17 de agosto de 2016

Lágrimas, pedidos de perdão e insucessos

Lágrimas, muitas lágrimas, de atletas, torcedores, mães e demais parentes foram uma constante, nas alegrias e nas tristezas.

Também foram as de sempre as desculpas pelos insucessos. Dispenso os pedidos de desculpas principalmente porque em nada colaborei para o resultado.

Estou lembrando de umas teses defendidas no seio de minha família, sejam originais, sejam repercussão de filosofias ou conceitos de terceiros.

Uma destas teses diz respeito à atleta suíça, que virou referência de superação e esforço ao transpor a linha de chegada no limite de suas forças, trôpega, precisando de urgente atendimento médico, em 1984, na prova da maratona.

Há quem defenda que se trata de caso de despreparo total para a competição. Se a atleta chegou naquele estado é porque não reunia condições de entrar na disputa. Ou seja, teria sido uma vergonha e não um ato heroico de sacrifício, de superação.

Outro ponto abordado nas conversas intramuros foi a questão do segundo lugar não ser tão honroso. Segundo - parece - os orientais, se o atleta foi a segundo é porque tinha chance de ser o primeiro e não fez por onde. Diferentemente dos demais que ficaram mais distantes. Faltou ao segundo um mínimo de melhor condição técnica, empenho ou fibra para chegar em primeiro. É desonroso ser o segundo. Aliás que nós, brasileiros, desprezamos o vice.

Concordando ou não, são teses que respeito. Fazem sentido. O que não me conformo está relacionado as justificativas. Exemplo: o futebol feminino jogar sob um sol forte, às 13:00 horas, com uma temperatura de 30 graus Celsius. 

Ora, pergunto eu, e as suecas estão acostumadas a isso? O vento atrapalhou no salto com vara? Pode ser, mas só a Fabiana Murer? Houve uma calmaria digna de descoberta de um país continental no momento em que as demais competidoras fizeram suas tentativas?

A areia estava muito dura por causa da chuva, ao invés de estar mais fofa como estamos acostumados. E os atletas de outras equipes só jogam debaixo de temporal do quinto ato do Rigoleto (licença Nelson)?

Enfim, o fato é desde sempre ficamos dependendo de resultados pontuais de um ou outro atleta, porque o país não tem uma política e muito menos projetos voltados para o esporte. E nosso despreparo emocional é visível.

Encerro este azedo desabafo em relação ao nosso pífio resultado nesta olimpíada realizada em nossa casa, reiterando que ficou no passado a fase em que os competidores eram naturais do país que representavam e o hasteamento da bandeira e a execução do hino tinham um significado de nacionalismo, de amor e respeito à pátria.

O que temos hoje são atletas competindo por países com os quais os laços são, quando muito, de gratidão, oportunismo ou consanguinidade remota.

O bisavô era italiano, então se justifica competir pela Itália. Está morando ha 4 anos no Catar? Então é válido representar aquele pais no vôlei de praia. Foi preterido em Cuba e sabe lutar boxe? Que outro pais oferece oportunidade? O Cazaquistão? Serve! Desde que me ofereça um dinheirinho e uma bandeira para representar.

Os húngaros têm tradição em esportes aquáticos, os brasileiros sabem jogar futebol ou vôlei, os cubanos são referência no boxe? Então são alvo de naturalizações que lhes permitam disputar por outras nações, mesmo não falando o idioma ou sabendo cantar seus hinos nacionais.

As antigas colônias francesas, inglesas ou holandesas na África, viraram fonte de suprimento de atletas para estes países europeus. Hoje assisti, no handbol da França, vários negros, como já vira na seleção de futebol que disputou a Eurocopa.

Tudo isso me remete àquela controvertida questão: quem é a mãe de fato? A mulher que pariu e abandonou - ou doou -  ou a que adotou ou resgatou do abandono e criou com amor e carinho?

8 comentários:

  1. Outra opinião sobre a olimpíada em:

    http://calfilho.blogspot.com.br/2016/08/um-pouco-mais-das-olimpiadas.html

    (selecione o endereço eletrônico acima e cole na barra de seu navegador).

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  2. Muito boa apreciação, Carrano. Não consigo aceitar o fato do Brasil, um país de 200 milhões de habitantes, pouco menos que os Estados Unidos, com semelhante extensão territorial, e ter praticamente a mesma idade, ter um desempenho tão medíocre nas Olimpíadas. Pior, quando vejo países menores, com muito menos habitantes (alguns com muito menos recursos), estarem à nossa frente, disparados. É a nossa política sobre esportes, onde somente os clubes e as Forças Armadas são capazes de formar alguns poucos atletas de ponta. Esquecemos as escolas, as universidades, celeiros que são de excelentes nadadores, corredores, atletas olímpicos de várias modalidades em outros países.

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  3. Que a Olimpíada trouxe um alento para alguns, é inegável. Quantas vezes vi pessoas se lamentando pelos cantos dizendo que queria ter corpo de atleta, malhando horas nas academias?
    Pois bem: vimos ginasta de 1,33m de altura - penso que no limite da desnutrição. Corpos esqueléticos correndo feito loucos em algumas pistas. Mulheres (?!) disformes nas provas de levantamento de peso, categoria peso pesado. Homens de até 170kg endeusados por seus recordes. Phelps tem um corpo totalmente disforme, suas nadadeiras (ele chama de pés) calçam 48.

    Felicidade geral! Todos podem, a partir do exemplo olímpico, dizer que têm corpo de atleta!
    <:o)

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  4. Teremos a quarta oportunidade de conquistar o ouro olímpico no futebol. Será que desta vez ganharemos?
    Ou vamos conquistar a quarta de prata?

    E a final contra a Alemanha, terá o mesmo resultado?

    What a shame!!! Os nadadores americanos são bons nas piscinas, mas de caráter hein?! Todos 3 não passam de tremendos 171.

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  5. E a dinastia Grael continua no poder quando se fala em disputa de regata. Medalha de ouro para Martine Grael e Kahena Kunze, na classe Classe 49er FX feminina.

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  6. Medalhas de ouro do clã:
    Torben (irmão de Lars) 5
    Lars (irmão de Torben) 2
    Martine (filha do Torben) 1

    S O M A ...................... 8

    Moram e treinam em Niterói.

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  7. Esse Lochte, aqui no Brasil, não seria nadador e sim congressista filiado ao PT.

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  8. Quanto ao desempenho dos atletas, como se diz do futebol, é uma caixinha de surpresa. Vários fatores interferem na hoa das provas. Afinal, treino é treino, e jogo é a tal incógnita.
    Não nos cabe julgar o atleta, a não ser que pequem por excesso de confiança ou por displicência (comportamento comum no futebol).

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