30 de junho de 2014

Impressões de Viajante: Gramado - 5


 Por
Carlos Frederico March
(Freddy)





Freddy, 12 graus



Retornamos a Gramado para 8 dias de estadia de 10 a 18 de maio deste ano de 2014, em comemoração ao aniversário de nossa filha mais nova, Flávia, que foi com seu parceiro de vida, Felipe. Hospedamo-nos, como tem acontecido ultimamente, no Hotel Ritta Höppner. Nós, tradicionalistas e ansiosos por reviver um ambiente bem alemão, optamos pelo setor de chalés - o nosso preferido é o João (com piscina aquecida privativa). O novo casal, mais moderninho, preferiu um apartamento normal no Residenz, na ala nova do complexo (inaugurada em 2007).
 
Hotel Ritta Höppner, chalés

O Hotel Ritta Höppner foi classificado no concurso Traveller’s Choice pelo Trip Advisor em 1º lugar no âmbito da América do Sul e consequentemente do Brasil  nas categorias:
- hotel para viajar com a família
- hotel de pequeno porte
- hotel com serviços excepcionais
Foi também classificado como o 2º melhor hotel romântico do Brasil e o 10º melhor hotel do mundo na categoria “para viajar com a  família”, o que não é dizer pouco. As instalações são excelentes dentro de sua categoria (familiar de pequeno porte). O que o diferencia, de longe, é a qualidade do atendimento personalizado. Impecável.

Ressalto aqui que imagens de Gramado, com seus hotéis e atrações, estão mais que bem representadas no Google. Quase nem fiz esse post por conta desse pormenor, senti uma sensação de inutilidade, mas depois percebi que acrescentar a experiência individual sempre é interessante. Farei o relato em 2 etapas: uma focando gastronomia (neste post, Gramado - 5) e outra sobre as mais recentes atrações (post subseqüente, Gramado - 6).

Em termos de restaurantes conhecemos o Malbec, pendência de viagem anterior. Especializado em grelhados, tem um ambiente muito acolhedor. A comida não decepciona, mas não chega a ser gourmet. Eu não voltaria por escolha própria, se bem que não recusaria o convite de um amigo que quisesse lá fazer uma refeição conosco ou petiscar ou comer fondue.

Restaurante Malbec

A pizzaria Pirata’s foi renomeada como Cara de Mau e manteve tudo igual, inclusive garçons. As opções são rodízio ou à la carte, mas seguindo a tendência $urreal de Gramado, o preço de uma pizza individual não justifica recusar o rodízio, a menos que 3 ou mais pessoas se juntem para comer uma só pizza gigante (mais de 100 pilas, ref. maio/2014).
 
Pizzaria Cara de Mau, ex-Pirata’s


Estávamos em seis e escolhemos, pois, participar do rodízio. Só que demos um azar terrível... Pegamos uma mesa muito longe da cozinha, quase na porta.  Só chegava pizza esquisita, as melhores acabavam antes de chegar à nossa mesa. A massa e/ou a muzzarella estava hiper salgada. Junte isso tudo e explodi, o que não é surpresa para quem me conhece...

Outra pessoa de nossa mesa também demonstrou veemente desagrado, admito com que um pouco mais de elegância que eu. Depois de juntados os cacos, avinagrados por severa rusga com minha filha que não aprovou minha explosão, conseguimos ser mais ou menos bem servidos, escarradas à parte, como diria Riva (!).

Grande decepção, pois já a havia frequentado em outras viagens (ainda como Pirata’s e já como Cara de Mau) com resultados satisfatórios, mas não excelentes. Não voltarei.

Comemos também em lugares já conhecidos, como o Nonno Mio (rodízio de galeto e massas), Divino (novo point gastronômico ao lado da Igreja de São Pedro), Bistrô Brillat (que apresentou aumentos $urreais em alguns pratos elogiados como o bacalhau Bistrô), Il Piacere (grelhados a um preço justo pela quantidade). Os três últimos são pertencentes à mesma rede, que inclui ainda a Cantina Pastasciutta,  o Clericot Deguster e o excelente Bouquet Garni, às margens do Lago Joaquina Rita Bier.  

Cada um dos seis tem sua proposta gastronômica, nenhum é parecido com o outro, sendo que eu e Mary somos fãs incondicionais do Bistrot Brillat na Rua Coberta. Já minha filha disse que não voltava de Gramado sem ter comido no Bouquet Garni, de modo que foi com o marido Felipe e afirmou que valeu cada real pago - e foram muitos. Numa futura estadia eu pretendo levantar essa pendência pessoal, pois desta feita não deu.

