Se eu tivesse escrito que iria falar do balneário Punta del
Este, ninguém daria a mínima atenção. Afinal todo mundo já foi a Punta del Este, ou
já viu documentário sobre a cidade litorânea do Uruguai, ou pelo menos já ouviu falar.
Mais para chamar atenção, pelo inusitado, resolvi falar de um
lugar “muy cerca” (35 Km), que é pouco conhecido, aqui em Niterói pelo menos.
E pelo jeito fui bem sucedido na intenção. Despertei a curiosidade por mais informações, no blog e junto à família, quando falei do lugar e exibi fotos e postais. Até, como típico turista, comprei uma camiseta alusiva ao local. A nota fiscal ao lado, de compra do souvenir (que serviu para dormir), mostra que paguei 240 pesos. Na verdade paguei em reais (R$ 30,00), o que resultou num cambio muito desfavorável de 1 por 8. Nas casas de cambio variava entre 8,10 e 8,30 por real.
Dois beliscões depois Wanda esqueceu e ficou tudo por isso mesmo, com prejuízo pequeno no bolso.
Lá a camiseta, bonitinha, serviu para dormir, mas aqui em Niterói servirá para caminhadas no calçadão. Tem uns veleiros estilizados.
Há uma teoria, antiga, formulada por um apreciador da boa
mesa, boa prosa e tranquilidade, que se você divulga os lugares bem charmosinhos
que conheceu, acaba por transforma-los em mafuá. Todo mundo corre para lá, e
pronto, estragou!
Vira um point
conhecido e obrigatório para todos.
Mesmo quando o lugar – cidade, restaurante ou bar – fica no
exterior. Nada pior do que uma multidão de turistas, num mesmo restaurante,
falando alto e tirando fotos. A cozinha não dá conta e os pratos saem mal
elaborados. A carne vem ou dura demais como sola de sapato ou muito crua com o
bife mugindo.
As bebidas certamente não estarão na temperatura ideal, e o
atendimento dos garçons fica deficiente. Pode ocorrer até de te apressarem para
vagar mesas. Tem fila de espera e a rotatividade é fundamental para os lucros.
Em geral a relação custo/benefício fica prejudicada.
Como não pretendo voltar a Piriápolis, posso falar de algumas
coisas boas do lugar, dependendo, claro, do gosto individual e áreas de
interesse para lazer.
Bem, vamos lá. Para início de conversa, alerto aos mais distraídos
que não vou falar dos Pirinéus, cordilheira que faz a divisa entre França
e Espanha. E sim de Piriápolis, no Uruguai. Aqui gastamos pesos e não euros como lá. O custo das refeições nem é mais caro e nem mais barato do que aqui em Niterói. E tem boas opções de cardápio, inclusive peixes e frutos do mar.
Piriápolis, numa livre interpretação, é “a cidade de Piria”,
assim como Petrópolis é “a cidade de Pedro”.
O balneário foi criado a partir da visão comercial e
empreendedorismo de um certo Francisco Piria,
uruguaio descendente de genoveses, que comprou uma vasta extensão de
terra improdutiva para cultura, qualquer cultura, e que resolveu transformar o local num balneário
para descanso de europeus endinheirados Pagou barato por uma imensa área. Dos
cerros ao litoral.
Construiu sua própria casa e em seguida um hotel. Plantou
árvores e meio que urbanizou. Foi para a Europa, onde transitava bem nos meios
econômicos e sociais, pois estudou na Itália e tinha raízes familiares por lá, e
começou a vender glebas no balneário.
O local era e é ótimo para descanso de empresários e
políticos influentes, pois era e é inteiramente sossegado, oferecendo boas
praias, calmas e limpas.
A coisa cresceu e ele resolveu construir o que viria a
ser (na época) o maior hotel da América do Sul, o Hotel
Argentinos, cuja foto publiquei em outro post.
Assim, o local foi e ainda é refúgio de europeus. Mais
recentemente também de argentinos. Muitas das casas destes europeus ficam fechadas a maior parte do ano, apenas cuidadas por
jardineiro, segurança e arrumadeira/faxineira, para que tudo esteja em ordem se
e quando vierem em férias.
O lugar é muito tranquilo, mas tem algumas atividades
noturnas, em especial o jogo pois os
cassinos são livres no país. Não posso falar da vida noturna com mais
profundidade porque não frequentamos.
Tem vários bons restaurantes e uma cadeia de hotéis
surpreendentemente grande. E bons.
Durante o dia quem gosta faz pescaria. Quem gosta faz
escaladas, pois Piriápolis é a única cidade do Uruguai que tem cerros um pouco
mais elevados. Se não agrada nem uma coisa nem outra, passe protetor solar e bronzeie-se nas praias.
Num dos cerros tem um teleférico que leva e trás as pessoas
para a praia.
Cerro San Antônio. Lá em baixo a pequena marina e algumas lanchas |
Em resumo, se seu negócio é descansar mesmo, você quer ócio,
mas bem acomodado e comendo e bebendo bem, então o local atenderá seus anseios.
Fica a estratégicos minutos de Punta del Este, e a apenas uma
hora, de carro, da capital Montevidéo.
Como em todo local turístico vendem artesanato. Tem muitos
brasileiros, mas não somos a maioria. Os argentinos são mais numerosos, mas tem
também muitos europeus, de várias partes do velho continente.
