14 de fevereiro de 2015

Tem xinxim e acarajé. Tamborim e samba no pé




Por
Alessandra Tappes








Nem gregos nem troianos. Apenas foliões. Essa é a pretensão do carnaval quando chega. Espalhar alegria a todos, sem distinção alguma de raça, credo, cor, tipo, estilo, gosto musical. Enfim, a alegria que contagia o povo, ao povo retorna de ano em ano.

E foi assim, como num passe de mágica que o carnaval me fisgou. 

Tinha eu lá meus 15, 16 anos, uma caderneta de poupança crescente, pois já trabalhava bem uns três anos e ajudava apenas em despesas pequenas em casa. A vaidade ainda não tomava conta de mim, o que ajudou a poupança crescer.

A sugestão partiu da minha mãe. Sabe aquelas previsões infalíveis de mãe? Pois é, a minha mãe não falhou em mais essa. Eu, filha do meio como já relatei aqui, tímida, procurava me esconder atrás dos livros e dos óculos de aro de tartaruga pretos, não havia sinal algum que eu cairia na folia até o sol raiar. Imagina isso. Eu? Nem pensar. 

Realmente nunca imaginei que isso fosse acontecer. Mas... 

Aconteceu sim! Depois de muita insistência de minha mãe, fomos “pular” uma noite de carnaval no Clube Atlético Ypiranga, em São Paulo. Foi ali que senti meu coração bater junto às marchinhas de carnaval. Cada canção que a banda cantava, eu cantava junto como se eu fosse back vocal!


Foto recente do salão do Clube Atlético Ypiranga

Mas isso não foi nada. Pior era eu, no meio daquela multidão, ensaiar samba no pé sem ter noção alguma do esquindô-lele... E descobri que ninguém ali notava que eu nunca havia pisado num clube ainda mais em noite de carnaval. A brincadeira era geral, estavam todos dominados pela folia no salão. O brilho das pinturas nos rostos, as fantasias simples, mas felizes apenas identificam que todos estavam ali com o mesmo intuito que o meu: brincar o carnaval.

Fui a contragosto sim. Forçada. Fiz manha, chorei antes de sair de casa. Fiz bico. Cena mesmo. Mas quando pisei no salão, algo tomou conta de mim e não era a timidez. A sensação do confete na boca e as tiras de serpentinas na mão sinto até hoje.

Quis voltar na noite seguinte. E nas outras também. Cheguei a pedir a minha mãe que tirasse o dinheiro da poupança para bancar as noites seguintes minhas e de meus irmãos. E assim seguiu meu carnaval. E assim se seguiu nos anos seguintes até tomarmos rumos diferentes (os irmãos). Fomos crianças sim. Fomos apresentados a todos os ritmos musicais pela minha mãe e sou muito grata a ela por isso.


Meus dias pós-carnaval nunca mais foram os mesmos. Voltei a minha vidinha um pouco mais solta. Voltei ao ritmo de MPB do dia a dia, voltei a caçar pela cidade os CDs importados que colecionava do Moody Blues, continuei a seguir a carreira de Vangelis assistindo todo filme em que ele fazia a trilha.

Continuei assistindo e comprando trilhas, ouvindo Percy Faith, Ray Conniff, 101 Cordas.  Gostar de carnaval não mudou meu gosto musical. Pular carnaval ajudou a me socializar e ver a vida da forma mais simples. Pular carnaval me fez ser feliz sem pudor algum. 


Nota do editor: depois de um período de recesso, devido aos afazeres de mãe, estudante universitária, trabalho e... falta de conexão com a internet (olha a Oi aí de novo, também em Teresópolis), eis que, para nossa alegria, a Alessandra volta a colaborar. E o tema - carnaval -  é oportunissimo.