Preciso sim, por mérito, destacar o Restaurante Otto, interno ao Hotel Ritta Höppner Residenz e também aberto ao público - para almoço, lanche da tarde e jantar.
 
Ritta Höppner Residenz com Restaurante Otto


O Otto tem uma culinária reduzida mas muito interessante. Há uma opção de refeição alemã que consta de antepasto de salsichas com salada de batata e picles (só aí eu já fiquei quase satisfeito), o prato principal alemão (kassler, eisbein, schnitzel ou pato) e sobremesa, qualquer uma do cardápio. Óbvio que eu sempre escolhi apfelstrudel, um dos melhores da região. Tudo isso (preço de maio/2014) por R$ 44,00 mais 10% por pessoa.

Tem também cremes, sendo que o de batata fez os apreciadores delirarem. Eu quase não tomo sopa, mas pude testemunhar os elogios. Teve gente de nosso grupo que a repetiu em outros dias. Claro, não podemos esquecer o fantástico chá da tarde, cortesia para hóspedes mas também aberto ao público.

É vero que Gramado tem uma quantidade imensa de excelentes restaurantes, há inclusive muitos recém inaugurados. A gente precisaria de muitas viagens para poder conhecê-los todos. É que, por índole, eu me mantenho fiel aos que aprecio, de modo que entre escolher uma novidade e repetir um dos que tenho certeza que terei prazer, prefiro repetir. Há quem julgue isso um erro.

Bom, em estando em Gramado não posso deixar de visitar as duas lojas do Seu Antonio, a Adega do Vinho, ambas na Avenida Borges de Medeiros. A primeira fica anexa ao refinado Hotel Modevie. A segunda, mais recente, é gerenciada por sua bela filha Caroline e fica dentro do shopping Largo da Borges. Além do acervo de vinhos, encontramos uma espetacular seleção de queijos coloniais (sansoe, fontina, iogurte, colonial comum) além de copa sem gordura (bah, tchê!) e um salame italianos dos deuses!

Queijos e salames na Adega do Vinho

Para fechar a questão de alimentação e bebidas, devo informar que os preços em Gramado explodiram! Posso afirmar isso porque estivemos pela penúltima vez em março de 2013 e comparei preços.  Minha filha diz que dá para encarar, pois o nosso parâmetro é Rio de Janeiro da Copa da FIFA, mas eu contra-argumento que o reajuste foi $urreal por ter se dado em apenas um ano! E lá não vai ter Copa!

A realidade é que Gramado está é mudando de cara e padrão, há muitos novos hotéis e pousadas, vários ainda em construção. As lojas agora são mais chiques, aquelas mais toscas estão dando lugar a outras mais sofisticadas. A cidade pretende ficar glamurosa. E isso se traduz nos preços cada vez mais elevados.

Pra quem pode e gosta, vale voltar mil vezes!




Fotos do acervo do autor

Posts anteriores sobre Gramados:
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/04/impressoes-de-viajante-gramado-1.html
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/05/impressoes-de-viajante-gramado-2.html
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/06/impressoes-de-viajante-gramado-3.html
http://www.jorgecarrano.blogspot.com.br/2013/06/impressoes-de-viajante-gramado-4.html

29 de junho de 2014

Jogo amanhecido, adormecido, dormido

Com as variações próprias de cada região, cidade ou estado, diz-se, no dia seguinte ao de seu preparo, que o pão está “dormido”. Uso esta e não outras expressões porque foi a que me acostumei ouvir desde cedo.

Aqui não se trata de pão, mas sim de um jogo de futebol, degustado no dia seguinte. Daí o jogo “dormido”.

Isto me permite a tranquilidade, e a isenção possível, na apreciação do que foi o jogo. Ruim de dar dó (do lado brasileiro).

Não foi definitivamente o tipo de jogo que os ingleses qualificam de “boring, boring”, porque  a seleção chilena não deixou.

E já me antecipo ao que iria dizer mais adiante. A seleção chilena venceria o jogo, não fossem as seguintes situações visíveis e confirmadas: o Vidal, que nem deveria ter entrado em campo (por contusão), teve que ser substituído aos 30 minutos do segundo tempo; o Sanches (melhor jogador em campo) perdeu o gás e no final da partida mal se mantinha de pé, não conseguindo dominar a bola, tal seu degaste físico.

