São, ou eram, não sei deles há muito tempo e já eram entrados
em anos quando os conheci e os contratei como uma espécie de “caseiros”.
O Souza na casa em Inoã,
pequena, que justificava o caseiro apenas para tomar conta do pomar e evitar o
furto das laranjas, limões, cana e do aipim plantado nos fundos do terreno.
Vejam vocês que o local do
terreno era fruto de um loteamento, em
área onde havia posseiros. Um deles, em contrapartida pela desocupação da casa
humilde que possuía, ganhou um lote de
1.000 metros quadrados, bem ao lado do meu terreno, dividindo cerca. Teve
ajuda, também, para construção da casa, que era bem ajeitadinha, em alvenaria.
A área de mil metros
quadrados do terreno dele nua, absolutamente terra, sem qualquer tipo de
cultivo. Só para não pecar e mentir pelo exagero, tinha uma tamarineira
plantada.
Vejam a contradição. Eu
que frequentava o local apenas em alguns finais de semana, cultivava limões e
laranjas e mandioca e cana. Ele, sem emprego fixo, com um terreno de mil metros
com o mesmo tipo de solo, não plantava nada. Se não tinha um biscate ficava
perambulando de casa para a birosca onde tomava cachaça, enquanto conseguia
fiado.
Assim, fazendo um bico (empreitada)
ou outro, de capina, para um dos proprietários de terrenos no
local ia vivendo conservado na cachaça que consumia com o fruto ($$) da capina.
E o furto das frutas dos vizinhos.
Como era péssimo no
trabalho, lento porque preguiçoso jamais o contratei preferindo manter o Souza
com pagamento mensal, apenas para fiscalizar os intrusos. É bom que se diga que
o Souza não era um caseiro exclusivo. Ele prestava o mesmo serviço para mais
dois donos de terrenos ali por perto,
cuidando de regar os jardins (como o meu) nas épocas de maior seca no verão. E
capinava, evitando o crescimento das ervas daninhas.
Já o Gessi trabalhou para
mim em São José de Imbassaí, numa casa um pouco maior. Foi vigia durante todo o
tempo de obra de reforma, que durou cerca de 5 meses e depois ficou para a
limpeza do terreno, fazer cerca e pequenos serviços extras, como conseguir
dezenas de garrafas que serviriam, quebradas, para colocar no muro como proteção
adicional contra intrusos atraídos pelas mangas, principalmente.
Bill |
Não, não vou utilizar este post para escrever sobre vida e obra de “matutos”, cabras do interior,
nascidos e criados no interior.
O que me disponho a fazer
é relatar alguns dos “causos” que eles nos contavam e eram responsáveis por alguns momentos de risos
e pilhérias.
Antes de falar das
histórias, o que acontecerá outro dia, em outro momento, pois terei que
recorrer as memórias de meus filhos e sobrinhas que frequentavam a casa, vou
falar da sabedoria que esta gente tem sobre as coisas da natureza.
Se o morro estava com uma
nuvem escura em seu redor, deixando, ou não, à mostra apenas o ponto mais
elevado, o cume, este fenômeno significava chuva em breve, ou, no dizer do Gessi: “Quando o morro está com aquela peruca, na certa vem água do céu”.
O vento sudoeste, que ele
identificava e eu até hoje não tenho a menor ideia de como reconhece-lo, tinha
algumas características, entre outras levar as nuvens para longe.
Se os urubus voavam em
círculo, a baixa altitude, certamente
iria chover.
Se o céu se apresentava
amarelado/alaranjado na linha do horizonte, teríamos calor no dia seguinte,
com tempo bom. Bom para quem, cara pálida, já que uma chuvinha esta sim seria boa para a lavoura.
Raramente erravam em seus
prognósticos com base na observação da natureza e no comportamento de animais.
Um canto de pássaro, um uivo de guará, um bando de maritacas que passa em direção ao norte fazendo aquele coro de sons mal ensaiado, um alarido forte, tem a ver com alguma coisa que já não lembro.
Maritacas em bando |
E os "causos" ?
ResponderExcluir:D Fernandez
Seu post me transportou para o passado .... rsrsrs.
ResponderExcluirPrimeiro, por causa do Bill.
O meu grande companheiro dos (acho)7 aos 16 anos foi o Boy, vira-lata de 1ª.
Na verdade, infelizmente, eu me afastei dele a partir dos 17 por causa de faculdade no Rio (iniciei com 17 anos), namoro firme, etc ... Mas enfim, infância e adolescência era ele, o Boy, meu inseparável companheiro.
Andava comigo até pelos telhados da nossa casa no Pé Pequeno, para desespero da minha mãe e da minha avó. Eu com uma toalha amarrada no pescoço, fingindo ser o Super Homem !