Notas explicativas: 1) O CAY foi fundado em 1906 e tem um site em http://www.cay.com.br/ ;2) As fotos que ilustram foram colhidas pelo editor na internet, via Google; 3) O título escolhido pela autora para o post, corresponde aos primeiros versos do samba-enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, no ano de 1986. Para ouvir o samba basta clicar no link: https://www.youtube.com/watch?v=5SWVbT-H9t4

17 comentários:

  1. Eu morava na Nóbrega, reduto do carnaval de rua de Niterói. Mudei-me para a João Pessoa e piorou. Agora estou cercado pelo caminho usual do imenso bloco carnavalesco que sai na 6ª feira, inaugurando os festejos no bairro. Na rua os guardinhas apitavam mais alto que o batuque, tentando redirecionar o trânsito, já que a prioridade da noite era o bloco. Fomos à cervejaria Devassa (a 60 passos de minha portaria) só para sentir o clima. Às 21 horas a rua já estava tomada de gente estranha, 98% com copo, lata ou garrafa na mão (Mary flagrou até Jack Daniel’s!). Meninas pré-adolescentes circulavam livremente em grupinhos.
    Eu já estava dormindo, mas à 1 da manhã Mary disse que a bateria do bloco parecia estar dentro do quarto (fechado com ar ligado).
    Esse Carnaval promete...

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  2. Em tempo, legal o texto da Alessandra. Espero que a Oi permita que nosso blog manager consiga moderar os comentários em casa, fora do escritório...
    <:o)

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  3. Ainda a propósito do dia (já é sábado, 14), é Valentine's Day na maioria dos países. Carnaval e namorados têm tudo a ver, não??
    <:O)

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  4. Minha conexão doméstica foi restabelecida na quinta-feira passada, Freddy.
    Não sei até quando, mas está tudo OK.

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  5. Só para comparação com outros casos, Carrano: quantos dias fora?
    Eu fiquei 20, meu amigo Bento 43. Outro amigo em Charitas ficou também, mas acho que coisa de 3 ou 4 apenas.

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  6. Nunca pensei que você tivesse sido foliona, Alessandra.

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  7. Fiquei três dias numa semana. Restabeleceu durante uma semana e por último, agora recentemente (semana passada), foram seis dias sem acesso à rede.
    Total, até agora, nove dias.
    Dezenas de protocolos. Mensagens de e-mails. Até que alguém me informou, com convicção, que uma pane na central (na Rua Tiradentes, no Ingá) queimou componentes que não existiam em estoque.
    Espero que estejam resolvidos os problemas.

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  8. Bom dia bom dia bom dia!!! Minha conexão voltou depois de 12 dias de jejum, inúmeras ligações e mtos aborrecimentos, eis que posso agora sentar no meu desktop e compartilhar da alegria e irreverência do seu blog.

    Atlético Clube Ypiranga assim como o samba enredo que tornou Mangueira campãe em 1986 inauguram minha vida de folia aos 15 anos.

    Segui bailes afora em clubes de São Paulo como o Atlético Clube Juventus e Sociedade Hispano Brasileiro, do qual éramos sócios. O carnaval nesse era fraquinho perto dos outros.

    Agora estou em busca de um clube aqui em Teresópolis para levar João, fazê-lo sentir o gosto de uma noite de carnaval. Embora os tempos sejam outros, ele não pode passar a a vida sem saber o que é brincar no carnaval.

    Abraços!

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  9. Por curiosidade, já que abordei o fato ligeiramente em meus posts sobre Carnaval (Quitandinha), a segunda fase de minha vida em que pulei Carnaval foi enquanto namorei Lúcia, que tinha (ou tem, não sei) um apartamento no Alto de Teresópolis, entre o Higino e a Feirinha.
    Durante os 4 anos que durou o namoro, segui o grupo (que era enorme) e pulei em alguns locais que existiam na época em Terê (início dos anos 70), como o próprio Higino.
    =8-) Freddy

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  10. Estamos aqui penando nos 41 graus na sombra, enquanto meu filho Jorge chegou a pouco em Nova Iorque e encontrou -4.
    Ninguém nas ruas.