Não vou falar do Medel, que com seus 1,71 cm de altura, fez um mundial de gigante, porque este é defensor e, em tese, não fez falta ao Chile no ataque.

Mas vou falar do Pinilla, que nem no Vasco conseguiu se destacar, e ao final meteu um chutão no travessão, que se tivesse menos três dedos de altura teria mudado a sorte da partida.

Mal comparando, o Chile poderia ter feito com o Brasil o que a Colombia fez na sequência com o Uruguai. E periga repetir a dose contra o Brasil, porque é fisicamente mais forte.

Para quem viu e aplaudiu Zizinho, Didi, Gerson, Ademir da Guia, Dirceu Lopes, para ficar somente nos brasileiros, e alguns deles, assistir a uma partida de futebol sem jogadores que pensam, organizam, ditam ritmo, é impensável.

Essa seleção brasileira tangencia o medíocre. Será campeã? Pode até acontecer. Tem talentos individuais, tem a torcida, tem a logística, condições físico-ambientais, só está faltando padrão tático de jogo.

Um pecado ver  Iniesta e Pirlo fora da Copa, e ver Oscar de “armador” da seleção brasileira.

A seleção do Dunga, tão combatida, tinha um padrão. A esta altura da competição, em 2010, inspirava mais confiança.

Êta  jogo ruim de  ver, se eu tivesse comprado ingresso e ido ao Mineirão para assistir, na saída iria ao PROCON reclamar meu dinheiro de volta.

Para salvar o jogo e ficar na minha memória, registro o fato de que meu neto (12 anos), entrou em campo segurando (com a mão direita) a bandeira do Chile, não por opção dele, mas sim da organização. Foi contemplado numa promoção da Coca-Cola, que bancou todas as despesas decorrentes.


Post scriptum: Não houve penalti no Hulk e ele ajudou a dominar  a bola com o braço, no lance que chutou para as redes. O juiz, que acompanho muito no campeonato inglês, apitou muito bem.

Homenagem às torcedoras... só as bonitas

Vinicius tinha inteira razão. Aos 74 anos, quando estamos mais para a contemplação do que para a ação, a frase do poeta/diplomata, e expert no assunto, se torna inquestionável: beleza é fundamental!

Por isso, presto minha homenagem às torcedoras bonitinhas, independentemente de ordem de preferência, e sem distinção de cor, credo ou filiação política.

Ei-las:
















Quer ver mais? Faça como eu, vá ao Google.

28 de junho de 2014

Mini Copa América

Hoje começa uma mini Copa América, dentro do campeonato mundial. Teremos os confrontos entre Brasil e Chile,  e Uruguai contra a Colombia.

Por outro lado caminha a Argentina. Apenas o Equador, dentre os sul-americanos, não passou para as oitavas-de-final. Consideradas as Américas, temos classificados, além dos citados aqui do nosso continente, mais Estados Unidos e México e a Costa Rica. Ou seja, serão oito as seleções das américas.

O Uruguai vem mordido pela punição imposta ao Luis Suárez, mas a Colombia está com um bom time, que inclusive venceu as três partidas da fase de grupos. Mesmo não tendo no elenco seu maior ídolo no momento, o Falcão Garcia, que por contusão não foi convocado.

Em mundiais o Brasil jamais perdeu para o Chile e tem ampla vantagem no ranking, considerados todos os jogos entre as duas seleções.

Já ganhamos deles em Santiago, na Copa de 2002, por 4X2.

Não vou palpitar sobre quais, das quatro seleções envolvidas nestas partidas de sábado, passam para as quartas. Se o retrospecto, a chamada lógica, prevalecer, teremos, mais uma vez, o encontro entre Brasil e Uruguai.

Nestas duas partidas de hoje estarão envolvidos Neymar e Alexis Chances, e no outro jogo Cavani e James Rodrigues goleadores que podem decidir.

Luis Suárez assistirá de sua casa em Montevideo.

Eu preferiria morder a Fernanda Lima, ou a Patricia Poeta, ao invés do Giorgio Chiellini.

Só pelo mau gosto acho que 9 jogos foi uma punição branda.

