6 de abril de 2015

Impressões de viajante: Gramado Março de 2015



Por
Carlos Frederico March
(Freddy)








É sempre bom explicitar a época da viagem, pois já fomos 17 vezes a Gramado, 6 delas durante o Natal Luz (principal evento anual da cidade). Sim, já escrevi alguns posts a respeito dessa linda cidade gaúcha, meu destino turístico preferido no Brasil. O objetivo da presente ida foi comemorar 38 anos de casamento (Bodas de Carvalho), e para tal repetimos o Hotel Ritta Höppner (pela 8ª vez), hospedando-nos no chalé João (pela 5ª vez).

Hotel Ritta Höppner, Chalé João

Como sempre, fomos carinhosamente recebidos pelo staff do hotel, que resolveu com presteza todos os pequenos problemas decorrentes da obra recente de modernização das dependências dos chalés, que são enormes e confortáveis, a maioria (como o João) dotada de piscina aquecida privativa.

Tendo em vista o objetivo declarado da viagem e o fato de já conhecermos praticamente todos os recantos turísticos de Gramado e cidades vizinhas, resumimos nossa estada a curtir bastante o hotel e cercanias. Respirar o ar puro da serra, a temperatura amena e algumas vezes até fria,conviver com a civilidade e educação do povo local foi reconfortante para quem veio do eixo Rio-Niterói, onde o calor tem sido exagerado e as mazelas do cotidiano insuportáveis.

Como costumo dizer: se a gente paga tanto pelo hotel não é para usá-lo apenas como parada para dormir. Se assim fosse, o bom senso mandaria escolher hospedagem mais em conta, uma pousadinha maneira - e há várias delas em Gramado.

Contudo, o setor de chalés do Hotel Ritta Höppner nos transporta mentalmente à Alemanha e o que gostamos mesmo é de passear pelos jardins, curtir a sala de estar em estilo romântico europeu, sofás e poltronas de onde não se quer nem levantar, ver pela enésima vez as miniaturas do Minimundo, que faz parte do complexo e tem uma lojinha recheada de itens trazidos diretamente da Alemanha.
 
Relax numa sala do H. Ritta Höppner


Nosso cotidiano foi levantar por volta das 8:30 para não perder o café, que vai até as 10:00. Depois saíamos para passear no centro da cidade - Avenida Borges de Medeiros e transversais - e sempre voltávamos com pacotes de lojas. Comprar é uma das gratificantes diversões em Gramado.

Para tal, temos uma tática. Itens de consumo normal, como camisetas e blusas de malha, pijamas, sapatos, bolsas, tênis, cuecas, meias, calcinhas, eventualmente até mochilas e acessórios, a gente espera essa ida a Gramado para fazer a compra anual. Já se foi a época em que também adquiríamos artigos de couro, mas com nossa saída definitiva de Nova Friburgo seria um exagero comprar mais casacos...

A verdade é que, assim, evitamos que o consumismo nos leve a adquirir muita coisa supérflua na cidade - e tem muita, acreditem! Saciamos nossa sede de compras com itens realmente necessários durante o ano. Inclua aí a reposição do estoque de vinhos e espumantes da região, mais um queijo colonial e salame magro, que mandamos entregar em Niterói.

Anda-se muito a pé. Para relaxar, depois de manhãs e inícios de tarde cansativos, foi habitual a volta para o hotel para curtir a piscina aquecida privativa do chalé. Vez por outra, um vinho ou espumante na varanda no fim da tarde, apreciando o visual dos jardins primorosamente cuidados, vendo a noite chegar.

Espumante na varanda do Chalé João

No exato dia de nosso aniversário de casamento (25 de março), ao chegarmos das compras encontramos o quarto do nosso chalé à meia luz, uma música romântica de fundo, toalhas devidamente esculpidas sobre a cama. Na sala, um balde com espumante e um singelo presente acompanhado de um cartão com dizeres carinhosos, escrito à mão. Cativante!

Voltando ao cotidiano, sempre cuidamos do horário do "lanchinho da tarde" do hotel, quase um café colonial. Há que curti-lo não muito tarde (é servido de 16 às 18), pois senão o apetite para o jantar se vai. Para nós, isso seria quase um desastre, pois que a refeição noturna foi a que escolhemos como principal de cada dia.

