Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Como
podem ver pelo título, é o 5º post sobre o mesmo lugar. Nada demais, já que
esta é a 4ª vez que passo dias na capital potiguar. A cada estada, novo hotel,
novas impressões que reforçam ou desfazem impressões anteriores.
Qual
o objetivo dessa viagem? Eu adoro montanha, neve, lugares altos e frios.
Contudo, talvez por ter sido criado em Niterói - RJ com seu privilegiado
litoral de praias internas e oceânicas, acontece de vez em quando comigo: uma
saudade imensa do mar, das ondas batendo e me embalando na hora de dormir.
Poderia
ser Búzios, Cabo Frio, Guarapari, Prado, Sauípe... Por que a escolha de Natal?
Ora, porque gosto demais da orla que vai de Ponta Negra até o final da Via
Costeira. Lá praticamente não chove, a temperatura é amena e com muito vento,
que ajuda mais ainda a diminuir a sensação térmica. A temperatura do mar,
dizem, é mediana - não posso dar meu testemunho, jamais entrei na água das
praias quando em Natal.
O
testemunho que ora dou é baseado no Esmeralda
Praia Hotel, que foi minha casa durante esses 7 pernoites, e seus
arredores. Situa-se na área do calçadão de Ponta Negra, bem ao lado de outra
maravilha, que é o Coral Plaza Apart Hotel. Todas as unidades têm vista do mar,
em maior ou menor escala.
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Calçadão de Ponta Negra em frente ao Esmeralda Praia Hotel |
AÉREO
E TRASLADO LOCAL
As
passagens foram compradas com bastante antecedência pelo programa Smiles/Gol. O
traslado foi particular, pela agência Anauê, uma das indicadas pelo hotel. Vôos
e serviço de traslado ocorreram sem maiores percalços.
É
interessante observar que já está em operação o novo aeroporto no município de
São Gonçalo do Amarante (Aeroporto Internacional Governador Aluízio Alves) e a
distância a Ponta Negra é de cerca de 40km. Quase empata com o de Confins, que
atualmente atende a Belo Horizonte (41km).
Antigamente
usava-se o aeroporto Augusto Severo em Parnamirim, que agora está sob
coordenação da Base Aérea de Natal. A partir dele chegava-se a Ponta Negra pelo
sul da cidade. Esse trajeto cruzava uma parte mais desenvolvida de Natal, mas nada
mostrava de pontos turísticos.
O
novo trajeto vem pelo norte, atravessando a ponte Newton Navarro sobre o Rio
Potengi. Passa-se por bairros bem modestos próximos ao aeroporto, mas assim que
se alcança a ponte, já se vê o Forte dos Reis Magos. Depois passa-se pela Praia
dos Artistas, Via Costeira e enfim chega-se a Ponta Negra. É bem mais longo, mas
com uma ótima vista do lado turístico da cidade.
ACOMODAÇÕES
Ficamos
num dos apartamentos classe Deluxe / frente mar, apesar de termos pago tarifa
menor. Ganhamos o upgrade na conversa durante a aquisição do pacote por
telefone. Bom apartamento (#312), vista total para o mar, praia de Ponta Negra
e piscinas internas. Os salões de uso comum são bem decorados e amplos, sendo
que o visual moderno é amenizado com a colocação aqui e ali de peças antigas,
muitas delas de colecionadores.
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Vista à esquerda da varanda do apto 312 |
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Vista à direita da varanda do apto 312 |
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Salão interior do Esmeralda Praia Hotel |
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Obra de artesãos italianos |
No
apartamento, ar condicionado split que, curiosamente, desliga assim que você
abre a porta da varanda. Ao fechá-la, ele religa automaticamente. Sem problemas
quanto a friagem excessiva, você pode escolher a temperatura ou até desligá-lo
totalmente. Não, não cheguei a esse ponto. Na madrugada, vez por outra, apenas
abria ligeiramente a porta da varanda, desligando-o. Ganhava como bônus o
barulho das ondas na praia, a carência que me levou a fazer essa viagem.
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Meia panorâmica noturna, vista da varanda do 312 |
ALIMENTAÇÃO
O
pacote de uma semana foi adquirido na modalidade meia pensão, ou seja, café da
manhã e jantar. Das 17 às 18 era fornecido um lanchinho típico, do qual não
gostamos. Depois de experimentá-lo, não voltamos a ele.
Café
da manhã honesto. Totalmente polarizado para a cultura nordestina, tinha aquela
famosa refeição com jabá, jerimum, macaxeira, inhame, cenoura, batata doce e
mais alguns itens de que não lembro. Não costumo aderir a essa culinária. Pra
mim bastava a omelete de queijo e presunto (com apenas um ovo), pãozinho
francês, café, algumas frutas, eventualmente uma tapioca doce.
O
almoço não sei, não entrei uma única vez no restaurante nesse horário.