27 de junho de 2014

CABEÇA

Em 1972,  concorrendo num festival da canção, o desconhecido (para mim pelo menos) compositor Walter Franco, surpreendeu-nos com uma música cuja letra era meio sem sentido, nonsense, ininteligível, hermética, subjetiva ou coisa que o valha, cujos versos estão abaixo.
Cabeça
Que é que tem nessa cabeça irmão
que é que tem nessa cabeça, ou não.
Que é que tem nessa cabeça saiba irmão
que é que tem nessa cabeça saiba ou não.
Que é que tem nessa cabeça saiba que ela não pode irmão
que é que tem nessa cabeça saiba que ela pode ou não.
Que é que tem nessa cabeça saiba que ela pode explodir irmão

Por que estou rememorando este fato? Por causa do jogador  Luis Suárez, da seleção do Uruguai. A cabeça dele me fez lembrar da composição “Cabeça” do Walter Franco.
O que leva um ser humano, jogador ou entregador de pizza, ou advogado, ter o incontrolável desejo de morder? Não sei,  porque não tenho qualificação profissional para diagnosticar. Mas em princípio é um caso patológico.
Este rapaz precisa de acompanhamento psicológico. Não é possível que seja reincidente específico, em três momentos e países diferentes. Ele fez isto anteriormente jogando na Holanda, no ano passado na Inglaterra e agora aqui no Brasil durante a Copa do Mundo.
No somatório das punições já soma 26 jogos de suspensão. Nem o mais botinudo dos jogadores, comumente expulso de campo, soma tantos jogos de suspensão.
O diacho é que ele joga bem. Vejam que mesmo impedido de jogar algumas partidas pelo Liverpool,  na Premier League, por conta da suspensão de dez jogos que lhe foi imposta na Inglaterra, ainda assim totalizou trinta e um gols na temporada passada.
Aqui mesmo na copa em andamento foi autor de gols importantíssimos para sua seleção. Gols de oportunismo e habilidade, salvadores para o Uruguai, contra a Inglaterra.
Este mesmo jogador protagonizou outro lance inusitado na copa de 2010. Defendeu, com as mãos, uma bola que muito provavelmente se transformaria em gol para a equipe adversária.
O juiz marcou a penalidade e o expulsou.
Um ato que parecia insano acabou por se transformar na salvação do seu time, no caso a seleção uruguaia. Sabem por quê? A bola que ele interceptou com as mãos tinha 99% de possibilidade de  entrar no gol e causar a eliminação do Uruguai.
O jogo estava empatado e na prorrogação. Quando todos imaginávamos que ele botou tudo a perder, eis que o africano perdeu o pênalti e a partida terminou empatada. Como só uma equipe avançaria para a fase seguinte, a disputa da vaga foi resolvida em cobrança de tiros diretos da marca do pênalti.
O final todos, ou quase todos, lembram: Uruguai classificado, pois venceu a disputa dos pênaltis.

Ademais, além das dentadas, houve um caso de racismo protagonizado pelo Suárez (Liverpool) contra o jogador Patrice Evra (Manchester United), em partida pelo campeonato inglês. Custaram a ele alguns jogos de suspensão, que não estão contabilizados no número supracitado de 26 jogos de punição, que só considera os casos de mordidas em adversários.

Por outro lado, com esta punição de nove jogos de suspensão, perdemos todos: perde a copa pelo afastamento de uma das estrelas; perde (e muito) a seleção do Uruguai; perde o Liverpool clube que defende, e perde ele mesmo por ficar rotulado de vampiro ou antropófago, nas piadas ou, pior, desmiolado.

26 de junho de 2014

Dubiedade dos PTralhas

Recebi via e-mail e repercuto porque encerra uma verdade:



25 de junho de 2014

Quem diria?

Luiz Gustavo
Quem diria?  Os jornalistas esportivos  que criticavam o Scolari e sua teimosia em jogar com volante pegador, e achavam que o Luiz Gustavo era uma espécie de pitbull, agora se rendem à eficácia do jogador do Wolfsburg, na Alemanha.

Foi muito bem avaliado depois das partidas, com desempenho melhor do que o dos badalados Marcelo e Daniel Alves.

Antigamente, na minha infância, o garoto cuja família podia, tinha mais po$$e$, tinha a bola de futebol  fabricada pela Superball, só que a nº 3, que era de diâmetro menor, própria para a garotada.

Na rua São Diogo, onde morei a maior parte da infância, uma vez fizemos uma vaquinha para poder comprar a tal bola, que tinha, como a oficial do campeonato carioca, uma câmara de ar para ser enchida com bomba (de pneu de bicicleta) e um bico especial.

Se bem me lembro contribuí com uma moeda de um mil réis, que ganhara de minha madrinha.

