Ponto que gosto |
No terreno amplo,
fértil e eclético da gastronomia, apenas engatinho. Nem sou bom com as panelas
e caçarolas, e nem tampouco tenho memória gustativa desenvolvida. Nomes?
Confundo ou não memorizo.
Não chego ao ponto da piada portuguesa. É voz corrente que a lógica
cartesiana (licença poética) dos portugueses é foco de piadas. E é! (Isa acompanha o blog, Riva?)
No restaurante, não sabendo o que pedir, pois estava em
dúvida, o freguês dirigindo-se ao garçom, aponta um prato que está sendo levado por outro
em direção à mesa próxima , e exclama: ‘Olha, quero aquele ali”.
O garçom que o estava servindo responde: “Aquele, lamento mas já está pedido pelo outro senhoiri”.
Vou dar dois minutos para os mais desligados entenderem a
piada. Um, dois... Pronto, podem rir.
Perto de minha nora Erika, que conhece não só os restaurantes
do eixo Rio-Niterói, como sabe os nomes dos pratos, na língua original, sejam
eles asiáticos, europeus, australianos ou americanos (os africanos ainda tenho
dúvida - rsrsrs), sou uma nulidade total.
E os temperos? Deus do
Céu!!!
Mas paladar tenho.
Assim como para os vinhos. O Jorge, meu primogênito, identifica aromas , as notas florais e da frutas secas,
ou vermelhas. Diz-se que tem nariz.
Não chego a tanto, mas ei se o vinho é bom ou não. Como sei
se o prato me agrada ou não, apreciando o conjunto da obra: aspecto, cheiro e
paladar.
Não são muitas as lembranças de boas mesas, mas algumas foram
bem marcantes. Assim como algumas outras experiências foram bem frustrantes.
Como esquecer o bacalhau comido na cidade do Porto. Aquelas
generosas (grossas e grandes) postas que ficaram embebidas no azeite desde a
véspera até irem para o braseiro, antes de servirem?
Pessoas normais - e eu e Wanda somos – não dão conta do que é
servido na travessa junto com guarnições igualmente epetitosas.
Há uns quatro anos (?) comi aqui em Niterói, no Seu Antonio
(antes das obras), um bacalhau bem gostoso e servido em porções bem fartas. Os
bolinhos, pedidos de entrada, também
estavam muito bons.
Seu Antonio (Piratininga - Niterói) |
Ou estávamos famintos depois da longa espera na fila.
A paella, à moda galega, comida em Vigo, não tem descrição
possível. Com a vantagem de que os frutos do mar estão ali mesmo, no maior
porto pesqueiro da Europa. Para
prestigiar o produto local pedi, para acompanhar , um Alvariño, que enfrentou com dignidade a bem condimentada paella.
E por esta trilha iria desfilando experiências vividas no
exterior, mas não o farei para não cansar os poucos (mas bravos) e pacientes leitores. E para não parecer (sou) esnobe, metido a besta.
Vou direto à frustração. Ninguém acredita, nem na família e
nem entre amigos, mas não consegui comer, estando em Buenos Aires, o tão decantado bife de chorizo, que para quem não sabe (e devem ser poucos), é
o miolo do corte que chamamos contrafilé.
Quase no ponto que gosto |
E não pedi num só restaurante. E nem foram restaurantes
tipo “pé-sujo”. Foi em Palermo e em Puerto Madero. Gosto da carne suculenta,
praticamente só selada de um lado e do outro só encostada rapidamente na chapa.
Querem sabem mais? Em matéria de
carne, gostei mais da uruguaia do que da argentina. Pedindo a parrillada, sem os miúdos, come-se bem. Experimentei duas
vezes, estando em Montevideo. Uma delas num dos restaurantes do tradicional Mercado del Puerto.
Todavia, o vinho argentino da casta
Malbec, inclusive no corte com Syrah (ou Shiraz, como preferem outros), é bem
melhor do que o da cepa Tannat a variedade mais conhecida na vinícola uruguaia.
Ainda na Argentina, em Bariloche, comi o pior cordeiro (antes de chegar a
borrego) da minha vida. Parecia salvado de incêndio na floresta, tão seca e
dura estava carne.
Buenos Aires, para nós, é um arrependimento. Nada do que a
cidade oferece substitui os originais da Europa. Sem falar que os hermanos não
fazem questão de agradar.
Aqui mesmo, em nosso país, minha lembrança mais antiga de um
prato que não gostei, data de minha fase de namoro/noivado.
