Na viagem de
volta de Teresópolis, no domingo de Páscoa, contei para os que estavam no
automóvel, uma história que vivi há muitos anos.
Este link abaixo abre um comercial da Fiat Lux, muito antigo. Desnecessário para alavancar venda de fósforos, na época indispensáveis no lar e entre fumantes (poucos usavam isqueiros, antes do surgimento dos descartáveis).
https://www.youtube.com/watch?v=KKZXnVZaTjI
Na verdade para eles, no automóvel, contei uma mas aqui serão duas. Ambas da
época em que eu trabalhava na Cia. Fiat Lux, de Fósforos de Segurança. Se a
Elizabeth Paiva, que ora reside em Wichita, nos EEUU, ainda frequentasse este
espaço virtual, talvez pudesse testemunhar, porque ela era, ao tempo, secretária
do Caio Assis de Aragão, que era o diretor jurídico da companhia.
Deu-se que o
Nícolo Emmanuel Burke, vice-presidente, mandou chamar, através de sua
secretária, um advogado que estivesse no escritório. Ela ligou para o ramal do
Depto. Jurídico para falar com o Mario Coelho da Silva, que era o chefe do
setor. Mas ele não estava e como eu atendi a ligação, fui convocado para
comparecer ao gabinete do Sr. Burke.
Sr. Jorge, disse
ele – pois era assim que me tratava – nós precisamos implantar um terceiro
turno de trabalho na unidade de São Gonçalo.
Eu, pato
novo (recém formado), para fazer bonito, me exibir e mostrar cultura jurídica,
respondi dizendo que infelizmente - frisei – não seria possível porque não haveria
como nas 24 horas do dia conceder aos três turnos, o intervalo para refeição e
repouso que a CLT determinava, que era de uma hora.
E acrescentei, todo proza,
como nossa atividade é insalubre, dificilmente conseguiremos no Ministério do
Trabalho autorização para redução do intervalo de almoço (sem contar o sindicato).
Ele,
cachimbo tradicional na boca, levantando a cabeça que estivera abaixada, com o olhar concentrado nos papeis
que tinha sobre a mesa, respondeu com tranquilidade: “eu não chamei o senhor
para me dizer que não pode, eu o chamei para fazer poder”. E me dispensou
dizendo aguardar uma solução.
A outra
historinha, que envolveu comentário inoportuno de alguém (eu) que queria puxar
assunto e fazer gracinha, ocorreu com uma das filhas do Jules Michel Leon
Ponsinet, que ara o presidente da Fiat Lux. Como o nome denuncia, francês. Ela,
a filha, 18 anos, bonita e charmosa, também francesa.
Ela iria
viajar para a Europa, precisava de um visto na Polícia Marítima e de Fronteira
e, como eu era estagiário no Dept. Júrídico, fui escalado para acompanha-la a
fim de facilitar, se o caso, a vida dela na repartição pública.
O carro da presidência me pegou na sede da companhia (na época na Rua Visconde de Inhaúma),
e o Chauffeur, de quepe e uniformizado, levou-me até o apartamento onde a família
residia, na Rua Djalma Ulrich.
Para ir
direto ao ponto, cumpridas as formalidade legais, visto prometido para dentro
de cinco dias, e já no automóvel de volta - eu para o escritório, e ela para Copacabana - fiz a gracinha de
comentar: “pena que você perderá nosso carnaval”.
Ela sem
perder tempo pensando, no mesmo tom respondeu: “pena que você não possa ir
esquiar em Saint-Moritz”.
Saint-Moritz |
Para atenuar
a alfinetada, olhou para mim e riu discretamente.
Bonita e elegante.
Notas do editor/autor:
- Era fevereiro, mês do carnaval naquele ano.
- A Polícia Marítima funcionava num prédio na Praça Mauá.
-Chamávamos de chauffeuer o condutor de automóvel particular e de motorista o de transporte público (ônibus, caminhão, etc)
-Chamávamos de chauffeuer o condutor de automóvel particular e de motorista o de transporte público (ônibus, caminhão, etc)
- Trabalhei durante dez anos na Fiat Lux, que foi uma escola para mim. Depois do Jurídico (onde permaneci sete anos) migrei para área de Recursos Humanos, que ainda era chamada de Relações Industriais.
FIAT LUX:
ResponderExcluirSó muitos anos depois surgiram os isqueiros descartáveis: BIC e CRICKET.
Os acendedores automáticos nos fogões, muito mais tarde ainda.
E a eletrificação rural avançou bastante.
Estes fatores, acho, tiraram dos fósforos o caráter de essencialidade.
Ao tempo em que lá trabalhei, gerentes de bancos faziam fila na porta não para cobrar, mas para conquistar a conta da companhia e captar investimento. A Fiat Lux só vendia a vista, melhor, só vendia com pagamento antecipado.
O fluxo de caixa era uma maravilha.
E detinha 80% do mercado.
Constatação:
ResponderExcluirOs temas políticos atraem muito mais do que os outros. As estatísticas revelam uma queda no número de acessos ao blog.
Não me refiro a comentários ao post, e sim acessos (visitas).