Afonsinho
Houve um jogador do Botafogo, de nome Afonsinho, que violentou os costumes da época e deixou a barba crescer. Foi o maior fuzuê no clube e na imprensa. Ele, que era a apenas razoável, ganhou notoriedade. Saiu do Botafogo brigado e teve que recorrer à justiça para obter liberação de seu “passe”. Salvo engano, depois formou-se em medicina. E o costume da barba grande não pegou.

Atualmente muitos dos jogadores que atuam em diferentes seleções que estão disputando a Copa de 2014, aqui no Brasil, têm barbas grandes. Não me refiro a barba “por fazer”, e, sim, a barba comprida mesmo. Ou ridículos cavanhaques.

Um pouco antes e um pouco depois de nosso primeiro título mundial, além de amistosos e da competição continental (Sul-Americana), o Brasil disputava taças*, em anos alternados, com alguns dos vizinhos. Assim, havia a Taça Oswaldo Cruz, que disputávamos como Paraguai; a Taça O’Higgins, disputada contra o Chile, e a Copa Rocca era disputada com a Argentina. Tinha uma com o Uruguai cujo nome não lembro.

Pois muito bem, neste período, é só pesquisar, tirante Argentina e Uruguai, adversários poderosos e respeitáveis, todas as outras seleções sul-americanas eram mamão com açúcar.

Os resultados eram do tipo Brasil 9 X 0 Colombia; Brasil 7 X 1 Equador. Em 1959, ganhamos do Chile por sete  a zero, pela tal Taça O’Higgins.

Agora vamos enfrenta-los pela Copa do Mundo versão 2014 e estamos com receio. Fundado receio. O Chile tem uma equipe bem treinada, com jogadores habilidosos e um ótimo jogador, que atua pelo Barcelona, que  é o Alexis Sanchez.

Perguntei para minha mulher, antes do jogo: o que você prefere, a muzzarela** de búfala (italiana) ou o doce de leite (uruguaio). Prontamente ela respondeu muzzarela. E efetivamente torceu para a Italia. Mas deu Uruguai, apesar do Luiz Suárez, bom jogador mas destrambelhado.

Mordida ele já deu quando jogava na Holanda, e na temporada passada jogando na Inglaterra, quando pegou dez jogos de suspensão, prejudicando muito o Liverpool que ainda assim ficou com o vice-campeonato inglês.

Agora vamos aguardar o que fará (fará?) o comitê disciplinar da FIFA.



** Muçarela, mozzarella, mussarela, pouco importa a grafia, é aquele queijo tipo napolitano delicioso quando feito com leite de búfala.
  

24 de junho de 2014

Os sabores da minha vida




Por
Alessandra Tappes



É certo: tenho sangue gaúcho nas veias sim apesar de n ser gaúcha. Cresci entre os suculentos churrascos e a doce tentação da Ambrosia. Passei minha infância dividida entre os cafés coloniais da serra gaúcha nos fins de semana de inverno, as idas nas vinícolas gaúchas de Ijuí comendo pastel na gruta. Amava por demais as idas às vinícolas de tal forma que quase matei meus pais de desgosto afirmando q queria ser enóloga, quando crescesse. Evidente q poupei a vida deles.

Até meus 10 anos tive tudo pra perder meu medo de nadar. Em pleno verão, reuníamos os tios e primos por parte de pai e íamos quase todos nadar no Rio Uruguai. Meus avôs paternos moravam bem na fronteira numa cidadezinha chamada Quaraí. Atravessávamos a rua e já estávamos no Uruguai. Entre os pães caseiros recheados com lingüiça, cuca alemã e a famosa pizza uruguaia que minha avó fazia aos montes pra gente curtir aquele piquenique, não faltava o refrigerante Crushi, Charrua e Minuano, com avós de plantão nada era proibido...

Aos 10 anos e alguns meses, meu pai fora transferido para São Paulo. Meu estado natal e que eu era louca pra conhecer de perto. Toda a maravilha do sul ficava apenas paras as férias escolares e se passássemos de ano.

