Por
Wanda C. Carrano
Minha família era pobre. E meus pais de poucas letras. Mas
tinham uma aspiração: ver todos os
filhos formados. E éramos 8 filhos no total.
Tive 7 irmãos biológicos (dois já falecidos) e uma irmã afetiva, criada desde
pequenina por meus pais. É interessante
como as pessoas mais carentes são exatamente aquelas que mais se preocupam
com os outros mais desprovidos ainda.
Ver os filhos formados significava dizer que as mulheres
seriam professoras, porque fariam o "curso normal", maior nível de escolaridade
possível na cidade. E os rapazes fariam o "curso técnico de contabilidade" pelas
mesmas razões: falta de opções.
Era com imenso sacrifício que meu pai, concluído o curso
primário no “Grupo Escolar Graça Guardia”, de ensino público, nos mantinha em
escolas particulares. Mas havia uma regra: não podia repetir o ano, ou seja, se
reprovado o destino seria a volta a escola pública.
Exatamente por causa desta regra deixei de estudar no "Colégio
São Pedro”, que existia na Rua 25 de Março, onde fazia o curso normal, e fui no ano seguinte para o Liceu de
Cachoeiro, onde, finalmente, obtive o grau de professora primária (aqui em
Niterói, chamada de normalista). No local onde funcionava o Colégio São Pedro e a Escola de Comércio, hoje tem um Shopping Center.
A diferença era que o curso normal na minha cidade, naquela
época, tinha apenas dois anos de duração, e nas outras cidades maiores (Vitória,
Niterói, Rio) o curso era de três anos.
Fiquei reprovada em Psicologia, graças ao padre Murilo que não
admitiu me conceder mais um decimo na prova. Bem, o fato é que tive que repetir
o ano. Perdi também, com a mudança de
colégio, o contato com as colegas.
Durante o curso primário no "Graça Guardia", a gente morava um pouco distante, no bairro chamado Coronel Borges, mas ia à pé porque com o tostãozinho do ônibus que mamãe dava eu comprava um pedaço de coco no bar do seu Jodimir.
Do outro lado deste bar tinha um campo de bocha, onde eu ia levada por meu avô. Ele ficava jogando e eu no balanço improvisado. Meu avô gostava muito de mim, mas minha avó gostava mais ainda. Eu era a neta preferida.
Na casa dela é que eu matava aula e ela me escondia de minha mãe quando ela ia lá. Ela fazia um prato muito simples, dentro do orçamento familiar, que era uma delícia: macarrão com alho e azeite, e botava um pouquinho de colorau. Até hoje sinto saudades do macarrão de minha avó. As vezes faço aqui em casa, mas não fica igual.
Durante o curso primário no "Graça Guardia", a gente morava um pouco distante, no bairro chamado Coronel Borges, mas ia à pé porque com o tostãozinho do ônibus que mamãe dava eu comprava um pedaço de coco no bar do seu Jodimir.
Do outro lado deste bar tinha um campo de bocha, onde eu ia levada por meu avô. Ele ficava jogando e eu no balanço improvisado. Meu avô gostava muito de mim, mas minha avó gostava mais ainda. Eu era a neta preferida.
Na casa dela é que eu matava aula e ela me escondia de minha mãe quando ela ia lá. Ela fazia um prato muito simples, dentro do orçamento familiar, que era uma delícia: macarrão com alho e azeite, e botava um pouquinho de colorau. Até hoje sinto saudades do macarrão de minha avó. As vezes faço aqui em casa, mas não fica igual.
No tempo do Liceu, já morávamos na cabeceira de uma das pontes sobre o rio que dá nome a cidade, e já mais grandinha participei de algumas
competições esportivas e cheguei a ser eleita princesa do “Jubileu de Prata”.
Nesta época construí uma amizade muito firme com Regina Tereza Severiano, que
perdura até hoje.
Casamo-nos, mais ou menos na mesma época, temos filhos e netos, ela mora em Vitória e eu em
Niterói, mas nos falamos no Natal e nos respectivos aniversários. E já nos vimos umas duas vezes no curso destes 50 anos.
De certo modo devo a mãe dela – Dona Julieta – ter casado com
o Jorge. Foi ela que conseguiu convencer meu pai a deixar que eu viesse numa excursão
das alunas do Liceu. Ela chefiava o grupo.
Ficamos hospedadas no Ginásio do Caio Martins e fomos recebidas no antigo Palácio do Ingá, sede do governo fluminense (antes da fusão do antigo RJ com o Estado da
Guanabara), pela esposa do governador Roberto Silveira, que faleceu em desastre de helicóptero
algum tempo depois.
Foi durante esta excursão que eu e Jorge – meu marido há 50 anos – e que morava em Niterói, começamos namorar em 1960.
Sobre Cachoeiro muito já foi dito no blog e em outros locais na internet. A cidade mudou pouco nestes anos que se
passaram desde que, após o casamento, de lá me mudei para Niterói.
Naquela época Roberto Carlos cantava na ZYL-9 Rádio Cachoeiro
de Itapemirim. Só. Não era, ainda, o Rei. Eu já havia sido princesa (risos).