Lanchinho da tarde do Hotel Ritta Höppner


Gramado nos mostrou muitos novos restaurantes e fábricas de chocolate. Contudo, depois de analisar cuidadosamente o novo cenário, acabamos por optar pelos velhos endereços, sem prejuízo algum. Até porque a gente passa tanto tempo longe que temos é vontade de repetir aquilo do qual gostamos em viagens anteriores. As novidades vão sendo incorporadas bem lentamente.

Chegamos a jantar no restaurante Otto (interno ao Ritta Höppner Residenz e aberto ao público) por duas vezes. É excelente, cotado como um dos melhores da cidade. Para que ficar saindo por aí quando temos um dos melhores à mão, dentro mesmo do complexo Ritta Höppner?

Apesar de termos ficado por 8 pernoites, desta feita nosso circuito de atividades se limitou no máximo a uma ida ao Lago Negro e Alemanha Encantada (onde se toma uma Hofbräu Dunkel excepcional acompanhando iguarias alemãs) de um lado, e a avenida Borges de Medeiros até a altura do Hotel Casa da Montanha do outro.
 
Alemanha Encantada, junto ao Lago Negro


Nada de carro alugado para passeios em Canela e Gramado, ambas recheadas de atrações. Nada de idas a  Nova Petrópolis, Templo Budista em Três Coroas ou Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves.

Relembrando, nessa estada vivenciamos intensamente o Hotel Ritta Höppner e o centro de Gramado, por opção. Absorvemos com prazer a civilidade do povo e a beleza do lugar. Dá vontade de voltar todo ano e fazer muito mais do mesmo, e temos tido a sorte de poder estar realizando esse nosso sonho!

Fonte do Amor Eterno, ao lado da Ig. S. Pedro


Degustando uma Gram Bier Pecado na Rua Coberta

Jardim da Igreja S. Pedro




Rua Coberta, com seus bares e restaurantes
                                                                            

Morar? Não... Aí o bom senso volta a imperar. Uma coisa é veranear, ter saudade das ruas e avenidas, dos restaurantes, lojas, lagos e parques e daí querer retornar anualmente. Outra coisa é ver isso todo santo dia!  Perderia totalmente a graça, seria um tédio interminável.

Nem falo do preço dos imóveis e do custo de vida... Nem do frio inclemente, maravilhoso para veranear principalmente para quem vem de lugar quente, mas terrível para vivenciar no cotidiano. Reconheçamos que a cidade, mesmo considerando os arredores, é muito pequena e sua infraestrutura é totalmente voltada ao turismo. Pode checar: a maioria dos imóveis é de gente de fora.

O prazeroso é nos despedirmos com aquele gostinho de quero mais, já antecipando quando será a próxima vez. Quem sabe em janeiro de 2016?

Prosit!



Crédito das fotos:  acervo do autor

5 comentários:

  1. Complemento 1: Rua Coberta
    A Rua Coberta é um dos lugares mais interessantes do país que conheço para se pedir um café, ou drink, ou cerveja, vinho, um belisco para acompanhar e ficar cismando, vendo o tempo passar. Sem a premência do relógio, que é a praga maldita de turistas eventuais.

    Observem que eu disse “um dos lugares mais interessantes”, porque há quem faça o mesmo numa espreguiçadeira na beira de uma praia ou num bar da av. Atlântica, em Copacabana. Não falei do resto do mundo (um café em Champs Elisées, uma cerveja em Praga, rodar no Cerro Otto admirando Bariloche, etc).

    A Rua Coberta tem bares e restaurantes bem diversificados, apesar de parecer tudo igual. Diferem no cardápio de petiscos e nas bebidas. Numa tarde ou noite fria ver a neblina adentrar a rua é imperdível. Ouvir “cair o mundo” numa tempestade e continuar a beber e conversar naturalmente abrigado na parte exterior dos bares é outra experiência gratificante.

    Nela acontece atrações diversas dos eventos da cidade, em especial Natal Luz e Festival de Cinema. Neste, é colocado um tapete vermelho por toda a sua extensão até o prédio do Festival, em frente. Sentados numa das mesas dos bares, a gente pode curtir a passagem de atores, atrizes, diretores de cinema, modelos lindíssimas (ok, também rapazes bem apessoados) à espera do olhar de um caçador de talentos. Um visual diferenciado!
    <:o)

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  2. Complemento 2: Alemanha Encantada
    É um dos meus redutos mais prezados, junto ao já premiado Lago Negro, com sua pista de caminhadas e pedalinhos. É um espaço pequeno mas muito bem decorado. Os elementos de destaque são a Torre da Princesa e o Bier Garten.