Com bastante dificuldade e ajuda das colegas de colégio, troquei o “tu” por você e o “contigo” caía nas graças de todos. Sem falar nos excessivos “bah” que o gaúcho solta pra mostrar que está feliz, pra dizer q está triste... Quando citava meus pais, irmãos, eu falava “o pai, o mano, a mãe...” havia uma colega que volta e meia me corrigia dizendo pra assim: “Alessandra, é o Seu pai, a Sua mãe, o Seu irmão. Eles são seus, nada meus, nada nossos e nem dos outros! ok?” não entendia o porquê de tanto egoísmo....meu...e também aquele “ok”  e o tal de “putz” credo! Soava feito palavrão pra mim. Claro que descobri depois que além de ser realmente um palavrão, era a gíria entrando na veia (o que eu abomino até hoje). Então, toda aquela variedade da gastronomia simples e familiar do sul que tínhamos dos fins de semanas e férias em família, passou a ser substituído pelas Pizzas das cantinas do velho Bexiga, hot-dogs de esquina, os Motis da vizinha Judith Yoshikawa, os apimentados Aracajés das baianas da Praça da República e sem deixar de falar das maravilhosas Esfihas árabes dos milhares de árabes espalhados entre botecos, bares e restaurantes de São Paulo. E foi assim por mais de 25 anos.

Baseado nesse montante de diversidade que São Paulo oferece, tornei-me profunda admiradora da culinária árabe. Encantada realmente. Tamanho meu encantamento que volta e meia ensaio na cozinha Mjadra, Esfihas, Kibes. Sexta feira passada fiz Kafta de forno. Segundo os moradores de plantão ficou uma delícia...

Mas vamos a minha especialidade por assim dizer.

As Esfihas árabes. As de carne são as preferidas aqui em casa. Apesar de não ter nenhuma descendência árabe, meus familiares adoram quando eu faço. O forno ligado é sinônimo de casa cheia! Um ótimo motivo pra reunir a família.
Tenho uma receita que sigo rigorosamente cedida por uma colega da colônia árabe. Fácil de fazer e fica realmente deliciosa.

Mas em primeiro lugar, a que se preparar o recheio, assim dá tempo do limão cozinhar a carne.

Massa:
1 kilo de farinha de trigo especial
100 gr de fermento biológico
2 colh de sopa de açúcar
2 colh de margarina
½ copo de óleo
Sal a gosto.

Um toque especial pra massa: Quando for trabalhar com farinha, pense somente em coisas boas, nos momentos alegres, ligue uma música que lhe agrade e toque-a com carinho. Farinha nas mãos significa ouro, riqueza.

Para o recheio:
1 kilo de patinho moído 2 vezes
2 tomates ao ponto, picados com pele e sementes
2 cebolas grandes picadas
Suco de 4 limões ou mais
1 colh de pimenta síria
Sal a gosto
2 colheres bem cheias de Tahine.

Pegue a carne crua, misture a ela a cebola, o tomate, a pimenta síria, o sal e o suco dos limões. Deixe de molho por 2 horas. Depois você esprema com as mãos para tirar todo o suco. A carne passa de vermelha a um tom cinza. Não se desespere! Está certa a sua receita. Agora acrescente as 2 colheres de Tahine.

Hora de preparar a massa. Como uma massa de pão normal, mas não se esquecendo do lado de “cultuar” a farinha toda em suas mãos, não deixe a massa descansar. Quando ela estiver pronta, faça bolinhas do mesmo tamanho. Essa receita rende em média 40 Esfihas grandes, o que significa bolinhas de uns 6 cm de diâmetro.

Depois de dispostas todas, comece a abrir para rechear. Abra com o punho ou  com um cilindro, coloque o recheio bem generoso na massa e a feche feito um triangulo. Para dar um ar tradicional a sua receita, deixe a parte da “costura”, a parte que se fecha, virada para cima e não passe ovo na massa. A Esfiha não deve assar por muito tempo, em média 15 min cada fornada.



Bom proveito a todos vocês!

23 de junho de 2014

Viva a natureza

Se eu tivesse recursos financeiros compraria um pedaço de mata atlântica, para conservar e aproveitar. Ao invés de ficar apreciando jardim florido, iria me embrenhar no mato para ver os pássaros, os micos, os saguis. Acho as rosas bonitas, mas as parasitas (orquídeas) que nascem espontaneamente  no arvoredo me encantam mais.

As bromélias, igualmente nativas, são mais interessantes que as margaridas. E os cactos são muito especiais, porque sabem se defender.

Na falta de uma gleba de mata atlântica, coloco aqui exemplares de algumas árvores que encantam pelo porte, pelas flores  e pelas propriedades farmacêuticas.

Meu filho homônimo, no outro dia, e isto foi comentado aqui neste espaço virtual, surpreendeu-me com o total desconhecimento de algumas frutas da minha infância (anos 1940/1950).

Talvez ele, muita gente mais, nunca tenha visto estes espécimes maravilhosos. Estas árvores ainda estão por aí, mas é preciso prestar atenção para podermos nota-las e aprecia-las.


