (quanto tempo hein?). Vamos com calma. Você está mal informado. Não sou consultor, sou assessor jurídico de duas imobiliárias/administradoras de condomínios. É muito diferente.
ResponderExcluirFico à disposição em tempo integral para responder consultas, esclarecer dúvidas, minutar contratos e aditamentos, participar de reuniões com clientes, etc.
Só não participo da gestão das firmas.
ASSESSOR, viu Hugo?
Outro abraço.
ResponderExcluirPosts sobre advogados, do Blog Manager rsrsrsrs .....
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/03/piadas-sobre-advogados-ii.html
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/03/piadas-sobre-advogados-iii.html
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/03/piadas-sobre-advogados.html
PS : e essa de assessor jurídico para consultas .... é sensacional ... não sei mais qual a definição de consultor.
Consultor em tempo integral ?
Consultor para perguntas e respostas ?
Consultor para pequenos ou grandes trabalhos ?
Consultor para assessorar ? rs
Parece confuso, porque tem interfaces. Consultoria e assessoria têm pontos semelhantes, não iguais. Assim como Flamengo e Fluminense, são dois clubes mas têm características bem semelhantes.
ResponderExcluirO Hugo não acompanha meu dia-dia nas firmas as quais presto assessoria, mas sabe que acabo me envolvendo mais do que deveria, menos por ser assessor jurídico e mais pelo fator confiança de parte dos controladores.
O assessor jurídico participa de toda e qualquer relação que envolva o Direito. E, cá para nós, tudo envolve o Direito.
Desde um simples contrato de locação, quando o assessor OPINA sobre as garantias quanto ao cumprimento das obrigações assumidas, a capacidade dos fiadores (exemplo o gerente pode ter dúvida se uma pessoa com mais de oitenta nos pode ser fiador), prazo de duração de contrato (contrato para temporada pode exceder de 90 dias?), e assim várias outras DÚVIDAS que o assessor deve ajudar a esclarecer (está respondendo a uma consulta).
Nos casos de condomínio (e esse exemplo foi caso de ontem), a duvida da administração da firma era se alguém que não compareceu à AGO poderia ter sido eleita síndica. O Assessor jurídico, deve examinar a legislação, a jurisprudência e doutrina e dar um PARECER (precisará consultar, se já não souber com base na experiência adquirida ao longo dos muitos anos de atividade).
O tempo integral não é de presença física nas dependências da firma, e sim de disponibilidade de acesso a qualquer hora (via telefone, e-mail).
Conhecer e estar afinado com a filosofia e/ou cultura da firma, ajudam o assessor a desempenhar melhor seu papel. Acaba virando, também, uma espécie de CONSELHEIRO.
Pode, por exemplo, o sócio da firma pretender adquirir o controle de outra do ramo. Vai haver fusão, transferência de controle, uma controlará a outra? Para tudo isso é aconselhável CONSULTAR um advogado.
Advogado também, assim como a prostituição, é um mal necessário (rsrsrs).
Atualize sua agenda de telefones e endereços de advogados de confiança. Você ainda precisará de um (isto não é uma ameaça - rsrsrs). E antes de contratar um, consulte seu amigo de fé para saber se ele é confiável (rsrsrs).
É arriscado mesmo.
Riva,
ResponderExcluirUma coisa que está me ocorrendo agora.
Um bom CONSULTOR, responsável e competente, deveria ter um ASSESSOR JURÍDICO.
Com certeza, duas necessidades vitais na nossa vida e da nossa família : bons médicos e bons advogados.
ResponderExcluirContamos sempre com vc !
PS : ninguém comentou sobre o programa do 11 de setembro.
Não assisti, Riva. Por isso meu silêncio.
ResponderExcluirÉ o Rick que é aviador ?
ResponderExcluirSe sim, uma pena ele não participar sobre o 11 de setembro.
No programa exibido no History Channel sobre o 11 de setembro, revelaram muitos detalhes da tragédia, e as que mais me chamaram a atenção foram :
- todos os F-16 que levantaram voo para possivelmente derrubar o 757 sequestrado, NÃO TINHAM ARMAMENTOS. A única possibilidade de derrubar o Boeing seria uma colisão proposital com a cauda do avião, com o piloto do F-16 ejetando um pouco antes.
- os pilotos dos helicópteros que sobrevoaram as torres em chamas disseram que não tinha nenhuma pessoa nos terraços. O motivo era que as grades de acesso aos mesmos estavam trancadas com cadeados.
- problemas de comunicação entre Bush e Rumsfield só foram resolvidos horas depois do impacto no Pentágono. Isso pq Rumsfield estava ajudando pessoalmente no resgate aos feridos - o filme mostra ele carregando macas em ação.
- uma nova filmagem dá quase uma visão melhor do avião colidindo com o Pentágono, quase deslizando na grama ... impressionante ! Até hoje existem factóides por aí falando em míssel, ninguém viu ou filmou o avião, etc. Realmente um mistério.
Muitos outros detalhes - são umas 3 horas de programa.
Riva,
ResponderExcluirO Rick Carrano, que é piloto, e mora em Greenville, na Carolina do Sul, anda meio arredio.
Vou tentar contato por e-mail.
O impacto no Pentágono é provavelmente o maior mistério do atentado.
ResponderExcluirMuito mistério mesmo ....
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