19 de fevereiro de 2015

Anjos sem asas


Por
Ana Maria Carrano


Sou uma pessoa abençoada. Nasci em uma família que embora pobre financeiramente, era rica em idealismo, sonhos e vontade de aprender.

Meus pais com pouca instrução formal tinham como objetivo dar oportunidade aos filhos de estudo e conhecimento. A Escola ou Colégio eram prioridades. Nenhum dos filhos foi instado a trabalhar antes dos 18 anos. Pelo contrário, éramos desestimulados de qualquer atividade laborativa, que, segundo nosso pai, nos afastaria dos livros.

Os irmãos que tive me proporcionaram o embate e o carinho importantes para a formação de uma jovem.

Logo, como dizem os vencedores de games e concursos, meu primeiro agradecimento vai para Deus que me deu a família que, na ordem, recebe minha gratidão em segundo lugar.

Por toda minha vida fui ajudada e orientada por anjos que cruzaram meu caminho.

Isso deve ter acontecido desde a infância, mas só na entrada na idade adulta pude reconhecê-los.

Foi uma mão desconhecida que segurou meu braço me impedindo de atravessar uma rua, bem em frente a um carro em movimento; um burocrata que teve paciência e interesse em procurar um processo e desembaraça-lo; uma professora que me ofereceu um teste vocacional por acreditar que eu precisava de uma luz nessa escolha.

Por conta da aprovação no concurso de Ingresso ao Magistério do Estado, vim trabalhar em Teresópolis em 1965. Sem dinheiro, sem a presença reconfortante da família num cidade estranha, fui adotada (juntamente com outras 3 moças de Niterói) por um casal, donos de um bar na Av. Parque Regadas. Lá tivemos nossos aniversários comemorados, ganhávamos dose extra de café com leite e muito, mas muito carinho.

Em 1969, tendo terminado o Curso de Serviço Social e precisando de trabalho na área (era professora primária insatisfeita) fui convidada por Georgette Rosa Chagas que coordenava o trabalho de campo do Projeto Saldanha da Gama da Marinha do Brasil, para supervisionar estagiários.

No ano seguinte, aprovada num concurso para o INSS, fiquei sob a chefia de Hayméa Moura que me impulsionou para o trabalho junto a comunidades carentes.

Estas duas assistentes sociais me ensinaram algo mais que não se aprende na escola, e o ensinamento não foi com orientação, foi com apresentação de desafios, cobranças e exigências.

Por conta dessas duas orientadoras, me tornei uma profissional respeitada pelos meus pares.

Pra mim, estas pessoas e outras que não me lembro no momento, são anjos sem asas. Pessoas que foram colocadas em minha vida como amigos, amores, professores, funcionários e tantas outras posições.


Todos os dias sou ajudada por conhecidos ou desconhecidos e agradeço ao Riva, que com seu post me deu ensejo de trazer a público a gratidão que sinto.




Nota do editor: post do Riva em:

9 comentários:

  1. Um anjo falando de outros... assim que vejo seu post Ana Maria.

    Você foi um anjo (e é!)que entrou na minha vida e consequentemente na de João também.

    Sou grata por tê-la por perto. Por me ajudar a ser uma pessoa melhor a cada dia que passa.

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  2. Isso é amizade e a fantástica troca que propicia. Mas vc tem razão. Amigos de verdade são sempre anjos, da mesma falange que nós. rs

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  3. Ué, já tinha ouvido falar que anjo não tem costas. Agora fico sabendo que não tem asas também.
    Qualquer dia estarão dizendo que o anjo perdeu a cabeça (rs).

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  4. Pelo que vejo vc não entende nada de anjos. Existem várias qualidades, espécies e funções. Alguns coloridos como o Azul, outros parcialmente como os de cara preta. Temos os de asfalto e os da guerra; os em ascensão e os caídos.
    Sem assas são os mais comuns quando encarnados neste planeta.

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  5. Essa não é a aquela senhora risonha?
    Cadê a outra foto?
    He he he he

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  6. Estão me boicotando Anônimo. Não querem que eu receba citações pelo meu sorriso. rs

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  7. Que boicote que nada. Na qualidade de editor informo que a seleção dos posts é feita na base do conteúdo, da mensagem contida no texto, e não no retratinho do autor.
    Tanto que os posts do blogueiro não são publicados com foto do autor.
    Falar em boicote é assacar aleivosia contra o editor, e poderá ter que responder em juízo.

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  8. Nossa! Fui me meter logo com um advogado. Desculpe "dotô".

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  9. Gostei demais do seu post, e do título .... perfeito, Ana.

    Quando você falou de anjos sem asas, lembrei imediatamente de um episódio comigo, em 1969 ou 70.

    Eu namorava uma menina, Margareth, que era a Rainha do Liceu na época, e ela morava em São Gonçalo. Para ir na casa dela, eu tinha que atravessar a linha do trem com o carro.

    De noite, tipo 20h, parei o carro antes da linha do trem, olhei para um lado, olhei para o outro ... nada ... acelerei e ouvi uma vozinha : Olha o trem moço ! Era uma menina de uns 8 anos, num vestido amarelo bem claro.

    Freei(ou freiei) o carro, e o trem passou a toda velocidade a 1 metro da frente do meu carro (Itamaraty do meu pai).

    O trem passou, a menina desapareceu, e eu renasci .....

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