Quaresmeira

Primavera

Acacia blossom


Ipe amarelo

Flamboyant

Jacarandá


Ipe roxo


Jequitiba


Magnífica
Amendoeira
Castanheira
Pata de vaca

Paineira

Nota do autor: todas as fotos foram colhidas no Google

22 de junho de 2014

SCONES


Por
Erika France
(http://teawitherika.com/)





Não é segredo para ninguém que me conhece minimamente que eu sou apaixonada pela Inglaterra. Sempre fui (desde que percebi que o mundo era maior do que Niterói) e sempre serei. Admiro os hábitos e costumes, a elegância e a até o clima! Não sei se já vivi lá em outra incarnação, mas espero viver lá ainda nesta - além dos 3 meses que passei em Brighton.

Outra coisa que muita gente sabe é que eu adoro cozinhar. E, não poderia ser diferente, o que eu mais gosto de fazer são as receitas tradicionais da hora do chá.

Uma das gostosuras que não podem faltar no chá é o scone. Seja num chá completo (high tea) ou num chá simples (cream tea), ele sempre está presente. Há várias formas de scones, que são simplesmente pãezinhos rápidos, que não precisam descansar, pois levam fermento em pó químico.

Eles podem ser ligeiramente doces, acrescidos de passas ou outras frutas secas, ou salgados, acrescidos de queijo principalmente. Os escoceses fazem com fécula de batata, modelam triângulo e fritam - são os tattie scones. Deliciosos também, mas aqui, no caso, estamos falando dos ingleses e da minha receita preferida. 

A forma tradicional de servi-los é com geleia e clotted cream - coisa que não existe por aqui. Eu gosto de comê-los só com geleia, geleia com requeijão/cream cheese, ou simplesmente uma boa manteiga.

SCONES

INGREDIENTES:
200g de farinha com fermento (1 xícara + 2/3)
1 pitada de sal
25g açúcar (2 colheres de sopa)
50g manteiga sem sal, amolecida
125ml leite integral (1/2 xícara)
1 ovo batido ou um pouquinho de leite integral para pincelar os pãezinhos



MÉTODO:
Pré-aqueça o forno a 230°C. Unte e enfarinhe um tabuleiro.
Misture a farinha e o sal. Acrescente o açúcar, a manteiga e o leite e misture até obter uma massa macia e não pegajosa.
Despeje a massa numa superfície enfarinhada e abra com um rolo até cerca de 2cm de altura. Corte círculos de 6cm de diâmetro com um cortador ou copo com a borda enfarinhada. Coloque os scones no tabuleiro e pincele com o ovo batido ou o leite.
Asse por 12-15 minutos até que fiquem ligeiramente dourados. Sirva imediatamente ou reaquecidos no micro-ondas.
VARIAÇÕES:
Adicione 50g passas ou cranberries secas.
Para fazer scones de limão, adicione a casca ralada de um limão siciliano e substitua 15ml de leite por suco limão.
DICAS:
Evite girar o cortador para livrar o scone ou as laterais ficarão seladas e não crescerão.
Se você não tiver farinha com fermento em casa, basta acrescentar um colher de chá de fermento em pó para cada 100g de farinha comum.
A xícara usada para a conversão é a de 250ml.

Nota do editor: minha nora, entre outras virtudes, também gosta da Inglaterra. Pouco importa se a terra da rainha está eliminada prematuramente da Copa do Mundo de Futebol. A seleção protagonizou dois ótimos jogos, até agora. O time não teve um Alvaro Pereira, um Dunga, um Ayew, ou para os mais velhos, um Obdulio Varela. Aquele cara que vibra, que grita, que bota a equipe para cima. Futebol até que apresentou algum.

Padrão FIFA

Diferentemente da maioria das pessoas sou a favor da FIFA e de suas regras. Principalmente uma parte da imprensa “modernosa”, reclama, critica e ironiza as exigências  da FIFA.

E os “politizados”  Kfouris, Trajanos e assemelhados.

Ela – FIFA -  é o que é principalmente porque tem normas disciplinares e organização. E padrões.

A FIFA tem mais membros filiados do que a ONU. Embora não tenha “forças de segurança” consegue impor suas decisões. E decidiu está decidido. Isto em função de um princípio básico que é o seguinte “Alguém tem que ter o direito de errar por último”. Se assim não fosse teríamos um moto perpétuo.

Este princípio, aliás, faz do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do judiciário interno, a mais alta e definitiva Corte de Justiça. E eles erram, cada vez mais, porque os homens tendem a se corromper cada vez mais.

