Por
RIVA (apud)
Rodrigo March
Este domingo dia 26 foi uma data muito especial. Aniversário do nosso
caçula (30 anos), e o primogênito foi para sua 1ª maratona full, 42 km, ou seja, passou a ser um maratonista.
Nunca tínhamos assistido ao vivo, in
loco, uma chegada de maratona. Meus caros, é muita emoção. As cenas de
euforia e emoção pela superação que presenciamos foram impressionantes. Nunca
tínhamos assistido algo dessa natureza, não imaginávamos que era assim, cada um
com sua história, cada um com suas vitórias pessoais e de equipe.
O ambiente é de festa total. Muita gente mesmo, famílias inteiras com
crianças, cães, música ao vivo, centenas de barracas coloridas das equipes,
barracas VIPs para clientes dos patrocinadores.
Para estacionar, planejamos um estacionamento na Marquês de Abrantes
(Flamengo) – uma caminhada de uns 15 minutos, tranqüila.
Estou encaminhando o relato do meu primogênito ... ninguém mais
credenciado a tentar explicar o significado de uma jornada dessas, pela 1ª vez
em sua vida.
Para vocês terem uma dimensão do esforço dos não profissionais, um
maratonista profissional faz o percurso em aproximadamente 2 horas. Rodrigo fez
em 5 horas, um tempo excelente para a 1ª vez. No pórtico de chegada, vocês não
imaginam a festa que é realizada para esse grupo que chega entre 4 e 5 horas de
corrida. Dos 26.000 que largaram, mais de 15.000 chegam nesse tempo.
Correr e trotar por 5 horas ininterruptas !!! Leiam seu texto,
emocionante.
Fui para
a guerra e venci – Rodrigo March
Já comecei um post assim, mas não posso
deixar de fazê-lo novamente. Obrigado, Tarso. Amigo que fiz e companheiro deste
blog, deixou de concluir sua prova em um bom tempo para me acompanhar e
garantir que eu completasse os 42km. Não teria conseguido sem ele e Jesus,
colega de equipe que também nos acompanhou.
Minha corrida foi de total superação.
Há 15 dias, vinha convivendo e tentando tratar uma dor no joelho após o longão
de 34km. Na quinta, antes da prova, fui testá-lo em um treino leve com o Tarso
e a Isa, e senti que a coisa estava feia. Corri direto para uma clínica de
ortopedia e fiz ressonância no mesmo dia. Um amigo médico conseguiu antecipar o
resultado por telefone, que confirmou minha lesão, estava com edema no joelho,
a três dias da largada.
Decidi fazer uma infiltração, primeiro
por mim mesmo, que me impus esse desafio e treinei tanto; segundo, por todos
que acompanharam a minha saga de disciplina nos treinos. Era uma ocasião
especial. Se fosse a segunda maratona, acho que não correria lesionado.
No caminho para o início, no Recreio,
assistimos a um vídeo, na van, que minha mulher, Fernanda Freitas, preparou,
com ajuda do Rossy, nosso treinador, que colheu depoimentos de familiares aos
corredores da equipe. Além desse incentivo, havia meus pais na chegada, pela
primeira vez. Corri com as iniciais deles (Paulo e Isa) escritas a caneta em
cada pé. Eles também escreveram uma mensagem de apoio que levei comigo para os
momentos críticos, assim como a Fernanda e o meu enteado João Guilherme. Foram
lidas após os kms 20 e 30, não lembro em qual km exatamente.
Dada a largada, logo começou o meu
tormento mental e físico. O joelho infiltrado começou a se manifestar, quando
achei que ficaria anestesiado, ao menos em boa parte da prova. Pensei em
desistir nesses primeiros quilômetros. Como poderia suportar aquela dor por
42km? Mas lembrei de tudo que estava em jogo e das pessoas que acreditaram em
mim. Então, insisti.
Ao completar 10km, percebi que dividir
a prova em quatro trechos de 10km seria uma boa estratégia para o cérebro. Na
Praia da Reserva, ainda no Recreio, havia pequenos trechos de paralelepípedo na
transição do asfalto, que maltratavam o meu joelho. Mentalizei que a dor era
passageira, como havia visto em um vídeo na noite anterior, compartilhado pelo
Everton, treinador da equipe.
Passei a pisar de um jeito que tornasse
a dor menos insuportável, o que me causou uma bolha debaixo do pé e outra dor,
no glúteo, ambas do mesmo lado. Aos 15km, incrivelmente a dor no joelho
adormeceu até a subida do Elevado do Joá, quando o piso inclinado das curvas a
trouxe de volta. E foi assim até o fim. Quem já teve lesão na banda iliotibial
sabe como é.
Na Avenida Niemeyer, mais uma subida.
Cheguei a caminhar por um breve pedaço, breve mesmo, porque logo percebi que
era pior para a dor e seria ainda mais difícil retomar. A essa altura, liguei o
som para me dar um gás. Tarso e Jesus seguiam mais à frente um pouco, mas sem
me perder de vista.
Depois que passei por Leblon e Ipanema, veio a parte mais crítica para mim: Copacabana. Ali, o tempo ficou mais abafado e o cheiro de gordura dos quiosques era forte, péssimo para quem controlou também o enjoo por toda a prova. Seguindo as dicas que li, não mirei a orla para não ver o Leme distante e abalar o psicológico. Olhava para o chão ou para os prédios à minha esquerda.
