Por
Carlos Frederico March
(Freddy)
Sim,
todos nós temos um pouco de médico e de louco.
Ou:
olhado bem de perto, ninguém é normal.
Não
me excluo, e pode ser que nem precisem olhar tão perto assim.
Às
vezes, por conta de textos postados sobre vida no Universo, religião, astronomia em geral, sou questionado
quanto à minha visão do assunto: o que eu acho que somos ou o porquê de
estarmos aqui. Meu irmão Paulo (o Riva do blog) cobrou direto no comentário do
dia 19/10/15 no post KIC8462852:
“-
Mas Freddy, qual a sua leitura disso tudo que você relatou? Em que você
acredita, espiritualmente e racionalmente?”
Ah,
se eu tivesse certeza de algo... Ninguém tem, creio que a verdade deve ter
pinceladas de cada religião ou filosofia seguida pelos humanos. Quem sabe ainda
falta percebermos algo mais determinante, alguma descoberta científica de
alcance mais profundo...
Nascido
católico e agora me enfronhando em espiritismo kardecista, luto para amansar
minhas dúvidas e me agarrar em crenças. Como assim crenças, com tantas dúvidas?
Contudo, como andei dizendo recentemente, não adianta estressar-me a respeito,
já que é algo que estou prestes a saber, minha hora se aproxima. Quando? “Não
sabeis nem o dia nem a hora”.
Racionalmente...
Ao estudar astronomia (mesmo que em nível de leigo) vivo lidando com os confins
do universo. Cosmologia é um dos temas. Interessa
a mim e, pelo jeito, a grande parcela da humanidade. O que se gasta de bilhões
de dólares na busca de uma resposta sobre a criação talvez nem faça sentido,
com tantas outras coisas mundanas a tratar, mas...
Enfim...
Que tal então embarcarmos numa louca viagem? Reservo-me agora o direito de
mudar de dimensão, de enfoque a meu bel prazer. Ficar pequeno como um átomo ou
grande como uma galáxia. Vamos lá?
A
LOUCA VIAGEM
Começarei
pedindo que lembrem de uma passagem do ano, um Réveillon lotado de fogos de
artifício espocando. Concentrem-se numa única cabeça de morteiro. Lançada aos
ares, segue uma parábola e, bem lá no alto, explode em cores e pontos
fulgurantes.
Fogos de artifício |
Por
gentileza, dêem uma espécie de parada de cena nessa explosão. Concentrem-se num
único dos múltiplos pontos que se desintegram naquela imensa esfera de luz, fogo
e fumaça.
Pronto,
assim procedendo mudamos totalmente nosso ponto de vista. Dali estamos vendo em
torno uma multidão de outros pequenos pontos similares ao nosso, jorrando luz e
queimando individualmente, formando pra quem vê de longe aquela imagem linda.
Podemos
ver os demais morteiros em volta, aquela linda sequência pirotécnica? Difícil,
perdidos que estamos dentro daquela confusão toda de luz, cor e fumaça geradas
pelo nosso próprio morteiro.
Entramos
então dentro desse ponto efervescente que escolhemos e, diminuindo mais de
tamanho, agora estamos dentro de uma das moléculas que a química prescreve para
produzir aquela imensa fogueira controlada. Dentro da molécula, o que vemos em
volta? Outras moléculas, algumas parecidas conosco, outras diferentes.
Conseguimos
ter noção do todo? Hmmm... Difícil, estamos mais preocupados com o tempo que o
combustível manterá nosso ponto de luz aceso. Quando queimar por inteiro, como
sobreviveremos? Seremos apenas cinzas na escuridão?
Estão
ainda comigo, leitores? Então, vamos em frente! Desculpem se faço agora a
descrição em 1ª pessoa, é mais fácil de me expressar sem ter de perguntar aos
amigos se estão me seguindo. Farei isso oportunamente, certo?