A degradação de valores, o desprezo à ética e o abandono dos princípios morais são visíveis. Não demora e estaremos ou nas cavernas, ou nas orgias romanas, ou no velho oeste americano onde a lei era a dos Colt 45.

Socorro-me, de novo, no grande Rui Barbosa: “de tanto ver prosperar as nulidades”.

Quando mencionei me socorrer em Rui, foi porque também é dele a citação, em 1914, que cabe ao STF o direito de errar por último.

Voltando à FIFA, olhada com isenção e cuidado a organização de uma competição deste nível, que envolve altíssimos interesses comerciais de poderosos grupos econômicos, que trás em seu bojo interesses muitas vezes escusos de governos de países com as mais diversas formações étnicas, religiosas e filosóficas e conjuminar tudo isto de sorte que ao final tenhamos uma competição esportiva, que é valorizada em todo o mundo, não é empreitada para uma organização qualquer.

Nem a ONU conseguiria, como de resto não consegue impor suas decisões que maquiam, sem resolver, os interesses conflitantes e não tem poder de defender os princípios democráticos. Não há um tribunal revestido de poderes definitivos e força coercitiva.

O Tribunal da FIFA funciona e não são poucos os problemas a ele submetidos. Os problemas formam um vasto universo de falcatruas, que passam por doping, arranjo de resultados, transferências, inscrição e registro de atletas, corrupção (como no atual caso de apuração das armações para escolha do Catar como sede da Copa de 2022), calendário, e mais uma série de outros aspectos, casos e circunstancias.

Os padrões impostos fazem todo o sentido porque desde há muito o futebol deixou de ser apenas um esporte e passou a ser um negócio que movimenta bilhões e mobiliza a população do planeta.

Não é coisa para amadores, para improvisações. Para arquibancadas de madeira, para disputa por ingressos na bilheteria do estádio na hora do jogo, em filas intermináveis para assistir ao jogo debaixo de sol inclemente ou chuva impiedosa.

Eu mesmo jamais faria de novo o que já fiz por amor ao futebol. No jogo de despedida do Pelé fui prensado contra o corrimão de ferro diante da entrada que me provocou sufoco (falta de ar) e deixou um enorme vergão na barriga. E a massa empurrava, embora algumas vozes gritassem para que parassem de empurrar: “o cara tá preso”.

Com meu amigo Castelar, que faz aniversário hoje, fomos assistir a um Vasco e Corinthians no Morumbi (morávamos em São Paulo), debaixo de um temporal de “quinto ato do Rigoleto”, com a devida vênia de Nelson Rodrigues. Sim porque aquele estádio não tinha cobertura nas arquibancadas.

Quem quiser ver futebol assim, podendo invadir o gramado para abraçar jogador, ou bater no juiz, tem que assistir as peladas realizadas nos campos de várzea. Em seu bairro.

Eu quero cadeira numerada para chegar na hora e não com antecedência de três horas, como cheguei muitas vezes, para garantir um lugar nas arquibancadas.

Quero o jogo começando rigorosamente no horário, e disputado num bom gramado, sem buracos, e sem placas se soltando. Para a bola correr suavemente e os atletas não torcerem joelhos e tornozelos.

O futebol é um espetáculo artístico. Tem plasticidade, acrobacia, improviso, criatividade, inspiração, emoção e dramaticidade. E é lúdico eis que envolve disputa. É apaixonante.

Acho que organização e disciplina cabem em todo lugar. Não é necessário se comportar como mero expectador. Usar binóculo para ver melhor e aplaudir discretamente. Nem gritar bravo! Como num teatro.

É possível torcer, vibrar, cantar e xingar, sem que seja necessário estar de pé e levando bagaço de laranja na nuca e tendo que brigar por espaço na arquibancada de cimento.

Rebeldia e transgressão são coisas de meninos. Confundir liberdade com liberalidade é coisa de fracassados na vida. De quem não tem o que perder. Nem valores materiais nem imateriais. Normas, regras e regulamentos são absolutamente necessários para vida em sociedade.

Sabem aquela história, “meninos eu vi”, pois é... como cravou Gonçalves Dias (I-Juca Pirama).

Vi que juventude transviada, rebeldes sem causa, movimentos hippies, não são incuráveis, passam com o tempo, é só ter paciência.

Agora querer imputar à FIFA os problemas nacionais como corrupção, superfaturamento de obras, escolha de 12 sedes e a localização delas é tapar o sol com a peneira.