Resistindo às dores |
No km 37, meu enteado João Guilherme me
encontrou com Fernanda. Tarso e Jesus, então, aceleraram e eu segui com João me
puxando, bastante emocionado pelo encontro. Dali em diante, os poucos
incentivos de desconhecidos ao longo do trajeto aumentaram e cresceu a sensação
de término de prova.
O autor (de boné) com João Guilherme ao lado |
Quase na chegada no Aterro, Rossy me
encontrou para me puxar também, mas pedi que não acelerasse, pois não
conseguiria administrar. Na reta final, ele e João Guilherme tiveram que me
deixar e Isabelle me levou nos últimos metros.
Avistei meus pais do lado direito, onde
também estavam Fernanda e Pilar, uma amiga nossa. Levantei os braços, me
emocionei pelo encontro mais uma vez, mas não desabei no choro como achei que
desabaria, muito provavelmente pela dor que me incomodava e que carreguei por
42km.
Rodrigo acenando na chegada |
Paulo e Isa, à direita, pais de Rodrigo |
Quando a corrida vira algo sério em
nossas vidas, amigos e familiares gostam de te apresentar como maratonista. E
eu sempre tinha que explicar que não era bem assim. Havia uma distância muito
grande. Agora, estou à vontade com o cartão de visita...rs
O autor cruza alinha e comemora |
Fui para a guerra e voltei,
literalmente.
Tarso, amigo, quando é a próxima? Você
escolhe!
Nota do editor: Riva (Paulo March), pai do Rodrigo, enviou o texto que extraiu do blog do filho maratonista.
Meus cumprimentos ao - agora sim - maratonista.
ResponderExcluirEm dois, caminhando, apreciando a paisagem, acho que completaria este belo percurso.
A de New York está nos planos?
Parabéns ao maratonista.
ResponderExcluirCelso, do La Bamba, pode ser uma boa referência de conversas. Não somente pela troca de experiências, que sempre é benéfica, como pelo também pelo papo agradável.
<:o)
Meu caro, nem em dois nem em 3 .... só de motocicleta ou de carro ! rsrsrsrs.
ResponderExcluir42 km é muito chão, muito mesmo. Ficamos muito impressionados com algumas pessoas de idade completando a prova - acredito terem mais de 65 anos, com certeza.
Visitem também o Blog do Rodrigo, Tarso e Isabelle. Depoimentos muito legais de suas aventuras como maratonistas.
O link é http://3namaratona.blogspot.com.br/
Antes da largada baixei o App da Maratona, que nos permite acompanhar qualquer corredor no trajeto, desde que ele esteja com o celular e o App instalado. Muitos levam o celular ! rsrsrs. Fazem selfies, ouvem música, etc ..... rsrsrsrs
O Tarso, que corria com o Rodrigo estava com o cel e o App. Mas "parou" no km 32, quase entrando em Copacabana. Entramos em pânico, pensando o pior. Mas foi a bateria do celular que descarregou !!!!!
Planos eles com certeza têm, mas no momento é só recuperação física, que para não profissionais, demora algumas semanas.
E o dólar a caminho dos R$ 4,00 também desanima no momento.
ResponderExcluirA maioria de nós teve provas de superação em nossa trajetória.
ResponderExcluirAquilo que é paisagem para muitos, pode significar muita coisa para vc, para quem te admira, para amigos, para seus filhos, netos, etc.
Ainda estou impactado pelo que assisti na chegada da maratona, in loco. Cada cena impressionante, de pessoas de várias idades. Foi muito emocionante mesmo.
Eu pessoalmente posso tranquilamente citar aquelas que lembro, como se fosse hoje, da minha enorme ansiedade em ter sucesso, em me superar, em tudo dar certo, em não cometer erros, em não prejudicar outrem, em não decepcionar a mim mesmo ou a alguém.
- prova de motorista com 18 anos. Eu dirigia desde os 14 anos, e contava os dias que faltavam para poder fazer o exame. Naquela época não era obrigatório fazer auto escola. Fiz a prova com o Ford Willys Itamaraty do meu pai.
- prova para motociclista, há alguns anos. Era seco para ter minha moto, e já pilotava há 4 anos sem carteira. Perdi a 1ª prova e fiquei arrasado. O estresse na 2ª tentativa foi enorme. O ambiente da prova é tipo jogo de futebol, com arquibancada cheia.
- vestibular : a responsabilidade de passar no exame, numa época em que as oportunidades eram apenas de 1 a cada 12 meses.
- qualquer viagem que eu faça com minha família : planejo tudo, em minúcias, e confiro cada step no hotel à noite, como foi, o que deu certo, o que falhou.
- o nascimento dos nossos filhos ..... falar o que ? alguma dúvida ?
- finais do campeonato de futebol do ABEL, onde joguei por 21 anos ... só fui ser campeão no penúltimo campeonato que joguei. Perdi algumas finais nesse tempo, e para quem é fanático por futebol, sabe o que isso significa. A ansiedade antes do jogo, e o estresse ou euforia após o jogo.
- finais de campeonatos de futebol infantil no mesmo ABEL ; algumas vezes eu era o treinador.
- vestibular dos nossos filhos !!
etc etc etc etc
O dolar hoje bateu nos 4,60
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