Olho
pra dentro de mim, molécula que sou. Estudo mais a fundo minha composição e
vejo uma expansão de universo ao contrário: sou formado de átomos. O núcleo de
cada um deles é formado de partículas diversas: prótons, nêutrons e outras mais
exóticas. Ao redor deles, minúsculos elétrons giram loucamente.
O
espaço entre “eu molécula” e as demais que formam a peça efervescente do qual
faço parte é, naquele ponto de vista, um imenso vazio. Tão longe uma das outras
que tenho até dificuldade de descobrir
qual meu papel naquilo tudo.
Mas,
curioso que sou, volto a olhar pra dentro. Cada partícula atômica que me
constitui é formada de outro universo interior. Dentro de cada partícula (próton,
nêutron) de cada núcleo atômico, mantido coeso por forças desconhecidas, há 3
quarks, em torno dos quais o espaço é de novo, relativamente, um vácuo imenso.
Cada quark, por sua vez, é formado de cordas, também minúsculas em relação ao
quark.
Se
diminuo de tamanho em minha louca viagem (tudo é possível, condição inicial) e
me vejo sendo uma corda, vou ter dificuldade em perceber que faço parte de um
quark, tão imenso é o vazio que me cerca. Se sou um quark, a mesma sensação em
relação ao próton, nêutron, etc. De repente, em sendo por exemplo um
próton, nem sei se faço parte de um
átomo de oxigênio, hidrogênio, potássio...
Putz,
complicada minha formação, não? Ali estou, mera molécula no meio de um
turbilhão, consciente apenas de que sou formada de minúsculas partículas
cercadas de espaço vazio, com forças estranhas que as mantém unidas para que eu
não não perca minha identidade físico-química, essas coisas todas.
Ah!
Olhei pra dentro e descobri um, não, vários universos complexos, cada qual com
sua imensidão. E olhando pra fora, como era mesmo? Estamos ainda juntos,
leitores?
Nós,
modestas moléculas, quase nada vemos além. Contudo, “cientistas moleculares”, depois
de muita pesquisa, chegaram à conclusão de que somos parte de uma estrutura que arde ferozmente e
tem um determinado tempo de vida.
E
além? Sei lá, os “astrônomos moleculares” dizem que fazemos parte de uma imensa
estrutura (de fogos de Réveillon, lembram ainda?) que é formada de grandes
espirais de fogo espalhadas, que se consomem com o tempo, afastam-se umas das
outras até a extinção pura e simples, e que essa imensa estrutura se formou a
partir de uma grande explosão: um Big Bang!
Pausa
para retomada de fôlego!
Vamos
dar então um pulo na direção oposta. Estou, eu, ser minúsculo e pensativo,
sabendo que vivo sobre uma partícula (a Terra) que gira em torno de um objeto
que arde ferozmente (o Sol). Por quanto tempo? Não sei, mas sei que ele vai se
extinguir um dia.
Onde
estamos? Parece que eu, o lugar onde vivo e esse objeto ardente estamos numa
grande espiral! Uma imensa fornalha recheada de estrelas como o meu Sol. Perto
dela, outras. Meus astrônomos olham para longe e descobrem que há bilhões de
outros pontos efervescentes de luz e energia espalhados até nem sabem onde!
Chamam de infinito...
Aglomerado MACS 0717 em Auriga |
Cada
um desses redemoinhos apresenta um formato, tem um tamanho, emite mais ou menos
energia, são mais ou menos coloridos. Coloridos? São, nós é que, dentro de nossas
limitações de constituição física, não conseguimos enxergar a beleza das cores:
nossos olhos só vêem uma parte do espectro. Mas os astrônomos garantem que são
lindas, até tiram fotos com filtros que alteram a cor original para que
possamos enxergar o que estamos perdendo...
Galáxia M101 |
Hmmm,
parece que esses redemoinhos estão se
afastando uns dos outros com o tempo. Todas as medidas realizadas pelos
astrônomos levam a essa conclusão. Significa que, quem sabe, um dia irão se
apagar e depois? Cinzas e escuridão!