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  11. O som de blocos carnavalescos já soa ao longe. Espero que não se aproximem demais... Calor e samba seria demais pra mim!

    -4°C é até legal, se não ventar. Está dentro do suportável, acho até gostoso. Em Nova York deve ser mais gostoso ainda! Ah, a B&H, a Macy's, o Central Park, Time Square... A Broadway... Qual será a peça que está bombando?
    <:o)

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  12. ME IDENTIFIQUEI MUITO COM A MANEIRA PELA QUAL, ALESSANDRA E EU, CONHECEMOS E FOMOS INSERIDAS NOS MAIS DIVERSOS RITMOS E ESTILOS MUSICAIS...
    QUIS REPETIR COM MEUS FILHOS, E UMA MANHÃ DE CARNAVAL, CEDO, LEVEI-OS À AVENIDA PARA ASSISTIR À ÚLTIMA E RETARDATÁRIA ESCOLA QUE ESTARIA DESFILANDO, PARA ELES TEREM UMA NOÇÃO DO QUE SE TRATAVA.
    FOI UM DESASTRE. TINHAM UNS 6 OU 7 ANOS DE IDADE, E CHORARAM DE MEDO E QUISERAM VOLTAR PARA CASA, HORRORIZADOS COM TUDO...ATÉ HOJE DETESTAM CARNAVAL, SAMBA ETC. ACHO QUE OS TRAUMATIZEI LOL
    MAS QUANDO OS LEVAVA AO TEATRO MUNICIPAL, PARA ORQUESTRAS OU BALLETS, GOSTAVAM E NÃO CHORAVAM... DEVE SER ALGO NO DNA.
    CADA UM É MESMO CADA UM...
    BETH

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  13. Eu nunca gostei, e como já escrevi em outro post, era arrastado pela vontade dos meus pais (ou minha mãe) para os tais bailes.

    Mas não pegou comigo. O que pegou mesmo foi quando ouvi Satisfaction pela 1ª vez, Love me do e outras .... pirei !

    Esse disco que a Alessandra colocou a capa no post dela eu ouvi novamente há poucos dias no carro. Tem um dos hinos dos anos 60 nele : Nights in white satin ... de arrepiar até hoje. Saudade dos bailes em que rolava essa música, e a gente logo procurava aquela menina especial pra dançar.

    Partiu ! Welcome back, Alessandra !

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  14. Os bailes do Higino eram famosos, numa época que Teresópolis era a "Cidade dos Festivais"
    Trabalhei na cidade em 1965u dos jovens turistas. e em 1973. A juventude teresopolitana ansiava pela chegada dos jovens turistas.

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  15. O teclado enlouqueceu. Sorry

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  16. Teclados também pulam Carnaval ! Para o meu, é Carnaval o ano inteiro .... kkkkkkkk

    tim tim

    Hoje 8:30h estava 19º aqui em Friburgo !

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  17. Eu venho usando até hoje desktop.
    Quando um teclado enlouquece, eu compro outro. Baratinho.
    A alternativa é laptop, e até hoje os teclados nunca enlouqueceram, apenas eu: já dei muita pancada neles até que matei um (!).
    Mary tem um "esfrega-dedo", que é como chamo os tablets. Neles sim o teclado enlouquece porque cada idiota que programa o sistema inventa um corretor de texto diferente.

    Bom, o assunto ainda é carnaval. Ontem havia na Rua Nóbrega, e tinha um grande coreto, bastante gente e polícia também. Parece que estão conseguindo manter o clima de carnaval familiar, apesar de que 90% das pessoas circulam com copos ou latas na mão. Não, ontem não vi garrafas, pode ser que a polícia tenha atuado.

    Demos uma volta no quarteirão mas acabamos mesmo na Torninha, comemorando o Valentine's Day. Não, não compramos presentes porque não compactuo com o lado comercial da coisa. Restaurante não conta, toda semana estou num deles (rs rs).

    E assim o carnaval vai seguindo.
    <:o) Freddy

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