Ano de 1982. Estava morando e trabalhando em São Paulo. De “bagus plenus”,
na expressão latina bem vulgar. Num clima empresarial péssimo onde eu estava.
Vou confessar, mas não vale rir, OK?
Trabalhava no Grupo Matarazzo. Segundo o diretor da indústria
têxtil do grupo, que para minha honra e alegria virou amigo – chamado Marcos
Telles – a localização da empresa ficava “entre o deprimente e o degradante”.
Era o bairro do Belenzinho.
Bem, eu monitorava o mercado de trabalho no Rio, na
expectativa poder me colocar aqui e voltar ao berço. Já eram decorridos cinco anos em São Paulo (sete, se somados os dois de Ribeirão Preto)
Apareceu um anúncio no extinto Jornal do Brasil que me chamou
a atenção. Minha irmã Ana Maria, que trafega com desembaraço aqui pelo blog, escreveu uma carta respondendo
ao anúncio citado.
Em síntese dizia que o irmão estava infeliz em São Paulo,
longe da família, numa cidade hostil, de clima ruim. E, claro, falando de meu
desejo de voltar ao convívio com os amigos na terra natal.
Resumo da história. Fui chamado para a entrevista, em
Niterói. Não havia informado a vocês, porque o anúncio era fechado e não revelava a
empresa. Mas agora posso declinar que era a Siderúrgica Hime. Que, ao que parece, já ficava em São Gonçalo, pois no bairro de Neves.
Vista de uma aciaria |
Fui entrevistado pelo Carlyle Wilson, diretor do Banco Bozano
Simonsen, e presidente da supracitada siderúrgica.
Ele falou da carta de minha irmã e que ao lê-la pensou e
comentou com o Diretor Administrativo (Luiz Ribeiro Pinto): “este é o homem que
precisamos”.
E, continuou me contando que a reação dele ao ler a carta é
de que eu era uma pessoa dedicada e amante da vida familiar, consequentemente
equilibrado e de vida social regrada.
Assim, graças à carta de minha irmã, fui contratado como
Gerente Administrativo. E lá fiquei até que a siderúrgica foi vendida para a Cia.
Siderúrgica Mannesmann.
Meu comentário para o presidente da empresa foi de que
certamente eu proporia o emprego de métodos mais ortodoxos para contração de
executivos (rsrsr). A área administrativa compreendia, claro, a de recursos
humanos.
Outro caso:
Esta outra história, tão verídica quanto aquela acima,
deu-se quando eu ainda cursava o ginasial. Ano de 1954.
Dia de prova oral de francês. Língua com a qual eu não me
entendia, como até hoje. Não passava do abajur (rsrsrs).
No pátio do colégio havia, no entorno das edificações, uns telheiros
de cobertura. Num determinado ponto, o telheiro era sustentado por duas vigas
de madeira de cada lado, a uma distância de dois metros aproximadamente entre
os dois pares. Não sei se a descrição permite visualizar (imaginar) o cenário.
Mas seu disser que o espaço era tentador para que os meninos
improvisassem um jogo de bola (de meia, ou de borracha, mas furada para não
quicar muito), acho que ajuda a imaginar. Era ótimo para o que chamávamos de goal à goal (na época era
assim que grafávamos, à moda inglesa).
Bem, lembremos que estamos num dia de prova oral de francês.
A regra para nosso goal a goal era a seguinte. Um jogador
arremessava a bola, com às mãos, em direção a meta defendida pelo adversário. Se
passasse por ele, entre as duas colunas e a trave de sustentação do telhado era
gol.
Se o adversário defendesse, pegando a bola, era ele que
arremessava contra a meta do outro. Se, ao contrário, ele defendesse parcialmente,
sem segurar a bola, dando mata, então a disputa era com os pés: dribles e
chutes, em direção a meta do adversário. Entenderam?
Agora emendando com a prova de francês. Neste dia não
tínhamos bola. E éramos poucos no colégio. Os horários das provas eram
desencontrados.
Eu e um colega que não lembro (e pode ficar fora da história
sem comprometer), improvisamos com uma amêndoa, enquanto aguardávamos o início
do prova.
Joguei com tanta força a malsinada amêndoa que ela passou
pelo companheiro e foi bater no vidro da janela sala, logo atrás, espedaçando-o. Nem pude “comemorar”
o gol. Ouviu-se um grito, de susto, apenas, felizmente.
Dentro da tal sala cujo vidro da janela eu quebrei estava se
desenrolando uma prova.
Para encurtar fui parar no gabinete da diretora. Já
anoitecia, cerca das 18 horas, a prova terminando, fui liberado para fazer. Mas
cadê clima para mim? Enquanto no gabinete
só pensava no que poderia acontecer. Ficar reprovado em francês (eu precisava
de nota), meu pai sendo chamado para, quem sabe, indenizar o prejuízo, aquela
bronca, enfim, o pensamento a mil.