Em segundo, por causa realmente dessa sabedoria que algumas pessoas tinham/herdaram, ao longo da sua existência.
Lembro-me de poucas, muito poucas ... por exemplo :
- o canto das cigarras ao entardecer = previsão de sol no dia seguinte (até hoje ouço em Icaraí, e é a pura verdade)
- urubus voando baixo em círculo, para nós, era carniça à vista - algum cachorro ou gato morto, provavelmente
Mas já que vc tocou nesse assunto, não sei porque, uma das coisas que mais sinto saudade por aqui, no meio desse asfalto, é o vôo das andorinhas ao entardecer (simplesmente desapareceram de Niterói), e o incrível chilrear dos pardais nas árvores, às 17h todos os dias. Quase nem vejo mais pardais !!
Os pardais simplesmente desapareceram, não é Riva?
ResponderExcluirAve perfeitamente adaptada a vida nos grandes centros urbanos, havia aos milhares em Niterói como de resto em todo o Estado.
São várias as teorias sobre as quais li ou ouvi para justificar o súbito (para coisas da natureza 10 anos não são nada)desaparecimento dos pardais. Não são bonitos, são piolhentos, não cantam nada, senão o alarido de seus piados (chilrear no dizer do Riva) dos finais de tarde, mas eram uma presença em nossas vidas, porque caiam facilmente nos alçapões e não serviam para nada. Nós pretendíamos canários, coleros, curiós.
O João Ubaldo Ribeiro foi quem primeiro (que eu tenha lido) suscitou este sumiço dos pardais, atribuindo o fato ao crescimento do número de bem-te-vis, que por serem maiores e agressivos expulsaram os pardais. Sem contar que o alimento passou a ser disputado numa batalha desigual.
Não sei se a teoria encontra apoio entre estudiosos.
Ms o fato é que os pardais sumiram mesmo. Assim como as rolinhas, que também abundavam no Rio de Janeiro.
Caro Riva,
ResponderExcluirSobre o assunto pardais, já postei em 2010, e você pode ler em http://jorgecarrano.blogspot.com.br/2010/02/pardais.html
Selecione e cole a URL em seu navegador.
Abraço
Li por aí que os pardais são viralatas com asas. Agressivos e desordeiros, as únicas aves que os aturavam eram justo as andorinhas. Por isso no Pé Pequeno havia ambos. Aos poucos os bem-te-vis começaram a proliferar e - vocês estão dizendo - expulsaram os pardais. Não faço questão, prefiro os bem-te-vis.
ResponderExcluirAqui na cobertura em Icaraí vejo ao entardecer as andorinhas, não com tanta frequência quanto no passado, mas vejo. Gostam de caçar içás e formigões com asas. Aparecem outros pássaros que não conheço e não raro gaivotas aos bandos. Ah, sim, urubus! Quando voam baixo é chuva na certa. Urubus nas alturas é garantia de tempo bom.
Abraços
Freddy
Big Jorge,
ResponderExcluirVoce acaba, talvez sem querer ir ao "x" da questao agraria, quando mencionou o caso do Souza que tinha acesso a terra e uma condicao de trabalho que lhe foi "dada" mas optou por mais por perambular em busca de biscates que nao lhe exigiam comprometimento profissional com seu negocio, apenas lhe proporcionava subsistencia e cachaca. Qualquer semelhanca com os "assentados" do MST nao e' mera coincidencia. Abrcao, Rick.
O Riva falou dos pardais e o Carrano informa que já tratou do tema em fevereiro de 2010. Que assuntos ainda não foram abordados no blog? (risos)
ResponderExcluirRicardo, caro primo.
ResponderExcluirConcordo por inteiro, fazendo apenas um reparo em nome da verdade e em defesa de um inocente.
O Souza era o caseiro, que trabalhava. O ocioso, preguiçoso e vagabundo que embora tendo um pedaço de terra não a cultivava era o vizinho cujo nome não declinei até porque não sei. Nunca soube.
Abração.
Caro Gusmão,
ResponderExcluirNão é por outra razão que o nome do blog é Generalidades...
Big Jorge, que vc e o Souza entao me desculpem pela confusao. Obrigado, Rick
ResponderExcluirApenas para constar, o nome de batismo do Bill era William Longhall. Bill era só pra os íntimos que eram poucos, ele era muito seletivo.
ResponderExcluirPensei que era SEVEERINO o nome da criatura, tendo em vista que na construção civil, todo severino tem apelido de Bill ! rsrsrs
ResponderExcluirEu queria ver você fazer esta piadinha na frente do Bill, Riv4.
ResponderExcluirDe longe é mole fazer gracinha com ele. (rs).