Para encerrar informo que cheguei lá graças a consultas e
conversas com agente de turismo. No caso a firma Daniel Reyes, operador de
turismo, que está no sitio http://www.danielreyes.com.uy/
Não pretendo voltar, mas gostei de ter ido lá.
Nota do blogueiro: outras fotos de Piriápolis, além das já publicadas, estão num cartão que se esgotou. O dito cartão está perdido. Atrasei a publicação deste post exatamente na esperança de poder publicar boas fotos da cidade. A imagem do teleférico, no Cerro San Antônio, está na internet.
Nota do blogueiro: outras fotos de Piriápolis, além das já publicadas, estão num cartão que se esgotou. O dito cartão está perdido. Atrasei a publicação deste post exatamente na esperança de poder publicar boas fotos da cidade. A imagem do teleférico, no Cerro San Antônio, está na internet.
O amigo está muito minucioso quanto a câmbio desfavorável. Em Bariloche no ano passado, demos de cara com diferenças que iam de 2,28 pesos p/ real na loja do aeroporto até 3,00 pesos p/ real em algumas casas de câmbio do centro de Bari e na maioria das lojas, sendo que algumas cotavam-no a 2,80. Soubemos que no Brasil a cotação oficial era de 2,56. Isso sim é que é variação!
ResponderExcluirSobre beleza feminina, dei de cara com uma alternativa à frase do Vinícios. Eis como a postei no Facebook:
VINÍCIUS DE MORAES: As feias que me desculpem, mas a beleza é fundamental.
NELSON RODRIGUES: Numa mulher interessante, a beleza é secundária, irrelevante e até mesmo desnecessária. A beleza morre nos primeiros quinze dias, num insuportável tédio visual.
Qual o seu voto?
Por ser menos agressivo, ficarei com Nelson.
Sobre estadia no Uruguai, esse seu post abriu possibilidades. Pode ser que eu escolha Piriápolis em vez de Punta del Este. Em Punta me parece que aquele hotel famoso mais visitado por brasileiros (Conrad) monopoliza as atenções por lá.
Abraço
Freddy
Caro Freddy,
ResponderExcluirVocê menciona e compara duas personalidades nacionais.
Vinicius, de muitas mulheres e muitos amores, como na letra do samba interpretado pelo Martinho da Vila, foi um diplomata que se deu ao luxo de sentar no meio-fio, de uma rua em Paris, da maneira mais natural. Conviveu com nos meios artísticos e culturais com a mesma desenvoltura, no Brasil e no exterior. Parceiro de Tom Jobim (quer mais?), e que cunhou o verso “que seja eterno enquanto dure”.
Nelson. Jornalista, cronista, frasista e um dos maiores, senão o maior, dramaturgo nacional. Também transitava nos meios artísticos e culturais. Sociólogo, sem carteirinha, é referência respeitada.
Cunhou frases definitivas, como “Deus está nas coincidências”.
Agora vem a heresia (para muitos). No terreno literário prefiro o Nelson ao Vinicius. A uma porque prefiro a prosa à poesia. E depois porque as crônicas que escrevia, quer as associadas ao futebol (uma paixão), quer aquelas de cunho sociológico quando invade a alma e o comportamento humano, são (estão aí) muito boas em estilo e conteúdo. Isso para não falar de suas peças teatrais, que continuam e continuarão a ser encenadas ainda por muitos anos, como as de Shaskepeare.
Dois beliscões é? (risos)
ResponderExcluirHelga
Sempre levo beliscões quando fico assanhado com mulheres (rs).
ResponderExcluirSe um dia eu fizer exame de corpo de delito, consigo justa causa para me separar. (rs)
Caro Carrano, eu já me sentei num meio fio em Paris, como Vinícius, mas lembrando de Nelson porque minha vontade era de chorar lágrimas de esguicho! O motivo não vem ao caso.
ResponderExcluirMs vamos lá:
Vinícius se fixou na beleza, que é um conceito estético, externo, sem necessidade de conteúdo. Uma mulher linda passa rebolando e passa a ser alvo de fantasias e sonhos. Não interessa, ao menos em princípio, se é volúvel, vulgar, burra. Chama a nossa atenção pelas formas e ondular do corpo, jeito dos cabelos, meneio da cabeça, olhar dengoso ou flamejante.
Nelson usa o termo “interessante”. Uma mulher interessante não precisa ser necessariamente bela mas provavelmente é agradável aos olhos, vamos admitir. No entanto, o ponto principal de uma mulher interessante é o que ela é por dentro, o que ela demonstra por ações, na conversa, no convívio, no modo de ser. É algo bem mais profundo e sólido que o mero visual externo.
Talvez seja fácil se apaixonar por uma mulher bonita.
Mas certamente a gente só vai amar uma mulher interessante.
Abraços
Freddy
Em Goiás tem uma cidade chamada Pirenópolis.
ResponderExcluirTirei na Wikipédia:
Pyrenópolis (ortografia arcaica), posteriormente Pirenópolis, significa "a Cidade dos Pireneus". Seu nome provém da serra que circunda a cidade que é a Serra dos Pireneus. Segundo a tradição local, a serra recebeu este nome por haver na região imigrantes espanhóis, provavelmente catalães. Por saudosismo ou por encontrar alguma semelhança com os Pirenéus da Europa, cadeia de montanhas situada entre a Espanha e a França, deram então a esta serra o nome de Pirenéus, mas mais tarde, devido à pronúncia da língua portuguesa no Brasil, surgiu a grafia sem acento.