Como
tudo isso começou? Bem, meus astrônomos e cientistas dizem que tudo isso nasceu
de uma grande explosão, assim do nada: um Big Bang!
Segurem-se
porque agora vamos acelerar! Todos juntos comigo!
Agora
aumentamos de tamanho e estamos, bem de longe, olhando o nosso Universo. Conseguimos
até identificar num canto o minúsculo pontinho que é nossa galáxia, onde arde
um ponto de luz em torno do qual há partículas e todo um complexo ecológico vivendo
sobre um deles.
Voltamos
um tico no tempo (sim, podemos tudo nessa louca viagem) e até conseguimos ver a
grande explosão que formou aquela imensa estrutura luminosa e esfumaçada,
espalhando-se como uma grande esfera de fogos de artifício.
Esse
artefato que explodiu e formou aquela miríade de espirais fulgurantes está
sozinho? Hmmm, parece que não! Conseguimos testemunhar de nosso imenso e privilegiado
ponto de vista externo que, aqui e ali, mais perto ou mais longe, outros
artefatos explodem em Big Bangs similares.
E
porque eles explodem? Olhamos em torno
com mais atenção e parece que está havendo uma festa! Ei, acho que tem gente!
Tem prédios! Não apenas prédios, mas também grandes cidades!
Deixamos
passar um tempo (seriam bilhões de anos para os terráqueos) e chegamos à
conclusão que essa celebração faz parte do cotidiano de uns seres (deuses?) que
vivem numa grande cidade, que faz parte de um país, uma realidade muito maior.
Só que jamais saberemos porque num determinado dia resolveram fazer a tal
festa.
Festa
essa na qual um determinado morteiro explodiu, produziu galáxias em espirais e
esferas fulgurantes de cor e fogo, dentro de uma das quais um ponto arde,
cercado de partícula menores, sobre uma das quais estamos... nós?
Créditos das imagens, todas obtidas através do Google:
Foto 1 - Fireworks - www.riesenberg.com
Foto 2 - NASA / Hubble
Foto 3 - NASA / Hubble Subaru / Robert Gender
Well, li o post, e reli alguns parágrafos, e claro, as dúvidas continuam ... não poderia ser diferente.
ResponderExcluirOnde fica esse "casa" onde rolou essa festa de arromba ??
Quem acendeu o morteiro ?
Onde arranjou um fósforo ou isqueiro para acendê-lo ?
Tem mais morteiros na caixa para brincar ?
Quantos foram convidados para essa festa ?
E quem convidou ?
Quem fabrica os morteiros ? E qual a produção a cada bilhão de anos ?
Essa fábrica tem concorrentes ?
E eu retorno para a caverna para uma hibernação, uma grokada infinitesimal. E continuo, óbvio, sem explicações para o Infinito.
PS : tem algum torcedor do ARSENAL por aqui no Blog ???
ResponderExcluirPelo menos o vexame foi menos pior que o da seleção da CBF CORRUPTA FC .... rsrsrsrs
Nós ainda estamos na fase de quem acendeu o morteiro...
ResponderExcluir<:o)
Freddy, esse seu post me lembra imediatamente a história "A bolha e a formiga", construída mais ou menos em 68 ou 69, lembra ?
ResponderExcluirE eu não me atrevo a colocá-la aqui, hoje em dia, embora tenta total sentido ... rsrsrs
Fiquei curioso! Manda por email !!!
ResponderExcluir<:O)
Morre Stephen Hawking:
ResponderExcluirhttps://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/o-que-fez-de-stephen-hawking-um-dos-cientistas-mais-influentes-da-historia.ghtml
Universos paralelos:
ResponderExcluirhttps://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2018/03/confira-o-ultimo-artigo-que-stephen-hawking-escreveu-antes-de-falecer.html