TATUAGEM
Ela chegou pontualmente. Entrou no carro e rumaram para a
Barra do Tijuca.
Entraram na suite, cama redonda, espelho no teto, essas
coisas triviais em alguns motéis.
Seus olhos azuis eram mero detalhe, pois o que chamava mesmo
a atenção era o corpo bem delineado e distribuído em 1,72 metros de altura.
Perguntou se deveria tomar uma chuveirada. Ele consultou o
relógio e acenou negativamente com a cabeça.
Então ela começou a se despir. Ele afrouxou o colarinho e
tirou a gravata. Ela deitou-se e ele pediu que ela se virasse, ficando de
bruços.
Ele se aproximou, ajoelhou-se na cama ao seu lado e começou a
ler a história em quadrinhos que ela tinha tatuada nas costas.
Esboçou um sorriso, levantou-se e perguntou quanto devia. Ela
disse o preço, apenas confirmando o que já estava combinado. Ele separou as
notas e acrescentou mais cinquenta reais para o taxi dela na volta.
Fez um sinal de positivo com o polegar direito, recolocou a
gravata, sem abotoar o colarinho, e partiu.
SILICONE
Ele apertava suavemente, delicadamente, o seio da mulher
deitada ao seu lado. De repente, não mais do que de repente, o peito dela
murchou em sua mão. Ele se assustou e ficou sem saber o que fazer.
Presumivelmente a bolsa de silicone estourou e vazou.
Não sabia o que fazer, eu já escrevi e repito, apertaria o
outro seio? Chamaria uma ambulância? Ou consumaria o ato primeiro e depois, só
então, discutiria com a mulher o que fazer.
A opção foi partir para os finalmente, mesmo não sendo tão
bom quanto esperava. Ainda não se recuperara do acidente. Quase falhou.
Embora fosse advogado teve que declinar da causa porque seria
mais importante como testemunha, no processo indenizatório a ser movido contra
o cirurgião e o hospital, onde feita a plástica. O tipo de silicone era
inadequado e além de tudo poderia ater piores consequências.
PIERCING
O que ele não contava era com um piercing naquele local, digamos assim, inusitado. A
língua cortada e sangrando um pouco levou-o à loucura. Sua vadia, sua isso e
sua aquilo foi o mínimo que praguejou. Você deveria ter avisado.
Mas como assim avisado. Antigamente isto era recurso
extraordinário, para você virou petição inicial.
Desculpe mas ... tá certo, você não deve nada. Não precisa ir
ao médico, faz um bochecho para desinfetar e pronto. Foi o que a mulher recomendou.
CONCLUSÃO
Terminadas as historinhas, o que tenho a dizer é que sou de
um tempo em que, tendo dinheiro, tempo e oportunidade, a preocupação era não
engravidar a parceira.
Se era uma prostituta profissional, o perigo era a
blenorragia, ou, se muito rampeiro o puteiro, a sífilis.
Excelente, Jorge!!
ResponderExcluir"Blenorragia" me lembrou imediatamente o grande Agildo, numa época em que não se fazia força pra ser engraçado. Não me lembro se já te enviei este vídeo (e que peço licença pra colocar aqui):
https://www.youtube.com/watch?v=d8l2U19hL80
Abs.
Agildo é uma peça rara.
ResponderExcluirMuito engraçado o trecho sugerido pelo PB.
Aliás, nos links laterais desse vídeo no YouTube tem outras pérolas, merecem uma espiada. Engraçadíssimas.
<:o)
Freddy