30 de novembro de 2014

Falando de amor

Internauta, em visita ao blog, sugeriu que adotássemos como tema preferencial nos posts, nada mais, nada menos, do que o amor.

Terei que passar a bola adiante. Tenho enorme, insuperável dificuldade para expressar - com palavras - amor. Se não consigo com manifestações explícitas e específicas, como conseguiria com palavras?

Com minha mulher, companheira de 50 anos de lutas, privações, conquistas, perdas e parceria de todas as horas, tenho uma dívida muito grande.

Ela, muito romântica, como sói acontecer com as meninas interioranas, formadas através dos filmes de Hollywood, deve ter se decepcionado um pouco com meu comportamento distante do papel de "mocinho de cinema", tipo Clark Gable ou Tyrone Power.

Não sou uma pessoa carinhosa. O que não significa falta de afeto. Não sei expressar amor objetivamente, mas as pessoas podem perceber se atentas, nos detalhes, que ele está presente: em atitudes.

Se ficava debruçado na janela do quarto até 2 ou 3 da madrugada aguardando o filho chegar na portaria do prédio, para só então deitar e me cobrir, fingindo estar dormindo.

Se dava, não sei exatamente quantas voltas (a Wanda sabe) com o filho que chorava e resistia ao sono, no meu colo, dentro do pequeno apartamento em que morávamos, e sem demonstrar qualquer irritação, penso ter dado provas de que amo a meu modo.

O abraço dado e recebido do filho no retorno dele de uma viagem de muitos dias pela Europa (primeira vez que nos afastávamos tanto tempo), gerou tanta energia que parecia ter levado um choque. Fez-me  um bem tão grande que até hoje lembro do fato. E sinto.

Ficar aflito, embora confiante, com os resultados dos vestibulares; assistir suas lutas de judô e partidas de futebol na escola, com a alegria e orgulho, como se eles fossem campeões olímpicos, que nome podemos dar a isso?

Convoco o testemunho de minha mulher uma vez mais, para contar fato ocorrido em Paris, durante o breakfast no hotel.

Um senhor, acompanhado de uma jovem, olhou para mim com sorriso disfarçado. A jovem, sabíamos, era filha dele e a viagem comemorativa da aprovação dela no concurso para promotora de justiça, em Minas Gerais.

Fui até a mesa em que eles estavam com o objetivo de dar nosso endereço no Brasil(estávamos, nós e eles,  encerrando o passeio na França). Foi quando ele explicou:
“Estávamos aqui (ele e a filha), comentando sobre sua atenção, seu cuidado, com sua esposa. Seu olhar carinhoso permanentemente focado nela.”

Ele observou isto ao longo dos passeios que fizemos, nos indefectíveis tours, com a mesma operadora local: Torre Eifell, Bateau Mouche, Versailles, Louvre, estas obviedades.



Ufa!!! Posso não ter falado de amor, pela falta de veia poética, mas dei meu recado aos filhos e mulher.
  

6 comentários:

  1. Não precisa falar mais nada !
    Cada um é cada um, no amor, na alegria, na tristeza.
    Não se julgue, não precisa.

    Abração e um super domingo pra vcs !

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  2. Parece que a idade está te fazendo bem. Parabéns.

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  3. Este post é o de número 1500, publicado neste cantinho virtual. Noutro dia registramos 5 anos de existência.
    Meus agradecimentos aos que passam por aqui, dando ou não pitacos, e aos que colaboram com seus textos que sempre enriquecem o conteúdo do blog.

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  4. Acho que nenhum dos colaboradores teria feito post melhor para comemorar os 1500 do blog. Parabéns.
    ;-) Freddy

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  5. Agradeço suas generosas palavras, Freddy, mas conhecendo meus limites, e minhas vocações e talentos, sei que não expressam uma verdade. Temos como colaboradores, incluso você, pessoas muito qualificadas, sensíveis e talentosas, que por esta ou aquela razão não responderam ao convite para assinar o post de número 1500.

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  6. Em maio de 2013, quando atingimos a marca de 100.000 visualizações de páginas, pincei aleatoriamente alguns comentários de internautas e coloquei em um post. Ainda não havíamos atingido os três anos de existência no ar.
    Está em [http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/05/os-sumidos.html

    (copy and paste)

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