Alguns rapazes, principalmente os mais sacanas, achavam que o
Ney era viado. Não era. Ele recebia educação esmerada e se comportava com boas
maneiras, com elegância.
Notem a elegância |
Não jogava bola, ao contrário da enorme maioria dos meninos.
Não tinha marcas de tombos ou cicatrizes. Pele alva e, ainda por cima,
bochechas proeminentes.
E tocava piano, que era o instrumento das meninas. Só podia
ser viado.
Não sei como e nem quando ele se livrou da pecha de ser
bicha. Mas se livrou. Diga-se, a propósito, que as moçoilas, por algum sexto
sentido, não tinham este mesmo conceito sobre ele.
Não fomos melhores amigos um do outro, mas convivemos bem.
Frequentei sua casa, no centro de Niterói (o pai era
comerciante de joias e relógios), em algumas oportunidades. Ora durante os
ensaios do conjunto que resolvemos (ele resolveu) criar. Ele era o único com
formação musical, tinha piano e embora a formação fosse voltada para o clássico,
transitava bem no cha cha cha, na rumba, no mambo e outros ritmos caribenhos
que seriam a base de nosso repertório.
O conjunto, claro, não prosperou porque ninguém mais tocava
qualquer outro instrumento.
No dia que apareci com um bongô que o Doraly arranjou, foi um
reboliço. Todo mundo se achava bongoceiro. Dois pedaços de cabo de vassoura
serviam para marcação de tempo. Alguém disse que conseguiria uma maraca, mas
nunca apareceu o tal chocalho que ajudaria muito na parte rítmica.
Nosso prefixo, única música ensaiada várias vezes, era “Cerejeira
Rosa”. Ouçam em
https://www.youtube.com/watch?v=o6yxwEaARlo
https://www.youtube.com/watch?v=o6yxwEaARlo
Alerto que não teríamos instrumentos de sopro. A harmonia, a melodia, seriam obtidas no piano.
Frequentei sua casa também para jogar ping-pong. Eu e mais
alguns outros amigos, colegas de escola. A mesa era armada na garagem. Outro diferencial
do Ney. O pai tinha automóvel. Depois de passar a tarde de sábado com as raquetes,
eramos chamados para um lanche, servido na grande mesa da copa. Pão, queijo,
presunto e um bolo fresco.
Bem, o Ney vencia todos os torneios que inventávamos. Jogando em simples ou em duplas. Ele
desequilibrava.
A noite saíamos para bailinhos familiares, nas casas de algumas
meninas do grupo: Katia, Tânia e outras. Vez ou outra aparecia convite para o
Canto do Rio, para o Regatas Icarai, para o IPC ou o Central.
Deste grupo, faziam parte Mario, Waldyr, Rosinha e outros que nunca mais soube notícias.
Quando a irmã do Roberto Durão iria debutar, a família organizou
uma festa na casa em que moravam, na Covanca.
Não tinha um blazer e fui salvo pelo Ney, que emprestou-me um bonito e elegante.
Esta nossa incursão gonçalense redeu, para nós ambos, namoricos
lá na cidade dos papagoiabas. Conheci Maria Luiza Tinoco e começamos a namorar.
Ela era a editora da coluna social do jornal “A Comarca” que pertencia ao seu
pai - Turibio Tinoco - experiente jornalista e político da cidade.
Ney iniciou namoro com outra moça também moradora da cidade.
Maria Luiza morava um pouco mais próxima de Niterói, mas a namorada do Ney morava
bem mais distante. Sorte minha que ele tinha que passar perto da casa da Maria
Luiza e assim, duas vezes por semana, eu ganhava carona para ir namorar.
Meu namoro durou pouco tempo, em função de um episódio que já
contei. Maria Luiza merecia alguém mais romântico e mais comprometido com o
namoro. A história está em
A partir de um certo momento perdemo-nos, eu e o Ney. Por
incrível que possa parecer foi durante meu curto período de 3º RI que nos
encontramos brevemente. Jamais consegui entender por que ele não escapou, por “problema”
real ou ficcional, tipo pé chato ou, ainda, o que acontecia, excesso de
contingente. O pai teria relacionamentos suficientes para livrar o filho, se
quisesse.