Normalmente estava na beira da piscina petiscando e bebendo, com esporádicas
caídas na água refrescante. Petiscos
havia os básicos: carne de sol, camarão no alho, iscas de frango, peixe e filé
com batata frita ou macaxeira frita.
Sanduíches
também tinha e custavam mais que os petiscos em geral. Talvez por isso não vi
em momento algum serem pedidos nas mesas em torno da piscina. Sim, tinha também
pratos prontos tipo filé com fritas e arroz, lagosta bem acompanhada, camarões
fritos ou no molho de queijo, massa com molhos, mas era para quem quisesse uma
alternativa à la carte.
Todo
um menu de drinques, bebidas alcoólicas ou não e os famosos sucos. Meus
amigos... Eu adoro caju quando se trata de suco. Nunca em minha vida tomei suco
de caju tão delicioso! Consumimos jarras e jarras de suco, mais caipivodkas de
caju. Era caju de manhã, de tarde, de noite! Mary ainda experimentou pina
colada, disse que estava boa.
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Tomando caipivodka de caju |
Uma
sorveteria italiana (Classico gelato italiano) atende a hóspedes e a passantes
no calçadão. Tomamos sorvete quase todos os dias, era muito saboroso.
JANTARES
À
noite, o restaurante realiza jantares temáticos, no nosso caso incluídos na
meia-pensão. São 7, um para cada dia da semana. E aí começam nossas críticas: o
que o Esmeralda Praia Hotel teve de pior a nos oferecer foram os jantares. Não
pelos ambientes, ótimos. O restaurante possui uma parte fechada com ar
condicionado, uma área externa coberta e ainda havia algumas mesas num salão
interno. Quem quisesse ainda podia comer na beira da piscina. Mas vamos às
noites, pela ordem:
Sábado
- noite tex-mex: boa, uma das melhores
da estadia. O feijão com carne moída estava realmente gostoso.
Domingo
- noite portuguesa: um fiasco. O
único prato mais ou menos português que comi foi um estranho bacalhau a Gomes
de Sá que vinha totalmente desfiado e sem gosto. Os doces... o pastel de Belém era
visualmente bonito, mas o recheio parecia aquele do sonho de padaria.
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Algumas sobremesas da noite portuguesa |
2ª
feira - noite italiana: a não ser
pela bancada de massa que era feito à sua escolha, mas com poucas opções, e
isso tinha todas as noites, o restante não agradou. A pizza era ruim, as
sobremesas idem. Outros pratos da culinária italiana não me apeteceram.
3ª
feira - noite nordestina: razoável,
para minha surpresa (não costumo aderir à comida típica). O escondidinho estava
muito bom. O que ela teve de melhor, contudo, foi a música, uma banda regional simples (sanfona,
zabumba e triângulo) mas de alta qualidade - execução instrumental, voz e
repertório.
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Forró na noite nordestina |
4ª
feira - noite árabe: putz, que
decepção... Alguém já viu chamarem purê de aipim com batata de homus
(tradicionalmente pasta de grão de bico amassado com alho, limão e tahine)??
Pois eles chamaram! Kibes mal feitos, esfihas que pareciam pizzas minúsculas
sem molho, um horror. Só se salvaram os charutinhos de repolho. Teve música que
chamaram do ventre mas que era apenas uma dança árabe.
5ª
feira - noite chinesa: foi o dia que
escolhemos para sair e comer fora. Depois das recentes experiências, ficamos
imaginando o yakisoba nordestino...
6ª
feira - noite brasileira: boa. Junto
com a tex-mex, as melhores da semana. Churrasco gaúcho de verdade, com farofa,
fritas portuguesas, molho à campanha. Até bobó de camarão tinha, mas passei ao
largo. Repetiram o excelente quindim de bandeja na sobremesa (não me lembro
quando foi o primeiro), coroou bem a noite.
RECREAÇÃO
O
Esmeralda Praia Hotel tem uma área de jogos de salão, que inclui até sinuca oficial.
Não tem sala de TV, apenas uma num canto da recepção. Pequena. Falando de TV
nos quartos, pra quem gosta de esportes não tem os canais SporTV, apenas ESPN e
Fox. Acho essa uma falha lamentável. De qualquer maneira, a TV do quarto só foi
usada para ver o jogo Argentina 1 x 1 Brasil, que passou na Globo.
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Relax após hidroginástica |
As
atividades recreativas começavam às 10h na piscina. O menu básico: alongamento,
hidroginástica, aula de dança, jogos de adivinhação. A trilha sonora se
mantinha até as 19h, quando começava o jantar. Então havia música ao vivo bem
em frente à área descoberta do restaurante. Alternaram nordestina (sanfona,
zabumba e triângulo), voz e violão (MPB), e pagode mal tocado e em alto volume!