Quando já estava
sendo recebido pelos pais da Wanda, em Cachoeiro de Itapemirim, fui convidado
para um almoço.
Embora minha futura sogra cozinhasse bem, o prato que ela preparou foi um peixe chamado cascudo, que eu não conhecia. Acho que até aquela data só
havia comido peixe do mar. E o cascudo era pescado ali mesmo, no rio que
empresta seu nome à cidade.
Entrou para o folclore da família o fato de eu ter repetido, tudo porque, não tendo gostado muito,
comi rapidamente o cascudo para ficar livre dele. Alguém alertou “olha, o Jorge
gostou mesmo do cascudo, bota mais para ele”. Não deu certo a tática de comer
primeiro o pior e deixar o melhor para depois (rsrsrs).
Encerro este post com uma homenagem (mais que merecida) à Confeitaria Colombo. Foi em 17 de setembro de 1894, que esta prestigiada casa abriu suas portas no centro da cidade do Rio de Janeiro, na Rua Gonçalves Dias. Está completando hoje, consequentemente, 120 anos de existência, com charme, tradição, muita história. Com delicias irresistíveis em seus balcões e chás servidos no elegante salão estilo art nouveau.
Ana Maria, minha irmã, deve guardar doces (e salgadas) lembranças da Colombo.
Encerro este post com uma homenagem (mais que merecida) à Confeitaria Colombo. Foi em 17 de setembro de 1894, que esta prestigiada casa abriu suas portas no centro da cidade do Rio de Janeiro, na Rua Gonçalves Dias. Está completando hoje, consequentemente, 120 anos de existência, com charme, tradição, muita história. Com delicias irresistíveis em seus balcões e chás servidos no elegante salão estilo art nouveau.
Ana Maria, minha irmã, deve guardar doces (e salgadas) lembranças da Colombo.
Nem tanto assim! E a maioria não por ter comido, mas por ter visto as receitas nos blogs de culinária que sigo. Mas devo dizer que conheço alguns africanos, sim, da África do Sul (rs).
ResponderExcluirPrecisamos, então, programar Africa do Sul em nosso roteiro gastronômico.
ResponderExcluirEstou enganado, ou vc escreveu 2 posts sobre gastronomia ?? rs
ResponderExcluirNão há engano não, Riva.
ResponderExcluirFui surpreendido com a impossibilidade de contar com a colaboração da Alessandra, que estava prometida.
Improvisei porque me pareceu mais fácil fazer do que encomendar a outrem.
Está com ciuminho, Riva? Você queria ter escrito dois posts? Deixa os ciúmes só com o Freddy (rsrsrs).
Agora acabou a série gastronômica.
Sem ciúmes rsrsrsrs
ResponderExcluirO que houve com Alessandra ?
Sobrecarga de trabalho e muitos deveres da faculdade.
ResponderExcluirAssuntos prioritários, efetivamente.
Mas ela voltará a colaborar, assim espero.
Uma pena a Alessandra não participar. Certamente deveria ser muito legal o post dela sobre o assunto.
ResponderExcluirA Confeitaria Colombo recentemente foi eleita como um dos 10 mais belos cafés do mundo. E essa beleza retrata a época em que foi fundada.
ResponderExcluirTem forte influência europeia e segundo dizem, ainda conserva os espelhos trazidos da Antuérpia e os móveis e revestimentos de jacarandá.Sente-se história em seu interior.
Durante algum tempo, lá pelo fim da década de 50, mensalmente íamos, eu e meu pai, comprar alguma delícia para levar para casa. Era o dia em que ele recebia o pagamento na cidade maravilhosa e podíamos degustar uma ou duas empadinhas de legumes no balcão, e levar outras para casa, juntamente com uma língua defumada, especialidade da confeitaria.
Aviso aos internautas visitantes deste espaço:
ResponderExcluirAna Maria era a queridinha do pai, sendo a companhia constante destas idas até a Colombo. E as citadas empadinhas entraram para a história dela. Quase foram incorporadas ao seu nome (rsrsrs).
Nota-se uma dose elevada de ciúme por parte do administrador do blog.
ResponderExcluirCiúme infundado, visto que ele era primogênito, e eu, caçula.
rs
Nitidamente, um represamento de ciúmes ...... rsrs
ResponderExcluirSegundo o Trip Advisor (http://www.tripadvisor.com/), o Rio de janeiro, e muito menos Niterói, não tem nenhum restaurante entre os mais bem avaliados no mundo.
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