Ney Teixeira Gonçalves formou-se em Direito e não convivemos na fase universitária. E nem nunca mais depois dos 19 anos de idade.
Minha amizade com meus mais e melhores amigos, atravessou décadas, superou distâncias geográficas, resistiu a casamentos e separações. Tanto o Castelar quanto o Hermes casaram e descasaram três vezes. O Bazhuni, como eu, só casou uma vez.
Eram pessoas perfeitas? Não, isso não existe. O Hermes é vivo e tem uns desvios de conduta por vezes censuráveis, como contarei.
Ney Teixeira Gonçalves formou-se em Direito e não convivemos na fase universitária. E nem nunca mais depois dos 19 anos de idade.
Minha amizade com meus mais e melhores amigos, atravessou décadas, superou distâncias geográficas, resistiu a casamentos e separações. Tanto o Castelar quanto o Hermes casaram e descasaram três vezes. O Bazhuni, como eu, só casou uma vez.
Eram pessoas perfeitas? Não, isso não existe. O Hermes é vivo e tem uns desvios de conduta por vezes censuráveis, como contarei.
Carrano, de onde você tirou essas conclusões ? kkkkkkk
ResponderExcluir"Não jogava bola, ao contrário da enorme maioria dos meninos. Não tinha marcas de tombos ou cicatrizes. Pele alva e, ainda por cima, bochechas proeminentes.
E tocava piano, que era o instrumento das meninas. Só podia ser viado."
Freddy, olha isso .... você não jogava bola, tocava piano ! Pelo menos não tinha bochechas proeminentes ! rsrsrs
Isso vem de algum manual de viadice ? kkkkkk
Há aqui um conflito de gerações, caro Riva.
ResponderExcluirNão lembro sua idade, mas imagino que exista uma diferença de quase dez anos entre nós, ou em torno disso.
Quais eram os sinais exteriores indicativos de homoafetividade em sua infância/adolescência?
Se o menino tinha uma Barbie, brincava de fazer comidinha, tropeçava ao chutar uma bola, gostava mais de quibe do que de esfirra, encapava cadernos com papel celofane rosa e colava decalques para decorar a gente desconfiava. Tínhamos quase certeza.
Com certeza tudo que vc citou nesse último parágrafo eram indicadores bem representativos de viadice.
ResponderExcluirMas também o modo de se vestir todo engomadinho, a forma de jogar bola de gude (o tempo todo limpando as mãos com nojo), andar em bicicleta feminina (aquela sem o quadro superior) também era alvo de suspeição ... essa de brincar de comidinha era fatal ! kkkkkkkkkk
Mas você acredita que na nossa turma do Pé Pequeno tinha um cara que vivia às voltas com ..... teatrinho de fantoches !! Super educado, não jogava bola (mas tb não tocava piano), e vivia fazendo seus teatrinhos para a tchurma de vândalos e tarados. Mas meu amigo, nunca, eu disse nunca conseguimos nada para falar do cara, nenhum deslize, a não ser os fantoches !! kkkkkkkkkk
E o viadinho da turma (existia um realmente), não desmunhecava nem nada. Era todo engomadinho para ir à escola, não jogava bola de jeito nenhum. Não sei exatamente como descobrimos os atributos do moleque, mas ele foi a alegria da turma por alguns anos .... tínhamos até relógio para marcar o tempo de cada um nas orgias coletivas (pano rápido).
O dos fantoches eu encontrei anos mais tarde desmunhecando e rolando os olhos em pleno centro de Niterói.
ResponderExcluirUm de meus padrinhos de casamento ninguém punha a mão no fogo por ele, principalmente depois de uns chopes. Desmunhecava geral. No entanto, casou e teve filha.
Um conhecido meu, da Embratel, fã incondicional de cinema dos anos 40, também gerava suspeitas, e ele mesmo reconhecia. Comeu a enfermeira da mãe e casou com ela, tem 2 filhas.
No entanto, um monte de galãs da TV, de jogadores de futebol, basquete, etc, que no vídeo, no campo ou na quadra são a masculinidade em pessoa, na intimidade são damas.
Freddy, essa de casou e teve filha não cola ! Ivon Cury teve cinco !!!!
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