De
todas, as únicas que me prenderam atenção foram as apresentações nordestinas.
Bem tocadas, boa voz, repertório muito bem escolhido, com clássicos da região. Aliás,
o único jantar em que a música combinou com o tema foi na noite nordestina. Nos
demais, nada combinava com nada... Exceção: meia hora de danças árabes.
O
suplício, quero dizer, a música ao vivo nos jantares temáticos tocava de 19h até
as 22h, quando finalmente o bem merecido silêncio baixava. Apenas o ruído das
folhas ao vento e das ondas no mar eram ouvidos.
A
recreação externa, não ligada ao hotel, era adequada a aficionados por esportes
aquáticos. Boas ondas mais para o lado do Morro do Careca mantinham a praia de
Ponta Negra cheia de surfistas nas horas de maré enchente. Observei a prática
de kite-surf com parapente em determinados momentos de vento forte e estável.
EXTRAS
Não
participamos do City Tour de cortesia do Esmeralda Hotel, seria um exagero
fazê-lo pela 4ª vez. Ainda mais que a atração mais interessante dele, que é a
visita ao Forte dos Reis Magos, estava temporariamente suspensa para reformas. Também
declinamos de ofertas feitas pelas inúmeras operadoras de turismo, queríamos
apenas permanecer no hotel.
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Calçadão de Ponta Negra, Morro do Careca |
Além
de duas ou três voltas no calçadão, com compras de itens locais nos camelôs e
tendas, nossos extras foram uma visita ao Shopping do Artesanato de Ponta Negra
e uma saída noturna para comer fora.
No
Shopping de Artesanato fizemos algumas compras. Não muitas, nossa vida agora é
mais limitada em termos de espaço e a verdade é que já temos praticamente tudo.
Um ou outro item para renovação e outros para presentear foram adquiridos.
No
dia do jantar chinês escolhemos ir à Pizzaria
e Creperia Cipó Brasil, muito conhecida e apreciada - já a conhecíamos de
recente estada. Hoje em dia vários restaurantes aderiram à prática de traslado
gratuito de clientes e assim foi com a Cipó Brasil. A pizza era bem recheada,
saborosa, e as caipivodkas de cajá e kiwi estavam boas. Contudo, nenhuma delas
superou a de caju do Esmeralda Hotel.
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Pizza na Cipó Brasil |
CONCLUSÃO
A
expectativa foi alcançada: curtir um bom hotel de praia em Natal, vendo e
ouvindo o mar dia e noite. Demos sorte com a meteorologia, choveu fraco apenas
numa noite. Nuvens aqui e ali, complementando o vento incessante que amenizava
o calor. Quando batia o sol... haja protetor!
Um
ponto alto a destacar - e importante - foi a qualidade do atendimento no hotel.
Pessoal atencioso, solícito, bem treinado e com bom astral. Não houve um senão
nas centenas de itens da conta semanal. Fantástico.
Posso
dizer o mesmo nas lojas de artesanato que frequentamos e ambulantes. Todos
atenciosos e de bem com a vida. Nenhum deles chato nem grudento.
Aí
você pergunta: voltariam uma 5ª vez?
Não
tão cedo, será nossa resposta.
Já
visitamos Natal por 4 vezes. Tivemos diversas experiências, desde a primeira
quando fizemos os programas básicos do turismo local, incluindo passeio de
buggy às dunas de Genipabu. Gostamos de visitar Pipa (em 2 das viagens) mas não
do complemento desse passeio, que é ficar de 2 a 3 horas numa praia limitada
por imensas falésias. Bonito de fotografar, mas chato para quem não curte
entrar na água salgada.
Em
termos de hotelaria, temos um ranking pessoal:
1º
- Ocean Palace (em 2002)
2º
- Esmeralda Praia (em 2015)
3º
- Rifóles (em 2013) - estada prejudicada
por obras
4º
- Parque da Costeira (em 2003) - 2
pernoites durante uma excursão CVC
Se
lá voltássemos, experimentaríamos decerto o Coral Plaza Apart Hotel, que fica
ao lado do Esmeralda Praia e, além de mais sofisticado, é mais calmo. Talvez
mais aderente à nossa personalidade.
Contudo,
o mais provável num retorno ao Nordeste será repetir Salinas de Maragogi (AL),
de longe o melhor resort de praia que conhecemos até hoje. Tem um sistema All Inclusive irretocável! Poderíamos
também arriscar voltar a um dos diversos do complexo Costa do Sauípe (BA) -
apesar das críticas, podendo ainda escolher algum resort por nós desconhecido mas
elogiado nas críticas no Trip Advisor.
Em
que época? Bom, baterias recarregadas quanto ao fundo musical das ondas no mar,
acho que só daqui a no mínimo um ano. Não antes. Exceção? Um eventual fim de
semana em Búzios, para conhecê-la.
Créditos: fotos do acervo do autor