Entrei na sala um pouco esbaforido, e só faltava eu mesmo para encerrar o prova.
Sentei diante da professora titular Nilce Mesquita. Ela me
viu abatido. A notícia havia corrido e
todo mundo sabia do acidente e do castigo que me fora imposto.
Dona Nilce sorriu e comentou com a Selma (a outra professora
da banca) “ele é muito parecido com o fulano (não lembro o nome dito), meu
namorado”. E me perguntou "nove está bem para você?" Eu sorri encabulado e acenei
com a cabeça.
Pulei para a cadeira diante da outra professora da banca
examinadora, a Selma Cecilia Dantas Monteiro, que nem me fez sortear o ponto. "Boa sorte Jorge!" Dispensou-me e não disse a nota (que depois fiquei sabendo que
foi dez).
As duas não fizeram isto por meus belos olhos, mas sim, provavelmente,
como uma represália contra a direção da escola, pela angústia e medo que me fez passar.
Poderia acontecer com outro, mas aconteceu comigo.
Mais um (último) caso:
Já mais recentemente, anos 1990, tinhas umas gravatas das quais gostava, mas já estavam um pouco sujas (acumula gordura de suor do pescoço no nó) e também um pouco fora de moda porque largonas e o fashion do momento
era usar gravatas mais estreitas.
Descobri que no Morumbi Shopping, em São Paulo, havia uma loja
que fazia lavagem de gravatas e também consertos.
Numa noite fui com Wanda até o referido shopping para
lancharmos (no Almanara), e aproveitando levar algumas gravatas para lavar. Eles tinham uma
técnica que funcionava bem. Limpava a
gravata e não deformava na lavagem.
Vista do Almanara - Shopping Morumbi |
Eles abriam a costura (atrás da gravata) tiravam aquele
enchimento, espécie de entretela ou coisa que o valha, que ajuda a dar forma,
lavavam o tecido, passavam a ferro e remontavam
o adereço.
Se pedíssemos para estreitar, depois de aberta e lavada, eles
cortavam um pouco nas duas laterais de forma a manter a padronagem certinha.
Explicado isso, vamos ao caso propriamente dito, que me
aconteceu e é inusitado.
Como falei estava acompanhado da Wanda. No balcão fui
atendido por uma mulher (25 anos presumíveis), que perguntou o que eu queria
com as gravatas (eram 3).
Mandei lavar. "Elas ficarão prontas amanhã depois da 18 horas". Disse a atendente do balcão.
Até aqui nada demais, certo? Poderia acontecer com qualquer um,
mas vejam o desfecho. Ao me entregar o recibo destacado do talonário, roçando
propositadamente seus dedos em minha mão, falou normalmente: “eu saio as 22
horas”, e mordiscou o lábio inferior.
Eu e Wanda quando lembramos do episódio ainda achamos graça
da cara de pau.
Estão curiosos para saber se fui buscar as gravatas às 22
horas, na saída da atendente?
Nota do autor/editor: encontrei no Google uma anúncio fúnebre do falecimento da profª Selma, em:
http://news.google.com/newspapers?nid=1246&dat=19820220&id=nXw0AAAAIBAJ&sjid=JM0EAAAAIBAJ&pg=6246,2082634
Sobre a profª Nilce nada encontrei. Selma, foi minha professora de inglês.
Ana Maria, melhor pesquisadora (ou mais paciente) do que eu, encontrou via Google matéria sobre a professora Nilce. Inclusive com foto. Está em: http://www.aspiuff.org.br/arquivos/pdf/boletins/2006_03_mar.pdf
ResponderExcluirVejam um trecho:
"Homenageando uma pessoa muito especial.
Em 25 de janeiro de 2006, deu-se o desenlace da nossa prezada colega NILCE MESQUITA MARTINS, que nos deixou lembranças indeléveis de sua personalidade e de sua atuação nos mais diferentes papéis que desempenhou – professora, diretora, supervisora, coordenadora, presidente de associação, gerente de projetos e amiga como bem sabia ser. Com seu sorriso peculiar, carinho espontâneo, espírito solidário, calma e paciente, estava sempre pronta a escutar alunos, colegas e amigos, contribuindo, de maneira exemplar, para um deslinde ameno dos problemas. Assim, caminhava, a todo momento, em busca de alternativas que trouxessem não só soluções satisfatórias mas, sobretudo, o suscitar dos laços de amizade entre as pessoas, sabendo encontrar o equilíbrio entre inteligência, calma e pureza de coração e, desse modo, controlar as emoções e as condições com que se confrontava. Foi fecunda a jornada da professora Nilce: como professora de francês e espanhol atuou em vários colégios particulares, sendo o maior período dedicado ao Centro Educacional de Niterói, onde teve a oportunidade de esmerar-se na língua francesa por meio de cursos no exterior; foi, então, presidente da Associação de Professores de Francês de Niterói. No âmbito estadual, foi professora do Liceu Nilo Peçanha e, ali, instituiu a Coordenação Pedagógica Geral, trabalho insano, mas que desenvolveu com galhardia. Participou, ainda, de projetos da Secretaria de Educação, mas por força de Lei, renunciou ao vínculo estadual. Na esfera federal foi diretora do Colégio Universitário da UFF, hoje desativado, no SEEC, Serviço de Estatística da Educação e Cultura, foi coordenadora em nível nacional do Subprojeto Registro Escolar, quando, então, prestou concurso para Técnica em Assuntos Educacionais; após, transferida para a Delegacia do MEC, atuou como supervisora federal do Ensino. Em 1985, houve redistribuição dos técnicos e a professora teve a possibilidade de escolher a UFF, onde permaneceu como professora de 2ª grau e técnica em Assuntos Educacionais."