    A proposta do Bier Garten é comida alemã e não deixa a peteca cair. Nem nas cervejas, cuja seleção é pequena mas decente. Além de cervejas tem chopes. A decoração ambiente nos transporta diretamente à Alemanha com uma discreta música típica nos alto-falantes.

    Não recomendo a subida na Torre da Princesa (ou de Rapunzel) porque a vegetação em torno tira boa parte do prazer de observar o mundo lá de cima. O Lago Negro fica praticamente encoberto por altas araucárias. Frustrante...

    A segunda frustração é o horário. Segue o do Lago Negro, fechando às 18 horas. Putz, seria maravilhoso poder curtir aquele espaço à noite, mas... eles é que sabem onde lhes aperta o sapato, não?
    <:o)

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  3. Complemento 3: chocolates
    Antigamente os apreciadores focavam em 4 fabricantes: Prawer, Caracol, Lugano e Planalto. Puz... Hoje em dia tem uma quantidade imensa de lojas, o consumidor fica até meio que perdido no meio de tanta variedade.

    Para piorar (no bom sentido), acaba de ser inaugurado o Mundo do Chocolate em pleno centro, com atrações diversas (e entrada paga). Durante nossa estada estava nos últimos retoques, ainda fechado. Imagino que seja como um museu de cera, mas com peças esculpidas com chocolate. Pra quem gosta, deve ser interessante, como é o de cera.

    Concluo afirmando que o turista não precisa sair da Av. Borges de Medeiros para conhecer tudo o que Gramado tem a oferecer em chocolates. A menos que queira visitar as fábricas da Prawer e da Caracol. Programas a meu ver dispensáveis, pois a Planalto também tem sua linha de fabricação à disposição do público e fica na tal avenida, em pleno centro.
    <:o)

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  4. Estou sempre recomendando uma viagem a Gramado e arredores, para quem ainda não conhece. É para ver que é possível implementar uma cidade civilizada dentro dessa bagunça que são as cidades brasileiras, em sua maioria.

    Para ir 17 vezes é porque rola uma química muito forte entre vocês e a cidade. Um lugar onde nos sentimos bem demais ..... também temos um, mas é muito caro ir lá ... rsrsrs.

    O texto do Freddy está perfeito, principalmente no tocante a ir lá para ..... ir lá ! Aproveitar a infra do hotel belíssimo e com atendimento nota 10, gastronomia ... nada mais ou quase nada mais a ver nem comprar, apenas curtir cada minuto do local. Isso é muito bom.

    Já para os marinheiros de primeira viagem, a coisa pega ! Muito para ver, para comprar, para beber e comer, para se divertir. Se for com muita sede ao pote, a $$$$ será muito grande !

    O bom é conversar muito com alguém que conhece bem a região, para fazer um planejamento adequado ao que se gosta de fazer.

    Carro por exemplo é super necessário, a menos que a estada seja do tipo que o casal realizou. E é muito fácil se deslocar de automóvel pela cidade e pela região.

    Uma pergunta ao Freddy : a cidade estava vazia ? Nas fotos não se percebe pessoas principalmente na rua Coberta.

    Pergunto isso como parte da minha tentativa de perceber até onde a crise está chegando.

    Aqui em Icaraí, por exemplo, o mais badalado shopping do bairro está às moscas e com 7 pontos sendo fechados ! E a cidade às voltas com muitos assaltos em locais de entretenimento como bares e restaurantes, afugentando os clientes e impactando o faturamento dos negócios. Uma tristeza mesmo ...

    E Gramado, deu para sentir alguma coisa nesse sentido ?

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  5. Enche nos fins de semana - de sexta à tarde até domingo à tarde. Dizem-me que é sempre assim e testemunhamos o fato.

    Quanto à escassez de pessoas nas fotos... não sabe o trabalho que me dá esperar o momento certo em que não tenha ninguém na área! É e sempre foi proposital. Passo o dia com a câmera pendurada, rondando os lugares que quero fotografar, esperando o momento de dar o bote!
    <:o)

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