5 de abril de 2015

Sou, mas quem não é?

Quando, ao encerrar o post 
informei que o Hermes, ora aposentado, defende bandidos, o Riva, em comentário, mostrou-se chocado. Como pode alguém defender criminoso.

Depois, ele mesmo, certamente em reflexão, ponderou: defender o criminoso não significa aprovar o crime. Pois é por ai mesmo.

Mas o Hermes tem um pouco do Tavares, personagem imortalizado pelo Chico Anysio. Tavares era um beberrão inveterado, que sem qualquer escrúpulo  namorava a Biscoito, estudante da PUC, feia, mas rica e com bom posicionamento social. Claro que era um namoro de conveniência para o amoral Tavares.

Quando trapaceava com Biscoito, para obter alguma vantagem ilegítima, terminava sua fala afirmando: sou mas quem não é? Assumindo sua canalhice.

Meu amigo tem um viés amoral que por vezes me assustava. Assim foi quando, por exemplo num jogo de futebol de salão o juiz marcou um penalti duvidoso a favor de seu time. Em meio as reclamações dos adversários, ele pegou a bola aproximou-se do capitão da equipe e falou: não precisa reclamar, marcou tá marcado, eu vou chutar para fora; fica tranquilo.

Ante esta promessa cessaram as reclamações e o penalti seria cobrado. Hermes caminha para a bola, dá um tremendo bico e faz o gol. Esta história está contada em 
http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2011/04/creditem-sou-testemunha-ocular-e.html

E a melhor de suas história de falta de pudor e mau caratismo, também narrada no mesmo post, é aquela em que ele comia a amante do comendador, na garçoniere mantida pelo coroa, e com a ciência do coitado, ludibriado por um anagrama. Hermes criou a figura da Tania, garota com quem fazia uns programas. Na verdade o nome da mulher era Anita, que vinha a ser a amante do comendador/banqueiro.

Diga-se que o apartamento estava alugado em nome do Hermes, que fez este favor para o comendador que não podia se arriscar. O homem só pagava o aluguel. Certo dia, na cara de pau, o Hermes pediu para usar,  excepcionalmente, o tal apartamento onde levaria sua garota Tania.  Sem desconfiar, nem de leve teve, o comendador deu a autorização para o Hermes traçar Anita no apartamento. Comeu a mulher (mulheraço, que conheci pois trabalhava no banco) no apartamento mantido pelo ludibriado mantenedor.

Estas e outras histórias fazem parte do repertório daquele que foi meu fiel amigo, companheiro em momentos difíceis, como quando da morte de meu pai.

Interessante que dentre os três amigos que elegi como os melhores, dois deles sejam filhos de empregadas domésticas, que ascenderam social e profissionalmente: Castelar a Hermes.

Os dois, diferentemente de mim, casado há cinquenta anos com a mesma mulher, tiveram três casamentos desfeitos e algumas ficadas nos intervalos entre uma união e outra.

Dos três apenas o Hermes ainda é vivo, na chegada aos oitenta anos de idade. Ao contrário do Tavares que vivia com o copo de uisque nas mãos agitando as pedras de gelo (olha a cascavel, dizia),  o Florihermes Sousa dos Santos nunca bebeu. Só água e refrigerante. 

Ah! Sim, com a Anita e para a Anita comprava champanhe. O espumante era para ele o acompanhamento perfeito para uma noite de romance.

No post a seguir tem mais sobre o Hermes e uma foto de parte do grupo de estudantes que dirigiu a FESN no final dos anos 1950.

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