Destaco, do editorial acima, o seguinte trecho que define perfeitamente a Profª
ResponderExcluirNilce e seu comportamento comigo:
"Com seu sorriso peculiar, carinho espontâneo, espírito solidário, calma e paciente, estava sempre pronta a escutar alunos..."
Não me lembro do nome de minha professora de francês no Liceu, mas o nome D. Nilce me é familiar...
ResponderExcluirSó me lembro de minha média no único ano em que tive essa matéria: 9,92.
Dona Nilce foi minha professora de francês no Colégio Plínio Leite. Diferentemente do meu irmão eu era boa aluna e nunca recebi nenhuma colher de chá dela.
ResponderExcluirRIP Dona Nilce. Foi uma boa mestra.
Pudera, Ana Maria, você nunca quebrou a vidraça da sala de aula (rsrsrs).
ResponderExcluirA colher de chá está relacionada ao fato e,talvez, ao outro fato de eu lembrar o namorado dela, segundo ela comentou com a D. Selma.
A propósito a Profª Selma era muito charmosa e alvo de comentários dos estudantes que a viam como musa.
Duas grandes figuras.
R.I.P
Dinheiro escuso e apadrinhamento da Globo dão vitória injusta à Beija-Flor.
ResponderExcluirVERDADE!!!
ResponderExcluirColoquei em caixa alta porque conforme lecionou o Freddy, há algum tempo, significa estar gritando.
E quero reforçar em alto e bom som, o que disse o Freddy: que o dinheiro do ditador da Guiné Equatorial, com luxuoso auxílio promocional da Rede Globo, deram a vitória a Beija-Flor.
What a shame.
Até no Carnaval tudo pode ser comprado e vendido. Antes apenas com dinheiro da contravenção, agora com dinheiro do petrolão africano.
No Twitter já rola a informação que em 2016 eles vão homenagear ( e possivelmente ganhar) o Estado Islâmico.
ResponderExcluir(pano rápido)
... a propósito, você foi buscar as gravatas que horas ?
ResponderExcluirFLU acaba de ser derrotado pelo mega timaço do Volta Redonda ! 2x1 ...
Minha esperança era (é) o Fluminense, para evitar o bicampeonato dos urubus.
ResponderExcluirLamento a derrota.
Deixei para ir na sábado seguinte, durante a tarde, de novo com Wanda.
Aqui entre nós, foi por medo dela botar a boca no trombone (no sentido figurado, da expressão popular). De tão oferecida era capaz de telefonar lá para casa e sacanear minha mulher. "Olhaí, sua trouxa, comi seu marido"
Só para complementar, no sábado à tarde ela não estava na loja. Pelo menos não no balcão de atendimento.
ResponderExcluirNão perguntei se havia voltado na hors da saía pra não ter que ler a resposta.
ResponderExcluirConexões importantes levaram ao patrocínio da Beija Flor. Vejam em :
ResponderExcluirhttp://www.folhapolitica.org/2015/02/o-que-lula-foi-tratar-com-o-ditador-da.html
A Escola de Samba Unidos do Viradouro acaba de divulgar seu enredo para o próximo ano: "Vida e obra do Estado Islâmico", e receberá patrocínio do próprio...
ResponderExcluirKKKKK
ResponderExcluirPois é, Paulo, seu xará (que aqui se identifica como Riva)fez este comentário dizendo que corre no Twitter. Está lá para cima.
Abraço
Shiiiii !!!
ResponderExcluirVirou jogo de empurra. Lula meteu o bedelho, as empreiteiras estão por trás, o governo da Guiné acusa...
http://oglobo.globo.com/rio/governo-da-guine-equatorial-afirma-que-patrocinio-beija-flor-partiu-de-empresas-brasileiras-15379298
.... vcs ouviram o Jabor ontem na CBN ? Ouçam.
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